sábado, 17 de março de 2018

Sobre a Mente Única e os pensamentos privados



Quem poderia ocultar o que quer que seja diante de uma mente única? Somente através de sonhos tal coisa seria possível. O sonho de ter pensamentos privados pode ser entendido como uma decente insurreição dos princípios éticos que alguém avalia e condiciona. Assim, um valente ardente cavaleiro que admite ter para si princípios “melhores” que outro, definitivamente lutará para mantes os seus. Isso somente seria possível até o momento da guerra, quando a imposição de um modo de pensar visa sobrepujar o “inimigo”.

Uma mente única, tal qual um inconsútil infinito, não pode ser segmentada em pensamentos passíveis de serem “privados”. Toda tentativa de esconder algo demonstra o medo de “pecar”. Pecado, neste contexto, significa esconder o erro. Mas esconder de quem? Se a mente é única? Assim, o conceito de “esconder” ou de “ocultar” somente pode ocorrer caso haja alguém a quem se denomina o inimigo, do qual o segredo precisa ser defendido.

No mundo dos sonhos, o efeito de ocultar prevalece diante de um desejo em se inferir um propósito adequado a um proceder. Os sistemas morais, os contextos civilizatórios, as normas e códigos, todas estas coisas estão em via de divulgar o erro através do paradigma do acerto. Frente a frente com tais continentes de parâmetros, a necessidade de correção pode surgir como uma necessidade em se ocultar uma conduta alheia, até que seja vista como passível de punição, por conta da culpa em se estar à margem de uma tal justiça.

A única maneira de não se estar em vias deste tipo insano de raciocínio é lembrar que nada pode ser ocultado, mesmo se houver um grande esforço nesta direção. A mente única não pode ter partes “ocultas” ou “separadas”. Por isso no Livro Texto se diz: quando estiveres disposto a não esconder nada, estarás disposto à comunhão e saberás da paz e da alegria.

Não esconder nada é o mesmo que concordar com todas as coisas? Claro que não!  A verdade não tem preferências. Será que a única maneira de entrar em comunhão é fazendo mea-culpa sobre si mesmo? Somente se você for um tolo. Você sente culpa pelo medo de ser quem sempre foi? Então liberte-se diante de um lembrete: nada poderia desfazer quem você é, mesmo se você se acreditasse errado acerca de si mesmo. Somente o medo precisa de definições. A verdade está sempre em si mesma, sem necessidade de um parâmetro para atestá-la. E, acima de tudo, creiamos nisso: a verdade não pode ser ameaçada, pois nada real pode ser ameaçado.

A mente única possui os meios para deixar claro aquilo que te convém. Muitas insurreições contrárias podem surgir a partir daí, em favor de uma retomada de poder. Mas se já sabes o que queres diante daquilo que te é dito, porque precisarias te insurgir? Contra a mente única? Queres mudar a ideia da totalidade? Talvez te lembre que o Livro Texto disse que a separação surgiu quando uma ideia louca e diminuta brotou no reino e o filho de Deus esqueceu de rir. O que é falso não se torna verdadeiro pela insistência.

Entregar-se completamente à comunhão significa não ter medo de estar sendo julgado, pois a mente única não poderia condenar parte de si mesma. Portanto, sempre que falares com fé, estás a pedir comunhão, mas não poderás dominar nem se controlar. Para isso, não precisas de nenhum tipo de exemplo ou tabela de valores. Basta querer encontrar naquilo que se diz o comum com o teu irmão, mas sem agregar ao sistema de pensamentos de um e outro o conluio de palavras que passa por conversações no mundo. Conversar é o mesmo verso.

Assim, a mente única está sempre disposta à comunhão diante daquilo que se diz via o mesmo. Aprenderás a fazer isto quando “não te preocupares com o que dizer ou que fazer, pois Aquele Que Me enviou me dirigirá”(Pág 30).

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