A culpa não advoga por ninguém.
Ela somente visa manter preso aquele que aparenta estar em dívida com ilusões. É
certo que esse mundo pode te colocar em uma aparência de vida bastante
desastrosa e isso pode mesmo vir a ser limitador aqui; mas mesmo que as coisas
se deem desta forma, a culpa ainda será um adicional desnecessário.
Mas podes argumentar que não
parece ser assim. A culpa, neste mundo, se assemelha a uma espécie de “autojustiça”,
a qual um se propõe para dizer que errou e não deveria ter sido assim, nem feito
assim, que a memória de tudo pode ser esquecida, mas os atos estarão sempre aí;
que de qualquer forma que seja, a reputação de um homem etc. Tudo martírio ao Filho
de Deus, pois a culpa não quer saldar a dívida, ela quer eternizar o erro. Um
homem pode cometer um crime, pagar seus anos e jamais ter sua mente em paz
novamente, caso esteja atrelado à culpa como um miserável pecador, que se viu
no erro eterno, na danação sem escapatória, na memória ressaltada do equívoco,
e novamente dizemos: etc, pois é tudo a mesma tolice.
Vai lá e paga tua conta, e eis
tudo! De que te vale tua reputação em um sonho? Se puderes fazer algo para
mexer teu espectro-corpo com honra, faz isso: não te mete com o que não faz sentido,
ou seja, anda onde o “se você deixar o coração bater sem medo” haja. É só
perceber o que está à tua frente sem medo. Essa imagem-agora que acontece é a
única coisa que existe. Tua “honra” em relação ao brilho limpo e imaginário transitando
entre estas coisas não passa de uma abstração idiota. Lembra sempre que deserto
é lugar para se fugir de lá.
Agora pode ser que alguém esteja a
lhe dizer que você não tem valor — você vai fazer o quê? Acreditar? Se for
assim, talvez seja importante se perguntar para que realmente você está
estudando este Curso. Será que não é suficiente dizer que você é amado por Deus
e que até mesmo Ele é incompleto sem ti? E se alguém disser de você um ai de mal
querer que seja, você vai perdoar porque ele é um amor de pessoa? Um amor de pessoa
que merece o teu bem-querer, mesmo que tu estejas no fundo do poço e tudo o que
ele tenha para oferecer seja uma pá? Tu não perdoas porque és "bonzinho", tampouco o perdão seja o clarear de tua indignidade, se acreditando
o pior de todos. O perdão é só isso: teu irmão, em um corpo, te julgando e te
fazendo qualquer “mal” que seja, não existe. Isso se chama: perdoar ilusões.
(Mas perdoar não é abraçar o assassino e dizer a ele que venha em tua casa jantar o belo e bom que sendo para sempre seja. Perdoar é saber que o assassino, o convite e o jantar são meramente ilusões).
De toda forma, ama ao teu irmão independentemente do ele faz/fez. Embora esteja escrito que "lembrarás de Mim quando vires ao Espírito Santo em teus irmãos santos", pensa que isso não está escrito assim: "teus irmãos são falsas imagens e sombras em um mundo ilusório. Eles nem sequer existem", portanto, não tens que viver com esse triste conceito sobre os outros para evitar tua responsabilidade sobre esse mundo. Realmente, ninguém está aqui; mas ver a todos como "ninguém" é o mesmo que isolar o amor.
Finalmente, diante deste panorama violento, pode ser ainda que chegues à conclusão lógica de que não precisas aceitar a opinião de qualquer pessoa que seja, vindo com isso a acreditar que teu valor é estabelecido pela opinião que tens sobre ti mesmo. Bem...nesse caso, talvez devesses lembrar a “opinião” real que tens sobre ti mesmo, e poderias rir de qualquer autojulgamento. Pois aqui, neste panorama de imagens que se chama mundo, tu podes dar o nome que quiseres para o que quer que seja que aconteça, inclusive para as coisas que ocorrem contigo. Podes até mesmo podes dar nomes ao teu estar-no-mundo (honrado, honesto, caridoso, boa praça, leal ou, por outro lado, desonrado, mesquinho, vil etc). É por isso que a palavra “separação” é ideal para esta ilusão de uma coisa ali e outra lá, que nunca mais poderão ser a mesma, sendo uma boa e outra má. Esse jogo é tão ridículo quando é percebido que chega quase a ser impossível explicar o quão desproporcional é, em balanço com a verdade.
Olha só: ouve novamente o
julgamento final sobre ti: és amado pelo próprio Deus, que É incompleto sem ti.
Somente o amor de Deus pode ser suficiente para dizer de ti o que és e como te
sentes verdadeiramente. Aqui, nesta ilusão, é possível que um se acredite desprestigiado
e desmoralizado, mas como tudo o que faz parte da separação, não pode ser mais
que uma fantasia, que, no entanto, como diz o Curso, pode tomar formas graves e
convincentes.
Uma coisa é importante se dizer: diante das imagens-mundo, vale mais estar sempre presente e não negar nada. Aceita o que chega até ti como imagem, como se fosse apenas uma imagem, e isso é perdão verdadeiro, pois perdoas apenas ilusões e imagens são ilusões perceptíveis. Não tenta melhorar “tua imagem”, nem penses sobre isso. Quando lembrares quem és e onde verdadeiramente é o teu lugar, tudo não vai passar de uma piada mesmo. E tudo não passa de uma piada; pode crer, pode rir. A separação não faz nenhum sentido fora de seu círculo. Ria mais e não esquente a cabeça com nada. Melhor remédio para tristeza é alegria. Por fim, segue sempre em paz, na certeza de minha companhia e do julgamento amoroso de teu Pai; e lembra de permitir alegria em ti mesmo. Lembra do que está escrito no Texto sobre tua postura quanto à aparente gravidade dos atos deste mundo: “nem esperança, nem desesperança”; e procura o bom caminho, que te libertará. Eu te ajudarei nisto.
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