segunda-feira, 29 de abril de 2013

Um sonho que tive - IV


Acordar para o sonhar do mundo



Sonhei que estava à procura de um estúdio para ensaiar música em Natal. Encontrei-o, e logo me vi sentado, conversando com uma jornalista, que estava toda de branco, em um vestido todo branco. Perguntei-a se não havia em Natal um Centro de Artes ou um Complexo Cultural, ao que ela respondeu que sim e admirou-se que eu nunca reparara. Então, fomos até uma bela encosta, com certo estilo vitoriano na mobília dos banquinhos que se via por lá. Em esplanada dava para ver um pedaço de mar, donde havia uma ilhota de recifes no meio; e toda a imagem brilhava em água prateada pelo luar de uma lua que não lembro ao certo se estava visível.
Estávamos sentados eu, ela e minha esposa, quando, de repente, uma torção de serpente marinha revelou um trecho do corpo do animal emergindo do mar em partes, pois se via apenas uma alça deslizante. Ainda apontei para lá e disse: ‘olha! Uma baleia!’ Mas a mulher de branco logo desceu a encosta por uma escada que por ali havia e começou a enfrentar a tal serpente, que tinha cabeça de dragão e era enorme. A serpente veio até a costa e comeu a cabeça da mulher. Então, seu corpo sem cabeça se transformou em dezenas de caranguejos. Neste ponto, acordei.


 O sonho, segundo a perspectiva de nosso currículo, é o lugar no qual o ego define o mundo à sua maneira, extrapolando em formas seus intuitos não realizados. Obviamente, mesmo em tal contexto, os símbolos podem ser interpretados como uma evocação da mente certa, quando instituídos em certeza de propósito, pois o inconsciente é uma vasta ilusão em pensamento, sendo ele mesmo imagem e produtor de forma, quando alcança o pensamento. Assim, podemos resumir que o sonho noturno é uma reverberação da separação, pois suas imagens ocorrem também através de formas. Quase tudo o que ocorre no sonho noturno tem a ver com a separação em si, e símbolos apenas apontam para a direção do sonho no formato “mundo”, revividos no formato “sonho noturno”.
Quando tens um sonho, interpretá-lo é uma busca pelo significado do símbolo, empenho pelo qual não se atém nenhum tipo de garantia. O sonho, enquanto é sonhado, ocorre no “agora” do sonhar, e não quer dizer que este “agora” tenha algo a ver com o tempo, pois já discutimos anteriormente que o tempo nos sonhos noturnos é obliterado em favor da pulsão ou ressonância das imagens em potência. Assim, a cada vez que um pressuposto do sonho é interpretado depois, o que se está a fazer é julgar o sonho, pois nem tu mesmo possuis garantias de que o sonho ocorreu exatamente tal como está narrado acima.
No entanto, em favor de tua mente certa, faremos disto um apêndice ao teu exercício de hoje, pelo qual diremos algo acerca deste sonho.
A serpente marinha, ou dragão pluvial, atende às expectativas da mudança, pois o que está inconsciente foi “percebido”. No entanto, ainda em uma forma terrível.  O fato de o teu “eu” perceber o dragão como baleia remete ao mito de Jonas, que fala de alguém que ainda está inconsciente e é “levado” pelo mar através de outra vida. Neste caso, os exercícios cumprem o papel da baleia para ti.
Logicamente, teu impulso estético surge derivado de um fortíssimo investimento na subjetividade, conforme ocorre com todo artista. Tal investimento não deve ser julgado como ruim ou negativo, pois a subjetividade quer dizer um empenho pessoal em relação a algo, mas este empenho pode ser corrigido. Por isso se diz que a arte é uma sublimação da mente errada em mente certa. Nesse mundo é realmente um trabalho de alquimia.
Não podes ainda julgar que teu ego tem alguma coisa a ver com isso. Há de se ver que a mulher de branco, jornalista, atende em favor disto; posto que, em ego, ela busca o sonho de fama e conquistas de tarimba; mas, pelo certo, ela divulga em branco o processo de transmutação, pois o branco revela o todo, sendo ele cor e ausência de cor. Não há porque buscar presságios em sonhos, pois se quiseres sonhar o sonho do mundo, basta quereres algo com convicção em mente certa, e isto ocorrerá. Este não é um sonho em presságio, mas aponta para teus gostos verdadeiros com valor em amor e candura genuínos. Podes contemporizar acerca de suas imagens terríveis, mas isto se deve ao fato de teres medo de Ti Mesmo.
Assim, pode-se perceber que um empenho em direção aos teus desejos e em ponto de uma correção estão elididos na figura da mulher de branco. Ela pode ser compreendida como tua mente errada em branco, símbolo alquímico da transformação. O fato de o dragão pluvial lhe arrancar a cabeça aponta para a interrupção da mente errada em cérebro, pelo que o corpo, assim destituído, transforma-se em caranguejos, que em seu duplo significado em símbolo aponta para uma mutação daquilo que “anda enviesado” para o simbolismo do signo de Câncer, que evoca o “mistério” da ressureição. A pluralidade de caranguejos, isto é, a quantidade abundante deles no teu sonho, indica que uma total desordem pode ocorrer diante deste processo do desfazer da “cabeça”, mas a garantia da certeza está no simbolismo do ser crustáceo, aqui definido como uma forma que é “levada dentro de outra”. Isto implica ainda na simbólica da disponibilidade à condução do Espírito Santo. A “desordem” no movimento do caranguejo está explicada nas palavras de Jesus na Bíblia, quando Se diz: “O vento sopra onde quer. Você o escuta, mas não pode dizer de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todos os nascidos do Espírito (João 3:8)”
Obviamente, outras interpretações diferentes caberiam aqui. Sonhos são simbólicos, assim como as palavras, que são os “símbolos de símbolos”. Portanto, temos pelo menos três níveis simbólicos neste texto para divergir-lhe do real. Pedimos então que não te atenhas a isso como uma verdade em sonho de tua disponibilidade, mas certamente as figuras de teu sonho são reafirmações de teu cotidiano em direção ao despertar. 

sábado, 27 de abril de 2013

Sobre o sorriso




O ato de sorrir, como tudo neste mundo separado, pode ser simbolizado de várias formas, e o riso distorcido pelo ego é o símbolo do escárnio em sons guturais ou estridentes. Não há paz em um sorriso assim. Ele pode contagiar pelo erro, e a falta de misericórdia assimila ao sorriso uma ponta de maledicência que evidencia em imagem o oposto da alegria. No entanto, não podes julgar o certo e o errado enquanto não tiveres a certeza. Para ti, portanto, o sorriso certo é aquele que traz paz.

A expiação em ato de sorriso pode ocorrer mesmo enquanto quiseres perceber maldade em teu irmão. O instante santo prescinde de formas para ocorrer, mas ocorre através de formas quando há disponibilidade. A união em um pode ocorrer até mesmo quando percebes maneiras distorcidas de sorrir, mas assim o sorriso passa a ser apenas uma tentativa de encobrimento e uma correção distorcida para ti.

A grandeza em sorriso não está associada a nenhum pressuposto “cósmico” como uma abrangência em totalidade ou uma alegria total em enxurrada. A proposição que adverte isto é: nenhum amigo jamais divergiu de Deus em evidência de sorrisos, mesmo se permitiu o erro em sua mente. Isto quer dizer que o pressuposto do sorriso em mentes distorcidas não será percebido em sua totalidade quando vês apenas a maldade em teu irmão. Serás assim compelido a entender o sorriso dele como um ato contra ti. Quem pode definir que o sorriso em ato será definido em forma como algo determinado? Muitas vezes o sorriso é involuntário e não podes contê-lo. Isso não quer dizer que fostes “tomado” pelo que não podes controlar e é bom. Às vezes a crise de riso apenas aponta para uma desordem em termos de controle e isso é de alguma forma favorável, quando utilizado pelo Espírito Santo a teu favor. No entanto, jamais sorrir ou conter o sorriso é como um símbolo de gravidade e escassez em um ritual a favor da solidão e ausência da alegria.

Para o ego, rir demonstra fragilidade. Obviamente, durante o sorriso, ou melhor ainda, na gargalhada, perdemos o controle. O sorriso dos doentes pode então lhes trazer a cura e fazer-lhes rever. Neste caso, não é a alegria que cura — embora ela esteja em ato na cura — mas a entrega ao ato de rir. O sorriso abrange uma tendência à disponibilidade difícil de conseguir em atos simples. Por “simples” queremos dizer que em atos muito graves, como uma queda na montanha russa ou outra situação qualquer de descontrole, nesses atos muito graves, a entrega também se realiza, mas através do pânico ou da diversão em êxtase. No sorriso, entretanto, a correção acontece em ato como uma simbolização da entrega, e isto pode ser mesmo a imagem da felicidade. Por isso, e obviamente, se associa uma coisa a outra.

Claro que pode ocorrer de um símbolo neste mundo separado converter-se em seu oposto. Não dizem que há o riso que se diz da bruxa, ou o riso diabólico do escárnio e do prazer em ego pelo “mal”? Estes, no entanto, não estão a corrigir, mas são os símbolos da entrega ao professor errado, e neles está presente a “alegria” segundo a concepção do terrível ato de escarnecer, medrar ou esquecer-se. Neste último reside o terror. Quando o Filho de Deus supõe que rir de si mesmo em outro é “expiar”, ele se esquece da filiação e sorri em atestado à separação.

Agora estás preocupado e queres saber como rir direito. Bem, deverias começar rindo disto. Não há como julgar o certo nas aparências do errado. Não deves temer a nada, pois ainda és como Deus te criou. Não deves temer ao riso de teu irmão ou ao teu. Não embarcar em barca furada significa que não repetes o riso se não há disponibilidade real em ti. Mas se tiveres vontade de rir, ria, ora bolas!

Um homem vinha no caminho do trabalho e encontrou uma moeda. Ele tinha medo de ficar com o que não era seu, então decidiu usar a moeda em cara ou coroa para decidir se ficava com a moeda ou a jogava fora. Lançou a moeda, que logo caiu no chão, mas, contra todas as expectativas, quebrou em duas partes. Metade virou em cara e metade em coroa. Ele pensou: e agora? Então levou apenas metade da moeda que era a certa e disse a si mesmo: não sei o que fazer com isto, mas tenho ao menos o troco da certeza. E foi-se feliz, com seu dinheiro sem valor.

Isso não tem graça.

Também acho que não tem. Eu não sou humorista. Mas a historia desta historia você ainda rirá dela.
Continue.

Poderia rir agora de você contigo, mas certamente isso seria interpretado como desrespeito. No atual estado de tua mente, rir parece danoso. Demonstra falta de autocontrole. Assim, peço-te que entenda a historia anterior como uma advertência ao fato premente de que a metade de uma moeda estraga o valor da moeda, se apenas quiseres guardar a banda da certeza. Meu irmão, precisas rir mais. Não como um ato em precisão de medicamento ou sugestão de alegria em falso. Precisas rir, porque o mundo é uma piada, uma piada inventada por ti para que possas sofrer. Isso, quando é contado no Céu na roda dos anjos é motivo para todos rirem, embora estejam em prontidão em favor da tua felicidade. Rir é muito bom! Rir é o melhor dos melhores dos remédios!

Pai, queremos nos lembrar da alegria! Estamos neste mundo em sonho de separação, e sofremos por não entender quem somos, mas estamos ainda em Ti, pelo que pedimos a lembrança disto, para que a felicidade de teu filho possa ser recordada nele, e para que ele tenha em si a memória de Si Mesmo e da felicidade que nele nunca foi escassa. Portanto te pedimos, meu Pai, que nos eleve até a Ti, onde a felicidade sabemos que sempre É, pelo que É e sempre, amém.

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Qual a diferença entre extensão e projeção no Curso?


             


                   A extensão em ideias refere-se à dinâmica da “extrapolação” de Deus em um mundo de sonhos e separação. Nada surge em imagens sem possuir uma fonte para sua formação. A mente precisou divergir de si mesma em propósito para “armar” o lego das moléculas. Agora, a cada vez que o pensamento produz imagens, surge um diferencial em forma que não é associativo, pois quando é dito no UCEM que todo pensamento produz forma em algum nível (T-2, VI, 9:12),  não existe uma proposição assertiva quanto à aparição desta imagem ao pensador como uma resposta imediata em forma. Isso quer apenas dizer que se pode estar a pensar aqui enquanto um universo todo está sendo criado.

               Deveras que as imagens imediatas que se apresentam em separação à tua frente em formato mundo são apenas tuas acepções em pensamento daquilo que crês. Mas as extensões de teus pensamentos podem associar pressupostos de amor e milagres em escala muito maior do que a tua percepção resume, isto é, tudo o que percebes são imagens que tens feitos com teus pensamentos, mas nem todas as imagens que teus pensamentos produzem são percebidas por ti. No UCEM está dito: milagres são expressões de amor, mas podem não ter sempre efeitos observáveis (T-1, I, 35:1). O amor estendido não apraz apenas aquele que dá, mas toda a Filiação ganha com o ganhar de um, mas não podes “fiscalizar” ou “atestar” isto nas imagens.

               A diferença entre extensão e projeção está explicada nestas introduções. A projeção não cria, ela apenas julga. Enquanto o pensamento estende em imagens, a projeção vem “depois” para julgá-las e promover a hipnose do sonho. Quando dizemos “hipnose” estamos a explicar que o julgamento produz um torpor em relação as imagens que vês. Ora, se as imagens que vês são os efeitos observáveis de teus pensamentos, elas não precisam ser julgadas em absoluto, pois estão aí para serem vistas! Quando as julgas, estás projetando, e eis a demonstração do mesmo em relação às diferenças.

               Como verás ao teu irmão como o mesmo se o julgas, ou projetas sobre ele? Aquele corpo que aparece a tua frente é teu pensamento sobre uma parte tua que parece separada. Se o julgas, como pode permanecer como uma parte tua? Agora ele é tipificado, não é mais uma extensão de teu pensamento. Assim, a projeção manipula os pensamentos mesmo após sua acepção em pensamento.

               Pergunta: quer dizer então que todo irmão que aparece a minha frente é apenas um pensamento meu?
               Somos todos um pensamento de Deus. O pensamento que promoveu a separação, e que momentaneamente é teu modo de pensar, dividiu o Pensamento de Deus em corpos, para separar o Um em múltiplos. Como isso não é possível, a cura surge em perceber o corpo de teu irmão como um véu que esconde de ti mesmo a unidade entre ti e o mesmo. A projeção surge por conta de precisares da percepção para enxergar (perceber) o corpo em atributos: raça, tamanho, beleza, personalidade etc. Assim, os sentidos podem prover estas minúcias como diferenças em corpos para “provar” que há diferenças reais, comprováveis, entre todos, e assim “separá-los”. No entanto, apenas se igualares a ti e ao teu irmão aos corpos poderás dizer que tu e ele são diferentes; mas a mente é Una, indivisível. Por isso Jesus diz na bíblia: “Amai ao próximo como a ti mesmo”, pois são o mesmo, unidos na mesma mente, mas “separados” em corpos. Não há nada de errado com o seu corpo. Mas a realidade do Filho de Deus não habita um corpo.

               A extensão surge em favor da cura. Quando o pensamento certo é estendido, ele não alcança fomentar a projeção, pois ele cria apenas imagens de amor. O filho de Deus como um Pensamento de Deus é só amor, pois o Filho de Deus é Sua extensão. Por outro lado, a projeção precisa de empenho teu em não ver o amor. Apenas se não vires o amor poderás projetar. Projetando, poderás “fazer” o teu irmão conforme algo que percebes nele.

A diferença essencial entre projetar e estender surge dos propósitos de cada um destes conceitos. A projeção separa, pois divide em julgamentos. A extensão une, e visa manter o mesmo na consciência de “cada um”, pois ela atribui aos pensamentos certos uma imagem que, mesmo no mundo da separação, evoca a certeza da unidade. Tal imagem pode surgir como um símbolo, e é bem isso o que teu irmão na realidade é: um símbolo de amor, que quando julgado torna-se o símbolo deste julgamento. Mesmo o julgamento “favorável” surge em favor da separação, pois ao dizeres: tal corpo é bom, belo, inteligente etc, estás afirmando o especialismo.

A raiva surge como uma defesa em favor da projeção. O seu resultado é sempre favorecer o medo do mesmo através de uma combinação estranha entre segurança e ataque. O ataque aparece em tal contexto como o sucedâneo do medo, e a raiva é a justificativa do ataque. No entanto, a raiva e o ataque ficam patentes para ti, mas o medo do mesmo não aparece tão facilmente. Quando vês o mesmo em teu irmão, podes temer tanto a isso que preferes atacá-lo rapidamente. A projeção arranja o motivo através do julgamento, o ataque surge como arma de defesa, e o medo fica escondido pelo teu ego através de argumentos que favorecem a “razão” do teu ataque. Isso sempre ocorre desta maneira. Os temerosos são irascíveis.

Finalmente, não há posição intermediária entre a extensão e a projeção. Uma cria e a outra faz, ou arranja. As extensões de Deus estão unidas em Seu Amor, e não podem ser obliteradas, mesmo que não tenhas consciência delas. Neste caso, não perdes as tuas criações, mas deixas de usufruir da paz que viria da tua consciência delas.

Pai nosso, pedimos que estendas em nossa consciência o Teu Amor, pois queremos nos lembrar de nossas criações. Sabemos que o amor é Teu legado em víveres neste mundo faminto e seco, mas podemos estender em Ti o que há de belo e bom, e assim traremos descanso aos teus filhos enquanto sonham com a escassez. Pai, dá-me a lembrança do amor, eu te peço em ajuda, pela Ajuda, amém. 


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terça-feira, 23 de abril de 2013

Sobre a ausência de metas


               

               A ausência de metas não é o pressuposto básico da salvação, mas virá com a salvação. Cada vez que o filho de Deus esquece-se de si para supor a si, a sua imagem torna-se plausível em compreensão, pois ele tem agora em sua mensagem de divulgação do medo a possibilidade do “temor em corpos”. Obviamente, cada vez que um suposto arraigamento do ser em imagem se associa ao contexto do corpo, o que apraz em imagens se refaz em sensações. Portanto, a meta que será dirigida ocorrerá mediante um contexto em investimento em tais sensações.
               Toda meta é um investimento. Se a escassez apropria ao investimento uma doação calibrada, então a doação estabelece o ganho. Como isso ocorre? Pois bem: digamos que uma suposição de corpo está associada a um ego conforme ser humano. Este ser humano apropria sua colocação em corpos em uma estrutura da mente em formas, que são os pensamentos humanos. O corpo humano tem pensamentos humanos. A mente, portanto, é humana. Este raciocínio está atrelado ao contexto da divulgação do mesmo em partes. O mesmo não pode ser dividido. Se a mesma mente está em dois corpos, então os corpos não podem separar a mente. A única coisa que pode ser adicionada, então, será adicionada aos corpos. Se acreditas que és o corpo, então o pensamento em separação sobre os corpos será divulgado como verdadeiro.
               Então, como a meta e a doação se equilibram em tal contexto? A meta seria suposta, em enleio, pois para vir ao corpo ela precisa ser separada deste mesmo corpo. Qualquer coisa serve como meta, desde que venha depois.  A mente passa a ser o divulgador voluntário do amor em corpos, pois ela está presa a um corpo e tudo o que pode assimilar são pensamentos humanos. A crença virá como o substituto do pensamento abrangente, que não está divulgado pela mente única, mas pela “mente humana”, que são os pensamentos.
               A mente não pode ser diferenciada. Cada equívoco que é pressuposto pela mente humana desfaz o que o pensamento único assere como verdadeiro. Cada pensamento em separado perfaz o caminho da diretividade. O pensamento separado aprova o comportamento unívoco e distinto, como a personalidade, e se refaz mediante divulgações de seu pressuposto orgânico como fonte de si mesmo. A mente diz: penso, logo existo; e o centro desta existência é o corpo.
               O caminho em direção a Cristo é a única meta viável. Não existe outra senão essa. Tu perguntas se as metas que virão ao desperto serão sem objetivo. Nada que vem de Deus é sem propósito. No entanto, a total abstração proverá ao desperto a sensação de estar sem destino, pois ele não mais elabora o seu futuro. A Mente Unificada simplesmente o apresenta às suas direções conforme sendo estas a distinção da sua cura em imagens. Aquilo a que se chama “meta” somente faz sentido para aquele que acredita em objetividade, em um mundo feito de imagens.
               A meta que se faz diferença é apenas uma custódia referente ao propósito que desfez. Uma coisa em oposição a outra não é uma meta para o desperto. Segundo o que se apresenta em imagens sendo o agora de sua mente, o que é a meta em oposição, senão uma oposição a outro pensamento em imagens? Portanto, o desperto apenas evoca ao tempo aquilo que é necessário para apreender neste mundo seus pensamentos certos. Assim, seu destino é “certificado” para ele.
               Viver em um mundo sem metas é o propósito do Curso, mas não é uma ausência de propósito. Aquele que se lembrou de Deus vive uma vida plena de significado. Ele não altera sua dignidade em estar “abobalhado”. Obviamente, o desperto parece até inútil, pois para os propósitos do ego o desperto é inútil. Isso não significa dizer que uma pessoa aparece a outra como corpo e não tem função. Mesmo aqueles que não estão despertos podem aderir a si mesmos a lembrança do amor através de representações de imagens em amor. A amizade e o companheirismo, a confiança, a caridade e o bem-querer são acepções de cura que abrangem diferenças em níveis, mas associam àquilo que é certo uma sugestão em imagens, que podem ser os amigos, os vizinhos, os parentes etc.
               Portanto, viver em um mundo sem metas é o mesmo que admitir que o propósito de Deus seja válido e verdadeiro. Isso assume para ti um substituto ao pensamento de humano como conceito. Verdade é que a salvação não vem de nenhuma imagem. Isso já seria suficiente para admitires que nada que assuma forma pode salvar. Mas a ausência de metas não pressupõe desordem de maneira alguma. E ainda trará consigo o Amor e o significado.
               Supor uma meta somente pode trazer dor. A meta se divide em termos de tempo como uma tentativa de consecução. A cada ponto no qual a meta alega “se aproximar”, o julgamento apropria formas diferentes de associar a meta ao futuro. Portanto, pode-se falar inclusive em aprimorar a meta. Isto não está bem próximo ao que é dito no UCEM sobre aperfeiçoar o que é perfeito?
               Saiba que o destino não é previsível, pois ele não se atém em memória como uma evocação virtuosa. Algo ao que se reporte no passado para gerir um futuro arrogante, repetido. A meta em reprodução é o evento em inveja que dilui o propósito em reluzentes formas divididas, que prenunciam mais. A meta do ego sempre divide. Está-se sempre a procurar um evento unificador na divisão do tempo em metas. Isso não pode ser realizado.
               Para tanto, a única meta passível de realização é uma entrega total, resoluta, que empenhe em favor do amor uma perfeita acepção do mesmo como factível, até que venha a ser revelado. Enquanto a meta propriamente dita não puder ser realizada, a ausência de defesas reacende um propósito em favor das imagens como reflexos de pensamentos reais. Tal propósito empenha em favor da direção significativa. Apenas atribuir amor ao que sonha em amor não é real. Mas amar verdadeiramente sem defesas resgata para si a consciência do amor.
               Pai, segundo o nosso empenho em devoção, pedimos novamente a Tua Graça. Queremos despertar em Ti para a glória de Teu nome em todos os nossos irmãos, para cumprirmos Tua Meta como nossa e para que o propósito da vida em significado se estenda em nosso aparentar em corpos. Assim, ansiamos em ajudar a todos os nossos irmãos e estender o Amor, conforme seja Tua Vontade, amém. 

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Retratos Intuitivos de Meus Amigos - Marcos Morgado

Mar & Cos




Depois de uma temporada difícil, na qual percebi empiricamente o que quer dizer "olhar para a tua vida e ver o que o diabo tem feito" (T-3. VII. 5:3), temporada da qual fui prévia e amorosamente advertido com um texto que aqui publiquei sobre a Jesus e a figueira, estou de volta para compartilhar algo novo e bom. 

Pois que durante o tempo que durou esta provação, que não pode ser assim nomeada, obviamente, posto que eu aprendo com as imagens que tenho feito, ocorreu que, durante este meu hipnotismo, alcancei divulgar em mim uma faísca divina da esperança. Posto que precisei, para sair disto, perdoar um irmão, e foi um irmão qualquer, ninguém atrelado a uma historia que fosse. Apenas olhei para aquele irmão, que era um professor que estava me dando aula de tráfego aéreo, e olhei para ele e vi nos entre olhos dele que ali estava uma pur'alma que ainda vicejava em corpo, mas na área em torno dos olhos dele era tudo muito branco, muito puro. E olhar para aquele olhar foi que me salvou e me trouxe de volta aos poucos, pois fui tratando de ver em todos os outros irmãos aquele olhar, e tratei ainda de buscar em todos a santidade, e assim pude revê-la em mim. Pelo que, o mundo andava muito errado, e era eu a fábrica que inventava o erro. O mundo certo, e sigo eu daqui me iludindo em perdão, a única ilusão boa que há.

Daí, depois que passou, tive que assistir ontem a noite, pelos acasos que a gente inventa, ao filme "Um Sonho de Liberdade", que não sei se alguém aqui viu. Um filme muito bom, com o ator americano Morgan Freeman. Fala de um cara que foi preso por um crime do qual não  tinha culpa nenhuma e que passou muito tempo ajudando pessoas lá dentro, enquanto tentava encontrar consigo mesmo um modo de escapar. Lá para o final ele consegue, se arrastando por um túnel escuro de esgoto fétido para desembocar em uma chuva noturna que lavou o resto e depois ajudou a sua fuga e desembocadura para o Pacífico, onde fora viver. Lá, reencontrou um seu grande amigo que o ajudara na prisão até pouco antes da travessia, pois este amigo, que era interpretado pelo Morgan Freeman, este conseguiu sair de lá por outros meios, os legais.

Pelo que, também, este nem o outro não tinham culpa. Finalmente, é um bom filme, mas um pouco carregado na emoção. Decerto mesmo, que antes de tudo o que o filme metaforizou, eu andava com saudade das coisas boas, que foram submergidas por umas duas semanas que não foram para brinquedo. Digo, nada parecia acontecer; mas digo também: tudo ocorria não ocorrendo. Não dá pra dizer, mas perdoo aqueles dias, pelo que, também, e Graças ao Senhor, lembrei de que o passado não existe.

Assim, venho aqui para dizer que estava com saudades da sanidade. E de todos os que estudam o Curso, mas tive mesmo saudades muitas de meu bom amigo Marcos Morgado, dos escritos dele, que aqui proveem com suas ênfases memorias de sábias considerações, pelo que demonstram em DUO o que as palavras simbolizam além. Ademais - e era essa a historia dessa historia - aconteceu de hoje mesmo eu lembrar que eu tinha caminhos para percorrer andejo, pelo meu próprio pé, sem as ajudas que as mensagens de meu amigo proveem. Pois que - e disso eu precisava mesmo era ter tirado uma foto! - eu pensava nisto andando em minha moto na Av. Engenheiro Roberto Freire, aqui em Natal, quando passou por mim um carro, que era um táxi, com o vidro de trás pouco meio sujo, pelo que se havia retirado de lá muitas, mas muitas letras de alguma frase que ali constava, posto que sobraram ainda três, espaçadas e alinhadas, e estas figuravam mais ou menos assim: 

O     O           O

Pois eu digo: inventei nesta imagem uma saudade do meu amigo, nesta ilusão de mundo. Mas não pude deixar de rir. 


(Do glossário Morgadiano, em seus escritos, recolhi esta simbolização:

O O O  =  Pai nO  FilhO  nO  ES).



Marcos Morgado é carioca e mora atualmente no Rio de Janeiro, capital.


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