sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Sobre o exercício 14 "meus pensamentos são imagens que fiz"



Por que é dito que “meus pensamentos são imagens que fiz?”.

Os pensamentos são imagens imateriais. Todo pensamento é imagem ou gera imagem. Mesmo o pensamento abstrato é imagem, em termos acertados do que garante perceptivelmente. Assim: se o pensamento sobre democracia não gera imagem direta, pois o conceito de democracia é em si abstrato, por outro lado, o conceito em si perdura na mente em forma de estrutura passível de “imaginar”, no que se refere a: o povo, os eleitos, a partilha, a divisão, a justiça, a fome, a saciedade, a igualitariedade, o mesmo. Neste último exemplo, a elisão e a verdadeira democracia. Portanto, em abstrato, tal termo [democracia] alcança vigência em pressuposto imagético de outras abstrações ou termos que o significam. De certa forma, tudo são imagens em extensão. Ao pensar em democracia um roteiro simples e possível é pensar em igualdade — justiça — harmonia — felicidade — uma flor.

               No entanto, nem todos são poetas e não digo que as coisas no mundo se resolvam assim. Como seria então o mundo uma significação explícita de teus pensamentos se não fossem estes mesmo os diretores do teu mundo? Especulação metafísica não vai gerar muito entendimento. Portanto, vejamos os pressupostos do espírito como uma ferramenta de significação do mundo, sem medo de compreender somente por que é “diferente”. Aquilo que vem “de igual” para ti, na bagunça que virge em tua vida, nunca foi democrático.

               Vamos à prática: esse relógio que está a tua frente, ele é um pensamento?
               r- Não parece ser.

               Pois bem, o que ele é, então?
               r- Ele é um objeto útil. Eu posso pegar nele, mas não posso pegar em um pensamento. Um pensamento também não me dá as horas.

               Certo. Ele é um símbolo, então?
               r- Pode ser. Mas não me parece ser um “pensamento”.

               Mas existe o pensamento sobre horas, sobre o tempo,  e eis um relógio a tua frente. O que podes dizer sobre isso, levando em consideração o Curso?
               r- Ele é o símbolo de meu pensamento sobre tempo?

               Ou sobre correias, ou ataduras, ou ainda sobre estéticas e atavios, ou ser for um relógio caro, sobre status e por aí podemos dizer então que ele simboliza muitas coisas além da simples marcação das horas, não é mesmo?
               r- Sim. Certamente. Então não posso dizer quase nada sobre ele?

               Na verdade, não. No entanto, em todas essas figuras a que chamas objetos destes nomes e considerasses como sendo verdadeiro e que o nome que deste era certo. Adão nomeou todos os animais por desígnio de Deus, pois o poder criativo de Adão, em unidade, era o mesmo poder Dele. Depois da separação, o homem passou a projetar nomes. A abstração, que era o estado da unidade, são os pensamentos abstratos. Eles representam em ato a abstração no mundo, como a ocorrência de um Estado Democrático, o Amor Romântico, o Livre Arbítrio etc. Mesmo assim, essas coisas se conjugam como imagens muito facilmente, pois o estado democrático, por exemplo, precisa de “representantes”.

               As imagens que vês não devem ser temidas nem veneradas. Pessoas são imagens e símbolos de seus egos ou da mente certa. O que vês depende deles? É claro que eles podem representar o equívoco de suas mentes, mas a prontidão é de Cristo, portanto, não julgues e tudo o que surgirá serão imagens certas. Isso pode mesmo te levar ao medo, como diz o Curso, mas não será assim por muito tempo. Quanto aos objetos (como, por exemplo, um gato ronronando, uma flor dançando ao vento, um carro colidindo com outro etc) isto é, a dinâmica dos objetos, não há culpa no que vês. Se o que vês é terrível isto não significa que constelastes o terror, mas que estás a ver terror com muita dúvida. Vemos que isso é assim pois, em momento terrível, queres mesmo é te livrar do terror. A não ser quando acontece com “os outros”. Neste caso, pode ser que um pare o carro no trânsito para ver cadáveres. Isto significa que viram sua própria morte? Sabes que não é assim. Portanto, não existe associação direta entre os símbolos e seus significados, mas podes ter certeza de que os pensamentos são imagens que fiz. E o mundo é pensamento.

               Se quiseres harmonizar as imagens de “teu mundo” basta não interpretar nada e, ausente de todas as defesas, siga a vida. O que te aparecer à frente é responsabilidade tua, pois são teus pensamentos de volta, mas isso não significa que a sua aparição imediata é uma “leitura” de tua mente. O mundo não é oráculo. Se fores a bater em termos de “bom” ou “mal” decerto julgaràs errado em muitas ocasiões, pois a correção do pensamento pode apresentar necessidades de correção do mundo não apenas em comportamento, mas em atos graves nos quais as constelações, isto é, as várias combinações de símbolos possíveis podem aparecer hora como grave ocorrência, hora como evento aprazível, mas nunca há um “fim” nas imagens, uma imagem decisiva, que aponte certa crise como “finada”. O que acontece é que, de repente, o nó se desata, e eis tudo. O navegador busca o porto, apenas isso. A ocorrência das marés ele pode prever, mas não pode controlar os fenômenos que partem de contextos dos quais ele mesmo não está consciente. Neste caso, o melhor a fazer é prosseguir navegando nos termos mais práticos possíveis, pois se, por capricho, um comandante quiser encerrar a navegação para tentar "entender" o simbolismo da tempestade, pode acabar encontrando uma referência em naufrágio, pois todo pensamento gera imagens em algum nível, e toda dúvida é emergência. Melhor será, sempre, trabalhar firme, com fé em Deus; relembrando aqui que Deus é a força na qual confio. Não se pode ler o mundo como símbolo sem medo, a não ser com a ajuda do Espírito Santo, que interpreta sempre corretamente.


               Portanto, medo é falta de responsabilidade. O covarde é, de certo modo, um irresponsável, pois está a não assumir diante de si seus pensamentos. Esteja aberto a tudo que vês. Aberto não significa estar atento ao que vês como se tudo fosse favorável. Aberto é assumir responsabilidade sobre o mundo como ele é, com suas tristezas e alegrias, como se tudo de certa forma favorecesse. Não há meios de categorizar o tempo em suas ocorrências em conceitos e objetos e dizer com garantias: isso é bom, aquilo é ruim; pois o tempo transita virando ao avesso essas categorias de modo muito frequente, postos estarmos sempre a mudar nossos pensamentos inquietos. Amar “o que é” é amar "como é", até que mudes definitivamente tua maneira de pensar. O medo dos pensamentos livres produz um mundo acorrentado. Ausência de defesas é a chave para o relacionamento acertado com o mundo.


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