Gostaria de compreender a seguinte passagem do Livro Texto: “O tempo e o espaço são uma ilusão única, que toma formas diferentes. Se foi projetada além da tua mente, pensas nela como tempo. Quanto mais é trazida para perto de onde está a tua mente, tanto mais pensas nela em termos de espaço.” (T-26, VII, 1:3-4)
Queres saber sobre o funcionamento do nada? Pois bem, vejamos então como se dá a ocorrência entre um pressuposto e seu efeito:
O espaço não é uma distinção natural das coisas. Ele aparenta distinguir, no entanto. Por exemplo, uma coisa que está ali se apresenta tanto ou mais distante de outra coisa que está acolá em relação a um ponto fixo, que neste caso seria um observador, "tu". Então, a parede está atrás da porta, e depois da parede há outra porta. Três coisas estão alinhadas entre si, mas separadas pelo espaço.
O espaço não é uma distinção natural das coisas. Ele aparenta distinguir, no entanto. Por exemplo, uma coisa que está ali se apresenta tanto ou mais distante de outra coisa que está acolá em relação a um ponto fixo, que neste caso seria um observador, "tu". Então, a parede está atrás da porta, e depois da parede há outra porta. Três coisas estão alinhadas entre si, mas separadas pelo espaço.
Isto prova que há três coisas no mundo, certo? Então, concluímos facilmente que há mais de uma coisa possível. Nada é um, unitário, ou unido, pois o espaço entre uma coisa e a outra prova que são várias. Sobre a mesa, posta em tantos objetos, quantos eles são? Podes conta-los todos, é claro; mas será a própria contagem algo real? Não te foi dito oportunamente que as palavras são símbolos de símbolos? O que quer simbolizar em símbolo a palavra DOIS? Por outra: se eu sou o teu segundo, então qual o espaço que nos contém? O corpo? Será o corpo o envelope no qual duas coisas ou mais coisas podem caber no mesmo espaço? Isso é impossível, pois o corpo pertence ao mundo da matéria, e as leis da percepção são rígidas como uma pedra newtoniana. O único lugar — que não é absolutamente um lugar — onde é possível solucionar o paradoxo em que dois se tornam um é a mente. Não que a mente reproduza o mundo em termos unitários. Muito desejo metafísico conduz a mais desejos de êxtases místicos. Não estamos em busca disso. Mas a consciência que atravessa a percepção como sendo “uma só imagem” é a resposta que pode ser percebida com a mente certa, em revelação. Quanto mais te aproximas de tua mente certa, mais perceberás o espaço em volta de ti como “uma coisa só”. Não que vejas uma coisa só, mas não vês a separação entre o aqui e o ali. Estás aqui e ali. Por isso é pedido nos exercícios iniciais que primeiro treines a mente com objetos próximos a ti, e depois com objetos mais distantes. Demora um pouco para perceberes que não há dois, ou três, pois estás também aqui, ali e acolá.
Não parece divertido para o aturdido. Realmente, o espaço e o tempo são uma piada. São aquilo a que o Filho de Deus esqueceu de rir. No céu, na roda dos anjos, se riem por conta de os homens acreditarem que poderiam estar confinados em pedacinhos de carne, nomeados corpos. Os anjos não temem mais aos homens, pois há muito aprenderam que Deus tem mais atenção aos homens por conta de sua fragilidade, e é por isso que Deus toma conta deles. Os anjos também velam pelos homens, pois eles querem que eles lembrem. É por isso que Deus tem cuidado de ti e te vela em Espírito Santo, sempre, sempre, demais. Não fostes esquecido por acreditares bobamente que para saíres daqui para o ali precisas de, sei lá, um carro, ou uma bicicleta. Mas não estamos aqui para a propaganda do tele transporte místico. Isso não tem utilidade, não adianta ser super-herói no mundo. No verdadeiro mundo, no Mundo Real, não há distância para a alegria, pois ela não é condicionada por tempo ou espaço. Ela não está aqui ou ali, nem no passado ou futuro. A alegria é apenas estar em si, alegre por estar desperto. E é a felicidade que parece relativa em um mundo no qual o tempo e o espaço tem valor. Por conta disso, precisamos ainda dos milagres.
A felicidade parece estar aqui, ali, antes ou depois. Às vezes, ela aparece agora; mas — fugidia — logo se vai com os imprevistos que o tempo “traz”, as coisas que o espaço “leva”. Enfim, não há termos precisos para diferenciar as momentâneas ocorrências de dúvidas em considerações precárias nas imagens. Precisavas mesmo era de amor. E isso tiveste em ti, de ti para ti, e nisso aproveitamos para entender mais sobre o tempo e o espaço. Agora, se tu resolveres dar amor, então o mundo se torna muito mais rapidamente um lugar de espaços e tempo elididos em felicidade perene, muito mais inclusiva do que imaginas. Serás amado mesmo no mundo, com o TEU amor. E ensinarás a tantos a lembrar. Então, verás que o amor elide espaço e tempo. Não o amor como uma teoria romântica, de algo que se foi, algo que “pode te salvar” se for encontrado em alguém, ou na justiça etc. Mas verdadeiramente no amor a tudo, a dois, a três e a mais. Até que o número em amores seja o mesmo, e dois seja igual a três em vias de mil. Assim, o tempo para realizar um ato em amor nos seis bilhões é o mesmo tempo para que esse ato seja ocorrido em um. Disto, podes lembrá-los facilmente, com o teu amor.
Não temas a fragilidade do amor. Não és para ser temido, nem estás em contrassenso com o teu mesmo. Se precisas de preparação para amar, então o tempo e o espaço possuem significado e precisas de cura. Realmente, neste momento precisas de cura. De cura e de cura. Mas o tempo não vai durar mais que a sua precisão. Quanto mais te aproximas de ti mesmo, verás que o aperreio que ocorre ao teu redor não tem mais significado que as bombas na Síria ou em Bagdá. A guerra precisa ter fim, caro irmão. O fim da guerra é o fim do significado do míssil.
Portanto, não precisas atacar para negar o amor, mas nega-o precisamente quanto atacas. Podes negar o amor com espaço, através do isolamento, e assim atacas a ti mesmo. Mas a mente, que não está confinada, pode não compreender em pensamento a formação dos espaços. “Todo pensamento produz forma em algum nível.” Não está escrito? Pois bem: lembra que a responsabilidade deste mundo é tua! Sejais para eles um anjo. Cuidai deles, em teus pensamentos. Assim, distribuis mais, e acordas mais cedo. Mas não penses que por conta de tua responsabilidade sejas tu culpado de alguma coisa! Neste mundo separado, nada está acontecendo na realidade, por isso que não tens culpa. Basta apenas a ti que assumas a responsabilidade pelo mundo que vês e ele desaparece em espaço-tempo. Simples assim.
Se não parece simples para ti agora, tens Ajuda. Pede Ajuda. Não é sinal de humildade tentar resolver todas as coisas sozinho. É arrogância, é orgulho. “Pedir ajuda não é um ato covarde” (Criolo). Podes pedir ajuda ao teu irmão, se não a quiseres em ti, pois a ajuda também está nele. Mas, sozinho, estás te acovardando em espaço. Isolado, temeroso, contemplando em cela o mundo que está livre e aberto para ti, por fora de teus pensamentos torturantes — são apenas esses pensamentos que impedem que vejas o que é o mundo em realidade. E o medo do amor em teus irmãos está te fazendo crer-se um imprestável social, uma negação de tua função, um desperdício de talento — tanto parece mesmo que és um cego! Mas apenas por conta de uma venda que amarrastes aos teus olhos. “Estou cego! Estou cego!” Não enganas ninguém... retira a venda, Filho de Deus — e vem ajudar também aos homens.
“Pai, ajuda o Filho, meu Pai.” Amém.