Obrigado a ti. |
Queres ver Deus? Queres saber de Deus? Agora a memória não tem mais função apenas de resquícios. A memória é o exercício total da evocação profunda de um enleio em que te enfiastes. Não queira supor minhas palavras. Aconteça o que acontecer, Deus está do teu lado. Olha o que é o medo. Vê o que é a forma dele. Quando ele ocorre, tua principal defesa é a máscara e a inocência travestida. Acontece que nada disso traduz uma verdade em si, e é apenas metade de nada. A outra metade fica escondida nos assombros. Olho arregalado que quer apreender o máximo pela visão tão pobre de humano. Mas aquele que tem sua mesma vocação não precisa se acordar pelo erro. Quem sabe o que é a vida esteia-se seguro pelo príncipio mais correto, que é o da memória viva. A memória viva estabelece um diálogo com o tempo segundo sua existência sagrada, que evoca nunca nenhuma história, ou uma cor, uma repreensão, um momento vivido em si. A memória viva busca o instante profundo, santo, esquecido nas memórias não vivas que são as lembranças em tentações de forçar o novo pelo rearranjar do velho, sendo os dois o mesmo que nada. Precisamos nos impor pelo suave, pelo calmo. Aquieta-te. Observa o mundo como uma despedida. Não tenha medo destes símbolos. Não seja leviano com teu corpo, ao achares que ele te salva pela morte. Ele nada pode, mas não se pede — nunca se pediu — negligências. Apenas espera em paz, nada precisas fazer ou pensar. Sequer decidir. Ama o teu semelhante, e ocorre que de repente te vês nele. Isso é quase tudo. Em segundo plano, numa condição que não entendes ainda, o Espírito Santo de Deus pratica seu trabalho santo, e Ele jamais falhará em fazê-lo, pois é a Sua função e a tua vontade. Espera pelo dia seguinte com o pé firme no agora, e depois esquece que esperas pelo dia seguinte, e então surge o Novo Dia, que é o dia seguinte e todos os outros dias Nele Mesmo. Acalma teu coração tão aflito com imagens, solicitações, devaneios, suposições, invocações desnecessárias e panoramas simbólicos de teus sustos. Nada disso é real, nada foi. O que se supõe é erro! Talvez haja uma condição na qual o Espírito Santo evoque mensagens nas quais o que te é pedido se apresenta como uma voz, um som, uma sincronicidade, mas no mais das vezes o mundo é a bagunça que uma ilusão contém, suas formas apenas introduzem uma caneleira que protege a barriga, ou uma luva que se põe na barriga. Tudo fora do lugar. Ademais, uma boa chance de não desperdiçar o exercício de hoje é você se perguntar se já esteve calmo, completamente displicente, alheio a tudo que se vê. Não querendo apreender o “terceiro lado das coisas”, ou precisando de aplausos meros, tudo de fantasia tola. Digo se não queres te esconder de ti meramente estabelecendo meios pelos quais um dia, outro dia, se vê teus recursos apagados pelo mesmo que dirias ser engano, se fosse em outra vida o ocorrido. Pelejas pelo nada. Olha que engraçado e curioso: um dia pedes para que seja te dada a Visão, em outro, tu pedes apenas calma; entre esses dois pedidos, o que mais se deixou de pedir? Então terás que pedir todos os dias coisas diferentes?
[pergunta: Mas os exercícios não são espécies de pedidos nos quais um se repete e exercita?]
Sim. São exercícios de fragmentos de um todo, mas não uma totalidade fragmentada que é inconsistente. O que te é pedido hoje, por exemplo, é que não faças nada. Isso é o teu dever. Retira-se e deixa que o Espírito Santo faça o restante. Olha que não há perigo em se andar com Deus. O maior medo que existe é apenas ilusão. Quando se percebe que haverá dano, aguarda-se a revelação, mas a revelação, sim, já veio; e o que estás esperando se desdobra no espaço em termos de tempo, e é essa ilusão que há, de uma forma depois de outra seguindo amarras de séculos e vidas. Apenas permite-te este instante santo agora. Não tenhas jamais medo, e experimenta a total calma, a total paz. Assim.
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