terça-feira, 26 de novembro de 2013

Sobre a honestidade e a confiança

               
              A confiança é um estabelecimento seguro acerca daquilo que a entrega associa e condiz. Dissemos “condiz”, pois o significado da entrega está ligado ao pressuposto do benefício.  Obviamente, não é uma barganha. Também não se diz que o termo está atrelado ao significado como uma expectativa. Mas confiar é acertadamente um depósito em favor de uma melhoria, mesmo assim.

               Não se espera nada da confiança, somente assim ela pode ser honesta. Falemos de honestidade, então. Quando se É verdadeiramente, quando lembramos Quem Somos, a ilusão de ser uma identidade torna tudo muito falseado pela transparência. Não podemos mais jogar o lance de ilustração da personalidade, da qual o ego muito se compraz. Nada será mais oculto, a visão torna tudo muito claro, e o que era obscuro é agora visto sob a perspectiva da luz. Aquilo que tem valor real permanece.

               Não existem pensamentos privados, mas uma vida privada parece ser o ideal do ego. Uma vida especial, digamos. Estamos, portanto, sonhando em manter. A honestidade comprova rapidamente que o falso não pode ganhar energia, pois não se granjeia a verdade. Tampouco o medo pode substituir a honestidade ao dizer que não. “Esconda isso”, “não deixe ninguém ver isso”, “seja mais assim”, “o importante é o amor” — tudo muito sussurrado, muito à espreita, sorrateiro como um ladrão. Um ladrão pode dar bom dia quando você sai de casa para depois invadi-la. Palavras de alto valor investidas pelo ego fazem um ego “bom”. Mas, obviamente, o ego “mal” não gosta de si mesmo, nem do ego bom, e a guerra contra ti mesmo está em evolução diante da perspectiva dos ocultos pensamentos de medo. Por o isso UCEM adverte que “o que fazes vem do que pensas. Tu não podes separar-te da verdade “dando” autonomia ao comportamento. (T-2, VI, 2:6,7).” Se acreditas que és “dois seres em conflito” então a guerra está lançada. E inimigos precisam esconder coisas uns dos outros, não é verdade?

               Então, o menino bom precisa esconder as travessuras do menino mal. O senhor responsável precisa varrer pra debaixo do tapete sua isenção. As escoras da prudência precisam ser fincadas no sólido terreno do isolamento, para não deixar escapar nenhum equívoco. O certo e o errado não são categorias, diz o censor. O medo é só uma ideia, diz o ego, com a luz apagada e uma arma na mão trêmula e o choroso caminho de solidão é “revelado” como o especialismo de uma “alma sensível”. Tudo terror em noções que não são percebidas claramente, posto que, nestes exemplos, tanto o erro como a correção estão fundidos em uma só ideia, mas vistos separadamente, sob a forma de conselho e prudência.

               O ego se ri de tudo isso. Depois, ele pode te oferecer a culpa como consequência de teus “atos desonestos”, definindo qual a prenda que deves pagar. É uma loucura mesmo! Se ao menos por um instante lembrarmos que a honestidade prescinde de prudência, tudo isso se torna impossível. Como bem observastes, a educação existe para não ser necessária a cerimônia. Aqueles que são desonestos são cerimoniosos, precisam de muita ilustração para viver. Quando são defrontados com as circunstâncias reais, entram para o casco da tartaruga e ali ficam, para viver o sofrimento da paralisação, muitas vezes em tormentos de mal humor e sentimentos profundos de solidão. Ao seu redor, uma plêiade de formas atoleimadas do UCEM são resgatadas para sussurrar-te baixinho: “o salário do pecado é a morte”, “daquilo que queres, Deus não te salva”, com ênfase, obviamente, no “temor a Deus”. O objetivo é que temas a Deus e também o UCEM. Temas a tudo e terás, finalmente, a dádiva da salvação que o ego fornece.

               Não precisamos continuar assim. Por estes poucos exemplos, está claro que o objetivo de todo este estratagema do ego é fazer com que fique patente para ti que és um miserável pecador. Assim, não podes jamais ser como Deus te criou, pois “manchastes” a criação de Deus. Contudo, uma coisa não é colocada jamais em questão: que culpa pode haver em sonhar um sonho? Se sonhares durante a noite que foste roubado, não acordas pela manhã procurando a delegacia. Sabes que as imagens do sonho noturno são símbolos.  Mas como teu investimento neste “sonho lúcido” ao qual chamas mundo é muito alto, precisas pagar a prenda para manter a salvo a tua imagem nele, que neste caso se chama André Sena. Olha, meu caro: tudo nesse mundo roga para derrubar a verdade. Ele é o cenário de um equívoco que não se cumpre em estatísticas.  Enquanto não quiseres assumir a responsabilidade sobre ele, tudo virá na forma desorganizada de uma vida mal vivida. Nada pode ser “arranjado” nele que te traga paz. Fama, dinheiro, poder, inteligência, veneração é tudo a ponta de um oposto. Nada é permanente naquilo que é experienciado sob o domínio do tempo.

               Agora, queres saber se existe uma saída. Se pensares assim, ages como o homem que trancou o carro com a chave dentro, estando ele também dentro do carro. Não podes ver o problema “sendo” o problema. Identificar-se como o problema “é” o problema em si. A saída está em mudar teu modo de pensar.  Para isso, os exercícios do UCEM são tua ferramenta para mudança da mente. A leitura dos textos também. Certamente, já tens agido no mundo de acordo com estas novas ideias em inúmeras situações, mas tais eventos ainda são vistos como separados e, consequentemente, podem ser julgados. Ver em unidade precisa de preparação, pois pode vir a ser um evento muito traumático se não estiveres preparado. Já falamos diversas vezes aqui do caso do alemão chamado de Bruder Klaus, o homem do campo citado no livro Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo, do psicanalista Carl Jung. Com ele ocorreu uma revelação direta, Klaus viu a “face de Deus” em uma revelação. Como não compreendera o que viu, voltou com diversas dificuldades para entender o mundo, pois ele não tinha um treinamento anterior que o advertisse que o mundo é um sonho. Suas ideias não estavam estabelecidas nisto. Em sua tribulação, procurou um monastério e passou anos desenhando mandalas, para dar significação mediante a abstração de seus desenhos para aquilo que lhe ocorrera. Finalmente, desenhou uma mandala na qual luzes saiam dos olhos, nariz, boca e testa de um homem coroado como um rei, e assim entendeu que vira a si mesmo como “imagem e semelhança” de Deus. Isto ocorreu também com Paulo dos Evangelhos, que após ouvir a Voz Que Fala por Ele ficou cego por três dias. Estes são exemplos extremos, há inclusive casos contemporâneos como Eckhart Tolle, que leu o UCEM depois, para entender o que lhe ocorrera. Há muitos outros exemplos deste tipo de despertar, mas, como diz o UCEM, isso não precisa ser assim. Um Curso em Milagres veio como uma ferramenta para auxiliar o Filho de Deus a lembrar-Se. Como é dito no texto, “não tenhas medo de ser abruptamente erguido e jogado na realidade. O tempo é benigno e, se o usares em favor da realidade, ele manterá contigo um ritmo gentil na tua transição. (T-6, VI, 8:1,2).”

Mandala de Bruder Klaus
               Portanto, a honestidade não é um valor positivo ou moral, ao qual se dá como paga para uma barganha. O que te importa se não és um homem perfeito? És perfeito tal como Deus te criou e isso basta para qualquer argumentação sobre qualquer pecado que pensas que cometeste. Se acreditas que ages mal com os outros, quê outros? Se todos são perfeitos tal qual Deus os criou! Se vês a miséria no mundo, qual mundo? Se vês a decrepitude da velhice, qual corpo? Se tens problemas financeiros, dai a César — e Trabalho! Se vês o sofrimento da doença, o espírito pode ser em doença? Os milagres surgem de tua negação da mentira, da ilusão. “O mundo que vês tem que ser negado, pois ver isso está te custando um tipo diferente de Visão. (T-13, VII, 1:1).” Isso não significa que serás um insensível, um alheio. Isto seria varrer para debaixo do tapete. Mas, quando fores tentado a ver o pecado em forma de doença, decrepitude, miséria etc, pergunta a questão que o UCEM coloca sobre tua reação a estas coisas: “É isso o que eu quero ver? É isso o que eu quero?” E a tua resposta definirá o tipo de visão de apoias.

               A honestidade está em assumir a posição da verdade, que não priva ninguém de nada. O que escondes, privas. Eis aí uma questão sobre a moral e a ética que pode ser levantada. Mas, te digo: que moral ou ética podem substituir a Certeza? Se estás incerto, não estás em tua mente certa e te balizarás por estas coisas. Fazer o que é belo e bom nunca conflita. Aqueles que sabem a verdade te apoiarão e ficarão felizes contigo. Negar o mundo não é chutar a lombar do mundo. Negar o mundo é ensinar-lhe que o desamor é um equívoco. Para isso, preparemo-nos pedindo o auxílio do Espírito Santo de Deus, Que é Aquele Que ensina conforme precisamos aprender.


               Pai, pedimos aqui o auxílio de Teu Espírito Santo, para que a ponte entre Ti e Teu Filho seja lembrada em Cristo. Ele está pronto, Meu Pai, pelo que pede em honestidade conforme sendo sua herança o Teu Amor. Que a revelação do Teu Reino seja lembrada a Ele pelo Teu Espírito Santo, para que a verdade em amor revele todo um mundo amoroso, para que venha a Ti o Teu Filho Santo, conforme é Tua Vontade, amém. 

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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Dificuldades com os exercícios



UCEM busca salvar-te, mas se o Curso fala de Si para Si, sendo tu apenas o intermediário, para quê servirias? Claro é que o Curso não fala ao teu ego, mas fala realmente a Ti. Contudo, se acreditas que UCEM fale de Si para Si, enquanto tu és apenas aquele que “atrapalha a conversa”, então tu te excluis da salvação. Isso significa que te identificas com o ego, e não com o aprendizado; ou, ainda de forma mais completa, não te identificas com o Ser Único, que realmente fala de Si para Si, conforme seja essa a TUA salvação.

Atente nisto: a salvação não pode te excluir. Isso é indigno de ser considerado, pois Deus não trai. Ele não faria todo um Curso para te excluir, nem teria o trabalho de criar o Seu Espírito Santo para te enganar. Seria isso plausível, meu amigo? Claro que não! Então, esta ideia apoia o ego em ti, se não for compreendida corretamente.

Dizem que todo o cuidado é pouco. Mas todo o cuidado é dado a ti pelo Espírito Santo. Lembra que o ultimato em dar não é um veredicto que tirará de ti o que é teu. Doar não é retirar. Não podes ter o que não existe, isto é certo. Mas não serás lançado ao término de teus dias se quiseres ser Aquele Que És. Tampouco é uma questão de escolha, apenas o tempo existe para guardar tua decisão. Não há apoio divergido de propósito nisto.

Os ensinamentos do UCEM são reiterações de tua mente certa. As ideias são contidas em invólucros de palavras, pois precisavas delas. São os símbolos que trazem a ti a experiência. Tais símbolos não são exclusivistas, mas atente para o fato de serem, como dito, tua linguagem. Em certos períodos parece que não consegues aprender com isto, que a experiência não chega, que não estás conseguindo atingir a meta do Curso e que és um mau aluno. Decerto, alguns empenhos pedem devoção, e ser devoto é um carisma necessário para o aprendizado. Confiar é disponibilizar, não duvides disso; mas angariar a confiança apenas para atrair novidades é renovar o UCEM em terminologias diferentes, para te dar a ilusão de um imenso currículo. Isso está claro neste escrito e em todos os outros do blog, mas não se diz que sejam erro ou uma falha. Tens que lidar com as ideias de alguma maneira, e esta é a tua. Não significa, entretanto, que isto seja tua função, ou que de alguma forma estás a prestar um serviço para as pessoas. Quais pessoas? Quais são as pessoas as quais as diretividades podem apoiar? Aqui voltamos ao pressuposto deste escrito: a sabedoria lembra a Si em Si Mesma, e não pode ser derivada do especialismo. Não há mistério algum nestes escritos, há simplesmente disponibilidade em lembrar-te de ti mesmo. Lembra que sabes o que é o amor, pois doas. Nisto, claro que pode haver bons proveitos. Mas lembra-te de que o amor é para todos, conforme sendo todos o amor em si. Esquecidos disto estão a divagar. Melhor então é buscar um apoio para a divagação no qual o termo do alheamento seja favorável ao teu objetivo. Se teu objetivo é a salvação, então seria bom que encontrasses formas de te disciplinar. “Não há mistério em se descobrir o que você tem, e o que você gosta. Não há mistério em se descobrir o que você é, e o que você faz.” Portanto, não temas a ocorrência da sabedoria em ti mesmo, pois falas também, em Mim, de Ti para Ti.  Assim, é impossível excluir qualquer pessoa, inclusive a ti mesmo.

Parece a ti que os exercícios não surtem efeitos claros. Obviamente, este é um erro de julgamento. Teu processo é muito dificultado pelo fato de quereres purificar o impuro, nivelar o desnível, refazer o errado, considerar os propósitos e adequar o teu empenho acerca do que tens que fazer aqui. O que tens que fazer aqui já te foi dito há muito tempo: perdoar. Se perdoares, perdoarás os trajetos, os propósitos, todos os equívocos e certamente todas as tuas criações reaparecerão, as novas e as antigas doações. Tudo aqui, para ser apreciado pelo teu amor. Não é bacana isso? Que coisa seria melhor que a alegria e a felicidade? Será que teus planos podem te devolver tuas criações? Certamente, quando crias, mesmo desacordado, tuas vivissecções da criação apenas indicam que há algo em ti que cria. No entanto, não aproveitas disso. Como pode ser assim? Porque quererias te excluir das tuas criações? Qual a vantagem para ti? Coragem, já o dissemos, é “agir com”. Sozinho não podes! Não poderias, pois o amor é um estado de completude e sozinho te vês apenas como uma parte. Esse plano, muito bem montado pelo teu ego, faz uma vida artificial parecer real, através de sonhos de futuro. A inteligência não entra aqui, pois todo ego é fruto de uma inteligência. É uma ideia, derivada de uma inteligência. Melhor seria pensar na fonte da inteligência. Estás temeroso demais para ouvir sobre essas coisas, mas temos muita alegria em ver que teu propósito é certo e a meta é clara. Não estás te enganando em ser uma mentira em ego, mas estás te enganando em fazeres de teu ego a fonte da mentira e te engalfinhares com ele.

Não há uma disputa. Não haverá um “vencedor”. O ego não será vencido, e o Espírito Santo, que a nada se opõe, não conhece o conceito de vitória. Isto é explicado no UCEM ao se debater a impossibilidade do triunfo. Tu não precisas realmente purificar o impuro. Não és o salvador moral do mundo. Tua Mente real não se importa com essas coisas. O mundo é uma invenção, nada será consertado aqui como efeito do caos, pois o caos não tem conserto e não haverá harmonia completa até a transcendência, que pode efetuar a transmutação clara de pressupostos em harmônicos definidos e claros, que apontam na direção do amor. O oposto do caos é amor, pois apenas o amor é ordem. O resto — é sonho de sonhar amor.

Vamos louvar o amor em ordem não querendo saber de nada. Não temos ideia do que seja o mundo. Seus meios são o erro e o erro não dá concerto nem conserto. Tenha paciência e fé em ti mesmo. Se não queres ouvir sobre ti mesmo, em abstrato serão dadas as tuas formas. Demanda mesmo grande coragem tal processo, e muito, muito se estima uma pessoa sensível em saber disto. Mas não há diferenças: todo o propósito visa diferenciar o teu caminho em ideias de tuas ideias do caminho. Não pressuponha nada. Nem deste escrito. Estamos contigo e somos Um em Nosso Pai. Não há erro aqui. Pedimos tua compreensão e agradecemos a ajuda.

Pai, vimos em busca de Ti. Em Tua Lembrança sabemos Que Somos, e damos graça ao Teu Espírito Santo Que nos traz paz. Queremos louvar Teu Nome e agradecer por toda Ajuda. Que toda a honra e toda glória seja dada a Ti, a Quem amamos e lembramos. Amém.

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