O aprendiz de
Cristo, o homem que está em fase de elevar-se, que alcança a verdade de si
mesmo, não acoberta seu pressuposto amoroso através de prerrogativas que são
diretivas, ou mesmo simplificadas segundo ideias que não previnem a verdadeira associação.
Uma “associação”, nos termos que está aqui escrito, é suficiente para que uma
palavra dita em acordo com o seu propósito se estabeleça como um recurso de
reconexão entre a verdadeira maneira de explorar o inconsciente, ou elevar a
mente ao estado correto, que é o mesmo que dizer Céu.
Suponha que o
veio que alcança tal estado seja completamente estável. Que os pensamentos que
chegam até a mente do filho de Deus estão completamente associados ao que ele é
na verdade. Assim, a mente certa seria a única expressão desta mente, e não
haveria nenhum tipo de pensamento que alcançasse seu ideal de existir mediante
uma construção.
Portanto,
pensar deve ser um ato involuntário, não acrescido de opiniões, que são
pensamentos meramente dissociados, atingindo apenas a superfície da mente do
filho de Deus, deixando-o a mercê do que é falso. Se o pensamento falso se engalfinha
ao que é superficial, o superficial pode ser julgado por este mesmo pensamento
como importante. Então, um estratagema da mente é montado para configurar o “real”,
e assim surgem as imagens e o mundo.
Por outro
lado, o medo do Pensamento de Deus parece justificável, pois a associação não estaria
presa a um círculo de criação “espontânea”. Dificilmente, o amor que o filho de
Deus lembra pode ser “pensado”. Ele não compõe imagem, e a Sua linguagem não é
passadiça, não definha com o tempo e não muda. Toda a linguagem do Reino é
clara e simples, e não precisa de pensamentos para acontecer. Se o pensamento
de Deus pudesse se exprimir em imagens, o próprio Céu precisaria ser construído
como se fosse o mundo, em suas formas, e dividido em opostos, para que pudesse
ser pensado ou imaginado.
A imaginação é
sobrevalorizada por conta de seu potencial criativo, associando o que explora
ao tesouro que chama de seu. Sua total inconsciência do verdadeiro Criador faz
com que a imaginação alcance apenas o que lhe é dado pela mente que a evoca:
imagens e histórias. Por mais que as atividades imaginativas sejam valiosas
para o mundo, e em certo momento sejam mesmo construídas com laivos da mente
certa, ainda assim a imaginação apenas abrange o que o mundo separado supõe
como real, e sua fonte construtiva são as imagens da separação.
O Espírito
Santo é a alternativa às criações equivocadas e aos apelos da imaginação com
seus ditames secretos e mal ajambrados. Cada vez que o Pensamento de Deus se
aproxima da mente voltada para os milagres, a imaginação passa a ser um efeito indesejável
como elemento precursor. Nenhum ditame alienado do “momento este” será
associado com uma imagem ou pensamento, e assim surge a verdadeira Imaginação,
que supõe uma atmosfera elementar de efeitos plenamente observáveis em si, mas
não formados necessariamente em imagens ou palavras. Esta Imaginação do Ser é o
que sentes quando estás imerso em si mesmo, e o que imaginas em tal estado é a
mais próxima associação com a sensação que podes alcançar para atestares para
ti mesmo que existe algo além das imagens e ideias.
No entanto,
não é uma sensação, nem parece com um peso, conforme gostarias de definir. É
uma total capacidade de interagir com o inefável através de um estado que ainda
não é iluminado. Assim, a imaginação verdadeira intui que algo além deste mundo
existe verdadeiramente, e deves agradecer todas as vezes que este tipo de
impulso ou “efeito” surge para te atestar isto. Não deves, no entanto, imaginar
como será a Revelação, pois a imaginação é incapaz disto e apenas te fornecerá
ideias que terão como infeliz resultado um composto de segmentação entre o que
é o sujeito da experiência e a ideia da experiência em si mesma. A Revelação
não pode ser imaginada, mas será facilmente reconhecida.
A imaginação pode criar mundos...imaginários |
Ainda há algo
a ser dito sobre a imaginação. Ela não é facilmente percebida como um elemento “falso”.
Não que ela seja falsa em si, nem mesmo pode ser confundida com a fantasia, que
é um mecanismo automático de relação entre o que não existe e uma suposição de
utilidade ou valor. A imaginação procura dissociar através da fantasia. Já foi
dito que a fantasia procurar alienar através da dissociação, na medida em que incrementa
o seu elemento projetado como um valor. A fantasia é uma total dependência do
sujeito que evoca imagens e um sonho de construir o que não é. A imaginação, no
entanto, visa promover a fantasia a um estado ideal, ou criativo, e assim não
precisa sequer do mundo para existir, pois basta que o sujeito se engalfinhe em
sonhos para satisfazer a si mesmo e assim alcançar prazer e satisfação voluntária.
Claro que tudo isso é insano, mas parece não o ser. A imaginação conduzida pelo
Espírito Santo pode produzir totais diferenciações entre a fantasia e a
realidade, deixando muito claro que a “realidade de imagens” que está sendo
apresentada não existe. Uma foto da praia não bronzeia. No entanto, e possível
imaginar-se bronzeando.
Assim, é possível
imaginar-se iluminado, ou em algum Caminho. Certamente, estás no Caminho, pois
todos se lembrarão de Deus no final. Isto é certo, pois já ocorreu.
Tenta lembrar o
que é dito no Livro Texto: “todo pensamento cria forma em algum nível”. Assim,
a imaginação é uma tentativa de criar, mas sua aposta em si mesma como fonte
faz com que sua criação esteja voltada apenas ao elemento formal. A criação de
associações entre o pensamento sujo e a lixeira nem sempre é uma relação
higiênica. Pode muito bem estar associada ao acúmulo. E assim o mundo se torna
fragmentado, e há tantas preocupações imaginárias associadas à salvação, como a
reciclagem e a ecologia, por exemplo. Estas são causas sem nenhum efeito, pois
embora pareçam lógicas, são circulares, pois estão distantes da Fonte da
verdadeira criação.
Imaginada casa |
Não há como se
reciclar o que não pode ser. A imaginação não pode mudar nada, mas pode muito
bem perturbar a mente do estudante, se ele assim permitir. A criação equivocada
produz a percepção de um mundo equivocado. O mundo real vem do perdão total,
sem suposições ou subterfúgios para ocorrer tal como é. Não se pode imaginar o
perdão.
Há uma
sensação de uma luta interior entre o que se quer fazer e o que é sua função no
mundo. Geralmente, isto é experimentado como um conjunto de malefícios, ou
coisas das quais o individuo gostaria de “se livrar”. Ele acredita que seu
melhor empenho como favorável ao Plano de Deus seria alcançar uma perfeita
correção de si mesmo, e assim passa a imaginar uma “mente certa” para si. O
certo aqui será aquilo que sua imaginação febril associou do que percebeu no
mundo com aquilo que gostaria de encaixar em sua expectativa imaginada. Pode-se
fazer planos para daqui a dez anos, e se uma doença de fixação ativer a esse
plano uma convicção, não poderás ser salvo do que queres. E o estudante sentirá
uma forte sensação de premência, quando não uma coerção, no sentido de que
precisa “conseguir”. A imaginação do despertar faz com que o estudante se creia
compelido a iluminar-se. Consequentemente, a imaginação sugere fantasias de
comportamento ou estados que favorecerão isto.
A maneira de
se livrar de tudo isso é lembrar que és como Deus te criou. Se és assim, o que
tens que imaginar? O que precisarias imaginar? Queres melhorar o que Deus criou
perfeito? Imaginações sobre ti mesmo só podem ser fantasias sobre ti mesmo. O
Teu Ser está disponível agora para te associares a Ele na verdadeira
associação, que é unitária. Tu e o Teu Ser são um só, não são imaginados, pois
não estão apartados para poderem compor sujeitos e objetos.
Agradece a
Deus pelo Seu plano perfeito para tua salvação, ao qual não precisas aderir
nada. Não precisas agir nem mesmo alcançar nenhum estado. Não interessa para
Deus os teus pecados, pois apenas a imaginação supõe que pecou. Lembra de Deus
como um Pai totalmente amoroso, justo e favorável ao bem estar total do Seu
Filho. Então lembra de ti mesmo como favorecido por não precisares imaginar o
que tens que ser para Ser.
A Ti, meu Pai,
pedimos que nos faça lembrar de Teu Amor misericordioso, Que não permitiu que
teu filho imaginasse a si mesmo diferente. Pedimos a revelação do que é o mesmo
e do que é diferente. Amamos-te como teus Filhos santos, e saudosos de Teu
abraço, agradecemos por descansarmos em Ti. Amém.
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"Essa música não existe"
André Abujamra
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