Pelo
bem se vai além, diz-se. Mas, esse tal bem, quem o conhece? Qual categoria de
bem é irrevogável? Tu julgas o bem como uma categoria vigente nas proposições
nas quais o mundo diz “isto é bom”, mas dá uma olhada para esse mundo sem
emoção. Será mesmo que aquilo que o mundo diz que é bom é confiável?
Perguntas,
então, se as pessoas que construíram a “melhoria” do mundo são realmente
pessoas boas. Será, por exemplo, que os ‘Médicos sem Fronteiras’ são pessoas
que estão a perder tempo? Seria Irmã Dulce uma pessoa que perdeu seu tempo?
Então, se não acreditas mesmo nisto, qual será a parte da tua mente que se
ilude com o “bem de mundo” como uma falácia em “bem estar” orbitando no umbigo?
Queres mesmo saber se há bem no mundo? As pessoas que querem fazer o bem são as
melhores pessoas que aparecem para outras.
Mas
não entendem de ser melhores para outras obedecendo a leis exteriores. Elas não
estão divulgando a si mesmas em suas ordenanças gentis. Elas nem sabem que são
boas. As pessoas realmente boas geralmente nem se entendem assim. Há muito
personalismo no bem que se vê bom.
Aliás,
é bom que saibas que o bem, no sentido de um volver em direção à mente certa,
dá um trabalho danado! Quase nunca traz o envelope de glória e satisfação que o
tolo sonha obter. Vide a vida de Jesus. Mas Jesus era um trabalhador de
milagres, o maior que existiu, e decerto que era muito feliz. Somente um homem
feliz poderia fazer o que ele cumpriu.
O
que se diz no UCEM é que a parte Dele já foi cumprida e por isso se diz que
Jesus Cristo trouxe a salvação do mundo. Não precisamos mais de sacrifícios e
mesmo Ele não viu Sua função cumprida como tal. Mas precisamos de espelhos
claros do que Ele deixou, em mensagem de salvação, qual seja: "amar ao
próximo como a ti mesmo". Entretanto, se tu acreditas que o próximo tem
que te amar primeiro, há uma perspectiva invertida em teu pensamento.
Agora
o trocadilho acerca do que foi dito poderia vir à tua mente desta forma: ‘ora,
se no UCEM é dito que servir ao Espírito Santo, ou seja, cumprir nossa função,
não dá trabalho nenhum, por que então se diz aqui que a felicidade verdadeira e
o verdadeiro bem são trabalhosos?’ Na verdade, eles não são trabalhosos em
perspectiva verdadeira, do ponto de vista do conhecimento, que não vê diferença
em níveis e não classifica. Mas há um empenho verdadeiramente visto como
trabalhoso em se fazer, em um mundo de cabeça para baixo, algo de cabeça para
cima. Pelo menos, por um tempo, pode ser assim. Mas não é verdade que existem pessoas que cumprem trabalhos exaustivos, mas não percebem tais ações como sendo sacrifícios, posto fazerem aquilo que gostam? Até que possas ouvir uma Única
Voz, o teu trabalho em voltar-se para Deus é uma acepção de tua aceitação do
mesmo, ou seja, do outro, que ainda vês como diferente. Isso pode ser difícil
no começo, como diz a canção. Mas trará novamente a alegria de trabalhares duro, com significado.
Se
quiseres ser amado, doe amor. Essa é a prerrogativa básica do UCEM. Nunca se
sabe quem vai receber amor no estado de amado. Alguém pode estar muito doente.
Estes precisam dos trabalhadores de milagres em devoção total. Quem pode se
crer bom vendo a miséria em imagens? Ele está se curando, se ajudar. Ele
divulga o aprendizado generoso em compreender que amar ao próximo não é ater-se
ao que precisa. Nisso, o amor ao próximo configura o perdão. Louvados sejam os
irmãos que sabem que a salvação nesse mundo urge!
Não
há duas pessoas aqui. Portanto, podes receber amor se deres amor, pois dás ao
mesmo, se não há dois. Na verdade, não é aquilo que dás que configura o teu
amor. Podes certamente dar um milhão em moedas de ouro para uma pessoa em condições tais
que venhas até mesmo a humilhar tal pessoa. Podes, por outro lado, em um bom dia
sincero efetivar uma cura aparentemente impossível. Não é isso que o mundo
prega, pois parece que o valor verdadeiro está nas coisas. Os símbolos do ego
podem vir até mesmo na forma de um santo generoso!
[Raul
Seixas dizia: “o meu egoísmo é tão egoísta, que o auge do meu egoísmo é querer
ajudar”]
E
foi grande a sacada dele. Uma percepção correta em disponibilidade, pois não é
a ajuda que configura o amor, mas o contrário. Em um mundo de cabeça para
baixo, parece que amar é pagar com amor o amor que se paga. Mas o amor não se
troca por si, pois se reconhece no mesmo e apenas se dá. Ele não cobra nem
paga. Decerto, para uma pessoa muito orbitada em seu umbigo, às vezes é preciso
começar com o aprendizado da ajuda meramente ensinando uma forma de ajudar,
como um princípio em reeducar. Isso é o que deveria ser praticado com nossos
irmãos nos presídios, por exemplo. Pelo castigo não se reeduca, mas pode-se
realmente enfatizar a correção com um exemplo forte. Isto, diante de nosso
aprendizado, estará a cargo de quem sabe disponibilizar.
Finalmente,
se teus motivos implicam em desconfiança, lembra donde as boas intenções
residem, quando tortas. Para saber se tua intenção é boa, ama ao próximo na tua
disponibilidade em intenção. Não é aquilo que fazes que vá dar significado ao
amor, mas o amor é simbolizado no que fazes, se fazes com amor. Por isso, não
há tamanho nem valor que possa substituir algo dado por uma criança, por
exemplo. Muitas das vezes é uma coisa bastante simples, como um desenho, uma
flor de mato, um abraço, mas aquilo vem agregado a uma total disponibilidade, e
é isso que cura. Às vezes, o amor pode vir em forma de estetoscópio ou numa
moto usada. Apenas a culpa indica medo e falta de propósito verdadeiramente
generoso. Eis uma regra boa: se fores a doar, despeça-te.
A
caridade — que sabemos ainda ver diferenças em níveis — é, no entanto, um
princípio valioso na reeducação. Tu sabes que podes. Vá à prática e não te
faltarão ajudantes. Perceberás facilmente o que significa dizer que “Eles
Vieram. Eles vieram, afinal.”
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