quarta-feira, 16 de maio de 2018

Em estado de Graça




Após um evento no qual mergulhaste na luz e durante alguns dias estiveste em estado de graça e depois pensou que se foi — como assim se foi? Se a graça é eterna, como pode ter-se ido? A não ser que a escolha em deixar ir não fosse tua. Mas sabemos que estavas querendo demais voltar, para assim aderir novamente teus vícios.

Tição queima; quando vê, corrobora o mundo. E o mundo volta de com força, para pegar de volta o que era teu: um sistema de pensamento distorcido, em busca de fazer valer o irreal, custe o que custar.
Como proceder diante da aparente invencibilidade do irreal? É certo que alguma coisa se diz quando se pede para voltar, quando se sabe que há um lugar muito melhor. Se nada irreal existe, e nada real pode ser ameaçado, qual é o princípio da entrega, senão abrir mão das ilusões?

Ah! Mas eis que então surge o verdadeiro motivo: o vício em mundo. O mundo é vício. E não dizemos aqui o mundano em adjetivo de perfídias que atraem; dizemos o mundo mesmo, com suas imagens e mágicas, truques de convencer. De repente, tudo é muito verdadeiro, e a atenção volta-se para fora com o sentido de agarrar o princípio do mundo, que é sobreviver. A sobrevivência, diante de estratégias em pensamento.

Assim, o mundo se torna o projeto em pensá-lo. Adiar a guarda de um estado interior parece ser justo, diante da impossibilidade em se querer demais de tanta coisa que está aí, disponível. Melhor então divagar pelos pensamentos, tarântulas de discernimento, teias gigantes nas quais o pensamento tece enquanto pesa, mede, quantifica, e prende, ao que dita as regras entre dois e dois.

Dois é o nascimento do oposto. Entre o um e o dois, nada existe. O três atrai a atenção ao tempo, quando dirá
1. Começo
2. Meio e
3. Fim
certamente, o quatro divulga o retorno de algo, uma quadrimensão voltada para as ferramentas de ensino que não estão divulgadas nem em opostos, nem em narrativas do tempo. Quatro é o recurso que te revela o retorno. Olhas para ali (1), no tempo (2) pensas uma coisa e outra (3) e apenas se abrires mão destes três passos tristes, verás o (4).

Lembra que está dentro de ti. Que não existe para fora de ti. Que a projeção faz a percepção. Lembrar o que te faz feliz, independente de fatos, é (4).

No final das contas, o pensamento quer dominar a vida, ao dizer o que cada coisa é. Kant já previu que a coisa em si não é possível. Tudo é uma projeção. Então dizer que o mundo é um mundo de ideias é o mesmo que trazer para nossa vivência um conceito sobre as próprias ideias, mas adicionando o fundamento da noção de ideia como base para tudo que conhecemos.

O dia-a-dia favorece diversas ideias diferentes, traduzindo assim o mundo exterior como uma recorrência, isto é, algo que precisa ser analisado para ser entendido. Mas tu criastes o mundo como vês, não precisas de nenhuma ideia para entendê-lo, e sim de uma ideia totalmente nova que o refaça (4).

Estar em si mesmo significa entender que o processo de desfazer é uma entrega voluntária ao Espírito Santo, mediante uma total disponibilidade em deixar que Ele atue. Não existe nenhum tipo de conhecimento que possa ser adquirido e desenvolvido senão por intermédio Dele, que sabe ao que cabe tua experiência. Uma vontade mal dirigida pode ser humilhante, mas nenhum tipo de determinação em contrário à Dele prevalecerá.

Reza. “Enquanto houver percepção há lugar para oração”. Rezar com petição em salvar-se, apenas, sem pedir por coisas específicas, pois tudo te será dado se isto for realizado. Esta é a única realização necessária.

Pai, pedimos a lembrança do Reino e da alegria em compartilhar o Reino conscientemente. Queremos fazer de Tua paz a realidade de vida. Pedimos que lembre de nossa vontade que é a Tua, para que possamos lembrar da alegria em estar permanentemente em Tua Companhia feliz, amém.

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