Após um evento no qual
mergulhaste na luz e durante alguns dias estiveste em estado de graça e depois
pensou que se foi — como assim se foi? Se a graça é eterna, como pode ter-se ido?
A não ser que a escolha em deixar ir não fosse tua. Mas sabemos que estavas
querendo demais voltar, para assim aderir novamente teus vícios.
Tição queima; quando vê,
corrobora o mundo. E o mundo volta de com força, para pegar de volta o que era
teu: um sistema de pensamento distorcido, em busca de fazer valer o irreal,
custe o que custar.
Como proceder diante da aparente invencibilidade
do irreal? É certo que alguma coisa se diz quando se pede para voltar, quando
se sabe que há um lugar muito melhor. Se nada irreal existe, e nada real pode
ser ameaçado, qual é o princípio da entrega, senão abrir mão das ilusões?
Ah! Mas eis que então surge o
verdadeiro motivo: o vício em mundo. O mundo é vício. E não dizemos aqui o mundano
em adjetivo de perfídias que atraem; dizemos o mundo mesmo, com suas imagens e
mágicas, truques de convencer. De repente, tudo é muito verdadeiro, e a atenção
volta-se para fora com o sentido de agarrar o princípio do mundo, que é sobreviver.
A sobrevivência, diante de estratégias em pensamento.
Assim, o mundo se torna o projeto
em pensá-lo. Adiar a guarda de um estado interior parece ser justo, diante da
impossibilidade em se querer demais de tanta coisa que está aí, disponível.
Melhor então divagar pelos pensamentos, tarântulas de discernimento, teias
gigantes nas quais o pensamento tece enquanto pesa, mede, quantifica, e prende,
ao que dita as regras entre dois e dois.
Dois é o nascimento do oposto. Entre
o um e o dois, nada existe. O três atrai a atenção ao tempo, quando dirá
1. Começo
2. Meio e
3. Fim
certamente, o quatro divulga o
retorno de algo, uma quadrimensão voltada para as ferramentas de ensino que não
estão divulgadas nem em opostos, nem em narrativas do tempo. Quatro é o recurso
que te revela o retorno. Olhas para ali (1), no tempo (2) pensas uma coisa e
outra (3) e apenas se abrires mão destes três passos tristes, verás o (4).
Lembra que está dentro de ti. Que
não existe para fora de ti. Que a projeção faz a percepção. Lembrar o que te
faz feliz, independente de fatos, é (4).
No final das contas, o pensamento
quer dominar a vida, ao dizer o que cada coisa é. Kant já previu que a coisa em
si não é possível. Tudo é uma projeção. Então dizer que o mundo é um mundo de
ideias é o mesmo que trazer para nossa vivência um conceito sobre as próprias
ideias, mas adicionando o fundamento da noção de ideia como base para tudo que conhecemos.
O dia-a-dia favorece diversas ideias
diferentes, traduzindo assim o mundo exterior como uma recorrência, isto é,
algo que precisa ser analisado para ser entendido. Mas tu criastes o mundo como
vês, não precisas de nenhuma ideia para entendê-lo, e sim de uma ideia
totalmente nova que o refaça (4).
Estar em si mesmo significa
entender que o processo de desfazer é uma entrega voluntária ao Espírito Santo,
mediante uma total disponibilidade em deixar que Ele atue. Não existe nenhum
tipo de conhecimento que possa ser adquirido e desenvolvido senão por intermédio
Dele, que sabe ao que cabe tua experiência. Uma vontade mal dirigida pode ser
humilhante, mas nenhum tipo de determinação em contrário à Dele prevalecerá.
Reza. “Enquanto houver percepção há
lugar para oração”. Rezar com petição em salvar-se, apenas, sem pedir por
coisas específicas, pois tudo te será dado se isto for realizado. Esta é a
única realização necessária.
Pai, pedimos a lembrança do Reino
e da alegria em compartilhar o Reino conscientemente. Queremos fazer de Tua paz
a realidade de vida. Pedimos que lembre de nossa vontade que é a Tua, para que
possamos lembrar da alegria em estar permanentemente em Tua Companhia feliz,
amém.
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