Quem poderia ocultar o que quer
que seja diante de uma mente única? Somente através de sonhos tal coisa seria
possível. O sonho de ter pensamentos privados pode ser entendido como uma
decente insurreição dos princípios éticos que alguém avalia e condiciona.
Assim, um valente ardente cavaleiro que admite ter para si princípios “melhores”
que outro, definitivamente lutará para mantes os seus. Isso somente seria
possível até o momento da guerra, quando a imposição de um modo de pensar visa
sobrepujar o “inimigo”.
Uma mente única, tal qual um inconsútil
infinito, não pode ser segmentada em pensamentos passíveis de serem “privados”.
Toda tentativa de esconder algo demonstra o medo de “pecar”. Pecado, neste contexto,
significa esconder o erro. Mas esconder de quem? Se a mente é única? Assim, o
conceito de “esconder” ou de “ocultar” somente pode ocorrer caso haja alguém a quem
se denomina o inimigo, do qual o segredo precisa ser defendido.
No mundo dos sonhos, o efeito de
ocultar prevalece diante de um desejo em se inferir um propósito adequado a um
proceder. Os sistemas morais, os contextos civilizatórios, as normas e códigos,
todas estas coisas estão em via de divulgar o erro através do paradigma do
acerto. Frente a frente com tais continentes de parâmetros, a necessidade de
correção pode surgir como uma necessidade em se ocultar uma conduta alheia, até
que seja vista como passível de punição, por conta da culpa em se estar à
margem de uma tal justiça.
A única maneira de não se estar
em vias deste tipo insano de raciocínio é lembrar que nada pode ser ocultado,
mesmo se houver um grande esforço nesta direção. A mente única não pode ter
partes “ocultas” ou “separadas”. Por isso no Livro Texto se diz: quando
estiveres disposto a não esconder nada, estarás disposto à comunhão e saberás
da paz e da alegria.
Não esconder nada é o mesmo que
concordar com todas as coisas? Claro que não! A verdade não tem preferências. Será que a
única maneira de entrar em comunhão é fazendo mea-culpa sobre si mesmo? Somente
se você for um tolo. Você sente culpa pelo medo de ser quem sempre foi? Então
liberte-se diante de um lembrete: nada poderia desfazer quem você é, mesmo se
você se acreditasse errado acerca de si mesmo. Somente o medo precisa de definições.
A verdade está sempre em si mesma, sem necessidade de um parâmetro para
atestá-la. E, acima de tudo, creiamos nisso: a verdade não pode ser ameaçada,
pois nada real pode ser ameaçado.
A mente única possui os meios
para deixar claro aquilo que te convém. Muitas insurreições contrárias podem
surgir a partir daí, em favor de uma retomada de poder. Mas se já sabes o que
queres diante daquilo que te é dito, porque precisarias te insurgir? Contra a
mente única? Queres mudar a ideia da totalidade? Talvez te lembre que o Livro
Texto disse que a separação surgiu quando uma ideia louca e diminuta brotou no
reino e o filho de Deus esqueceu de rir. O que é falso não se torna verdadeiro
pela insistência.
Entregar-se completamente à
comunhão significa não ter medo de estar sendo julgado, pois a mente única não
poderia condenar parte de si mesma. Portanto, sempre que falares com fé, estás
a pedir comunhão, mas não poderás dominar nem se controlar. Para isso, não
precisas de nenhum tipo de exemplo ou tabela de valores. Basta querer encontrar
naquilo que se diz o comum com o teu irmão, mas sem agregar ao sistema de
pensamentos de um e outro o conluio de palavras que passa por conversações no
mundo. Conversar é o mesmo verso.
Assim, a mente única está sempre
disposta à comunhão diante daquilo que se diz via o mesmo. Aprenderás a fazer
isto quando “não te preocupares com o que dizer ou que fazer, pois Aquele Que
Me enviou me dirigirá”(Pág 30).
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