sábado, 11 de fevereiro de 2012

Não tens que fazer nada

Foto tirada por anônimo na cidade de São Paulo.

Para onde quer que eu vá,
como for que eu esteja,
mesmo se for no engano,
Jesus me acompanhará...
e acertarei os meus passos!



                Seriamente, agora abrangeremos os “grandes segredos” que acreditas serem tão ocultos e impenetráveis. Os “mistérios” da compreensão do agir pelo não agir.
Perguntas, então, o que significa não tomar nenhuma decisão por tua própria conta. Como se fazer isso. A finalidade do Livro de Exercícios é que descubras isto por ti mesmo. Não há como dizer ao modo das palavras como se faz isso. Na verdade, a palavra que aponta para este estado com maior eficácia é a palavra “disponibilidade”. É preciso que estejas disponível para receber ajuda. Como “ativar” essa disponibilidade? Simples. Lembra-te que ainda és como Deus te criou, e que nada neste mundo tem valor para além do símbolo que representa. Assim, podes saber que o oculto por trás das coisas (das cores, dos números, dos sons) são tentativas de encontrar naquilo que nada significa uma componente de realidade que não pode ser alcançada jamais. Por conta disto, a natureza dualística do símbolo te enreda no jogo do consciente-inconsciente, e quando acredistas que sabes algo sobre qualquer coisa, logo à frente o panorama muda, e és novamente um incrédulo, quando não um assustado demais.
                A forma de agir pelo não agir não pode ser demonstrada, pois ela pode variar em número infinito. No entanto, como o próprio livro texto aponta, há uma sensação de paz, de estares certo do que fazes, de saberes de modo inequívoco que estás na direção que deverias estar, finalmente, sabes que estás caminhando com o Espírito Santo quando sabes disto e percebes a tudo pacificamente. Tens certeza de que vais no teu caminho, mas nem sempre sabes exatamente onde isto vai dar. Não terás em ti as certezas que o planejamento evoca, pois o planejamento implica julgamento. Mas não estarás mais cansado, pois planejar cansa. É preciso que aquele que planejou algo faça com que os detalhes encaixem em sua ideia das coisas ao ponto de fazer com que tudo esteja no lugar que planejou, e isso pode tomar formas terríveis, pois o controle somente pode ser terrível. Por que dizemos que o controle somente pode ser terrível? Primeiramente por conta do elevado grau de tensão que ele provoca. Jamais alguém se viu tão enfadonho em termos de ser como quando quis determinar o que deveria fazer em todos os exatos passos que caminharia. A sensação de impotência que acompanha o controlador é demasiado grande, pois aquele que invoca com fé um oposto, se angaria inevitavelmente de outro, pois a única coisa que não tem oposto é Deus. Deus É. Mas o planejamento é o oposto do caos, e se queres organizar o caos, estarás sempre tenso, pois precisas de todo o cuidado do mundo para evitar o erro.
                No entanto, te sentirás sempre errado. Como se nunca tivesses capacidade de acertar em nada, e como se fosses apenas um joguete na mão de forças muito maiores que tu. Todas estas coisas já te foram ditas no livro texto, mas gostaríamos que prestasses atenção nisto: não tens que fazer absolutamente nada! por isso se fala em humildade. O significado da palavra humildade está em sua acepção de ser isento, e não “estar abaixo”, ou ser “menos”. O humilde não precisa de nenhuma correlação entre o que faz e o que pensa, pois ele age apenas por agir. Ele não precisa de um modelo mental de sua ação. Não faz uso em suas palavras de concessões dignatárias, nem procede seus termos verbais de cálculos mentais antecipados. Ele é o que ele é. O humilde verdadeira não esconde o seu pensar, ele não pensa de modo algum. Decerto que por vezes é necessário usar o raciocínio, mas o raciocínio apenas serve ao humilde, não foi usado como punição, não cumpre a função de dogmatizar uma vida. Se o raciocínio alcança os termos que são seus apoios legítimos, isto é, a confiança e a Expiação, porque seria necessária gastar o pensar em seus modos trabalhos de “gerir”, se pudemos apenas usufruir dele? Pensa nisso: o humilde não precisa sequer ser educado, pois sua educação vem de saber Quem Ele É. Assim, jamais haverá erros, e a educação será natural, pois o raciocínio certo é sempre acompanhado da gentileza, e não da polidez. A tentativa de ser educado, de agradar com sorrisos, e tão humilhante para o Filho de Deus, que o UCEM trata disso sempre com um tom acima no livro texto, ou como neste trecho da Canção da Oração: “acaso não é demonstração de caridade aceitar o rancor do outro e não responder senão com o silêncio e um doce sorriso? Repara como és bom, como suportas com paciência e santidade a ira e a dor que outro te inflige sem mostrares a amargura que sentes!” (Canção da Oração, Cap 2, subtítulo 2, § 4).
                No mesmo parágrafo encontramos isto: “Este é, também, o objetivo daqueles que querem ser mártires às mãos de outros”. Isto, então, é humildade? Mostrar-se “menor”? Deixar a outro a responsabilidade de ser salvo e bom, às custas de tua dor? Isto é humildade ou insanidade? E não é verdade que um oposto atrai a outro? Se ages humilde assim, que será de ti quando pensares grande? Certamente, virá o especialismo à tua mente. E entre água e água, nada de profundo.
                Não tomar decisões implica em não estabelecer equivalências. Mas para que não tomes decisões é preciso que queiras apenas isto: ser feliz. Se quiseres ser feliz, então aguardes pelo que há de vir mergulhado totalmente no agora imediato, no instante este. Esqueça qualquer valor, ideia, noção, atributo e se entregue completamente ao que está acontecendo agora. Peça ao Espírito Santo que Ele mesmo te oriente, e deixe que Ele proveja o necessário para que teu dia seja assim.
                Ter um dia feliz é um presente, porém, assim como qualquer presente, não pode ser dado de ti para ti.          
                Agora pedimos, ó Pai, a tua intervenção por teu Filho Santo. Faça-lhe ver que ele é como Tu mesmo És. Pedimos que o deixe partilhar de Sua Própria Vontade, obliterada em um sonho infantil. Que seja amigo de todos os seus irmãos, para ajudá-los a descobrir Quem São e como voltarem à Casa, meu Pai. Assim pedimos a Ti que venhas hoje, que reconheças que Teu Filho apenas errou, e que ele é livre tal como O criastes e amas. Amém.


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