quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Sobre a imaginação



O aprendiz de Cristo, o homem que está em fase de elevar-se, que alcança a verdade de si mesmo, não acoberta seu pressuposto amoroso através de prerrogativas que são diretivas, ou mesmo simplificadas segundo ideias que não previnem a verdadeira associação. Uma “associação”, nos termos que está aqui escrito, é suficiente para que uma palavra dita em acordo com o seu propósito se estabeleça como um recurso de reconexão entre a verdadeira maneira de explorar o inconsciente, ou elevar a mente ao estado correto, que é o mesmo que dizer Céu.
Suponha que o veio que alcança tal estado seja completamente estável. Que os pensamentos que chegam até a mente do filho de Deus estão completamente associados ao que ele é na verdade. Assim, a mente certa seria a única expressão desta mente, e não haveria nenhum tipo de pensamento que alcançasse seu ideal de existir mediante uma construção.
Portanto, pensar deve ser um ato involuntário, não acrescido de opiniões, que são pensamentos meramente dissociados, atingindo apenas a superfície da mente do filho de Deus, deixando-o a mercê do que é falso. Se o pensamento falso se engalfinha ao que é superficial, o superficial pode ser julgado por este mesmo pensamento como importante. Então, um estratagema da mente é montado para configurar o “real”, e assim surgem as imagens e o mundo.
Por outro lado, o medo do Pensamento de Deus parece justificável, pois a associação não estaria presa a um círculo de criação “espontânea”. Dificilmente, o amor que o filho de Deus lembra pode ser “pensado”. Ele não compõe imagem, e a Sua linguagem não é passadiça, não definha com o tempo e não muda. Toda a linguagem do Reino é clara e simples, e não precisa de pensamentos para acontecer. Se o pensamento de Deus pudesse se exprimir em imagens, o próprio Céu precisaria ser construído como se fosse o mundo, em suas formas, e dividido em opostos, para que pudesse ser pensado ou imaginado.
A imaginação é sobrevalorizada por conta de seu potencial criativo, associando o que explora ao tesouro que chama de seu. Sua total inconsciência do verdadeiro Criador faz com que a imaginação alcance apenas o que lhe é dado pela mente que a evoca: imagens e histórias. Por mais que as atividades imaginativas sejam valiosas para o mundo, e em certo momento sejam mesmo construídas com laivos da mente certa, ainda assim a imaginação apenas abrange o que o mundo separado supõe como real, e sua fonte construtiva são as imagens da separação.
O Espírito Santo é a alternativa às criações equivocadas e aos apelos da imaginação com seus ditames secretos e mal ajambrados. Cada vez que o Pensamento de Deus se aproxima da mente voltada para os milagres, a imaginação passa a ser um efeito indesejável como elemento precursor. Nenhum ditame alienado do “momento este” será associado com uma imagem ou pensamento, e assim surge a verdadeira Imaginação, que supõe uma atmosfera elementar de efeitos plenamente observáveis em si, mas não formados necessariamente em imagens ou palavras. Esta Imaginação do Ser é o que sentes quando estás imerso em si mesmo, e o que imaginas em tal estado é a mais próxima associação com a sensação que podes alcançar para atestares para ti mesmo que existe algo além das imagens e ideias.
No entanto, não é uma sensação, nem parece com um peso, conforme gostarias de definir. É uma total capacidade de interagir com o inefável através de um estado que ainda não é iluminado. Assim, a imaginação verdadeira intui que algo além deste mundo existe verdadeiramente, e deves agradecer todas as vezes que este tipo de impulso ou “efeito” surge para te atestar isto. Não deves, no entanto, imaginar como será a Revelação, pois a imaginação é incapaz disto e apenas te fornecerá ideias que terão como infeliz resultado um composto de segmentação entre o que é o sujeito da experiência e a ideia da experiência em si mesma. A Revelação não pode ser imaginada, mas será facilmente reconhecida.
A imaginação pode criar mundos...imaginários
Ainda há algo a ser dito sobre a imaginação. Ela não é facilmente percebida como um elemento “falso”. Não que ela seja falsa em si, nem mesmo pode ser confundida com a fantasia, que é um mecanismo automático de relação entre o que não existe e uma suposição de utilidade ou valor. A imaginação procura dissociar através da fantasia. Já foi dito que a fantasia procurar alienar através da dissociação, na medida em que incrementa o seu elemento projetado como um valor. A fantasia é uma total dependência do sujeito que evoca imagens e um sonho de construir o que não é. A imaginação, no entanto, visa promover a fantasia a um estado ideal, ou criativo, e assim não precisa sequer do mundo para existir, pois basta que o sujeito se engalfinhe em sonhos para satisfazer a si mesmo e assim alcançar prazer e satisfação voluntária. Claro que tudo isso é insano, mas parece não o ser. A imaginação conduzida pelo Espírito Santo pode produzir totais diferenciações entre a fantasia e a realidade, deixando muito claro que a “realidade de imagens” que está sendo apresentada não existe. Uma foto da praia não bronzeia. No entanto, e possível imaginar-se bronzeando.
Assim, é possível imaginar-se iluminado, ou em algum Caminho. Certamente, estás no Caminho, pois todos se lembrarão de Deus no final. Isto é certo, pois já ocorreu.
Tenta lembrar o que é dito no Livro Texto: “todo pensamento cria forma em algum nível”. Assim, a imaginação é uma tentativa de criar, mas sua aposta em si mesma como fonte faz com que sua criação esteja voltada apenas ao elemento formal. A criação de associações entre o pensamento sujo e a lixeira nem sempre é uma relação higiênica. Pode muito bem estar associada ao acúmulo. E assim o mundo se torna fragmentado, e há tantas preocupações imaginárias associadas à salvação, como a reciclagem e a ecologia, por exemplo. Estas são causas sem nenhum efeito, pois embora pareçam lógicas, são circulares, pois estão distantes da Fonte da verdadeira criação.


Imaginada casa
Não há como se reciclar o que não pode ser. A imaginação não pode mudar nada, mas pode muito bem perturbar a mente do estudante, se ele assim permitir. A criação equivocada produz a percepção de um mundo equivocado. O mundo real vem do perdão total, sem suposições ou subterfúgios para ocorrer tal como é. Não se pode imaginar o perdão.
Há uma sensação de uma luta interior entre o que se quer fazer e o que é sua função no mundo. Geralmente, isto é experimentado como um conjunto de malefícios, ou coisas das quais o individuo gostaria de “se livrar”. Ele acredita que seu melhor empenho como favorável ao Plano de Deus seria alcançar uma perfeita correção de si mesmo, e assim passa a imaginar uma “mente certa” para si. O certo aqui será aquilo que sua imaginação febril associou do que percebeu no mundo com aquilo que gostaria de encaixar em sua expectativa imaginada. Pode-se fazer planos para daqui a dez anos, e se uma doença de fixação ativer a esse plano uma convicção, não poderás ser salvo do que queres. E o estudante sentirá uma forte sensação de premência, quando não uma coerção, no sentido de que precisa “conseguir”. A imaginação do despertar faz com que o estudante se creia compelido a iluminar-se. Consequentemente, a imaginação sugere fantasias de comportamento ou estados que favorecerão isto.   
A maneira de se livrar de tudo isso é lembrar que és como Deus te criou. Se és assim, o que tens que imaginar? O que precisarias imaginar? Queres melhorar o que Deus criou perfeito? Imaginações sobre ti mesmo só podem ser fantasias sobre ti mesmo. O Teu Ser está disponível agora para te associares a Ele na verdadeira associação, que é unitária. Tu e o Teu Ser são um só, não são imaginados, pois não estão apartados para poderem compor sujeitos e objetos.
Agradece a Deus pelo Seu plano perfeito para tua salvação, ao qual não precisas aderir nada. Não precisas agir nem mesmo alcançar nenhum estado. Não interessa para Deus os teus pecados, pois apenas a imaginação supõe que pecou. Lembra de Deus como um Pai totalmente amoroso, justo e favorável ao bem estar total do Seu Filho. Então lembra de ti mesmo como favorecido por não precisares imaginar o que tens que ser para Ser.
A Ti, meu Pai, pedimos que nos faça lembrar de Teu Amor misericordioso, Que não permitiu que teu filho imaginasse a si mesmo diferente. Pedimos a revelação do que é o mesmo e do que é diferente. Amamos-te como teus Filhos santos, e saudosos de Teu abraço, agradecemos por descansarmos em Ti. Amém.

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"Essa música não existe" 
André Abujamra




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