sábado, 31 de dezembro de 2011

Feliz Ano Novo!

Obrigado a ti!

                A mente, caso entendida como um mecanismo da razão, segundo esta palavra é apreendida pelo mundo, será reduzida aos princípios do julgamento, pois a razão seleciona e julga. Pode julgar corretamente ou não, podendo ainda julgar equivocadamente.  Por isso se diz no UCEM que somente existe uma verdadeira razão, e é de Deus. 
                A mente abrange ser corrigida através do Espírito Santo, que empreende o verdadeiro juízo. Assim, a mente alcança usar seus pressupostos racionais corrigidos, que podem ou não coincidir com o que o mundo julga como o “certo” coletivamente, e para termos a sabedoria disto, pedimos ajuda ao Espírito Santo. E não nos esqueçamos de agradecê-lo várias vezes ao dia pelo que Ele tem feito por nós.
                A “mente certa” é o portal para a utilização da “percepção certa”, ou corrigida, e, para isso, a razão não deve ser julgada. Embora possas ter pensamentos insanos, lembra que os teus pensamentos não significam nada. E lembra ainda que teu tempo é agora, que é o solo em que pisas, o sagrado solo da Terra Santa! E a boa nova é esta: a Terra Santa é qualquer lugar onde estás aqui e agora com Deus.
O mundo é um lugar separado de Deus, um sonho louco, e disto também sabemos, ao menos intelectualmente. Mas perdoando o que não existe, alcançamos ainda daqui a Terra Santa, até que seja realizada para nós a travessia. Assim, traremos os milagres, e abençoaremos nossos irmãos com a gratidão, e faremos de toda a terra a Terra Santa. Pois, todos os irmãos perdoados — eis o suporte para a chegada da verdadeira alegria.
                 Lembremo-nos hoje, portanto, de não julgar. Esqueçamos hoje que há um juízo nosso, que alcança traduzir o mundo em suas formas aceitáveis. Esqueçamos que o juízo atrai em si a separação, e entreguemos ao Espírito Santo este dia, para que ele nos leve, como em um “suave caminho no verão”, ao nosso despertar em Si. Para que Saibamos Quem somos, e para isso Te pedimos, Pai, que nos eleve até ao Teu Reino, e que seja a Tua vontade para sempre a nossa, para que despertemos em Ti sob Teu generoso cuidado. Cura a nossa mente, Pai, que foi distorcida em um sonho banal. Estamos dispostos a lembrar de Ti, como sempre foi tua vontade, e pedimos, Pai, hoje, uma grande festa no Céu. E, aqui, ano novo do eterno em Ti. Assim, saúdo, em tua Terra Santa, aos meus irmãos! Lembre-me de Ti, meu Pai, pois eu te entrego assim a mim também. Amém. 

sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz Natal

Um Mundo Novo é possível!


                O Natal representa, festivamente no tempo, o nascimento do Menino Jesus, aquele que virá a ser o Cristo. No entanto, para um estudante do UCEM, o Natal nem bem representa um Menino, tampouco o Cristo nascerá depois. Mitologicamente, esta separação representa o advento de algo que paulatinamente se apresenta, até atingir a completeza do conhecimento. Assim, dizemos que o Natal é o tempo da aceitação do nascimento de Cristo em nós.
                 Disponibilizar a si para o Natal é aceitar amorosamente os primeiros passos para a mudança real, que significa um tempo novo, ou a ausência completa do significado do tempo. Assim, o Natal será o último tempo que pode ser representado em termos de datas, pois o nascimento de Cristo é hoje, e hoje pode ser sempre Natal para aqueles que ainda contam o tempo em calendários. Dizemos que o Natal acontece em termos de aceitação do espírito ou da realidade verdadeira, e assim o Natal deve ser reverenciado como uma data muito especial no teu calendário.
                Contudo, em termos essencialmente práticos, nas ocasiões em que o Natal é festejado, devemos nos lembrar sempre de Cristo e acrescentar às festas a disponibilidade em trazer para si o significado do nascimento do Menino Jesus em termos seguros de algo que trará o Cristo a ti. Esse Algo é o Espírito Santo, que é a Estrela que brilha alto e guia os Grandes Reis até o Menino. No entanto, não é a manjedoura que o acolhe, e sim o teu coração que alegre e regozijado se apreende em novos meios de sentir e pensar, não mais de acordo com os antigos pressupostos do medo, mas sob a grandeza alegre da verdadeira paz.
                Eis para ti um presente de Natal: és muito amado, como bem o sabes. Não existe equívoco em dizeres isto para ti mesmo. Esqueça o que te fez infeliz, pois o fato de teres feito a ti mesmo infeliz somente ocorreu em sonhos maus que te destes. Acorda significativamente para a Minha Voz. Ouve o que tenho a te dizer, pois se escreves isto, já o sabes: isto está em ti! Ensinar é aprender. Deixa que neste Natal eu ensine por Deus para ti. Apenas observa e, para que não tenhas intuito em creres nisto como barganha, apenas espera pelo resultado. Não te peço para que me deixes entrar à tua revelia, mas que experimentes a Minha Presença em ti, para que eu te ensine sobre Quem És. Não precisas fazer isso, se não quiseres. Mas aceitas, já que é Natal, que algo completamente novo se aproxime. Então, após a experiência, sendo o poder de decisão teu, poderás voltar atrás. No entanto, dificilmente quererás fazê-lo, e este será para sempre o Natal que te foi dado na tua criação. O natal do Menino Que És Tu Mesmo. Ama teu semelhante em verdade nisto: todos nasceram de novo hoje! É Natal para o mundo, André! Obrigado, e sejais feliz.

Feliz Natal a Todos.
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sábado, 17 de dezembro de 2011

Sobre a vontade

Obrigado a ti!

                A Bíblia nos conta a história de Jonas, que foi “engolido” por um Grande Peixe, e que depois de uma travessia de três dias foi depositado na praia, de onde saiu para pregar em Nínive e agora estava “melhor do que antes”. A simbologia inclusa na história de Jonas aponta para um processo de cura que se deu inconscientemente para o sujeito da experiência. Jonas, dentro do Grande Peixe, não tinha ideia do lugar para onde seria levado, e esta história  seguramente nos remete para a noção de disponibilidade.
                A caminhada do sujeito em sua tentativa de abranger um lugar para si sempre traz desconforto, e, ao final, desilusão. A “vontade” não pode nada por si mesma, e seu propósito está em fazer com que o sujeito esteja “ocupado”, ou distraído. Quando o indivíduo se aferra em uma ideia, a sua noção de ser dono desta ideia o “protege” do próprio Deus, pois assim seu contato com a referência egótica estará garantido pelo princípio do planejamento. “Eu sei o que sou e, portanto, sei o que estou fazendo, onde estou ou como olhar para o mundo ou para mim mesmo”, eis o contraponto do ego para os milagres, que visa apenas a fortalecer no sujeito sua disponibilidade para o impulso em dominar seu destino.
                No entanto, o destino é de Deus, e é para isso que o simbolismo de Jonas e o Grande Peixe aponta. Não saber para onde se está indo não significa necessariamente que não podes ir a um lugar determinado. No entanto, seguramente te indica que não sabes o que ocorrerá lá quando chegares. O ego visa determinar o futuro, indicando para ti uma preleção do que ocorrerá em certo evento que te programastes a ir ou ao qual foste convidado. Assim, nunca chegas realmente a lugar nenhum, pois se tudo é uma ideia — e tu mesmo és uma ideia — chegar a um lugar significa que não podes ter construído a ideia deste lugar anteriormente sem alterar tua ideia sobre ti mesmo.  Jonas no Grande Peixe assemelha-se àquele que deixa que as coisas sejam o que são, e não indica para si mesmo seu destino.
                 Buscar ao teu destino por si mesmo significa simplesmente projetar um futuro baseado no passado e isso não é assim. Teu medo maior está em seres “desligado” de tua vontade e perderes o domínio sobre ti mesmo. No entanto, considera se o domínio que te deste te trouxe verdadeira paz. Obviamente, não. Então, enquanto aguardas com ansiedade por qualquer desenrolar de teu destino de acordo com teus próprios pressupostos, considera que apontar para o futuro para ser dono dele é uma tolice que só pode ser concebida por uma mente perturbada. Antecipar é perder, pois tudo o que acontece durante o tempo em que antecipas o futuro é jogado fora, pois estás com “a cabeça no futuro”, e isso é literalmente abrir mão do presente para viver em fantasias. A “vontade” é uma fantasia, e é a fantasia com a qual o ego busca teu empenho para vivenciá-la. No entanto, ele jamais te revelará que isto é impossível, pois sua sobrevivência depende inteiramente deste torpor.
                Abrir mão da vontade não significa que não terás mais escolhas, mas que estarás seguramente escolhendo certo. Vê bem o que significa ter uma vontade própria. Significa que queres ganhar de Deus o Seu Projeto e a função que Ele disponibilizou para ti na tua criação. Quando souberes o que é tua função, saberás que ela não é planejada por tua vontade, mas por tua disponibilidade, e o verdadeiro planejamento passa a ser muito fácil de ser realizado, pois não vem de ti. Enquanto insistes em escolher, o Espírito Santo usa de teus equívocos para tentar te lembrar que ainda és como Deus te criou. Não podes “fazer” diferente, a não ser em ilusões, e querer ser pai do Filho de Deus é uma ilusão inconcebível para Ele, que é o teu Pai.
                Podes conjecturar aqui que teu Pai então é um dominador, que quer tomar para Si o que é teu. No entanto, considera que o que é teu não passa de um monte de bagunça que quase não se concilia com a tua vida em formas que são ditas aceitáveis. Podes chegar até mesmo a ter até fama e conceituação, mas não sabes o que é a paz que não é deste mundo. E assim a tua vontade pode ter te dado muitas coisas, mas todas elas apontam apenas para a distração daquilo que és.
                Em algumas ocasiões, a tua vontade pode realmente ter coincidido com a vontade de Deus para ti. No entanto, nem sempre foi assim, pois a tua disponibilidade é pouca e teu desejo em servir a Deus não passa de uma tênue ideia que ainda abranges como se fosse tua. Certamente, podes até te tornar um teólogo, mas não serás abrangido por mais que meras conjecturas filosóficas sobre o Reino enquanto não estiveres disposto a ser Quem És. E isso não podes planejar, pois não criastes a ti mesmo.
                Assim, espera com paciência pelo teu futuro, sem planejá-lo. Lembra das palavras de Jesus a Nicodemos na Bíblia: “o importante é nascer de novo”. Então, lembra do Ele disse depois: “Deveis nascer de novo. O vento sopra para onde bem entende; tu ouves o barulho, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim é todo aquele que nasceu do espírito”. Com isto, podemos seguramente dizer que aquele que “nasceu de novo” não é dono do seu destino, ele apenas vê as imagens que o agora lhe apresenta e reage a elas conforme são, sem nenhum planejamento que seja. Para isto se requer apenas disponibilidade, e podes decidir a favor disto com a mesma disponibilidade com a qual buscas interpretar o que te acontece no agora de acordo com a “segurança” que teu passado te “forneceu”. Isto é delusão. Aquele que nasceu de novo não pode dizer de si quem é seu Pai, pois ele não conceitua isto, ele meramente sabe. No entanto, ele pode falar por seu Pai, e assim pode divulgar sua mensagem sagrada, e certamente saberão dele que nasceu para o espírito.
                Agora, pedimos a Deus que esse dia seja disposto a Sua Vontade. Pai, que hoje possas me dizer Teu Caminho enquanto eu mesmo caminho Contigo. Não quero que a minha vontade seja sobreposta à Tua, pois já sei que isso é impossível. Hoje farei a Tua vontade para mim, e não julgarei nada do que me acontecer, pois Tu és o meu único caminho, e com a Tua Graça, verei ao Reino dos Céus, que é a minha verdadeira herança, que me Destes na minha criação. Amém.

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sobre a ambição

Obrigado a ti!
                Ei-nos aqui. Seguramente, há avanços, mas empenhos devotados timidamente ainda atrasam nossa real revolução. A palavra “revolução” indica que algo mudou mediante um conflito. Como vistes o conflito, escolhestes a paz. O resultado da verdadeira revolução é a libertadora decisão a favor da paz.
                No entanto, tal decisão não deve ser admirada ou louvada, a não ser que isso indique a gratidão a Deus. Caso contrário, louvar a paz pode levar a argumentos decisórios, e a partir daqui a novos julgamentos sobre novos horizontes, pois o ego ainda não se foi de todo, e ele vai tentar mostrar-te elementos diferenciadores em sua meta insana de permanecer perguntando: “mas será isso realmente o que queres?”. Se deres quaisquer resposta a essa pergunta, em breve terás te imbricado novamente, e serás posto em dúvida, e surgirão novas maneiras da grandiosidade se revestir de falsa paz. Então, para escapares disso, agradece apenas a Deus por estar em paz, e jamais a julgue. Mais sábio é aproveitá-la, senti-la em teu corpo mediante novos presságios — não com os sentidos — mas sob auspícios da tua intuição, que demonstra firmemente que não és o corpo. Assim, podes perceber a paz com teu instrumento de aprendizado, e não serás mais julgador, e sim o grato Filho de Deus que sabe dizer obrigado ao Seu Pai, e terás real conforto nisso.
                Falamos em julgar a paz. Aqui, pode ser facilmente evocado a teu desfavor o princípio da ambição. Aladim teve direito a três desejos. Ali Babá e os quarenta ladrões disseram “abra-te sésamo”, e obtiveram para si riquezas. A mitologia aqui auxilia o entendimento disto: a mágica fornece apenas a mudança dos meios. Aladim não precisaria da lâmpada se soubesse que era ao mesmo tempo o gênio e a lâmpada. No entanto, em seu entendimento dividido, precisou evocar o tal gênio, que lhe concedeu apenas três desejos.
                Obviamente, o uso sábio da mitologia pode evocar princípios favoráveis ao despertar. Contudo, o empenho maior deve estar em realizar em si a supressão ou elisão dos opostos. A ambição pode levar a seguros meios de se saber do Valor Maior, se não estiver presa à barganha. Esse valor não pode ser deste mundo, pois seus valores são distorcidos, e isso já aprendestes. Portanto, a única maneira da ambição ser um valor é abrindo mão da mágica.
                O mundo, conforme o vês, aparenta ser uma máquina em moto-contínuo, agindo de acordo com pressupostos que não podes controlar, como os impostos e as leis. Julgas que não fizestes isso, mas lembra-te de que todos aqueles a quem chamas povo são um só. A decisão desse um é a decisão de todos, e isto é seguramente criação. Enquanto a maioria do mundo estiver assustada, vários pensamentos não criativos serão divulgados, e a isso se chama o sonho coletivo. Não é assim para o indivíduo, quando não conhece ainda o que são as suas criações. Este acredita que é vítima de forças muito maiores, não abrangíveis, e escapar a elas seria tomar conta delas. E assim surge a sede de poder no mundo, que é simplesmente  a inconsciência ou cegueira às criações.
                A ambição, nesse contexto, te adverte disto: mereces mais. Mais saúde, mais poder, mais alegria, mais paz, mais de tudo. Ora, as coisas que provêm de Deus são eternas, não são acrescentáveis, elas apenas se estendem pelo ato de dar. Dar e receber são ainda contextos separados, e no Curso seu empenho está em demonstrar que são o mesmo, pois propiciam a extensão. Como isso acontece? Mais de mar é mar. Se jogas um balde de água do mar no mar, estás devolvendo o mar ao mar, e recebes de volta a praia, a brisa e o sol. Se levares para casa o balde com água do mar, terás apenas um balde de água que em breve mudará de brisa em abjeto odor.
O custo de dar é receber. Neste sentido, se ofereces a paz, ofereces a luz, e recebes de teu irmão a extensão da paz, que é luz. Mas se acaso pensas que podes oferecer a luz ao teu irmão com se tu fosses para ele o gênio da lâmpada, teu irmão se torna outro, se torna o Aladim, que receberá de ti apenas uns três desejos. Isso é muito pouco a se compartilhar, quando se pode compartilhar o Todo. Imagine teu irmão em si, completamente calmo e benigno. Se olhares para ele assim, não precisas dar-lhe nenhum tesouro, pois o real Tesouro está em olhares para ele com amor. E receberás tanto quanto deres, pois o custo de dar está em receber.
Simples assim. A ambição não é apenas “querer mais”, é ainda estar inconsciente que “querer mais” é apenas aderir. Aderir não é doação, embora realmente acrescente. No entanto, “acrescentar um” não é totalizar, é apenas somar. A ambição quer um em um, ou de milhão em milhão, mas a verdadeira ambição está em não querer mais do que é seu, e tu ainda és como Deus te criou. Portanto, o que queres ainda ambicionar, se já tens tudo?
Podes argumentar que não te sentes assim, e em teu demorado estado de aprendizado parece ser assim para ti. No entanto, te pergunta isto: “queres mais de sonho?” A substância de sonho somente pode aderir a si mais de sonho, e, enquanto isso, te divertes em estar em posição relativa, apenas potencialmente rico, potencialmente saudável, potencialmente feliz. Criança de Deus, isso não é assim. Não podes ambicionar a nada, sequer ao despertar. Ambicionar o despertar é quere-lo para si, mas o custo de dar é receber, e não receberás luz enquanto não te decidires por compartilhar.
Compartilhar de quê? Deves doar as tuas coisas é saires andarilho por aí? Dificilmente isto estaria em consonância com o propósito do verdadeiro desapego, que reside em não querer mais do que é seu. Podes sonhar que és materialmente rico, e te esforçares para isso, mas se teu objetivo é o conforto de teu corpo, ou o empenho em seres mais, estás equivocado. E a falsa humildade também entra aqui. Quero ser mais humilde, mais compreensível, mais caridosos, mais humano. O verdadeiro humanista apenas quer dar amor ao seu irmão, e o reflexo destas coisas é o bem estar em si, que é o verdadeiro lugar do conforto.
Assim, livramo-nos da ambição como paradigma da adição. Esperamos, no entanto, que nos tornemos consciente da verdadeira riqueza, que reside no dar. Seremos abundantes em doar, e teremos em nosso propósito apenas um acolhimento real ao que se vê diante Dele, que não é dado através dos olhos do corpo, e não pode ser, portanto, nem jóia, nem dinheiro, nem poder, mas um estabelecimento seguro de que aquilo que nos pertence já nos foi dado na nosso criação. E se para ti aparecer o gênio da lâmpada, pede a ele apenas este desejo: perceber que tudo o que eu vejo é sem significado.
Pai nosso, pedimos a Ti a revelação da Verdadeira Riqueza que deste ao Teu Filho na Sua criação, e que é apenas Tua Vontade. Estamos devotados a ver amor em nossos irmãos, pois sendo nossos iguais, revelam a mim que somos o mesmo,  e através de Ti veremos a unidade e a paz que queres dar ao Teu Amado Filho. Pedimos a Ti a paz de Cristo em nós, amém.


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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Sobre a idolatria

Obrigado a Ti!
Agora os empenhos serão mais devotados, pois já experimentastes daquilo que queres. A Presença quando vem não pode ser negada por muito tempo, pois ela aponta para a Verdade, e a Verdade é atraente como uma jóia, preciosa como uma noite, bem aventurada como uma Dama e segura e terna como o Amor. Aquele que não quer destas coisas ainda não nasceu e jamais nascerá, pois precisaria estar apartado de Sua Vontade, que é a Mesma de Deus, para renegar coisas tão maravilhosas — e abrir mão de Suas Dádivas.  
  Agora, que fizestes chover, entenda o que é o Amor. O Amor é antes de tudo uma experiência altamente individual, mas com um resultado comum: a harmonia. Sempre que experimentares harmonia, não sentirás nenhum tipo de coerção ou mal estar. A única coisa que ainda te impõe alguma vontade contrária a tua é uma disposição à idolatria. A idolatria não significa algo ligado unicamente à contemplação. A verdadeira idolatria reside na crença. Pode ser uma crença positiva ou negativa em relação a qualquer coisa, mas os efeitos disto não importam: sempre deságuam no mesmo.
O perdão é o anticlímax da idolatria. A idolatria não é harmonia, pois a principal característica da idolatria é o entusiasmo. A única forma de harmonizar o entusiasmo é não julgar, e o principio da idolatria é o julgamento. Como poderias idolatrar algo se não julgares este algo valioso? No entanto, jamais podes idolatrar a nada, a não ser ao Próprio Deus. No entanto, mesmo aqui este conceito precisa ser compreendido de maneira adequada, pois “idolatrar a Deus” é um conceito que pode abranger uma tendência a evocar um princípio vazio de significado, pois não podes julgar a Deus. Assim, quando falamos em “idolatrar a Deus” queremos abranger uma característica apropriada ao sentido que faz a palavra “assunção”. A “assunção” significa que algo relativo a este mundo separado ascendeu aos Céus. Isso, na verdade, nunca aconteceu, nem irá acontecer, pois a matéria — como o corpo — é por demais densa para adentrar ao Reino. Assim, se idolatrares a Deus acreditando que Deus está em alguma parte deste mundo, estás equivocado em tua acepção das coisas, e te entregas à verdadeira idolatria, que é o equívoco.
Toda idolatria está radicada em um equívoco. Mesmo quando dizemos “idolatrar a Deus” dizemos que o idolatra aqui é um curador curado, e que ele sabe que idolatrar a Deus é a única maneira de se perdoar a idolatria, pois assim, destituída de significado, a idolatria cai no vazio semântico do termo e se aproxima de uma veneração, que é a idolatria ausente de equívoco. Mas mesmo a veneração deve ser entendia como um atributo a Deus, Que sabe que Seu Filho não pode idolatrar a nada ou venerar coisa alguma que não seja real.
Filho, aprende isto: a única coisa real é Deus, e nada mais. Idolatrar é se equivocar. Assim, não precisas julgar a nada do que fazes como valioso, pois o Verdadeiro Valor é atribuído ao que não pode ser julgado.


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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Retratos intuitivos de meus amigos - Fernando Domingos


Hoje é dia de Domingos! Alegria então para as crianças de domingo, pois a vida me aproximou de um amigo. Assim, conheci nos acasos das circunstâncias o Fernando, meu amigo, mineiro, boa praça em seus empenhos de ser leal e camarada. Fernando é o tipo de pessoa que se esteira na linha do entender o que percebe pelo cálculo, em andejos algoritmos, mas entende muito bem o que intui, geralmente em sonhos ou conversas de boa liga. Advoga pela união dos seus em boas rodas de música sadia e alguma cerveja, pois o calor frita sua paciência. Seus modos de empenhar em amizade abrangem o bom abraço de acolher, e seu melhor intuito em esperança deságua em vias de ser a quem se pode dizer: “essa pessoa é gente boa”. Divulga seus mistérios em enigmas que não desvendou, procurando observar o final pelo advento do Todo. Assim, assumiu para si um empenho, pois cuida também da alma pela observação das paranoias, o que converge para um contraste e uma escolha, e assim meu amigo constrói para si sabedorias. Não sei ainda o que o Fernando é, pois meu amigo É o Que ainda não sabemos, meu amigo e eu — dormindo ainda o mesmo sonho. Mas, em conversas de boa fé, chegamos três a diversas intuições do mesmo. Digo de Fernando a confiança, e advogo pela presença de sua boa caminhada, a família que está por construir, seus empenhos nos estudos e virtudes de presenças. E disto — a presença — digo que estamos todos esperançosos que meu amigo acorde logo, e venha buscar os seus tantos, que esperam assim por ele. Tenho fé que meu amigo um dia leia Um Curso em Milagres, e faço votos para que esperte Nele. No mais, não há o que apontar em meio ao que Fernando é pelo que se vê, pois Fernando, sendo O Que É, fortalece sua presença em pedras preciosas, sua terra abundante, seu efeito valioso, meu amigo nascido forte em suas Minas — terra de Guimarães — as Gerais!
Fernando Domingos é mineiro e mora atualmente em Cuiabá- MT.

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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

"Quem sou este eu?" ou "Sobre o Símbolo André Sena"

Obrigado a Ti!


              Pergunta: Quem somos os felizes? Quem, dentre alguns, acerta em dizer de si um átimo de alegria? Estou preocupado demais comigo para encontrar paz em acertos de contas. Nenhum tipo de esteio em comportamentos pode parecer atraente a quem já aderiu a vários tipos de perturbação, e busca livrar-se disto. Enquanto isso, a busca por equilíbrio nas formas amáveis de regressar encontra reforço por conta de certa urgência. Assim, aos felizes dizemos isto: urgência! Advertimos ainda a presença de alguma coragem, mas pedimos desculpas pelas curvas do mau jeito, pois quero saber ainda isto: quem sou eu?
               
Resposta: O meio está equivocado. Não que se possa aderir a alguma coisa apenas sobrepondo as palavras às belas formas evocadas em escrituras sagradas. Mas não encontraremos mais apoio em termos do mundo se quisermos apenas aceitar o ego como condutor de nossa travessia. Nenhum deixou de passar pela perturbação, mas não se deve dela fazer propaganda. Isso não é muito produtivo, embora seja certamente um desafogo, pois o ego aquieta-se ao perceber a si louvado. Tu, que veneras teu ego, ao menos lembra que o teu esteio seguro não está em entender a Salvação. Assim, tua função agora não pode estar em revelá-La, pois não podes revelar aquilo que não conheces. Portanto, enquanto planejas escrever o livro que mudará a vida de todos os desgraçados, porque então não escreves para ti mesmo este livro? Porque não estendes a tua mão a quem tanto precisa de ajuda, que és tu mesmo?
                Atravessar o inferno contigo eu não posso, pois o inferno é um conceito que eu não partilho com ninguém. O ódio se disfarça muito bem de injustiça. Ele alega que o mundo é mal, e que precisas vencer o mundo à força, se preciso for. No entanto, sempre será assim, pois o ódio exigirá de ti o sacrifício, pois o ódio odeia o odiado e o odiador. Não há escapatória a um conceito que é destruidor por si só, pois adiciona a si apenas o que não pode reter. Ao contrário do Espírito Santo, que retém para si aquilo que te ensina a doar, para que assim tu experimentes a partilha, e aumentes em ti tudo aquilo que dás, o ódio, por sua vez, gosta de acertar os pontos através do terror. Assim, o ódio provoca o supremo medo, que é a porta de entrada da grandiosidade. Então as fantasias são evocadas neste ponto, e é quando esqueces completamente que és como Deus te criou, amável e alegre, e apenas te vês como culpado e vítima, conceitos que experimentados juntos provocam óbvia dissociação. Assim, podes ver a ti mesmo como um gênio, enquanto ages como um tolo. Ou podes ver ainda a ti mesmo como um tolo, enquanto ages como um gênio. No entanto, entre estas duas acepções, mil milhares de outras são possíveis, e a única certeza aqui é que não haverá paz.
                Não precisas pedir desculpas se não te sentes culpado, mas precisas ter cuidado para não ferir ao teu irmão, como se ele fosse a única pessoa no mundo que não te entende. Isso é um óbvio ataque projetivo, e visa fazer com que o ódio se propague em tua vida. Teu sonho é muito feliz, mas não pode ser desfrutado enquanto vês nele coisas estranhas às quais te empenhas em preservar. A maneira certa de desfazer isto é a honestidade consigo mesmo. Assim, pode-se dizer que um dia de inconsciência é necessário para quebrar o paradigma da máscara, que não auxilia em nada. A máscara fornece um conceito completamente equivocado, pois não pode ser aquilo que oculta. Quando a máscara finalmente cai, o importante é não temer e reagir ao que ocorre com perdão. O perdão é o único conceito que pode estabilizar o humor quase que instantaneamente à sua evocação. O mundo real aparecerá para ti quando perdoares a tudo, isto é, quando vires a tudo sob a perspectiva de ti sem a máscara.
                O que há, então, por baixo da máscara? Há o filho de Deus; assustado demais com o baile a que veio, ao ponto de esquecer o carnaval. Perdeu o filho a consciência de si mesmo, e aportou no ego como uma característica substitutiva. Sua máscara não pode esconder o que o filho de Deus é, pois mesmo outros mascarados reconhecem que a máscara não pode ser Aquele que ela oculta. Portanto, deves estar pronto para encontrar a ti mesmo em momentos de queda da máscara, e não apelar para novas caricaturas defensivas — outras máscaras por sob as máscaras — ao ponto de decalcares teu rosto em máscaras de si mesmo, que são os simulacros.
                Simulacros são eventos que reportam àqueles que os vêem uma referência, mas em si mesmos não são o que representam. Assim, ao nome André Sena se diz uma pessoa, e a ela se adere símbolos variáveis de acordo com o sonho de quem o vê. O simulacro daquilo que André Sena representa não pode ser evocado apenas por seu nome, pois o nome André Sena é o nome de um corpo. Assim, à imagem que o corpo de André Sena evoca sobressai uma aparência, que pode ser distinguida sob categorias adjetivas, como bem ou mau humorado, paciente ou não, boa praça ou fingidor, mal amado ou generoso,  alienado ou bem estável ou ainda ser a quem não representa, como em termos de emprego ou profissão.  Assim, a este nome, circulam diversos atributos, assim como se davam atributos aos deuses pagãos da antiguidade, que visavam articular sobre si características centrais de um arquétipo. Da mesma forma, André Sena é um símbolo, quer queiras ou não acreditar. Se não acreditas, André Sena passa a ser o símbolo de um ego, que não aceita jamais ser “confundido” com a grandeza Daquilo Que É. No entanto, Se crês que és um símbolo de algo muito maior, e que teu nome apenas aponta para uma mera referência que podes abrir mão, terás vida plena, pois saberás Daquilo Que És por ti mesmo.
                André Sena é uma Criança de Deus assustada, simbolizado nisto pela entrega a estas palavras. Procura convencer a si mesmo que é um grande alguém, futuro reconhecido, liberto do anonimato ou seguro em sonhos de riquezas ou certezas de talentos revelados. André, querido, amado em mim como irmão em nosso Pai, lembra-te disto: tu não és deste mundo. Então, para quê queres tanto destas coisas que simbolizas como úteis? Sabes lá da tua função aqui? Até agora percebestes onde és verdadeiramente útil? Não? Pois te será dito muito em breve como sê-lo, caso resolvas te acalmar um pouco e temer menos aos teus irmãos. Eles não estão aqui para te julgar mal, pois estão decerto assustados também com o símbolo que se deram. Mas se percebem a si mesmo como amáveis, então estarão completamente seguros para te julgarem como percebem a ti: amável amigo, um bom sujeito, alguém que se importa com algo mais que o mero empenho divulgado nos carimbos e fotografias, nas vias secundarias do sustento, ou no esteio tão valioso do conforto de teu corpo. Não te enganastes com isso, mas também não abrirás mão disto para simbolizar a ti como digno de maus tratos. Serás apenas um entendimento apelativo pelo alto, uma demonstração. Não temas o que não entendes, pois estás sendo bem guiado. Crês que és bem guiado?
               
Sim.

                Então lembre sempre destas palavras: ainda és como Deus te criou. Não temas o amor, pois o amor é o teu sustento. Deus é a Voz pela Qual falas, e a paciência é a virtude dos amorosos. Paciência infinita gera resultados imediatos. Procura abrir mão, e esqueças a que se referem os símbolos de teu nome. Poderias ter outro nome, ou mesmo ser outro corpo, embora este seja para ti um conceito muito radical neste ponto de teu aprendizado, e até mesmo desnecessário para os propósitos da salvação. As curiosidades da metafísica não são a salvação, embora simbolizem uma busca valiosa pela revelação.
                Vamos agora seguros e pacíficos a um novo estádio de nossos exercícios do Curso. Lembra-te que nenhuma pessoa neste mundo pode ser teu inimigo, e reforces isto em ti, se já é assim para ti. Aumenta em tua disposição o empenho em ver a generosidade em tudo, e assim será o mundo para ti.
                Pai nosso, amado e sempre incriado em Vosso Reino, eterno e imutável em verdadeira grandeza de Teu Nome, pedimos aqui a revelação de teu Reino. Apontamos uma verdade ao que não sabemos, pois simbolizamos o teu Reino aqui neste mundo separado, e a ele chamaremos “mundo real”. Assim, pedimos a Ti que nos revele a paz eterna, para que a estendamos neste mundo, conscientes de nosso propósito, adequados em nossa estima, valiosos em nosso cuidado para com teus filhos que herdaremos com nossa demonstração de teu amor por experimentarmos a nos mesmos como pacíficos em nossas relações. Amado Pai, Que jamais esquecestes teus filhos, a Ti pedimos a cura, para que sejamos curados e para que possamos curar, jamais esquecidos de nossos símbolos, mas com as mãos livres diante de Tua Presença, pedimos, Pai, a Ti, o retorno à Nossa Casa e, conscientes neste mundo separado, pedimos a revelação de nossa herança, amém.


Obrigado por leres até aqui. És bem vindo aqui. Te amo.


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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Sobre as Criações

Obrigado a Ti!


As criações que fizestes não são “coisas”, como habitualmente se diz.  Assim, certas proposições que são ditas filosoficamente como sendo “ideias” são atomisticamente realizadas como imagens. Por isso, todo o percurso de um mecanismo de transmissão de ideias equivale a uma sensação. Se, por exemplo, dizes ao teu irmão que ele parece um anjo, a isto estás projetando um sentir a ele como um ser espiritual, um transmissor de paz. Ainda assim, poderíamos dizer que um irmão sobre o qual te equivocas e dizes dele que é pernicioso transmite para ti uma referência de permutabilidade, na medida em que trocas a teu irmão por um conceito. Portanto, a ideia que tens de teu irmão será o teu irmão para ti, quando pensares ao avesso da criação.
O que ainda queres aqui? Onde acreditas que terás paz aqui? Será que se fores um artista terás paz por isto? Ou será que sonharás um novo sonho? O que vieste fazer tu não sabes. O queres fazer, tens medo demais. A ideia que tens do que é querer fazer o que queres é assustadora para ti. No entanto, somente ser Quem Tu És poderá salvar a ti e aos teus.
Criar é o mesmo que ser, pois é o mesmo que estar em si. Criar significa desprender-se de conceitos e embarcar na onda de ser o que se é. Criar virá então de outra ideia, que não transmite pelo conceito, mas se esteia na segurança de ser apenas o simples ser. O que envenena o criar é o aposto em colocar desejos entre as crenças que estabeleces. Seguramente, uma pessoa poderá dizer-te que criou um filho, ou que acertou um jeito. No entanto, criar é muito mais que estar em modos de ser um pai ou um inventor. Criar é estar em glória por saber de si. Assim, pode-se ser pai ou inventor, e apreciar a verdade das criações, que são os simulacros. Jamais aqui alguém foi pai, ou mãe, ou qualquer coisa que seja. A metáfora envolvida na reprodução implica na ordenação que evoca. Alguns sabem o que é o amor incondicional, pois tiveram filhos. A estes, esta evocação simbólica se materializará em outro ser, que será verdadeiramente amado, ao qual se chama um nome, e que intui a si próprio um ego, pois foi criado à imagem e semelhança de quem o gerou. Quem sabe de si, sabe muito pouco de ser pai, pois ser pai é transcender a si em outro, o que é uma metáfora da criação. No entanto, como diz o Curso, os filhos geram seus filhos, embora não possam gerar seus pais.
Criar é estender. Em uma acepção muito grosseira, criar equivale a uma transferência. Um sentido muito similar ao de criar está explícito na imagem da palmeira. A palmeira se estende para cima e não produz frutos comestíveis, e nem é frondosa ao ponto da grande sombra. No entanto, a palmeira é uma bela árvore, e um corredor delas estendidas lado a lado formam uma claraboia muito interessante de se passar por.  Assim, criar é como a imagem da palmeira isolada, que estende em si uma “potencialidade” de ser integrada a um todo que assume por si características que faltam ao elemento unitário. Esta é a noção das ideias de Platão, que se dirigem ao universo da criação mediante um princípio de extensão. A característica que auxilia o ponto de mutação entre o sujeito que faz e o filho de Deus que cria reside em perceber não mais a materialidade de suas criações, mas as potências que advém de estarem probabilisticamente alinhando-se com um evento disponível como um Todo. Voltemos ao caso da filiação, no sentido corriqueiro, isto é, os filhos dos homens. A filiação, entendida como a soma de todas as pessoas que nasceram neste mundo, será apenas uma aliança muito pobre do que é a Filiação Unitária entre os Filhos de Deus no Reino. No entanto, como todos os filhos são filhos de alguém, são também criações, e podem estender e procriar, pois estendem por si o que receberam. O amor da filiação por suas crianças não pode ser entendido como o amor de Deus por Seus Filhos, pois isto está além da capacidade de se apreender por comparação. No entanto, a Filiação é una, assim como os pais e os filhos são os mesmos nos termos de pertencerem a apenas uma filiação.  Criar é ser uma atmosfera que abarca um sistema vivo que não se entende como um todo orgânico, embora seja em si uma única coisa.
Dificilmente pode-se dizer em abstrato o que são as criações, por isso usaremos um exemplo: Criar é ver o que se desenrola em tua frente sem nenhum vestígio de julgamento. O que se apresenta a partir de teu próprio observar e nos encaminhamentos que a vida proporciona, são tuas criações, que muito bem podem estar equivocadas, e assim tens aquilo a que chamas “dias ruins”. Mas a verdadeira criação é natural, e por isso se diz que ela está alinhada com Deus quando é apenas imagem, e representa apenas aquilo que gostarias de criar no mundo. A onisciência necessária para tal criação não vem de ti, mas tu partilhas dela, assim como a palmeira, que não é a claraboia, é em si palmeira e claraboia. Por isso diremos agora a ti: és como a palmeira, pois és filho de alguém, foste permitido à paternidade, e ao teu redor vês aos teus irmãos algumas vezes como iguais em claraboias de encontros.
A criação é como um sonho de fabricação gentil, que advoga pelo Reino e que não acede ao propósito de separar. Criar é unir. Criar é crer em uma realidade diferente, contudo possível, e assim partilhar de teu sonho no sonho do teu irmão com dádivas gentis. Retira uma flor do sonho do teu irmão e devolve-a a ele. Isto é criar!

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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Retratos intuitivos de meus amigos - Jaime Penariol


Jaime Penariol

                Jaime está no mundo para ser a si. Não tendo encontrado ainda o caminho de volta, trilhou uma vereda de ouro, que nomeou “amizades”. A si mesmo entrega uma virtude em não ater amor ao que não aprecia, embora confunda isto com segurança. Mas sua amizade com as palavras fizeram de meu amigo um amante da estética, e seu valor de mundo fica sendo uma ideia que meu amigo apresentou a si: “a subjetividade salva”. Meu amigo Jaime é destes que ajuda mesmo sem saber, e não desvia dos empenhos (meu amigo, não estando em condições, foi à minha festa de aniversário, apoiado entorno por uma escolta de seus anjos companheiros). Da solidão, meu amigo já está entendendo seu caráter de engodo, e busca formas de livrar-se disto, pois ainda não sabe  exatamente sua função aqui. Enquanto busca, deixa, aqui e ali, em sua travessia aleatória, saudades muito divulgadas pelos seus, em modos gentis e claros, como convém aos amáveis. Meu amigo acredita que não gosta de si mesmo, talvez seu maior erro e um desperdício de valor. Tenho esperança que meu amigo um dia leia “Um Curso em Milagres”, para quem sabe espertar Nele. Assim, talvez meu amigo volte mais cedo a si, e venha resgatar os seus tantos, que espalhados pelo mundo estendem em viagens cordiais uma tenda “luz balão”, suas saudades de valor leal entre todos, meu amigo, Jaime Penariol.

Jaime Penariol mora atualmente em Cuiabá-MT

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Retratos intuitivos de meus amigos - Fernanda Conciani

Fernanda Conciani
        

     Fernanda Conciani viu demais um passarinho. Assim, voou aí pelo mundo e consigo trouxe liberdades. Um sentimento quase sufocante de subjetividade aproximou-a da arte, e a estética levou-a a apreender o mundo para fora de gaiolas, pelas lentes que apresentam seu empenho em ver-se a si por fora de si, no longe longe dos espaços, nas esplanadas. Assim, Fernanda criou o mundo em retratos projetivos, nos quais estendeu a alguns seu bem querer cuidadoso, seu tanto de ser em empenho amigo — ou sua irritação em amores descuidados, que é apenas um não saber lidar com o que o contato com o outro é. Fernanda, voando alto, viu a nesga de luz que há no mundo, e assim minha amiga viu irmãos, e com eles saudosamente se compraz. Decerto pensa em solidão, mas acompanha a si pelo amor maior dos passarinhos: o belo canto que ouviu, a música traduzindo a abstração de tudo. Assim, minha amiga é em si mesma o que valeu em descobrir: liberdade é coisa que supre um voo. Salve minha amiga sempre, jovem e terna Conciani, Fernandinha passarinho.



Fernanda Conciani é paraibana e mora atualmente em Brasília-DF.


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sábado, 15 de outubro de 2011

O que é o ego?

Obrigado a ti!

O ego é uma referência. Ele pode ser necessário por um tempo, pois a condição separada é tida como real por muitos anos no decorrer de uma vida. Assim, durante estes anos, o ego é a referência que te fornece uma noção de ser apenas uma coisa entre outras, isto é, através dele percebes a ti mesmo como separado de todas as outras formas que estão no mundo. O ego, portanto, é o símbolo da separação, na medida em que te transmite uma noção de ti que não pode ser comparada a nenhuma outra no mundo, e a isto o mundo chama “personalidade”.  
Assim, experimentas a ti mesmo como sendo todas as coisas que sabes acerca de ti. Acerca de ti te deram um nome e acerca de ti falam tuas posses e teus títulos e honrarias; acerca de ti são aqueles elogios que recebes e o dinheiro que ganhas com o suor do teu trabalho é um efeito acerca de ti. Acerca de ti disseram algo, e é acerca de ti que respondes. Acerca de ti és alguém que vive e morre, pois acerca de ti foram contadas também historias de outros que viste viver e morrer. Assim, todas estas coisas que são ditas acerca de ti, não são a ti, mas acreditas nelas como sendo partes de teu ser. Isto é realmente um engodo muito desnecessário.
Tu não és uma referência, tampouco um apontamento de personalidade. Decerto, após a revelação, não mudas da noite para o dia, tampouco serás diferente a cada hora em termos de personalidade. No entanto, as formas da tua vida são diferenciadas por medidas que não são notadas pelos outros como sendo coisas acerca de ti. Até teu nome pode ser retirado de ti, pois aquilo a que o nome se referia se foi. Realmente, após a revelação, a personalidade que parecia ser a ti se esvai, e com ela a percepção e a noção separada que parecia constituir teu mundo. Assim, depois que recebes a revelação, percebes também que não poderias ser condenado por nada que tiveste feito, pois até então fizeras coisas  as quais não eram tuas criações, mas apenas coisas acerca de ti.
Esperas bem quieto pela revelação. Ela te será dada quando estiveres pronto. Para isso, não precisas mudar nada acerca de ti. Basta que aceites o que te acontece como aquilo que pedistes. Lembra que o mundo é uma tela que te apresenta o que pediste “agora”. Nada acontece sem tua anuência. Assim, para que vejas as coisas que te acontecem como tuas criações e não como coisas acerca de ti, aceitas a tudo como se fosse “dado”. Eis algo que poucos compreendem, mas é fundamental se queres despertar do sonho das coisas acerca de ti. Se aceitas o que vês agora como tuas criações, as coisas acerca de ti desaparecem de tua vista, e não podem ser diferenciadas do que nomeias acaso. O acaso não existe, mas crês que há alguns sinais que podem te dizer coisas: uma borboleta amarela que passa no teu caminho é um sinal de bom augúrio ou um inseto que partilha seu crivo em cantar durante o exato tempo de um pensamento mal é então aviso sobrenatural de que pensas tal qual a um inseto, e então pensas mal. Assim, nomeias as coisas que são tuas criações como sendo coisas acerca de ti. E se puseste ali aquela borboleta? ou se quiseste ouvir pelo tempo do estrilar da cigarra o teu empenho em desfazer aquilo como sendo algo acerca de ti?, e assim forneceste um pensamento útil pelo tempo necessário para engabelar a ti mesmo? Estás confuso? Pois estas palavras deveriam ser muito claras para ti, já que és tu mesmo quem as escreve. Se é assim, por que não as entende? É mais fácil dizer que essas palavras são outras coisas sobrenaturais acerca de ti? Ou seria mais honesto dizer que a Fonte da Qual estas palavras provêm estão encobertas por ti para serem nomeadas como espetáculo de blog? Assim, este é um blog acerca de ti, e não estás vendo que é o teu blog, e, portanto, continuas sem saber Quem És.
Amigo irmão, que somos Um, unidos em Um, eternos neste incriado Um, escuta a ti mesmo nestas palavras: é chegada a hora da revelação de Teu Ser. Não busques mais saber o que és enquanto coisa, enquanto nome, enquanto ideia, pois serás mais que um nome ou um evento no trabalho ou uma causa justa a se empenhar. Serás Tudo o Que É, e assim terás de volta a perspectiva verdadeira sobre o teu Ser, que é maior que qualquer recorte que queiras aderir como decalque mero de si, ou seja, acerca de si.
Pai, pedimos: lembra Teu Filho. Ele está aqui em termos desconhecidos para si, mas é a si mesmo devotado nestas palavras as quais Te lembram que a sua vontade é a Tua. Ele não espera mais no ódio e se lembrou de seus irmãos. Agora, pedimos a ti, meu pai, em pessoa primeira, que se lembre de mim, que aguardo pela Tua Graça, em empenho de ser a mim mesmo em união e amor, pois o medo se foi, e estou em calma espera por Ti, Meu Pai, amém.


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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Diálogo sobre o medo

Obrigado a ti!

Pergunta: se o mundo que vejo é uma ilusão, como faço então para auxiliar a mim mesmo para que eu veja o mundo real?
                Resposta: O mundo real é também um símbolo, como te foi dito nos exercícios. Símbolos abarcam diversas interpretações. O mundo real é o mundo dos símbolos gentis, nos quais vês apenas as tuas ideias gentis sendo apresentadas para ti em uma tela que inventastes, a que chamas “mundo”. No entanto, este “mundo” é apenas um passado muito antigo, que queres rever a qualquer custo, mediante uma reinterpretação contínua de suas mudanças de forma. A única coisa que pode acontecer no tal “mundo” é a mudança de formas, pois tu já decidiste há muito tempo que querias deixar este “mundo”, e já o fizestes, apenas não tens consciência disto. Contudo, permaneces aderindo às mudanças de formas os teus “achismos” sobre as coisas, teus juízos, que apenas produzem na tua mente um estado de confusão que não permite a Visão.
                Pergunta: então eu também sou uma coisa passada?
                Resposta: O teu corpo é algo passado, que já se foi há muito tempo. Isso parece ser muito absurdo quando dito em formas literais, pois a noção que tens da experiência de estares envolvido com teu ego te fornece insistentemente uma prova de que vês o que está acontecendo agora. No entanto, este “agora” que o ego e tua percepção te mostram são muito relativos quando postos em perspectivas diferenciadas. Já o sabes que as galáxias que ficam há milhares de anos luz daqui, quando vistas ao telescópio, apenas demonstram para ti o passado delas, embora no “agora” de tua percepção tu vejas a imagem ocorrendo como se visses o que realmente há. Pergunto então: o que está acontecendo realmente no intervalo entre estes dois eventos?
                Resposta: não está acontecendo nada.
                Exatamente. Nada pode ocorrer entre o passado e o passado, pois são apenas referências entre estados temporais que não mais existem. No entanto, ainda experimentas este estado como se fosse real. Por exemplo, se ocorre uma dor em teu corpo, um arranhão ou um machucado, por exemplo, aquilo te parece ocorrer agora, correto?
Resposta: Sim. Pois eu sinto isto agora.
Certo. No entanto, a percepção apenas apresenta para ti aquele estado de sonho que acompanha a referência à dor que um machucado faz acontecer.
Pergunta: pode, então, um iluminado não sentir nenhuma dor?
Resposta: dificilmente isto ocorre assim, pois neste mundo separado, a dor é possível. No entanto, é possível uma grande tolerância a existência da dor, e até mesmo a eliminação dela em muitos casos que semelhavam impossíveis. Isto pode ocorrer facilmente através da mudança da mente.
Pergunta: ainda não entendo bem a distinção entre mundo real e mundo ilusório para além da teoria acerca dos símbolos. Como posso “vivenciar” o mundo real, se assim?
                Resposta: a distinção aparece aos poucos. No entanto, é preciso que, por um curto período de tempo, experimentes certa confusão, para que, através do conflito, possas estabelecer um contraste. O conceito de contraste é muito importante no currículo, pois é ele que te fornece a nítida distinção entre as opções. Tu já sabes que o poder de decisão é teu. Isso é tudo o que precisas saber. No entanto, decides sempre entre duas formas de pensar: esta, que te é oferecida agora; e a outra, a que te impõe tantos modos de mal ver ao mundo. Se não observasses a experiência de terror que esta última te fornece, como poderias escolher a minha ajuda? Eu sou teu professor, mas sou também a ti, que me esperas. No entanto, falaremos sobre isso mais detalhadamente em outra oportunidade. Por enquanto, para que possas distinguir bem, tente perceber em teu pensamento uma tendência às condescendências. Sempre que pensares em algo que precisa de uma causa no mundo para ocorrer, saibas que isso não é real. O “agora” que podes perceber e sentir não é real, mas parece real para ti. Para perceber exatamente a distinção, procure pelos sentidos não literais. Isso se faz da seguinte maneira: sempre que perceberes em ti algum medo, não lutes contra este medo, não o julgue através de uma perspectiva diferenciada sobre como deveria ser se não estivesses com medo. Este é o primeiro passo. Depois, se ainda estiveres percebendo a ti mesmo com medo, não enfrente o medo jamais. O medo não precisa ser atacado para ser destruído, pois não se destrói o que não existe. Algo que muito te ajudará neste momento é lembrares de algum pensamento amoroso. Em qualquer situação que temas, tenta perceber nas imagens que te são apresentadas algum elemento ao qual possas ter sobre ele qualquer pensamento amoroso, qualquer coisa serve, mas deve ser vista com verdadeira gentileza.
                Pergunta: pode ser um pensamento passado, algo como um evento restaurado de um momento bom em que tive com uma pessoa ou situação?
                Resposta: É preferível que neste momento de teu aprendizado tu possas apenas seguir ao teu coração mediante as imagens que te são dadas. Assim, procura nas imagens que vês ou nos sons que ouves alguma coisa que possas remeter ao amor. Procura nos olhares aquela ternura escondida sobre o duplo, que sempre vês. Apenas quando obscureces o duplo é que vês apenas ao ego de teu irmão. Não temas ao teu irmão, mas se em determinado momento estiveres tão confuso que isso não passe de uma teoria para ti, então tenta ver alguma coisa que julgas como amável ao teu redor. Esta coisa não precisa ser uma coisa boa conforme o mundo a julga, mas deve ser boa para ti. Assim, és honesto com as imagens, e esta é a única maneira de seres honesto contigo mesmo. É chegada a hora de desfazer o teatro do julgamento do mundo. Se fizeres apenas o teu empenho em ser a ti mesmo mediante o amor que é teu, não precisarás de um duplo para te dizer onde empregar o teu amor, pois teu amor estará distribuído pelo todo. Assim, aos poucos se descortinará para ti em cada situação uma “fatia” de imagens nas quais se pode estender a gentileza. Aos poucos, com boa vontade de tua parte, essa pequena “fatia” pode aumentar consideravelmente, e estejas certo que é assim que acontece, pois não há em nenhuma parte das imagens que vês apenas imagens de terror. Na medida em que permites “olhar para o outro lado”, isto é, ver alguma coisa com gentileza, mil anjos te oferecem o regalo da satisfação real, que é a paz e a gentileza do coração. Pode ter certeza que não há maior presente que este.


Obrigado por leres até aqui. És bem vindo aqui. Te amo.
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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Sobre ser amado


Obrigado a ti!

Pedido:  Pai, me ajude, não mais compartilho dos pensamentos insanos que se dirigem a mim de maneira tão persistente. Solicito Seu Amparo Definitivo, que o Senhor me tire daqui, e que seja hoje, agora, se me considerares pronto. Não convenho mais aos interesses e não tenho pelo outro nenhum pudor de suas faltas, ou envio de juízo ao empenho equivocado em meu irmão. Que meu irmão alcance por si a paz, e que eu seja um vetor de Teu santo propósito, Senhor. Amém.

                Resposta: Se queres sair daqui, queres ir para onde? Sair não significa “deixar de vez”, pois a noção de “voltar” está implícita neste termo. Se queres mesmo deixar o mundo, precisas entender sobre “soltar”, pois o oposto de “soltar” é “manter”. Não podes “deixar” a nada, em termos literais, se não “soltares”. “Sair” é fugir, mas “soltar” quer dizer que não mais manténs para si aquilo que te impede o teu progresso.
               
                Pedido: então que eu solte meus apegos impeditivos. Que eu os perceba para soltá-los.
               
Resposta: assim, fazes um pedido mais honesto, pois percebes que manténs ainda para si algum bloqueio. O fato de não veres empecilhos ou faltas em teu irmão ainda não está completo, pois o mundo real ainda não se refez para ti. O mundo perdoado ainda é para ti apenas um conceito. Mas este “mal estar” em veres a tudo tão desinteressado é um bom sinal, pois estas “deixando para lá” os teus conceitos sobre este mundo enquanto um valor. No entanto, esse desapego não pode ser evocado através do desespero ou da tristeza, pois, se assim, terás que esperar ainda mais pela tua liberação, pois a tristeza indica que ainda vês o mundo sob seu aspecto desvalido, e isto é um julgamento. Precisas ver o mundo como ele realmente é citado no currículo que estudas: uma ilusão. O mundo é uma tela na qual pões o que queres diante de ti. Assim, seus símbolos terríveis ou o conceito de cansaço se apresentam mediante uma correlação entre o que tu acreditas que o mundo seja e aquilo que pedes. Isso ocorre assim: tu pedes para deixar o mundo, quiçá hoje, pois ele é terrível e não parece ser um lugar amoroso em teu pedido. Assim, se te for dada a revelação hoje, ela também parecerá terrível para ti. Terás medo disto, e poderás adentrar em um estado de pânico, pois estás pedindo para sair do inferno, e o inferno é a forma com a qual as coisas chegam até a tua tela, pois o mundo é realmente apenas a projeção daquilo que vês nele. Assim, olhos que não veem a luz há muitos anos podem cegar ao ver o sol, e isto não será amoroso. Um homem que estivesse há muito tempo isolado em uma caverna escura, hermética à luz, precisaria primeiramente permanecer em uma leve penumbra, para que seus olhos pudessem acostumar-se ao alumiar. Posteriormente, este homem poderia ser apresentado a um pouco mais de luz, até que ele perdesse o medo de restaurar a visão e pudesse finalmente ser alçado para fora da caverna. Este homem és tu — assustado demais para aceitares honestamente o que pedes; e o que pedes, através do currículo que escolhestes, somente te pode ser dado em gentileza. Assim, esperamos ainda que venhas de mãos abertas, sem encontrar no mundo tamanho sofrimento; sem ver a si tão mal acolhido por teus irmãos, que te querem tão bem, mesmo enquanto dormes. Não tenhas medo de teus irmãos, não os condene ao inferno, pois eles são tão amáveis quanto tu és, e sabes que és amável pelo que tu pensas em segredo sobre teus irmãos. Tenha, portanto, coragem em ver ao teu irmão condizente para com aquilo que pensas sobre ele, não vejas mais nele seu passado inglório, e estejas disposto a amá-lo com gentileza perfeita, que não impele ao elogio ou ao vantajoso bem-dizer, mas que apenas observa e não julga. Assim faças tu também com o tempo e com os dias, que te são dados. Não te queixes do clima ou das atribulações. Não creias que há em ti alguma forma de mal pensar ou de mal receber. Aceita o que te é dado de mãos limpas, sem a sujeira do julgar. “Deixa, deixa...” Lembra sempre destas palavras tão simples, pois são presentes que destes a tantos, e que fornecem o bom entender da inocência. Não posso te dar agora o que pedes, pois tu não estás pronto. Mas estás no caminho tão bom e te empenhas com tanto amor e gentileza que todo o Céu está em festa já agora, pois sabemos que vens. Contudo, queremos te receber em festa, e não em estado de choque. Portanto, fazes apenas isso: cumpre teu exercício de hoje por uma semana. Ficas patente ao acolher a todo irmão com amor, sem medo. Tenhas apenas disposição para isto, que eu mandarei atrás de ti mil anjos para te apoiar. Não temas o mundo, não peças para sair dele. Por um tempo, serás muito útil aqui. No entanto, peças para abandonar o julgamento, vejas toda a gentileza que puderes ver, e se não puderes deixar de julgar, aponta para o amor a tua flecha, para que ao menos da árvore da separação acertes o talo de bons maduros frutos — maçãs que não são mordidas — mas caem ao chão e são apenas adubo de teu empenho em não ver mais nada em forma alguma de bem ou mal. Isto te trará calma. Isto dará a ti a paz que precisas para despertar tranqüilo, como uma criança que acorda de um sonho bom nos braços fraternos de seu pai. Assim, nosso Pai tirará seu filho do quarto escuro em que dormia e o levará até o quintal verde e puro no qual cantam os belos pássaros. E a canção que será ouvida te lembrará de teus irmãos, e serás bem-vindo aqui com eles. Então, ama esse mundo agora. Ama a teus irmãos ainda assim, dormindo, para que despertes de um sonho bom, com gentileza e sem nenhum desespero. Assim tu escolhestes, e somente assim poderá ser dado a ti.


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sábado, 1 de outubro de 2011

Pergunta: quem sou eu?

Obrigado a Ti!



Pergunta: quem sou eu?

Essa pergunta responde a si mesma, caso retires dela o pronome “eu”. Apenas “quem sou” é suficiente. Lembre-se que a função de um pronome é substituir algo; e, neste caso, “eu” substitui o “sou”. Claro que não estamos falando em termos gramaticais aqui. Simbolicamente, a pergunta torna-se sem significado na medida em que buscas saber algo sobre o teu “eu”. O teu “eu” não pode ser, ele apenas simula uma presença separada. Assim, à pergunta “quem sou eu” se responde: nada. O “eu” não é nada. Mas Tu És.

Pergunta: quem sou?

És o Filho Santo de Deus dormindo. Quase não se tem o que dizer depois disto. “Despertar” é uma metáfora utilizada pelos iluminados simplesmente por conta do caráter ilusório do mundo, em seu pressuposto de sonho. Assim, estar aqui sem entender Quem És é advogar de alguma maneira pela separação. Não tens que julgar nada, decerto. Portanto, não podes dizer de ti nenhum algo. No momento em que pensas em te adjetivar, ou quando te percebes como um corpo, estás preconizando a separação como um vetor de teu entendimento. Portanto, a maneira mais eficiente de responderes a esta pergunta não será possível aqui. Neste espaço, estamos apenas especulando teorias e formas e palavras que tangenciam um leve supor do que isso pode ser, já que a razão, no forma que o mundo entende esta palavra, não sabe nada sobre o conhecimento. Não podes alcançar a revelação especulando sobre o que és, pois tentarás definir, e a revelação não é definida, ela é dada. Se queres saber o que és, pede a Deus que te revele isto. Ele terá imensa satisfação em fazê-lo.

Obrigado por leres até aqui. És bem vindo aqui. Te amo.
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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Um sonho que tive III






Sonhei que estava em um carro com um amigo e sua filha recém nascida. Chegamos até uma casa antiga, dessas em que a varanda circunda todo o entorno, e sentamos em um banco largo de madeira. Assim que sentamos, a menina ficou de pé e começou a falar comigo. Como seu discurso fosse muito sábio, prestei bastante atenção. Ela me falou sobre a importância em abandonar o ego. Disse-me uma palavra chave, depois continuou com uma série de explicações das quais não lembro o conteúdo, embora versassem todas ainda sobre o desfazer do ego.
Assim que a menina parou de falar, vi que um rato preto estava num canto da parede. No entanto, logo após, no mesmo lugar onde se via a imagem do rato preto, vi dois filhotes de gato, também pretos, substituírem-na.



Interpretar o sonho é o mesmo que julgá-lo. Não posso, portanto, fazê-lo, pois sonhar é tão ilusório quanto perceber. Contudo, há uma percepção certa. Pergunto: há uma percepção certa no sonho noturno?

Já dissemos aqui que não há diferenças entre o sonho noturno e o sonho de vigília, isto é, a vida conforme conheces. No entanto, as imagens no sonho de vigília tendem a ser mais persistentes, como dizia Einstein. Dificilmente olharás para uma imagem em algum lugar do mundo, fecharás os olhos, e então verás outra coisa. A mágica de tais atos seria apenas uma série desordenada, que não conviriam sequer para a função óbvia da percepção que é distinguir as coisas. No entanto, a noção de tempo, que é o estabilizador do mundo, não está presente nos sonhos noturnos.
É incrível que tantas pessoas negligenciem isto. Mesmo psicólogos com experiência por vezes deixam passar esta noção tão simples: o tempo do sonho noturno é apenas o empenho do sonhador em construir seu mundo. Assim como o tempo no sonho de vigília é apenas uma referência de ordenação. Por isso, no Manual dos Professores está dito que, com o desfazer do ego, surge uma falta de estrutura, pois o tempo, o estabilizador do mundo, também é revelado como uma ilusão, e o caráter óbvio dos sonhos de vigília aparece de maneira muito evidenciada através da dissolução do tempo.
A percepção certa precede o despertar, pois ela apresenta o caráter da percepção perdoada, isto é, ausente de julgamentos. A partir deste ponto, Deus pode finalmente fazer a passagem pela estreita fenda que separa a percepção do conhecimento. A percepção certa é prerrogativa do Espírito Santo. Ele pode te ajudar a traduzir as imagens do sonho de julgamento que vês em imagens perdoadas. Assim, surge a possibilidade da transferência.
No sonho noturno isso não acontece assim. A ausência do elemento temporal como um ordenador faz com que as próprias imagens simbolizem os estados que elas evocam, sem a projeção direta, e sim gerando por si mesmas um significado. Por exemplo, se sonhas com uma criança falando sobre o desfazer do ego, certamente há uma imagem de pureza envolvida nisto. Assim como as imagens do rato e dos gatos pretos evocam a perseguição e uma noção de ataque, além de certa predisposição aos baixos instintos. No entanto, estas interpretações de nada adiantam, pois apenas sugerem estados que são julgados posteriormente. Durante o sonhar noturno, no entanto, raramente o sonhador percebe que está sonhando, e é como se ele não fosse “iluminado” também durante o sonho noturno. Portanto, a percepção do sonho noturno não fornece às imagens seus significados imediatos, assim como durante a vigília muitas vezes o sonhador diurno não apreende o significado do que vivencia, e evoca o passado em busca de entender o que se passou. Da mesma forma, ao tentar lembrar o sonho para entender o que se passou, o sujeito busca a si mesmo no passado do sonho, e de nada adianta tais procedimentos.
Contudo, há uma vantagem em lembrar dos sonhos noturnos. A sua permanência na memória faz com que o sonhador se torne cada vez mais consciente da distinção entre a percepção noturna dos sonhos e a percepção da vigília. Esta diferença na realidade não existe, mas para ti, que ainda dormes, parece que existe. Portanto, essa conscientização ou memória do estado de sonho noturno evocado, pode fazer com que apreendas conscienciosamente uma relação com as imagens do sonho noturno, fato que pode trazer alguns ganhos para te assistir no sentido de despertares do sonho de estares lendo isto, por exemplo.
Podemos dizer, portanto, que há sim uma percepção certa no sonho noturno, mas esta se dá apenas em termos de mensagens, como se fossem projeções atuantes, que não estão estáveis por conta da ausência do elemento temporal. Assim, as imagens do sonho são meras mensagens que tu envias a ti mesmo, assim como são as imagens da vigília. Portanto, despertar para a realidade dos sonhos diurnos fará com que a revelação também se dê no campo dos sonhos noturnos, na medida em que te tornarás consciente das mensagens que envias para ti mesmo.

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