segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Sobre o tempo e o espaço



Gostaria de compreender a seguinte passagem do Livro Texto: “O tempo e o espaço são uma ilusão única, que toma formas diferentes. Se foi projetada além da tua mente, pensas nela como tempo. Quanto mais é trazida para perto de onde está a tua mente, tanto mais pensas nela em termos de espaço.” (T-26, VII, 1:3-4)

Queres saber sobre o funcionamento do nada? Pois bem, vejamos então como se dá a ocorrência entre um pressuposto e seu efeito:

O espaço não é uma distinção natural das coisas. Ele aparenta distinguir, no entanto. Por exemplo, uma coisa que está ali se apresenta tanto ou mais distante de outra coisa que está acolá em relação a um ponto fixo, que neste caso seria um observador, "tu". Então, a parede está atrás da porta, e depois da parede há outra porta. Três coisas estão alinhadas entre si, mas separadas pelo espaço. 

Isto prova que há três coisas no mundo, certo? Então, concluímos facilmente que há mais de uma coisa possível. Nada é um, unitário, ou unido, pois o espaço entre uma coisa e a outra prova que são várias. Sobre a mesa, posta em tantos objetos, quantos eles são? Podes conta-los todos, é claro; mas será a própria contagem algo real? Não te foi dito oportunamente que as palavras são símbolos de símbolos? O que quer simbolizar em símbolo a palavra DOIS? Por outra: se eu sou o teu segundo, então qual o espaço que nos contém? O corpo? Será o corpo o envelope no qual duas coisas ou mais coisas podem caber no mesmo espaço? Isso é impossível, pois o corpo pertence ao mundo da matéria, e as leis da percepção são rígidas como uma pedra newtoniana. O único lugar — que não é absolutamente um lugar — onde é possível solucionar o paradoxo em que dois se tornam um é a mente. Não que a mente reproduza o mundo em termos unitários. Muito desejo metafísico conduz a mais desejos de êxtases místicos. Não estamos em busca disso. Mas a consciência que atravessa a percepção como sendo “uma só imagem” é a resposta que pode ser percebida com a mente certa, em revelação. Quanto mais te aproximas de tua mente certa, mais perceberás o espaço em volta de ti como “uma coisa só”. Não que vejas uma coisa só, mas não vês a separação entre o aqui e o ali. Estás aqui e ali. Por isso é pedido nos exercícios iniciais que primeiro treines a mente com objetos próximos a ti, e depois com objetos mais distantes. Demora um pouco para perceberes que não há dois, ou três, pois estás também aqui, ali e acolá.

Não parece divertido para o aturdido. Realmente, o espaço e o tempo são uma piada. São aquilo a que o Filho de Deus esqueceu de rir. No céu, na roda dos anjos, se riem por conta de os homens acreditarem que poderiam estar confinados em pedacinhos de carne, nomeados corpos. Os anjos não temem mais aos homens, pois há muito aprenderam que Deus tem mais atenção aos homens por conta de sua fragilidade, e é por isso que Deus toma conta deles. Os anjos também velam pelos homens, pois eles querem que eles lembrem. É por isso que Deus tem cuidado de ti e te vela em Espírito Santo, sempre, sempre, demais. Não fostes esquecido por acreditares bobamente que para saíres daqui para o ali precisas de, sei lá, um carro, ou uma bicicleta. Mas não estamos aqui para a propaganda do tele transporte místico. Isso não tem utilidade, não adianta ser super-herói no mundo. No verdadeiro mundo, no Mundo Real, não há distância para a alegria, pois ela não é condicionada por tempo ou espaço. Ela não está aqui ou ali, nem no passado ou futuro. A alegria é apenas estar em si, alegre por estar desperto. E é a felicidade que parece relativa em um mundo no qual o tempo e o espaço tem valor. Por conta disso, precisamos ainda dos milagres. 

A felicidade parece estar aqui, ali, antes ou depois. Às vezes, ela aparece agora; mas — fugidia — logo se vai com os imprevistos que o tempo “traz”, as coisas que o espaço “leva”. Enfim, não há termos precisos para diferenciar as momentâneas ocorrências de dúvidas em considerações precárias nas imagens. Precisavas mesmo era de amor. E isso tiveste em ti, de ti para ti, e nisso aproveitamos para entender mais sobre o tempo e o espaço. Agora, se tu resolveres dar amor, então o mundo se torna muito mais rapidamente um lugar de espaços e tempo elididos em felicidade perene, muito mais inclusiva do que imaginas. Serás amado mesmo no mundo, com o TEU amor. E ensinarás a tantos a lembrar. Então, verás que o amor elide espaço e tempo. Não o amor como uma teoria romântica, de algo que se foi, algo que “pode te salvar” se for encontrado em alguém, ou na justiça etc. Mas  verdadeiramente no amor a tudo, a dois, a três e a mais. Até que o número em amores seja o mesmo, e dois seja igual a três em vias de mil. Assim, o tempo para realizar um ato em amor nos seis bilhões é o mesmo tempo para que esse ato seja ocorrido em um. Disto, podes lembrá-los facilmente, com o teu amor.
Não temas a fragilidade do amor. Não és para ser temido, nem estás em contrassenso com o teu mesmo. Se precisas de preparação para amar, então o tempo e o espaço possuem significado e precisas de cura. Realmente, neste momento precisas de cura. De cura e de cura. Mas o tempo não vai durar mais que a sua precisão. Quanto mais te aproximas de ti mesmo, verás que o aperreio que ocorre ao teu redor não tem mais significado que as bombas na Síria ou em Bagdá. A guerra precisa ter fim, caro irmão. O fim da guerra é o fim do significado do míssil. 

Portanto, não precisas atacar para negar o amor, mas nega-o precisamente quanto atacas. Podes negar o amor com espaço, através do isolamento, e assim atacas a ti mesmo. Mas a mente, que não está confinada, pode não compreender em pensamento a formação dos espaços. “Todo pensamento produz forma em algum nível.” Não está escrito? Pois bem: lembra que a responsabilidade deste mundo é tua! Sejais para eles um anjo. Cuidai deles, em teus pensamentos. Assim, distribuis mais, e acordas mais cedo. Mas não penses que por conta de tua responsabilidade sejas tu culpado de alguma coisa!  Neste mundo separado, nada está acontecendo na realidade, por isso que não tens culpa. Basta apenas a ti que assumas a responsabilidade pelo mundo que vês e ele desaparece em espaço-tempo. Simples assim.

Se não parece simples para ti agora, tens Ajuda. Pede Ajuda. Não é sinal de humildade tentar resolver todas as coisas sozinho. É arrogância, é orgulho. “Pedir ajuda não é um ato covarde” (Criolo). Podes pedir ajuda ao teu irmão, se não a quiseres em ti, pois a ajuda também está nele. Mas, sozinho, estás te acovardando em espaço. Isolado, temeroso, contemplando em cela o mundo que está livre e aberto para ti, por fora de teus pensamentos torturantes — são apenas esses pensamentos que impedem que vejas o que é o mundo em realidade. E o medo do amor em teus irmãos está te fazendo crer-se um imprestável social, uma negação de tua função, um desperdício de talento — tanto parece mesmo que és um cego! Mas apenas por conta de uma venda que amarrastes aos teus olhos. “Estou cego! Estou cego!” Não enganas ninguém... retira a venda, Filho de Deus  e vem ajudar também aos homens. 

“Pai, ajuda o Filho, meu Pai.”  Amém. 

.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Sobre a honestidade e a confiança

               
              A confiança é um estabelecimento seguro acerca daquilo que a entrega associa e condiz. Dissemos “condiz”, pois o significado da entrega está ligado ao pressuposto do benefício.  Obviamente, não é uma barganha. Também não se diz que o termo está atrelado ao significado como uma expectativa. Mas confiar é acertadamente um depósito em favor de uma melhoria, mesmo assim.

               Não se espera nada da confiança, somente assim ela pode ser honesta. Falemos de honestidade, então. Quando se É verdadeiramente, quando lembramos Quem Somos, a ilusão de ser uma identidade torna tudo muito falseado pela transparência. Não podemos mais jogar o lance de ilustração da personalidade, da qual o ego muito se compraz. Nada será mais oculto, a visão torna tudo muito claro, e o que era obscuro é agora visto sob a perspectiva da luz. Aquilo que tem valor real permanece.

               Não existem pensamentos privados, mas uma vida privada parece ser o ideal do ego. Uma vida especial, digamos. Estamos, portanto, sonhando em manter. A honestidade comprova rapidamente que o falso não pode ganhar energia, pois não se granjeia a verdade. Tampouco o medo pode substituir a honestidade ao dizer que não. “Esconda isso”, “não deixe ninguém ver isso”, “seja mais assim”, “o importante é o amor” — tudo muito sussurrado, muito à espreita, sorrateiro como um ladrão. Um ladrão pode dar bom dia quando você sai de casa para depois invadi-la. Palavras de alto valor investidas pelo ego fazem um ego “bom”. Mas, obviamente, o ego “mal” não gosta de si mesmo, nem do ego bom, e a guerra contra ti mesmo está em evolução diante da perspectiva dos ocultos pensamentos de medo. Por o isso UCEM adverte que “o que fazes vem do que pensas. Tu não podes separar-te da verdade “dando” autonomia ao comportamento. (T-2, VI, 2:6,7).” Se acreditas que és “dois seres em conflito” então a guerra está lançada. E inimigos precisam esconder coisas uns dos outros, não é verdade?

               Então, o menino bom precisa esconder as travessuras do menino mal. O senhor responsável precisa varrer pra debaixo do tapete sua isenção. As escoras da prudência precisam ser fincadas no sólido terreno do isolamento, para não deixar escapar nenhum equívoco. O certo e o errado não são categorias, diz o censor. O medo é só uma ideia, diz o ego, com a luz apagada e uma arma na mão trêmula e o choroso caminho de solidão é “revelado” como o especialismo de uma “alma sensível”. Tudo terror em noções que não são percebidas claramente, posto que, nestes exemplos, tanto o erro como a correção estão fundidos em uma só ideia, mas vistos separadamente, sob a forma de conselho e prudência.

               O ego se ri de tudo isso. Depois, ele pode te oferecer a culpa como consequência de teus “atos desonestos”, definindo qual a prenda que deves pagar. É uma loucura mesmo! Se ao menos por um instante lembrarmos que a honestidade prescinde de prudência, tudo isso se torna impossível. Como bem observastes, a educação existe para não ser necessária a cerimônia. Aqueles que são desonestos são cerimoniosos, precisam de muita ilustração para viver. Quando são defrontados com as circunstâncias reais, entram para o casco da tartaruga e ali ficam, para viver o sofrimento da paralisação, muitas vezes em tormentos de mal humor e sentimentos profundos de solidão. Ao seu redor, uma plêiade de formas atoleimadas do UCEM são resgatadas para sussurrar-te baixinho: “o salário do pecado é a morte”, “daquilo que queres, Deus não te salva”, com ênfase, obviamente, no “temor a Deus”. O objetivo é que temas a Deus e também o UCEM. Temas a tudo e terás, finalmente, a dádiva da salvação que o ego fornece.

               Não precisamos continuar assim. Por estes poucos exemplos, está claro que o objetivo de todo este estratagema do ego é fazer com que fique patente para ti que és um miserável pecador. Assim, não podes jamais ser como Deus te criou, pois “manchastes” a criação de Deus. Contudo, uma coisa não é colocada jamais em questão: que culpa pode haver em sonhar um sonho? Se sonhares durante a noite que foste roubado, não acordas pela manhã procurando a delegacia. Sabes que as imagens do sonho noturno são símbolos.  Mas como teu investimento neste “sonho lúcido” ao qual chamas mundo é muito alto, precisas pagar a prenda para manter a salvo a tua imagem nele, que neste caso se chama André Sena. Olha, meu caro: tudo nesse mundo roga para derrubar a verdade. Ele é o cenário de um equívoco que não se cumpre em estatísticas.  Enquanto não quiseres assumir a responsabilidade sobre ele, tudo virá na forma desorganizada de uma vida mal vivida. Nada pode ser “arranjado” nele que te traga paz. Fama, dinheiro, poder, inteligência, veneração é tudo a ponta de um oposto. Nada é permanente naquilo que é experienciado sob o domínio do tempo.

               Agora, queres saber se existe uma saída. Se pensares assim, ages como o homem que trancou o carro com a chave dentro, estando ele também dentro do carro. Não podes ver o problema “sendo” o problema. Identificar-se como o problema “é” o problema em si. A saída está em mudar teu modo de pensar.  Para isso, os exercícios do UCEM são tua ferramenta para mudança da mente. A leitura dos textos também. Certamente, já tens agido no mundo de acordo com estas novas ideias em inúmeras situações, mas tais eventos ainda são vistos como separados e, consequentemente, podem ser julgados. Ver em unidade precisa de preparação, pois pode vir a ser um evento muito traumático se não estiveres preparado. Já falamos diversas vezes aqui do caso do alemão chamado de Bruder Klaus, o homem do campo citado no livro Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo, do psicanalista Carl Jung. Com ele ocorreu uma revelação direta, Klaus viu a “face de Deus” em uma revelação. Como não compreendera o que viu, voltou com diversas dificuldades para entender o mundo, pois ele não tinha um treinamento anterior que o advertisse que o mundo é um sonho. Suas ideias não estavam estabelecidas nisto. Em sua tribulação, procurou um monastério e passou anos desenhando mandalas, para dar significação mediante a abstração de seus desenhos para aquilo que lhe ocorrera. Finalmente, desenhou uma mandala na qual luzes saiam dos olhos, nariz, boca e testa de um homem coroado como um rei, e assim entendeu que vira a si mesmo como “imagem e semelhança” de Deus. Isto ocorreu também com Paulo dos Evangelhos, que após ouvir a Voz Que Fala por Ele ficou cego por três dias. Estes são exemplos extremos, há inclusive casos contemporâneos como Eckhart Tolle, que leu o UCEM depois, para entender o que lhe ocorrera. Há muitos outros exemplos deste tipo de despertar, mas, como diz o UCEM, isso não precisa ser assim. Um Curso em Milagres veio como uma ferramenta para auxiliar o Filho de Deus a lembrar-Se. Como é dito no texto, “não tenhas medo de ser abruptamente erguido e jogado na realidade. O tempo é benigno e, se o usares em favor da realidade, ele manterá contigo um ritmo gentil na tua transição. (T-6, VI, 8:1,2).”

Mandala de Bruder Klaus
               Portanto, a honestidade não é um valor positivo ou moral, ao qual se dá como paga para uma barganha. O que te importa se não és um homem perfeito? És perfeito tal como Deus te criou e isso basta para qualquer argumentação sobre qualquer pecado que pensas que cometeste. Se acreditas que ages mal com os outros, quê outros? Se todos são perfeitos tal qual Deus os criou! Se vês a miséria no mundo, qual mundo? Se vês a decrepitude da velhice, qual corpo? Se tens problemas financeiros, dai a César — e Trabalho! Se vês o sofrimento da doença, o espírito pode ser em doença? Os milagres surgem de tua negação da mentira, da ilusão. “O mundo que vês tem que ser negado, pois ver isso está te custando um tipo diferente de Visão. (T-13, VII, 1:1).” Isso não significa que serás um insensível, um alheio. Isto seria varrer para debaixo do tapete. Mas, quando fores tentado a ver o pecado em forma de doença, decrepitude, miséria etc, pergunta a questão que o UCEM coloca sobre tua reação a estas coisas: “É isso o que eu quero ver? É isso o que eu quero?” E a tua resposta definirá o tipo de visão de apoias.

               A honestidade está em assumir a posição da verdade, que não priva ninguém de nada. O que escondes, privas. Eis aí uma questão sobre a moral e a ética que pode ser levantada. Mas, te digo: que moral ou ética podem substituir a Certeza? Se estás incerto, não estás em tua mente certa e te balizarás por estas coisas. Fazer o que é belo e bom nunca conflita. Aqueles que sabem a verdade te apoiarão e ficarão felizes contigo. Negar o mundo não é chutar a lombar do mundo. Negar o mundo é ensinar-lhe que o desamor é um equívoco. Para isso, preparemo-nos pedindo o auxílio do Espírito Santo de Deus, Que é Aquele Que ensina conforme precisamos aprender.


               Pai, pedimos aqui o auxílio de Teu Espírito Santo, para que a ponte entre Ti e Teu Filho seja lembrada em Cristo. Ele está pronto, Meu Pai, pelo que pede em honestidade conforme sendo sua herança o Teu Amor. Que a revelação do Teu Reino seja lembrada a Ele pelo Teu Espírito Santo, para que a verdade em amor revele todo um mundo amoroso, para que venha a Ti o Teu Filho Santo, conforme é Tua Vontade, amém. 

.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Dificuldades com os exercícios



UCEM busca salvar-te, mas se o Curso fala de Si para Si, sendo tu apenas o intermediário, para quê servirias? Claro é que o Curso não fala ao teu ego, mas fala realmente a Ti. Contudo, se acreditas que UCEM fale de Si para Si, enquanto tu és apenas aquele que “atrapalha a conversa”, então tu te excluis da salvação. Isso significa que te identificas com o ego, e não com o aprendizado; ou, ainda de forma mais completa, não te identificas com o Ser Único, que realmente fala de Si para Si, conforme seja essa a TUA salvação.

Atente nisto: a salvação não pode te excluir. Isso é indigno de ser considerado, pois Deus não trai. Ele não faria todo um Curso para te excluir, nem teria o trabalho de criar o Seu Espírito Santo para te enganar. Seria isso plausível, meu amigo? Claro que não! Então, esta ideia apoia o ego em ti, se não for compreendida corretamente.

Dizem que todo o cuidado é pouco. Mas todo o cuidado é dado a ti pelo Espírito Santo. Lembra que o ultimato em dar não é um veredicto que tirará de ti o que é teu. Doar não é retirar. Não podes ter o que não existe, isto é certo. Mas não serás lançado ao término de teus dias se quiseres ser Aquele Que És. Tampouco é uma questão de escolha, apenas o tempo existe para guardar tua decisão. Não há apoio divergido de propósito nisto.

Os ensinamentos do UCEM são reiterações de tua mente certa. As ideias são contidas em invólucros de palavras, pois precisavas delas. São os símbolos que trazem a ti a experiência. Tais símbolos não são exclusivistas, mas atente para o fato de serem, como dito, tua linguagem. Em certos períodos parece que não consegues aprender com isto, que a experiência não chega, que não estás conseguindo atingir a meta do Curso e que és um mau aluno. Decerto, alguns empenhos pedem devoção, e ser devoto é um carisma necessário para o aprendizado. Confiar é disponibilizar, não duvides disso; mas angariar a confiança apenas para atrair novidades é renovar o UCEM em terminologias diferentes, para te dar a ilusão de um imenso currículo. Isso está claro neste escrito e em todos os outros do blog, mas não se diz que sejam erro ou uma falha. Tens que lidar com as ideias de alguma maneira, e esta é a tua. Não significa, entretanto, que isto seja tua função, ou que de alguma forma estás a prestar um serviço para as pessoas. Quais pessoas? Quais são as pessoas as quais as diretividades podem apoiar? Aqui voltamos ao pressuposto deste escrito: a sabedoria lembra a Si em Si Mesma, e não pode ser derivada do especialismo. Não há mistério algum nestes escritos, há simplesmente disponibilidade em lembrar-te de ti mesmo. Lembra que sabes o que é o amor, pois doas. Nisto, claro que pode haver bons proveitos. Mas lembra-te de que o amor é para todos, conforme sendo todos o amor em si. Esquecidos disto estão a divagar. Melhor então é buscar um apoio para a divagação no qual o termo do alheamento seja favorável ao teu objetivo. Se teu objetivo é a salvação, então seria bom que encontrasses formas de te disciplinar. “Não há mistério em se descobrir o que você tem, e o que você gosta. Não há mistério em se descobrir o que você é, e o que você faz.” Portanto, não temas a ocorrência da sabedoria em ti mesmo, pois falas também, em Mim, de Ti para Ti.  Assim, é impossível excluir qualquer pessoa, inclusive a ti mesmo.

Parece a ti que os exercícios não surtem efeitos claros. Obviamente, este é um erro de julgamento. Teu processo é muito dificultado pelo fato de quereres purificar o impuro, nivelar o desnível, refazer o errado, considerar os propósitos e adequar o teu empenho acerca do que tens que fazer aqui. O que tens que fazer aqui já te foi dito há muito tempo: perdoar. Se perdoares, perdoarás os trajetos, os propósitos, todos os equívocos e certamente todas as tuas criações reaparecerão, as novas e as antigas doações. Tudo aqui, para ser apreciado pelo teu amor. Não é bacana isso? Que coisa seria melhor que a alegria e a felicidade? Será que teus planos podem te devolver tuas criações? Certamente, quando crias, mesmo desacordado, tuas vivissecções da criação apenas indicam que há algo em ti que cria. No entanto, não aproveitas disso. Como pode ser assim? Porque quererias te excluir das tuas criações? Qual a vantagem para ti? Coragem, já o dissemos, é “agir com”. Sozinho não podes! Não poderias, pois o amor é um estado de completude e sozinho te vês apenas como uma parte. Esse plano, muito bem montado pelo teu ego, faz uma vida artificial parecer real, através de sonhos de futuro. A inteligência não entra aqui, pois todo ego é fruto de uma inteligência. É uma ideia, derivada de uma inteligência. Melhor seria pensar na fonte da inteligência. Estás temeroso demais para ouvir sobre essas coisas, mas temos muita alegria em ver que teu propósito é certo e a meta é clara. Não estás te enganando em ser uma mentira em ego, mas estás te enganando em fazeres de teu ego a fonte da mentira e te engalfinhares com ele.

Não há uma disputa. Não haverá um “vencedor”. O ego não será vencido, e o Espírito Santo, que a nada se opõe, não conhece o conceito de vitória. Isto é explicado no UCEM ao se debater a impossibilidade do triunfo. Tu não precisas realmente purificar o impuro. Não és o salvador moral do mundo. Tua Mente real não se importa com essas coisas. O mundo é uma invenção, nada será consertado aqui como efeito do caos, pois o caos não tem conserto e não haverá harmonia completa até a transcendência, que pode efetuar a transmutação clara de pressupostos em harmônicos definidos e claros, que apontam na direção do amor. O oposto do caos é amor, pois apenas o amor é ordem. O resto — é sonho de sonhar amor.

Vamos louvar o amor em ordem não querendo saber de nada. Não temos ideia do que seja o mundo. Seus meios são o erro e o erro não dá concerto nem conserto. Tenha paciência e fé em ti mesmo. Se não queres ouvir sobre ti mesmo, em abstrato serão dadas as tuas formas. Demanda mesmo grande coragem tal processo, e muito, muito se estima uma pessoa sensível em saber disto. Mas não há diferenças: todo o propósito visa diferenciar o teu caminho em ideias de tuas ideias do caminho. Não pressuponha nada. Nem deste escrito. Estamos contigo e somos Um em Nosso Pai. Não há erro aqui. Pedimos tua compreensão e agradecemos a ajuda.

Pai, vimos em busca de Ti. Em Tua Lembrança sabemos Que Somos, e damos graça ao Teu Espírito Santo Que nos traz paz. Queremos louvar Teu Nome e agradecer por toda Ajuda. Que toda a honra e toda glória seja dada a Ti, a Quem amamos e lembramos. Amém.

..

domingo, 27 de outubro de 2013

Sobre a inveja



             A inveja parece ser uma condenação do sujeito a uma expectativa exterior a si, da qual não faz parte e não pode ter como sua. Assim, a inveja é uma satisfação em sonho, naquilo que se quer abranger como seu. É bem uma falácia em contraposição, pois a inveja garante que nunca será possível ter, já que o objeto almejado “está fora”. Diante desta perspectiva, invejoso é todo aquele que quer ter para si uma vontade diferente da sua própria.

O invejoso é, portanto, um sujeito bem confuso. Ele acredita que a diretividade é sua, isto é, acredita que pode dirigir a si mesmo, mas nisto não sabe como fazê-lo; e acredita que o caminho exterior é plausível em imitação. O invejoso quer-se cópia, mas ele não sabe sequer discernir de qual original a fonte procede.

Então, sem objetivo certo, o invejoso atravessa os dias a querer mais para si. Pode ser mais de qualquer coisa, desde que esta coisa não seja sua. Ele não acredita que possa ter algo novo ou criativo, e neste sinal de desesperança, advoga para si um espelho malgrado em miséria e complacência, no qual vê a si mesmo desvalido e sem condições de criatividade e força. Adianta, então, algum sonho; acredita que neste sonho futuro — pode ser qualquer coisa mesmo — está a felicidade, e nisto ele investe todas as suas forças. O objetivo é comprovar, pela diferença, que aquele caminho não servirá para ele. Receberá desta peleja muita frustação, e finalmente o ego dirá, categoricamente: “viu, como tu não serve para nada?” ou variações do mesmo tema, algumas bem incisivas, com o intuito sempre redarguindo para o fato premente de que o filho de Deus não poderá jamais encontrar sua função.

A inveja é o sucedâneo da culpa em projeção. O ego acredita que alguma coisa pode ser sua mediante o querer, mas este querer pode não ser genuíno, pois em estado de grande confusão, um pode não saber mais sequer o que gosta, e se jogar para os infindos abismos do desejo, no qual se quer algo a mais, algo diferente, algo que seja, preferencialmente, bem sucedido para os outros.

Como resultado certo, apenas a incerteza prevalecerá nisto. Nada verdadeiro será apresentado, e nada restará. A vontade de poder será o condutor de sua maledicência, pois muita malícia é necessária para efetivar tal processo, e segundo diretivas totalmente apartadas do amor, o filho de Deus poderá, finalmente, provar que não existe felicidade para si, somente para alguns outros. Sua busca será devotada, entretanto, para encontrar algum outro ego, tão miserável como ele, que queira supor sobre tais coisas em discursos morosos de derrocadas, nas quais um prova ao outro que não prestam, e a tal coisa podem até nomear “amizade”.

Este é um panorama minimizado das desventuras de um invejoso. Em suma, inveja é fazer uma vontade em conflito. Seus resultados não serão mais divulgados daqui por diante. É muito doloroso emitir um conceito desapropriado de amor como guia, pois a identificação pode surgir como uma garantia de que “é assim para ti também”. Mas vejamos agora tal ponto de vista sobre aquele que se confundiu ao ponto de se acreditar desvalido: será que a inveja pode ser determinada antecipadamente? Digamos: será que se vês algo que “te falta” e queres ter para ti não estás apenas a aderir um significado de tua falta projetado em uma coisa física? Mais facilmente: será que não estarias, portanto, apenas acreditando que podes preencher teu senso de incompletude com um modelo de completude fornecido “pelo mundo”? Acreditar nisso não é idolatria?

A inveja é idolatria, portanto. Não há em si nenhuma garantia de sucesso. Um vê que a sua proposta no mundo em imagem pode ser bem sucedida e logo visa aderir a si meios de copiar as formas de ver o mundo como seu. O dono do mundo seria o supremo invejoso, nesta perspectiva. Temes a mim porque quero apresentar para ti um mundo limpo de toda a inveja, de toda a tentação em teres o que não é teu. Tens medo do conflito, pois ele demonstra, em infelicidade, que estás a optar erradamente.

Há, no entanto, meios para a mudança. Não és a bagunça que as ideias mal ajambradas em tua mente gostariam de fornecer. Tu te confundes com essas ideias apenas para “parecer ser”. Mas se entregares as tuas ideias mal ajambradas à correção, como poderias “sair perdendo”? A ganância é culpa em escassez, decerto. Se gostas de ter, tens que tomar. “Ter” não está associado a “gostar”, mas a “receber”. E se recebes o que é teu, não terás medo de ter, pois será sempre dado e não tomado. Apenas recebe-se o que é dado, não podes tomar uma imagem ou uma profissão. O mau humor que vige nestes pressupostos está em aguentar uma forte disposição em contrário da paz.

Amado amigo, que não está perdido nestes escritos tensos e altamente investidos em culpa, escuta isto: não és uma imagem. A imagem que “roubastes” não é tua; não a inventastes, o teu ego não é a ti mesmo, e tudo o que queres como teu é erro. Há acerto em encontrar ajuda e pedir ajuda, mas o Ajudante que pode te fornecer a verdade não é aquele que pode ser um dia admirado e condizente com as glórias do mundo, com o reconhecimento do mundo, pois o mundo reconhece Jesus em uma cruz e até hoje não entendeu a ressurreição. Quererias mesmo que eu estivesse ainda pregado a uma cruz, meu amado? Achas que essa imagem agrada a fé que estou a te ensinar? Se não crês na morte, porque acreditas que precisas de coisas finitas para seres feliz? Percebe que em cada dia devotado à cópia tu apenas te empenhas mais e mais em querer repetir a crucificação. Eu não preciso mais ser crucificado, já escapei disso contigo. Que tal sairmos agora pela porta da frente, hein? Que tal se apenas víssemos o visto, sem pressupor. Não aguardando mais que o amor de nossos irmãos? Parece difícil, eu sei, eu já estive aí, mas veja que o amor não é impossível, pois tu consegues fazer, não é mesmo? Então, como não poderias CRIAR?

Olha, não te perturbes mais com o que não entendes. Não te peço que saia daqui para encontrar o ali. Não se trata de como vais te perceber, entende? Não será apenas através de diretivas que encontrarás a paz, entendes? A mudança na mente é certa, mas é preciso que estejas disponível para seres TU a mudança, entendes assim? Não ocorrerão mudanças no que não existe. As ilusões de amor, paz, felicidade, glória, amizade etc são ilusões, nada mais que isso. Não significa que, por não existirem, não possam simbolizar amizade, esperança, paz, felicidade, alegria, bem-aventurança etc, mas não esteias nas imagens destas coisas a sua fonte. A fonte de toda a alegria do mundo és tu mesmo, meu mim. Lembra-te de Mim?

Senão, não temas o que virá como coisa. Planeja, se quiseres planejar, mas não te atenhas ao planejamento como se fosses te salvar. Olha: vê aos exercícios do UCEM na fé que te guarda e ajuda, pois eles ajudam a mim também e eu virei para te salvar. Com CERTEZA. Não temas, minha criança, pois não são as ideias destes textos que podem te ajudar. Não precisas temer as ideias. Não precisas temer a nada, pois nada há a temer. Eu estou atrás e à tua frente. Eu guardo para ti tuas criações. És demasia em alegria e pelos teus tantos, que levaremos conosco em lembrança, eu agradeço neles, por eles, agora em benção, pois há neste instante, querido irmão, muita alegria, mesmo aqui. Podes vê-la, podes tê-la para ti, sem ser tua, entretanto.

Calma nisto! Decerto que se faz muito pouco em julgar. Adianto que um se atrasa na medida em que se adianta pelos mistérios de grande e forte devoção, fé genuína e disponibilidade atestada em crase! Quisera ter dois irmãos como André. E tenho — pelo que este mundo está salvo — pois enquanto há dois falando sobre mim, eu estarei com eles.


Pai, lembra a teu filho de Mim. Não temes ele a Mim, mas ao seu anseio mal atraído, Pai, pois ele teve ideia de que não valia nada. Teu Filho, Pai, perdeu-se por um instante nessa ideia. Ele não lamenta, ele não sabe; mas peço a Ti, que tens lembrança de Nós, que traga a Nós o Vosso Reino, Seja feita Tua Vontade, e para nós seja dada a lembrança em harmonia e alegria, conforme é assim Tua Vontade e é Nela que queremos voltar, Amém.

.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Sobre falar sozinho

         



            O mundo apregoa que falar sozinho é “coisa de maluco”. Certamente, não atribui esse mesmo patamar àqueles que passam os dias a “pensar sozinho”. Estes não se ativeram ao simples fato que ouvir pensamentos desandados é o mesmo que ouvir sua própria voz desandada. Mas ao invés de soar pelos ares, a voz destes soa pelo pensamento, como ideias em palavras.

               Aquele que “fala sozinho”, em voz alta, parece estar a divulgar a loucura, e por isso é tido como louco. Os pensamentos não deixam sua fonte, pode-se falar em voz alta tanto os pensamentos derivados da mente certa quanto aqueles provindos da mente errada, e seus augúrios ou alinhos estarão mais ajustados à sanidade de acordo com a sanidade da qual proveem. Não adianta supor que a mentalidade certa utiliza apenas um canal de comunicação. Ela comunica apenas uma ideia, que é esta: és o filho santo de Deus, e não habitas um corpo. Os meios são aqueles aos quais disponibilizas a Aquele Que fala por Ele. E podem ser orais ou não.

               Falar sozinho é ato estranho em supor de isolamento. Demonstra certo solipsismo em ater-se como único auditor de suas próprias mensagens. Muitas das vezes, um pode falar sozinho para ater a si mesmo um conceito de professor de Deus, ou um atestado das sabedorias que “guarda para si”. Pode julgar-se tímido ou incapaz de transmitir tais “sabedorias”, e passa a crer que um monólogo interior ou externado solitariamente será apropriado para que essas sabedorias sejam divulgadas, mediante uma avaliação fechada em si mesmo, que avalia, prende e julga, sem jamais compartilhar o que é dito. Neste vício, aprende muito como não comunicar, pois passa a atestar em fala que não é necessário um ouvinte para dizer “sabedorias”. E, assim, o grande professor do nada vive a aderir uma audiência metafísica às suas ideias em suposição de prazer ao ater a si aquilo que pode “pensar”.

O onanista está novamente manifestado em tais atos. Todo prazer solitário é uma espécie de onanismo. Ele nega o compartilhamento e visa abarcar em si mesmo tudo o que é necessário para o compartilhar. Assim como o onanista pode fantasiar qualquer coisa em qualquer nível, o “professor solipsista” pode compreender a si mesmo como professor e aluno, o que seria uma deturpação da ideia de comunicação. A função disso é ater-se a uma culpabilidade em não ter capacidade de conseguir professar para os outros aquilo que tão sabiamente “recebe”, uma vez que está sozinho em tamanho isolamento. A timidez entra como desculpa para este isolamento, e mais uma vez o pensamento solitário é abrangido em termos de audiência para alcançar glórias de “incompreendido”.

Enquanto isso, a verdadeira sabedoria busca falar com ele e ele não ouve. Atem a si uma proposta diferenciada: está a se guardar para o dia da revelação. Ora, muito bem arranjado isto, pois se estás a aguardar o dia da “revelação” para “revelar”, estás muito bem em ser adequado como se vivesses um repetir dos dias em ideias; e se vives em um mundo de ideias, ideias solitárias são ideias de grandiosidade, que visam aplacar teus acessos de fúria amenizados por uma suposição de que, no entanto, tu sabes bem o que aprendes.

Tudo falácia do teu ego! E agora vens a dizer que este escrito também deve ser solipsismo. Mas não é? Se não queres compartilhar as ideias, mas como não compartilharias as ideias? Se as ideias SÃO compartilhadas? Em meio de te disponibilizares tua mente certa, não é neste escrito que vais achar desculpa para te encerrar no solipsismo. Não te é pedido para salvar o mundo antes de salvar-te a ti mesmo! Quando DOIS ou mais se reúnem em meu nome, então estão a falar sobre mim e eu estou entre eles, em instante santo. Quando escreves este texto, um dia será lido, podes ser a ti mesmo a ler; e nele eu garanto tua fé verdadeira, mas não te apraz que seja em garantias de sabedorias, pois se fosse possível, apagarias este texto por acha-lo demasiado ruim, esteticamente mal elaborado etc.

Ou terias muito orgulho em ser o transmissor! Rapaz, endireita a tua mente rápido, pois precisamos de ti em amor. Não vês que em doação tu crias? Não és capaz de ver isso? No entanto, em teu sonho de glória, queres ser professor de professar! Isso é uma incúria entre os profetas, pois ser profeta não é nada fácil em termos que o mundo apraz como real. Mas é muito fácil, pois sendo a vontade de Deus — não se abriu o Mar Vermelho? Não parou por horas o sol?

Estejas apenas em amor, e palavras de amor sairão pela tua boca e serão bem vindas aonde chegares. Tu és amado por Deus, não estás em solidão de entender nada. Não precisas disponibilizar em formas que outros não entenderiam. Precisas de sabedoria, sim; mas nisto não podes determinar nem julgar os meios. Se falas sozinho em teu quarto, para o vento, como podem te responder os teus irmãos? Estás a te iludir em prazer de discurso, em acreditar, onanista, que sabes o que é a verdade e podes divulgá-las em solipsismo. Decerto que neste escrito queres ver uma ocorrência disto, mas não sabes do Plano de Deus, não julgues o que não entendes. O que dizes para o vento se vai com o vento. Teu útil proceder neste mundo está ligado ao ensinamento, mas não está proposto como uma ocorrência solipsista. Não tenhas medo destas palavras, elas não visam te trazer nenhum prazer, tampouco estão ligadas a algum tipo de satisfação. Precisarás, inclusive, de alguns dias para aceita-las como tuas. Assim, poderás lê-las e entende-las, e seremos dois a ler, e eu estarei contigo neste evento que não está em julgamento, conforme pensas agora em juízo.

Teu medo da sabedoria se traveste de sabedoria apenas para te engabelar. Queres dizer-te grande orador, mas tens medo de teus irmãos. Então, não podes lhes dizer quase nada, por enquanto. Portanto, segue por agora apenas em vias de OUVIR! Não vais a falar o que quer dizer a tua boca. Ouve bem a teu Amigo, a Quem deste ouvido nestes dias. Ele não fala para o vento ou para os objetos. Ele fala para ti! Podes até emprestar a boca do teu corpo para que Ele fale CONTIGO. Assim, não és tu o solipsista que visa encontrar a si mesmo como onanista. És aquele que ouve de um Outro, mas sendo este a Ti Mesmo, em diálogo em dois, e isto podes até falar em voz alta, no meio do ponto de ônibus, se quiseres, pois nisto estarás a divulgar a sabedoria, desde que, nisto, seja ELE Quem te diga o que fazer. Ele não vai te expor ao ridículo, mas lembre-se que Deus parece ridículo para o mundo. Não tenhas pressa, que não visamos aqui assustá-lo. Queremos dizer de tua coragem em expor o que é o comum a todos, em vias de te parecer que vais a “manchar” tua “imagem”. Uma imagem não pode ser manchada; simplesmente, porque uma imagem não existe. Não és o professor de Ti Mesmo, como pode supor um incauto leitor do UCEM, que lê sobre o fato de “teu professor estar em ti”. Mas És o Professor de Ti Mesmo —  não és imagem de tua imagem.

Se rirem de ti, deixa rirem de tua imagem! E rias tu também, pois foi uma bobagem que fizeste para provar o erro. Não é risível isso? Seria orgulho querer manter o professor de Deus aprisionado ao teu ego, como um conforto para o isolamento, em prazer de jogar nada ao vento. A ideia de isolamento não condiz com a noção de compartilhamento, e não pode ser verdadeira. Logo, nada que venha da ideia de isolamento é real, mesmo que esteja envelopada em altas alegorias.


Pai, pedimos ao Teu Companheirismo Amoroso a generosa ajuda dos milagres. Pedimos em amizade verdadeira que sejas para Teu Filho, visto Nele Mesmo, Quem És. Pedimos em nome de Tua Glória e Teu Amor a revelação verdadeira, em milagres, pelo que esperamos em sabedoria pedir Ajuda, ao que sempre e sempre respondeste. Pelo amor ao Teu Filho Santo, te pedimos, Amém. 

.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Sobre a consulta a oráculos (I-Ching, Tarô etc.)



               A consulta oracular não possui em si nenhum pressuposto em garantia que proverá uma previsão acertada. A forma mais adiantada a que se pode remeter o “futuro” não está estabelecida pelo tempo, e sim pelo instante. Uma consulta oracular pode, entretanto, estabelecer para o consulente uma “forma” para aquele instante, mas se o próprio consulente não estiver em sua mente certa, a forma da consulta será indeterminável ou incógnita.

               Todo tipo de oráculo visa estender em criação a expectativa do consulente. Se vai a “acertar” ou não, isto é de uma variabilidade imensurável, pois tudo depende, obviamente, da disponibilidade do consulente. O oráculo é um desenho da mente do consulente em certo instante; e somente se ele estiver em sua mente certa poderá perceber em tal desenho um cartel de possibilidades plausíveis e pontuais em sua diretividade. Mas, se estiver em sua mente certa, precisará de outro tradutor?

               Uma maneira de agregar ao oráculo um sentido, já que parece não fazer nenhum sentido aguardar uma previsão de algo que vem “de fora”, é acreditar nele. Segundo a nossa perspectiva de aprendizado, não existe tal coisa de oráculo, pois este não pode ser o portador da salvação, visto a salvação não vir de fora em nenhum formato. A conscientização de que a salvação é um processo interior não tem em si nenhuma garantia de evocação simbólica. Tudo é dado de forma direta e legível, sem partições em símbolos ou necessidades interpretativas que gerem variações: pode ser isso, mas pode ser aquilo. No entanto, se acreditas no oráculo, precisas de uma atenção em relação a tua mente certa, para que nenhum tipo de desídia possa ocorrer em submissão à consulta que foi realizada como portadora da “mente errada”. Nesses casos, o melhor a se fazer é não levar a consulta a sério, pois ela não pode garantir diretividade precisa.

               Quando um Filho de Deus segue em busca de um oráculo, certamente está a pedir orientação em favor de sua mente certa, pois gostaria de saber sobre algo que não apraz, ou não o contenta no momento. A dúvida leva o consulente ao oráculo, que é procurado em momento de conflito e busca-se nele a Vontade de Deus. Não deixa de ser um ídolo, uma construção que visa encontrar Deus em vias mundanas, e por conta disto foi completamente rechaçado pelos teus antepassados como incúria ou má fé. A idolatria é problemática e é ela quem gera a noção de “pecado”, pois o ídolo visa substituir. Nisto, o oráculo é uma moldura falsa para abrigar falsas expectativas, pois nada pode substituir a palavra de Deus dada por Aquele Que fala por Ele. Quem pode se arrogar como intérprete Dele, senão o Seu Espírito Santo?

               Tua teimosia em aceitar este explicado vem de uma tentativa em manter mais um ídolo. Quantos mais queres construir? Decerto, durante anos consultastes o I-Ching, que muitas vezes te serviu e serviu bem. Agora, estás a consultar o tarô, que também não é risível em suas formas, conforme poderia pensar alguma involução em juízo. Ora, uma garantia espetacular de acerto não significa a repetição do acerto. Ganhar uma vez na loteria não implica em ganhar sempre. Mas, se o que fascina é o dinheiro, jogas na loteria ou queres o dinheiro? Ou o fascínio está no jogo? Seria possível que o fascínio do ídolo estivesse “além dele”? Isto é assim, pois se vieres a ganhar um milhão na loteria, não dirás: “venci o jogo”, mas sim: “tive sorte”.

                Quem negará a relação entre o jogo e a sorte? Mas o que é a sorte? Existe tal coisa? Seria como se houvesse uma parte de Deus que estivesse em descontrole e precisasse da mágica para acertar as coisas. Um Filho de Deus quer muito sair de uma situação de conflito e de repente, sem sequer se dar conta, lembra que sua vontade é a mesma de Deus, e surge para ele o desatar do nó. Na verdade, o conflito não existe, pois o que há é a Vontade de Deus em Si, sem nenhum arranjo possível em outra forma. A sorte não entra nisso, pois não é sorte conseguir aquilo que é teu. Podes ter certeza que ganhar na loteria pode ser um grande atraso para um que precisa de outros meios para entender do Céu. Um homem assim, muito medroso, pode até ganhar na loteria e dizer: “tive sorte”, enquanto está mesmo é se atrasando. Portanto, não há acasos nos planos de Deus. Nada pode ser determinado por um pressuposto que seja em sorte, pois Seu Plano é perfeito, e não admite conflitos. O “atalho” em relação ao Seu Plano não vem da sorte, mas da disponibilidade em aceitá-lo tal como É.

               Voltemos então à questão do oráculo. Vimos que uma consulta oracular verdadeira não tem nada a ver com sorte. Também não está determinada por uma pressuposição em termos de futuro, pois o tempo é uma ilusão em formas, passando algumas na frente de outras. Quando lanças as moedas do I-Ching ou dispõe em mesa as cartas do Tarô, estás a colocar em tua frente, em mágica, uma especulação do que seria tua mente certa. Decerto, é uma tentativa de disponibilizar, mas sem muito sucesso garantido, pois se está a investir em algo que “pode falhar”. O oráculo infalível não pode existir, mas a mente certa é infalível. A garantia do oráculo não está nele mesmo, mas naquele que é Seu Intermediário, ou o Intérprete. Pode ocorrer de o Intérprete ser o próprio consulente, mas nesse caso sua precisão dependerá de uma honestidade total. Em todo caso, somente em honestidade o jogo é anulado e passa a constituir determinantes que se elidem em azar-sorte e passam tão somente a significar.

               A interpretação do oráculo, portanto, deve estar a serviço da mente certa, ou do Intérprete. É Ele Quem diz o que as cartas significam, ou o que os símbolos significam. Se ativeres disponibilidade em realizar isto através destes meios, nisto não há problema algum, pois não estás a esperar nada da sorte, nem visas encontrar nos símbolos idolatria. Se vires a carta nomeada Imperador, não esperas dela um aviso reinante: quase não sabes o que quer dizer o Reino. Mas tal “informação” está em ti, e pode ser revisitada por Aquele Que sabe. A carta IMPERADOR deve ser compreendida em contexto, fora de seu valor histórico, mesmo dentro da história do tarô. Assim, podes começar a “brincar” de ouvir tua mente certa através Daquele Que te fala de certezas, e se assim fizeres, perceberás que as cartas do tarô, as moedas do I-Ching, os búzios, enfim, todos apontam em direção da certeza. Verás tuas consultas “dando certo”. No entanto, na medida em que neste exercício tu mesmo te aproximas desta Voz, em breve não precisarás mais de um meio material para que ela se expresse para ti, e um oráculo verdadeiro, que é a vida mesma, se apresentará em imagens, conforme sendo imperador aquele que visa no mundo Outro Reino, pelo que é e será para sempre distante deste aqui, de formas, nas quais um pode acreditar em ato de divergir, e outro pode aproximar em ato de instruir, sempre no intuir de superar estas duas apreciações em favor de Deus, pelo que não necessita nenhuma substituição para gerir sabedoria em Seu Amor, que não tem meio e não se expressa, não determina categorias, não aprecia nenhum tipo de desídia. Portanto, eis que o tarô amável, o I-Ching generoso, lançados búzios em amor, visam compreender que transitar pelos meios não pode deixar de ser enganoso, embora mesmo o errado possa ser consertado pelo amor em meios, e nisto se vê pelo que os corpos se enganam em serem a Nós mesmos, mas podemos ver amor na mente em atos de corpos, tanto que na cura dos milagres o meio em corpo, ao invés de vetor da discórdia, passa a ser prova do Amor de Deus, Que curou a mente que curou o corpo.


               Não julgues. Acima de tudo, não julgues. Não sabes o que é o Amor ainda. Portanto, faça daquilo que te parecer adequado um meio para a felicidade, mas felicidade verdadeira vem do Pai, e não pode ser determinada de outra forma a não ser em ilusões. Se podes ouvir a Voz por Deus em meios de oráculo, verifica se tal meio produz para ti alegria genuína, se tudo o que vês é verdadeiro em seu transitar no tempo, e se o Intérprete ao Qual ouves está a te dizer dos meios ou sobre Ti Mesmo. Se assim for, bendito seja o teu oráculo, até que venhas a saber que de Deus - sabemos todos nós em verdade - o futuro é apenas um: a reunião de todos os Filhos de Deus em Si, como sempre É. Bem como, Sabedoria nisto é: cada um tem o seu caminho, e o encurta de modos que ninguém saberá como julgá-lo, amém.

.

sábado, 12 de outubro de 2013

Poema sem título

Em não me entender,
Lancei-me ao caos;
E quis entender todo o caos.

Em não entendê-lo,
Achei-me como ele;
E perdi metade dos dentes.

Ó fruta maldita,
Que jamais saibo ler:
Tomé acredita,
O corpo quer ver.

Perdidos no vulto do tempo,
(Donde vim?  Pron’ vou?)
Metade de mim é resposta:
Não sei — Eu Sou.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O instante santo



Um irmão pode acolher a ti amorosamente, mas sua intenção dada em alternativa pode te parecer obscura, pois teu irmão pode parecer “obscuro” nesta intenção, dificultando que o vejas ou entendas o que ele diz. Palavras podem sair claramente de sua boca e tu não o entendes. Palavras claras que dizem de clarezas que tu podes entender, mas não percebes. Um irmão na rua, um amigo no facebook, uma ocorrência de “acaso”, um pretexto de informação, uma necessidade quaisquer de comunicação podem prover vetores para a salvação, mediante o instante santo. Se não quiseres o instante santo, as palavras que o envolvem podem não alcançar sentido para ti, bem como o ato sem palavras de “estar no instante santo” pode ser bastante dificultado pelo medo de ficar bem.

O medo de ficar bem. Isso soa insano para qualquer um, pois as diretrizes do ego também visam “fazer bem” a ti. Todo mundo quer “ficar bem”, mas não estão dispostos ao verdadeiro bem. Perdoar é estar aberto à comunicação. Enquanto ainda julgas, buscarás pressupostos para a comunicação que visem proteger-te de ti mesmo. Preferes, então, apenas aquilo que entendes como ego. Daí: as palavras serão incompreensíveis porque não estás “maduro” ou “não são para ti”; os acasos serão julgados como “sinais” ou “símbolos de ordem” e não verás que fabricas o mundo que vês; os adventícios de anjos não serão permitidos, pois “cada um” está buscando “à sua maneira”; e por aí se vai a fraquejar pelas crenças em que o mesmo pode ser julgado como diferente. Temes o mesmo, pois o mesmo é a mesma coisa, e a mesma coisa somente pode ser uma coisa só.

No entanto, podes categorizar o mundo. Veja como ele é uma construção perfeita para te distrair. Podes ir para a praia, onde vês o mar: calmo, grandioso etc. Não podes, entretanto, ir à favela? Ah, mas lá os símbolos são feios, e muita pobreza e sofrimento etc. E o sertão? Também não. Oriente Médio? Calabar? Preferirias o Taj Mahal? Percebes o jogo?

Não existem “lugares”, pois o espaço é uma crença na aparição física de duas ou mais coisas. Ora, mas não se vá daqui às tolices, pois não estamos a dizer que deves mesmo crer que podes estar em qualquer lugar ou em nenhum lugar ao mesmo tempo, como diz o UCEM, sem perceber verdadeiramente que as diferenças entre todos não existem. Se o fizeres, sem perceber verdadeiramente a unidade, estarás apenas a repetir uma sensação de dândi: uma figura que se insere em um nada conceitual, e assim perceberás uma unidade exótica. Isso é outro jogo enganador. O UCEM diz: há vários deles; e adverte isto sobre a economia: vais a experimentar todos?

É perda de tempo, rapaz! Não existe o medo, mas precisas deixar de temer o medo. A gaiola do medo é feita com barras de receio: “talvez, seu eu for cauteloso aqui ou ali, não percebam isto ou aquilo, então, mais tarde, eu deixo que ocorra a abertura, e então, o agora, etc”. Tudo conceito. Bobo tonto de querer achar que, achando, encontrará. Está aqui, mas não vês porque crês que tens que te defender para encontrar um lugar só teu! Isso é a base do especialismo, será que não vês? Defender-te garante apenas tua idiotia. A gaiola do medo está aberta com uma placa posta sobre a porta escancarada, donde se lê: perdoe! Ora, se perdoas em mim, porque não perdoarias em todos os teus irmãos, IRMÃOS, ajuda nisto.

Tu és a luz do mundo. Tu és a salvação do mundo. A salvação do mundo depende de ti, que és humilde. Enquanto quiseres te adormecer, em sonho de isolamento em bobo tonto, serás para ti mesmo bobo tonto. No entanto, és amado por Deus de modo que não podes sequer perceber, pois esperarias ainda uma punição pela tua “desobediência”. Não escutas o que o amor diz, queres ainda subverter o teu querer até conseguir provar que és o contrário de ti mesmo, mas escuta: o contrário de nada não existe, não podes ser o contrário do teu corpo. A dureza da lição vem da teimosia em perdoar. Então, não perdoarias isso, sequer?

Sei que virás, sem demora, conforme entendes o que é dito sem julgar. Mas saiba que a abertura verdadeira te foi apresentada hoje e negaste a teu irmão. Não esperes o galo cantar mais três vezes! Ora, sobre ti edificarei a minha fé, a minha luz e a nossa salvação. Não renegues a teu irmão por acreditares em conceitos. O instante santo é para ti e está à tua disposição agora, não o temas novamente. Não estás sozinho nisto, e verás apenas o amor chegar, com a palma da mão estendida e os anjos da anunciação em belos lírios. Aceita ao teu irmão em instante santo, pois eu não vou te deixar sem resposta, amado amigo, irmão.

Precisamos de ti. Que venhas sem demora, e não espere pelo que não podes mais ater como conceito. Viva o instante santo agora. Viver é a dádiva da vida. Saia deste quarto, entregue o que queres ao que vês, e terás o que vês no que queres.

Ainda temes que a entrega possa te prejudicar. Essa crença na escassez deve-se a um investimento em amargo sentimento de autopunição. Piedade de punição inexistente eu não posso ter, mas sinto muita comiseração pela miséria que se inflige. Quando um irmão se devota à miséria, uma lágrima cai do céu e são as inundações de Noé claras em feridas de Jó. Mas não se desespere; embora eu não possa ter pena de um irmão perfeito apenas porque ele esqueceu sua perfeição, posso ajudá-lo a lembrar disto facilmente.

Aceita o instante santo e não temas ao teu irmão. Ele não vai te ferir. Ele precisa de ajuda tanto quanto tu. Não és apenas um perdido no mundo. Este mundo é um lugar doente e precisa muito de ajuda. Cada ato de amor constrói realmente um mundo melhor. Essa é a verdadeira e única revolução. Proteste contra tua falta de amor amando. Abre-te todo ao teu irmão, sem reservas; ele não vai te ferir se assim. E se ele te pedir ajuda em desamor, poderás ajudar ao teu irmão verdadeiramente, sem ter dele piedade, mas em compaixão de vê-lo perfeito, pois estás o recebendo perfeitamente — nele não vês nada que não seja a perfeição.

Ainda temes que os teus improvisos de corpo possam te desidratar. Secos tempos são esses... Mas Caymmi quem disse: o mar, quando quebra na praia, é bonito —— é bonito. Não percas mais a oportunidade da beleza para investir em miséria. Precisamos de ti, precisamos de tua companhia. Como pode o peixe vivo? Viver fora? Se vivo, André!

Nada há a temer.


Não estamos planejando nada. O plano de Deus é perfeito e já está realizado. Não é preciso fazer nada para realizar o certo. Fazer nada é estar aberto, pois não se teme o que já está feito. Assim, se é humilde em aceitar apenas o belo e bom. Lírios para ti, meu caro, e pedimos a Deus a revelação da Verdadeira Humildade. Para que tenhamos fé perfeita nisso, o Espírito Santo está em ti para a Ajuda. Pedimos a Ele que esteja em nossa guarnição perfeita, para que saibamos Quem Somos e o que viemos a fazer aqui, conforme seja Sua Vontade a nossa, amém. 

.

domingo, 8 de setembro de 2013

Sobre a ideia de ti mesmo




       Uma ideia é uma referência.  Ela não surge sem que haja uma fonte para si. As ideias surgem primeiramente em decorrência de ideias anteriores, mas é o pensamento que lhes dará forma. Se tiveres uma ideia, precisarás pensar em termos de uma crença nesta mesma ideia para que ela seja factível. Assim, a fonte da qual a ideia decorre favorece o pensamento que a perscruta.

O pensamento, por sua vez, estabelece a crença. Assim, surge uma ideia, ela é “pensada” e a partir de sua aceitação estabelece-se a crença. Por isso se diz que o mundo é um mundo de ideias, pois o mundo é fundamentado nas crenças delas decorrentes.

O Um Curso em Milagres diz: “Só no momento em que as crenças se fixam, é que as percepções se estabilizam. Com efeito, então, de fato vês aquilo em que acreditas.” Fortalecer as ideias que fornecem pensamentos estáveis e duradouros certamente gera uma crença fixa, que produzirá em percepção as imagens daquela ideia inicial. Por exemplo, se crês que tens sede, e tens a ideia da água, podes pensar que a água mata a sede; portanto, tal fato é associado à memória da sede em si sendo extinta pela ingestão de água. Essa ideia é tão disseminada e está tão distante de sua origem, que é aparentemente impossível de ser questionada, assim como se diz ser impossível mover as montanhas ou curar os doentes “incuráveis”.

Não digo que se deva evitar beber água em estando com sede, mas aponto para a seguinte noção: o óbvio das imagens do mundo é um costume em alto investimento. As ideias favorecem o mundo em conformidade com os pressupostos acessíveis em medo, e cada criação é substituída por um “fazer”, que representa em ato a supressão de uma escassez. A água, por exemplo, é a cura para a escassez em sede. A comida serve para escassez em fome. O medo, para escassez em culpa. A escassez precisa existir para fundamentar o ego e seus pressupostos. Precisas da propaganda do “mal” no mundo para fazer surgir a propaganda do “bem”. Perguntas: e fumar? Mata? Pode matar. Beber estraga? Pode estragar. Vícios existem? Podem existir etc.

A cada momento escolhe-se em favor de Deus ou o ego. Não em cada momento em termos de tempo, mas em cada instante, mesmo no mínimo pulsar, pois a escolha não é temporal em essência. Vês o que queres, mas não estás pronto para ver o que não aceitas. As tuas ideias podem favorecer teu andamento em função daquilo que não entendes, e assim vês um mundo que não entendes. Contudo, se entenderes as ideias, entenderás o mundo como uma compreensão em ideias, uma acepção em termos, pois o mundo é percebido, não dado.

Por outra: a estabilidade do mundo é uma noção de tal mundo como “compreensível”. Conceitos como gravidade, tempo, memória etc, são pressupostos que constroem o mundo “dado” conforme as ideias que nele são projetadas. Isso organiza as ideias e posteriormente o próprio mundo. Novas ideias realmente trazem um Novo Mundo. Convém que as ideias do Um Curso em Milagres sejam compreendidas, e mais que isso, aplicadas. Os exercícios são o fundamento para a mudança de tua forma de pensar, que é derivada de ideias falsas. Se Deus não existisse, a própria ideia de Deus seria impensável. Somente neste mundo Deus existe, pois, no Reino, Deus É.

Então o que se quer dizer com a expressãoDeus é uma ideia”?

Isso já foi explicado acima. Vamos repetir. Uma ideia apreende para si um pressuposto em pensamento. Existe um pensamento anterior à ideia. A ideia de Deus é um pensamento que fornece à tua mente a noção de Deus, já que Deus, em formato qualquer, jamais será “visto”, pois Deus não tem imagem. A imagem da água, neste mundo aparente em formato líquido, inodoro, etc, é uma ideia que pressupõe seus milhares de usos. A água é um diluidor de minérios em pressuposto de ser rica transmissora de vida, e associa a si a riqueza do mundo como fonte de toda a vida. Mas a imagem da água que surge do elemento água é anterior à sua criação como ideia. Por outra: para que a água existisse, ela teve que ser “pensada” ou poderíamos dizer “inventada”. Isso parece surreal para ti, e dá graças, pois entender o surreal já é um passo para o início do escape deste mundo que te ensinou que primeiro surgem os efeitos para, depois, surgir a causa; através de investigações, suposições etc. Resumindo: parece que o mundo que vês te foi “dado”. Agora, que nasceste nele, tens que se virar para “compreendê-lo”.

Não precisamos de tanto engodo para entender sobre a natureza das ideias. Pensa agora nisto: o que vês fora de ti foi pensando em ideia na tua mente, e agora parece que existe, pois a ideia primeira — uma mordida na maçã — foi a de que algo existe em pedaços, e uma dentada pode arrancar parte de um inteiro. Depois da primeira ideia, um mundo surgiu, e tudo o que vês e pensas são ideias em manipulação. O tempo é o confeiteiro do bolo das ideias, mudando suas formas em pressupostos de antes e depois, e o que vês “antes e depois” parecem ser “causa e efeito”, pois o passado é a causa do futuro e o presente é inapreensível. Este é o “jogo das ideias” que, de fato, pode criar um mundo.

Tudo é uma ideia. A mudança na forma de pensar, portanto, somente pode surgir através das mudanças das ideias fundamentais. Em teu modo distorcido de pensar, as ideias fundamentais visam compreender um mundo que te foi “dado”. Tu não tens responsabilidade por ele, afinal de contas, foi criado por Deus, e tudo o que ocorre de errado em tal mundo é culpa Dele. Precisas apenas entender o mundo. Enquanto isso, estás a catalogar na mente um enredo no qual o mesmo é visto como diferente, mas com o adicional de ser agora “explicado”. Então, em todo julgamento, há uma ideia julgando uma ideia. Se vês uma dia chuvoso, e julgas isto como sendo “mal”, um capricho de São Pedro, estás a compreender equivocadamente que São Pedro é anterior a ideia de capricho, e que a chuva que cai já caiu a milênios e milênios, pois é uma ideia repetida. Isto sim é caprichoso.

E a ciência?

Todos os feitos deste mundo podem ser desfeitos pelos milagres. Não há culpa em um sistema de pensamento que desenvolveu modos de o pensamento entender a si mesmo. Nisto, o ego se engalfinhou de fato, pois o fato de sua vaidade querer comprovar que o que fez existe, forneceu a linguagem e seus dons, bem como meios de entender o equívoco, posto que o bloqueio das extensões em criação é impossível. Contudo, nada foi comprovado em essência até hoje e jamais o será, pois o objetivo da ciência é pressuposto em condicionais. Os axiomas, entretanto, são os fundamentos de ideias naturais, e derivam irrefutavelmente de abstrações. A abstração é criação. Ideias criam em pressupostos e pensamentos são relações de condicionais com tais pressupostos. Desta forma, e equivocadamente, o mundo somente poderá ser compreendido como dado.


Para retomar o modo correto de pensar da mente certa é preciso treinar tua mente através de ideias surgidas de um Pensamento Perfeito. A forma que encontrei de ajustar estes pensamentos ocorre através de Um Curso em Milagres. Treina a tua mente com empenho, não em pensar sobre o curso, mas em saber que apenas a ideia que tu te destes é irreal. Não és o criador de ti mesmo em ideia. És muito mais. Assim como a água, quisestes dar vida em curso ao teu corpo. Isso não é possível. Precisas perceber o significado de todas as coisas através de uma única ideia. És responsável por aquilo que vês, mas não és aquilo que vês. Tua mente abrange o que vês em totalidade e tu és Unidade. Quando estiveres pronto, e isto te for revelado, mediante os preparos que aderes, saberás disso por si mesmo. 

.

domingo, 28 de julho de 2013

É possível perdoar o outro?





“Cada cara representa uma mentira
Nascimento, vida e morte — quem diria?!”
(Juventude Transviada — Luiz Melodia)


Não é possível ver outra pessoa realmente. As ideias transitam em formato corpo e cada uma representa um ego. Conforme sendo legião, este mundo aparenta cheio de pessoas. Algumas parecem amar algumas outras; elas se encontram, vão e vem, riem, choram, protestam, advogam por, mas sempre parecem incompletas a si mesmas. Esta sensação de incompletude nasce obviamente de um senso de limitação. Tal senso é percebido pelo vivente como sendo “a personalidade”, mas ele não crê que seja assim. 

A identificação com corpos produz novos efeitos em egos. Cada vez que alguém se vê como um atributo, fortalece-se a ideia de uma personalidade. Sou feio: personalidade. Sou amável: personalidade. Sou pobre: personalidade. Sou justo, errado, tomado por medidas, alto, leve, ladrão, injustiçado, falta-me algo, estou completo: tudo personalidade julgando a si mesma como sendo isto ou aquilo. 

A única coisa que se pode saber sobre o outro é que ele precisa de amor. Sempre se precisa de amor. O amor aumenta ao ser doado e neste mundo o outro serve como parâmetro em doação. Amar uma pessoa é não a perceber como um ser julgável. Seus atos transitam no tempo e podem ser julgados, pois quando houve “a queda”, imediatamente surgiu o direito. Mas o filho de Deus não habita em um corpo. Ele não pode ser julgado. Apenas o amor ao símbolo que a pessoa representa como se fosse apenas ego pode traduzir uma eleição em direção à mudança real, que é não ver-se em corpos.

Entenda: não há nada de errado com seu corpo, mas você não é seu corpo. Por isso Jesus diz na Bíblia: “não julgueis para não serdes julgado”. Julga-se a ideia que se vê em corpos como se fosse “um outro”, mas tal é apenas o julgamento do mesmo, promulgado em ideias. O corpo é uma ideia criada, que fatiou o Filho de Deus em várias partes, e cada parte acha que pode julgar a outra, como se o fígado pudesse julgar o rim ou o coração pudesse julgar o cérebro. Haja esforço, então, para se arranjar relações. Entender não é saber. Apenas assim o coração perdoa. Os significados dos símbolos são tautológicos.

Por que acreditas que este texto é difícil? Ele fala coisas simples, mas não parecem simples para ti porque preferes não crer nisto e seguir até um suposto fim, carregando esta coisa a que te deste nome como se te fosse útil. Ninguém completa ninguém. Contudo, dois ou mais podem se completar em Um. Se aceitas que as ideias são apenas promulgações do mesmo, a mesma ideia repartida em corpos são meramente ajustes. Por isso se diz no Um Curso em Milagres que “não precisas fazer nada”. Realmente, não precisas fazer nada para seres Quem És. Se fizeres alguma coisa ou se te faltar alguma coisa para seres quem és, tens que te estar “construindo”. Mas tu já foste criado em Deus, não precisas te reconstruir, precisas apenas desfazer teu ego, e para isso existem vários caminhos plausíveis. O meu é o estudo de Um Curso em Milagres.

Nenhum corpo irá iluminar-se. Ninguém vai "salvar-se" como sendo uma personalidade. Nenhum que pense “eu vou” está certo de coisa alguma. O mundo não vai melhorar através do direito, pois o mundo é uma ideia. O ajuste do mundo é um pressuposto impossível, que gira em intermináveis vicissitudes. Basta ver o desenvolvimento das eras, das civilizações; uma termina e dá início à outra e nenhum se aquieta. “O mundo é movimento”, dizem. Eu te digo: deixa o mundo aos mundanos, pois apenas assim poderemos trazê-los. 

Ademais, não podes perdoar uma pessoa. Não perdoas uma ideia. “Tudo é uma ideia”, assim é ensinado no Um Curso em Milagres. Mas apenas o perdão pode salvar-te. A verdade se apresenta em paradoxos. O perdão não é um ato de limpeza. Certa vez escrevi aqui: “o perdoado não é aquele que limpou os outros, mas aquele que não viu o sujo jamais”. Trata-se apenas disto: “perdoar é não ver. Olha, portanto, para o que está além do erro e não permitas que a tua percepção pare nele, pois vais acreditar naquilo que a tua percepção demonstra. Aceita como verdadeiro só o que o teu irmão é, se queres conhecer a ti mesmo. Percebendo o que ele não é, não serás capaz de conhecer o que tu és porque o verás falsamente. Lembra-te sempre que a tua Identidade é compartilhada e que o Seu compartilhar é a Sua realidade.” Isto está no Um Curso em Milagres, Capítulo 9: “A Aceitação da Expiação”. 

Gosto de escrever e, escrevendo, perdoo o que faço. Para aceitar a verdade é preciso aceitar seus paradoxos. Nada posso criar realmente sem a ajuda do Espírito Santo. Nada posso sem a ajuda de Cristo, pois Nele a minha fé espelha Deus. Agradeço a todos que leram até aqui. Peço neste momento que a benção do Espírito Santo nos ajude a lembrar de nossa santidade em amor, pois neste momento este mundo que sonhamos recai sobre uma ideia prevalecida em ausência de amor. Obrigado a ti. Agradeço ao Espírito Santo. Amém.

“Eu entendo a juventude transviada
E o auxílio luxuoso de um pandeiro”
(Juventude Transviada — Luiz Melodia)

sexta-feira, 5 de julho de 2013

O onanista e o espírito



               No UCEM, os milagres são ditos de prata, em comparação aos sonhos dourados de felicidade do Filho de Deus — mas ambos devem ser guardados como tesouros (T- 28; III; 1:1). O tesouro do Filho de Deus, mesmo enquanto sonha, é a felicidade que percebe. Mesmo aqueles que se creem separados ficam felizes quando ficam felizes. O milagre viria então em segundo lugar, em escala de diferenças de níveis, mesmo suplantando os níveis, pois ele permite ao Filho a perpetuação de seu tesouro primeiro, que é a felicidade. Nos princípios dos milagres está dito que “uma das maiores contribuições dos milagres é a sua força para liberar-te do teu falso senso de isolamento, privação e falta” (T-1; I; 42).

               O onanista é isolado, privado e faltoso, pois baseia sua vida unicamente em sua “imanência” pessoal. O objetivo dele é a perpetuação do prazer pessoal, isto é, um empenho na percepção como um “valor” que faz com que o mundo torne-se altamente sensual, pois o sentido evoca a percepção em busca de satisfação. Obviamente, tal fato não se dá apenas na sexualidade.

               A derivação da satisfação em suas formas aprazíveis como fantasias ou melhorias contínuas do sonho são as metas em imagens que surgem na mente do egotizado, ou onanista. Ele simplesmente deseja.     Contudo, daí à consecução do desejo já é outra história. Geralmente, a fantasia criada pelo ego fornece a maior distância possível entre a imagem da fantasia e a execução desta. No entanto, o que há de intercessão em termos frustrantes é apresentado como a realidade do sonhador.  Assim, a fantasia grandiosa de ser algo ou alguém é demonstrada em contraponto ao fato de ver-se em vida como nada ou ninguém. A ênfase, logicamente, recai sobre o nenhures.

Uroboro
               Então, o onanismo surge como sucedâneo da vida em fantasia. A satisfação consigo mesmo através de imagens feitas pelo sonhador, seja em termos íntimos do corpo, seja nos termos esquizofrênicos da dissociação, torna-se uma meta definida, altamente valorizada, e ilusória como uma pedra falsa na moldura do falso retrato. Para o sonhador, entretanto, este estado de satisfação temporária detém muito de seu empenho, pois nisto ele pode sobrevalorizar seu sonho e ater a ele “objetivos” e “satisfações”. Tais gratificações insanas criam um sistema viciante, pois propõem que um dia saciarão o desejo. Contudo, falta ao onanista a percepção de que o desejo alimentado pela “gratificação” é a mesma imagem que a gratificação fornece. Assim, não há gratificação alguma. O onanista é alguém como uma Uroboro: uma cobra engolindo o próprio rabo, cujo objetivo insano é devorar a si mesma. Aqui a imagem simboliza a loucura da autossatisfação ou o ultimato da autonomia.

               Portanto, podemos dizer que o onanista é o idolatra: ele quer aquele mais! Ele masturba sua consciência em busca de uma imagem de si mesmo na qual possa se ver. Ele não vê os outros, mas sua projeção em outros. Ele não vê sua função, mas a projeção de si mesmo em fazer coisas. Ele não vê sua derrocada, mas a sua dor incompreendida. Assim, precisa de mais de si no mundo; é necessário que o mundo seja ele mesmo, dividido em vários sensores de si que não podem ter a nobreza de suas sensações. Sua meta seria uma orgia cósmica de seus sentidos, e o sucesso deste empreendimento viria sobre o orgasmo de uma compreensão total dos seus pensamentos corretos, mas incompreensíveis até mesmo para ele. Tal é, na mente do separado, a contração em mito de Sodoma e Gomorra.        




As palavras até agora apresentadas envolvem sensualidade, mas este aspecto do onanista abrange um profundo investimento no “eu” para muito além da libido. O “eu” torna-se tudo, inclusive sua religião, que venera obviamente o deus “eu”, ou um “ex-deus” venerado por um “ex-eu”. Este blog, por exemplo, pode ser uma boa prova disto, na medida em que ele visa substituir ensinamentos que estão bem mais clarificados no próprio Curso em Milagres; e apenas um milagre pode fazer dele algo diferente do que me aparenta agora. Para mim, que escrevo, onanismo é meta! Deus me ajude a livrar-me desta percepção de mim mesmo.


***
               Acalmamo-nos agora em termos diferentes. Pois precisamos sair daqui com alguma sabedoria. Decerto que o onanista não pode ser referenciado como totalidade. Sua meta é o isolamento para fora, e este paradoxo pode servir para a própria solução da situação, visto que a salvação se revela mesmo é em paradoxos.

               Em alto empenho, há uma referência entre o onanista e o esteta, onde se encontram formas semelhantes de julgar o mundo. O esteta se diferencia ao ver a beleza como um valor em si. O onanista vê a beleza apenas em si, e nisto está o valor da beleza para ele. Cada um vê para si um tesouro diferente, mas apenas uma moldura guarda um retrato bonito, que não precisa de moldura, pois ele mesmo é a beleza. O onanista pode lembrar-se do esteta, o seu oposto enantiodrômico, isto é, o “contrário dentro dos mesmos termos”. O que o onanista vê através de seu ego não precisa ser a cauda que devora. O esteta pode ensinar que as imagens são apenas falsas concepções em formato joia, mas seu valor está em algo que os transcende. Nada neste mundo é bom ou mal, nada é julgável. A insanidade surge do desejo, que é um julgamento em ter. O esteta contempla, vê e então se vai. Ele sabe que a beleza não pode ser aprisionada, que ela não está naquele belo poema, naquele belo quadro, naquela bela música, da qual eles são meras indicações. O esteta apenas apresenta para si as formas que outros propuseram, e assim ele pode perceber a beleza dada como recebida, e ele é para a vida um vetor da beleza em si, enquanto aprende que a beleza que vê está nele mesmo. Ela não “faz uma beleza” para se hipnotizar. Ele vê o belo no sublime. Assim, percebe que as imagens em beleza neste mundo apenas apontam para a Verdadeira Beleza que é o Reino, e o esteta sabe que o Reino não é deste mundo. Ele não quer devorar as imagens com os sentidos, pois sabe que a Beleza não é uma imagem. E sabe também que o seu corpo não é o lugar da beleza, mas que pode simbolizar o esteta enquanto ainda estiver sonhando. O onanista precisa lembrar-se de não projetar mais. Sua gana em dissolver-se pode muito bem ser compreendida como uma ânsia pela unidade projetada “para fora”.  O onanista precisa urgentemente lembrar daquilo que dissociou, conforme descrito acima.

               Calma é o que se pede em termos nos quais as imagens do mundo podem desassossegar um irmão.


               Pai, pedimos aqui para esquecermo-nos dos ídolos que fizemos para substituir a Ti. Pedimos a experiência da nossa verdadeira natureza, para que nossa fé possa crescer em um fundamento verdadeiro. A única Vontade que é a nossa é a Tua, e apenas Nela veremos o que é belo e bom. Pedimos a Tua Intercessão para que saibamos disto por nós mesmos, amém.

.