No nordeste, existe uma espécie infantil não isolada de fêmea humana que entrega seu corpo por cinqüenta centavos. Ontem, fotografaram no Rio de Janeiro, em férias, o jacaré do pantanal que equilibra varas no circo. No sul do país, isolado entre trezentos arbustos, um homem muito velho, caquético, raspa o musgo das árvores e ainda inscreve nos troncos, com canivetes suíços, mensagens revolucionárias de conspiração. Não se encontra, em nenhuma tabuleta, a inscrição: “vai-se por aqui”, e um mineiro come quieto seu queijo radioativo enquanto vê sociólogos e filósofos conjecturarem sobre, sobre, sobre, sobre. A miss nacional eleita em 1825 retornou às passarelas. Um senador recebeu duas mães para escrever discursos encomiásticos sobre a honestidade. Em São Paulo, um policial faz cafuné num homicida. A Procissão de Fé que saiu em dezembro para Brasília entoando cânticos já se encontra em Moçambique, mas não se aperceberam ainda. Artistas aprendem com a trapezista Nariel a inacreditável arte de esmolar. Janaína trancafiou-se há tanto tempo no quarto que a porta cicatrizou. Pacientes entraram em greve no Pará. Vinícius luta desesperadamente contra os moinhos. Um homem empunha uma mandioca e pede votos na televisão. O apocalipse aconteceu ontem, as três e quarenta e cinco da manhã; não será hora, agora, de procurar alguma luz?
Concordo plenamente... não tem nem o q add. simplesmente é o que mais precisamos: de Luz!
ResponderExcluirPostei Panorama "Do meu amigo Andre Sena" no meu face.
ResponderExcluirAbraço.