sábado, 16 de julho de 2011

Sobre a amizade

Obrigado a Ti!
               
                Neste blog há uma seção que dediquei aos meus amigos. São pequenos escritos nos quais tentei reproduzir a forma na qual os vejo atuar no mundo. Escrevendo bem aos meus amigos, assim estendo o amor, e por isso estou aqui dizendo que deveria escrever um depoimento sobre todos, o que é difícil fazer, muito embora, tendo escrito sinceramente sobre um, já escrevi também sobre todos. No entanto, até agora, escrevi apenas depoimentos intuitivos sobre nove amigos aparentemente separados.
                Saudades de todos. A amizade é uma possibilidade de estender o amor tão poderosa que  poderia ser tranquilamente chamada de “lugar do espírito”. No entanto, em nossa língua, a etimologia da palavra amizade está ligada à noção de ‘id’, isto é, “aquele”. O amigo é aquele, isto é, ele está propiciando a ti uma noção de alteridade. No entanto, como o amigo é sempre generoso, pois o amigo perdoa facilmente, como uma criança, a amizade é aquele outro a quem permitimos amar. Um dia, todos serão amigos, e isto já é assim no Reino, embora Lá a palavra “amigo” não exista, pois, no Reino, a linguagem é desnecessária. Apenas a título de exemplo, diremos que Lá todos são amigos por serem Um.
                Isto se dá ainda aqui, no mundo da percepção, pela extensão tão bonita que se chama amizade. Nossos amigos são todos os nossos irmãos, que são um conosco, mas, enquanto o despertar não chega, é preciso ter cuidado com a noção de especialismo.
                O fato de não veres todos os teus irmãos como teus amigos é sinal de que não despertastes inteiramente para o conhecimento. Todas as pessoas são amigos, e por isso se diz que o pronome latino “id” — aquele — é uma noção que indica qualquer um. Podes achar que é difícil ser amigo de todos, que só um santo seria capaz disto. Mas, peço-te para relembrar que és santo assim como Deus te criou. Lembras do exercício 29? Onde se lê isto: Deus está em tudo o que eu vejo. Ora, Deus está também em “aqueles”, ou seja, em todos, pois todos somos um, e nenhum irmão estará disposto em não receber tua amizade, quando o vires como vês a Deus em tudo.
                A amizade significa disposição para união. Decerto não te comportas de maneira exatamente igual para com todos, mas não os idealiza em importância, acreditando que não é teu amigo, por exemplo, o cara que trabalha na rede de energia e está agora, anonimamente, fornecendo seu empenho em manter operando a fonte que liga teu monitor. Acreditas mesmo que este é um exemplo extremo? Pois a amizade mede-se pelos seus efeitos mais das vezes anônimos, e estes não são de natureza unicamente pessoal. A nossa cultura lê a amizade unicamente sob este parâmetro, mas a amizade assim entendida significa que te dispusestes a ser mais amigo de apenas algumas pessoas. Ora, tens na verdade mais intimidade com algumas pessoas, e estas são afinidades eletivas, vontades que se dispõem ao mesmo, perdão imanente distribuído e visível; e isto, por enquanto, apenas vês em amigos alguns. Mas isto não os torna especiais, no sentido que o Curso em Milagres trata a palavra. Ou seja, nenhum amigo é melhor, maior, ou meramente diferente de qualquer outro irmão teu.
                Assim, se estende o amor gentil a todos, que virão a ser teus amigos, quando perderes o medo deles. Pedimos ao Espírito Santo que nos propicie o esteio na amizade madura, na boa acepção do conviver, e na sabedoria do uso da amizade universal de Deus, amém.

Um comentário:

  1. "O pássaro, um ninho. A aranha, uma teia. O homem: amizade". Blake

    Abraços do seu amigo Vítor.

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