A imaginação é um contexto
baseado em imagens, como o próprio nome sugere. Uma sequência de imagens gera
um contexto imaginário que pode ou não ter relação com a realidade imediata dos
acontecimentos. Como tal, a imaginação é o terreno fértil da projeção.
Já o pensamento está baseado em
ideias. Uma sequência de ideias produz um sistema, e sua acepção em forma pode
produzir um contexto construtivo e regulador da realidade, como ao se pensar em
uma receita de bolo, por exemplo, feita passo a passo, mas que adquire nuances
de sabores diferentes, dependendo “da mão de quem faz” o bolo.
O pensamento imaginário não pode
ser entendido como uma forma de associar ideias aos seus conteúdos diretos.
Explico melhor: uma ideia não é necessariamente uma imagem. Mas na experiencia
cotidiana dos acontecimentos, a imagem-mundo está totalmente impregnada por
nossas ideias, e pode ser “continuada” pela imaginação, como em uma fantasia,
por exemplo. Com nossa mente errada, podemos apenas imaginar o futuro; e todo o
passado é também impregnado pela imaginação.
Imaginar é muito fácil, pois não
pede mais que a pronta associação de imagens. É uma perversão do pensamento,
por assim dizer. Isso não quer dizer em absoluto que a imaginação seja algo “mau”.
Mas sugere que a nossa distinção entre realidade e fantasias pode ser dificultada
pelo uso imperioso da imaginação, principalmente quando estamos confundindo
pensamento com imaginação.
O quarto exercício do Livro de
Exercícios diz que “estes pensamentos não significam nada”. Depois, atribui
os pensamentos ao seu fazedor, ao personificar a ideia com a seguinte construção:
“meus pensamentos não significam nada”. Por fim, mas não definitivamente,
o Livro de Exercícios apresenta a ideia de que “Meus pensamentos são imagens
que fiz”.
O mais importante para o nosso raciocínio
aqui é a ideia de que os pensamentos que julgamos como próprios são na verdade
imagens que fizemos, ou imaginações de pensamento. Muitas vezes, quando
pensamos que estamos exercendo o pensamento, estamos apenas a imaginar coisas,
eventos, situações, contextos etc. A associação entre todos estes elementos imaginários
produz uma forma de ver o mundo que é a base da projeção.
Portanto, imaginar não é pensar. E
o pensamento que produz sistemas também não é contexto de mundo, mas associação
de ideias. O pensamento verdadeiro é o pensamento da mente certa, que surge de
uma disponibilidade do pensador em ceder espaço, ou ser disponível ao
verdadeiro Sistema de Pensamento, que surge do conhecimento. Assim, a única
maneira de pensar corretamente é pensar com o Espírito Santo. Como fazemos isso?
A resposta é óbvia: entregando nossa mente ao Espírito Santo.
Certamente, o ego pode muito bem
aqui imaginar um certo espírito santo que ele crê verdadeiro, e assim dar vigor
ao seu sistema de pensamento vigente, baseando seus novos pressupostos em
diretivas salvíficas, morais ou, por outra, prazerosas e plenas de poder. Assim
surgem os líderes de seitas, por exemplo; ou os viciados em transmitir “a mensagem”,
ensinar “os conceitos” etc.
Por outro lado, a verdadeira
entrega, ou correção, do sistema de pensamento somente pode ser realizada
através do perdão. A cura da mente é um pressuposto no qual todos estamos
imersos quando recorremos à oração verdadeira. Imaginar não é pensar, e fazer
ideias também não o é. Fantasias não são a realidade, e o próprio mundo é uma
ilusão de formas, embora a vida aconteça nele e isto seja inegável. Nefelibata é
o nome dado aos que vivem nas nuvens. Dizer que o mundo é uma ilusão enquanto
não se sabe exatamente o que se quer dizer por ilusão pode ser apenas mais uma ferramenta
de imaginação, vã fantasia.
O despertar para a verdadeira
natureza do pensamento surge de uma imersão na tática mais inteligente: o
óbvio. Já foi dito aqui em outra oportunidade que “inteligência
é entrega. Toda conclusão inteligente surge de uma obviedade, pois inteligência
é a simplicidade em estado puro. A mente certa é de uma obviedade fantástica.
Em breve saberás disto pela tua própria experiência.” E aqui paremos um
pouco e façamos um pedido.
A obviedade e a clareza
do pensamento certo são patentes para qualquer um que tiver ouvidos para ouvir.
O próprio Curso diz, quanto discute sobre a questão do problema e a resposta,
que “esse não é um curso sobre o jogo das ideias, mas sobre suas aplicações práticas”
(T-11. VIII. 5:3). Então, como nós poderemos observar o mundo real, se tudo o
que fazemos é imaginá-lo? Fantasiar sobre o mundo, sobre os pecados e sobre sistemas
perversos criados por homens loucos dificilmente é um retrato fiel da imagem
cristalina que queremos enxergar despertos. No entanto, imaginar é muito fácil
ou, melhor dizendo, convence.
Olha para o mundo sem imaginar o
mundo. Os acontecimentos que vemos são neutros, embora todos queiram dar
opinião, classificar, imaginar, fantasiar, condenar, julgar. A mente está
viciada em julgar, em classificar, em imaginar algo que não existe absolutamente.
E o que é finalmente o perdão? “o perdão diz que os erros que teu irmão (e o mundo)
cometeu não são reais”. Diante disto, o ponto de vista torna-se o ponto da
questão (fantasias).
É claro que não parece fácil! O ser
humano tem em suas mãos uma ferramenta poderosíssima chamada “mente”, mas não
sabe como usar. Não sabe o que fazer, então vive seus dias a imaginar. Imagina
que pensa, ou pensa que pensa. Chega a conclusões complexas e complicadas e
todo o dia quer mais disso, mais de especulações, sendo a principal delas a seguinte:
quem sou eu? Há milênios o homem está a fazer esta pergunta e não houve um
sequer para dar a resposta. Será então que não é hora de perceber que o cenário
não muda nem vai mudar? Você é simplesmente aquele que nada sabe sobre coisa alguma.
Assume isto. É um passo importante.
Você nada sabe simplesmente
porque não é necessário saber. Quem sou eu? Que tal ter a experiência de Quem És?
Não estou falando aqui de viagens à 13ª dimensão ou experiencias extrassensoriais.
Tais coisas podem acontecer, não há problema, e podem ser engrandecedoras, mas
o que somos está no Céu. Um “lugar” ou “estado” que somente pode ser simbolizado
pela ideia de Céu, para que assim possamos entender, pois no estado em que nos
encontramos como humanidade somente alcançamos entender o que se quer dizer com
isto através de símbolos. A experiencia direta foi substituída pela imaginação,
que sonha com dimensões, extraterrestres, a paz mundial, experiências com
drogas, enfim, tudo o que pode ser verdadeiro também, em direção à Verdade Última,
da qual todas estas coisas, quer você acredite nelas ou não, são recursos
valiosos se observadas com perdão. Amar é o vetor do amor. Amor com amor se paga,
como se diz. No entanto, a verdadeira experiência de saber o Que se É pode
começar com um passo muito mais simples:
“eu não sei o que sou e, portanto,
não sei o que estou fazendo, onde estou ou como olhar para o mundo ou para mim
mesmo.
Entretanto, é aprendendo isso que
nasce a salvação. E o Que tu és te falará de Si Mesmo.” (T-31; V. 17:7-9).
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