domingo, 15 de maio de 2011

UCEM - O Ponto Aton





"Estás por demais preso à forma e não ao conteúdo." (UCEM - Cap. XIV - § 7)


Este vídeo, no futuro, será compreendido com clareza, pois seu discurso é consistente. Apenas aparenta ser empolado e labiríntico por conta de seu caráter altamente simbólico. Realmente, a mensagem atrelada à fala da garota é derivável de uma concepção apenas passível de ser compreendida neste momento da história com o apoio de uma lógica baseada em simbolismos.

Para tanto, tentaremos aqui uma aproximação daquilo que nos parece ser o conteúdo significativo da mensagem. Indicações disto podem ser percebidas logo no início do vídeo, quando a garota diz que vai “chorar”, isto é, protestar, por não poder prever seu futuro “além do ponto final se tornando uma outra língua brasileira”. E, assim, entendemos que o discurso emitido acede às limitações da língua. Somente através de uma outra língua brasileira, através de outro código, talvez fosse possível emitir tal mensagem neste momento da história com clareza.

         Estamos diante de uma daquelas mensagens caracterizadas por um “quem tiver ouvidos para ouvir, ouça”. Vejamos: o tema do discurso da garota é o Ponto Aton. Pois bem: Aton era o nome dado pelo faraó egípcio Akhenaton a um Deus único, simbolizado pelo sol. Akhenaton procurou substituir a cultura politeísta egípcia que cultivava vários deuses, como Amon, Ísis, Thoth e Rá. O faraó argumentava em favor da Unidade, e esta é a primeira ocorrência histórica de uma tentativa de se estabelecer um Deus único em uma cultura.[1]
No ano 1353 a.C., Akhenaton proferia suas orações já nestes termos:

“Ó Aton vivo, princípio da vida (...) Ó Deus único, sem par! (...) Criais a Terra conforme vosso desejo(...) Estais em meu coração e ninguém além de vosso filho Vos conhece”.

Dizer que “o futuro pertence ao Ponto Aton” é o mesmo que afirmar que todos nós estamos indo ao encontro da Unidade, da consciência do Ponto Aton, isto é, caminhamos rumo a um ponto em que o Deus único (Pai) será conhecido pelo Seu Filho (Consciência do Pai). Por conta disso, se diz no vídeo que "nosso futuro é muito reluzente".
Outro ponto levantado pelo discurso no vídeos são as inferências às réplicas e tréplicas.

 É dito pela garota que “as réplicas são constantes”. Depois desta advertência, a garota prossegue e diz que “no futuro, a gente pira. Não vai ter mais a que se reportar. Então, as réplicas, elas são constantes”. Poderíamos dizer que "as réplicas de Deus", ou as imagens de nós mesmos em corpos, elas são constantes, ou seja, são todas "a mesma". Somos todos irmanados na mesma natureza, mas como "réplicas" estamos voluntariamente sujeitos a uma aparência de separação. Por isso é dito que “você não pode adequar que a sua réplica um dia foi uma inocência, né?”, e por isso se quer dizer que a inocência deste fato seria não estar consciente da própria unidade, agindo como um "inocente" ou "ingênuo", isento de qualquer responsabilidade em perceber a unidade. Dizer que a imagem que criaste é inocente é o mesmo que dizer que o corpo — ou o ego — é inocente. E você não pode mesmo “adequar que a sua réplica um dia foi uma inocência”.
Por outra: a réplica da Unidade são os corpos. Não há uma categoria passível de unidade nos corpos e, portanto, a réplica à Unidade foi a separação. Não há inocência nisso. Você não pode adequar sua réplica (corpo) a uma inocência (inconsciência do caráter unitário da mente). Aqueles que não alegam "inocência" (inconsciência), serão os treplicantes: “os treplicantes vão ser aquelas crianças que vão defender o futuro Aton”. 

Tréplica é uma resposta dada a uma réplica. Uma réplica de Deus, de Seu Filho, reduzida a uma imagem, é um corpo. Treplicar seria, portanto, o mesmo que "estar em si", advogando pelo retorno ao conhecimento, ao seguro apoio de Deus. Aqueles que possuem o “seguro apoio de Deus” serão os treplicantes, os que deram uma resposta às limitações do corpo, e são as crianças (conscientes) que defenderão o futuro Aton.
A garota prossegue: “Ai eu vou explicar o porquê [de] Aton: você nunca sabe de onde vem a morte. Às vezes, você pode estar numa cozinha junto com um cara, e achar que aquele lugar não existe mais, porque você não pode voltar; mas esse lugar existe, ninguém vai derrubá-lo. Então você nunca sabe de onde vem a morte.
Agora entramos em uma relação entre o futuro e a morte. O tempo já se foi, conforme sabemos pelo Curso. Então, as coisas que acontecem no tempo são ilusões aparentemente estáveis, que se configuram diferentes apenas pela ilusão de mudança nas formas. Isto é quase impossível de explicar.  Quando vemos a hora no relógio, por exemplo, estamos contando a mudança da forma do ponteiro, mas não estamos prosseguindo junto com o ponteiro, pois de onde nós realmente estamos o tempo não existe. Por que então ‘vemos’ a ilusão de movimento do ponteiro do relógio, e por que esse movimento ‘conta’ o tempo?  Porque o andamento da mudança das formas permite que o ponteiro mude de lugar, e a regularidade disto adverte um ritmo, o próprio ritmo da separação, que é o tempo. Mas a Unidade é coesa, não pode mudar, então não há em Si uma variação. Portanto, todos os lugares no tempo, ou seja, na separação, estão apenas demonstrando uma ilusão, um estado invariável de imagens que se sucedem. Se você estiver num lugar, “numa cozinha junto com um cara”, como no caso da garota, pode achar que aquele lugar não existe mais agora, hoje, depois de já ter passado o suposto encontro, mas esse lugar, no tempo, existe, ninguém vai derrubá-lo, pois todo o passado e todo o futuro estão ocorrendo agora, no momento este. O fluxo da vida advoga pela ocorrência simultânea de uma percepção certa e do conhecimento, cujo caráter não pode ser explicado. Essas duas ocorrências se encontram no tempo através de Deus, que as aparelha com Seus Dons e atribui ao tempo um caráter delusório, e isto é mesmo uma revelação. Contudo, tentaremos uma imagem poética para alcançar dizer o que significa não saber de onde vem a morte.
A morte é um evento no tempo, portanto, assim como o próprio tempo, é uma ilusão. O caráter unitário da vida não permite haver a morte do Filho de Deus, pois a unidade da Filiação garante que haja sempre ‘réplicas’ constantes. Essa unidade da Filiação não pode ser quebrada por algo que ocorre no tempo, pois o tempo é a sequência das imagens percebidas na matéria, portanto, não faz parte do conhecimento, isto é, da realidade. Se todos os olhos dos habitantes do mundo olhassem ao mesmo tempo em conjunto, ou seja, sendo todos uma só consciência, o que surgiria seria a imagem completa do mundo, uma quadrimensão da mente de Deus.  Nesta dimensão, o todo seria imagético, mas não perceptível, pois a imagem estaria configurada no todo, e não nas partes. Assim, se um destes olhos de corpo viesse a parar de emitir suas informações de vista, o tempo permaneceria estável em sua ilusão, pois a imagem que ele deixaria de emitir seria apenas a imagem que era percebida por ele. Contudo, ninguém pode “derrubar” uma imagem que o Filho de Deus percebeu, pois o tempo é todo o tempo no agora. Por isso se diz que um ato corrigido do Filho de Deus no presente modifica tanto o passado quanto o futuro, desfazendo aquele para liberar este. Portanto, pode-se dizer que não se sabe de onde vem a morte, pois ela não vem do ‘fim das coisas’, isto é, do fim da percepção. Na verdade, a morte não existe, ninguém vai “derrubar” as criações dos Filhos de Deus.
Entretanto, “o futuro reside em relutar”. E por isso se quer dizer que a presentificação do passado é o seu desfazer, e que relutar, isto é, resistir ao que é, resistir ao conhecimento é o mesmo que produzir futuro.  O 13º princípio dos milagres diz: “Milagres são tanto princípios como fins, e assim alteram a ordem temporal. São sempre afirmações de renascimento, que parecem retroceder mas realmente avançam. Eles desfazem o passado no presente e assim liberam o futuro”. O desfazer passa a ser uma recordação imediata da memória intemporal da Unidade, e assim o futuro reside em relutar, em manter-se em contato, pois o inconsciente será liberado do tempo por conta disto. Caso contrário, o passado determinará o futuro sob os auspícios da projeção.
E a conclusão é que o futuro reside “em fazer uma revolução interna e conduzir até as urnas todo esse sacolejo dos anos que vem”. E se o tempo todo já existe, é necessária a revolução interna — a cura — e conduzir todo o ‘sacolejo’, todos os eventos dos anos que virão, até o abandono do corpo, às urnas. Isso estendido a toda Filiação significa que a cura terá ainda um espaçamento no tempo para ocorrer, uma espécie de arranjo teleológico que aponta para uma unidade inevitável, que será reluzente neste futuro o qual temos que aguentar de si o sacolejo, os eventos densos desta ilusão de corpo.
Contudo, por enquanto, há a “decadência”; e por conta disso “digo nada”.

                Assim, a mensagem da garota pode ser “traduzida” da seguinte maneira:

“— Olha, eu queria “chorar” porque eu não tenho — assim — a condição de prever o meu futuro além do “ponto final” se tornando uma Outra Língua Brasileira.
Quero lamentar a inexistência de uma linguagem suficiente para exprimir condições argumentativas ideais sobre o futuro.
“Porque eu acho que o futuro a Deus pertence — e Aton — então o futuro pertence ao Ponto Aton. Porque eu acho que o nosso futuro é muito reluzente.
O futuro pertence à Unidade, e por conta disso é bastante promissor.
“No futuro, a gente pira. Não vai ter mais a que se reportar. Então, as réplicas, elas são constantes. Você não pode adequar[2] que a sua réplica um dia foi uma inocência, né? Então, os treplicantes são aquelas crianças que vão defender o futuro Aton.
No futuro, não há referentes, todos os seres serão irmãos em UM, ou numa única mente. Embora constantes na Unidade, todos serão replicados na tentativa enganosa do ego em adequar a inocência através de seus meios, contudo serão também treplicados pelo retorno ao alcance do conhecimento. Ninguém alegará desconhecimento disto. Assim, no futuro, todos defenderão a Unidade.
“Ai eu vou explicar o porquê [de] Aton: você nunca sabe de onde vem a morte. Às vezes você pode estar numa cozinha junto com um cara, e achar que aquele lugar não existe mais, porque você não pode voltar; mas esse lugar existe, ninguém vai derrubá-lo. Então você nunca sabe de onde vem a morte.
A morte não existe. As imagens "perceptíveis" são recorrências do instante que existe, ou seja, o “momento este”, o agora. O passado é desfeito na conscientização de que ninguém pode derrubar o intemporal agora, nem as imagens criadas nele, pois ninguém vai derrubar a consciência da Filiação.
O futuro reside em relutar. Em fazer uma revolução interna e conduzir até as urnas todo esse sacolejo dos anos que vem.
Assim, o futuro é o próprio presente liberado na consciência. Convém promover rapidamente a cura a fim de conduzir com menor dificuldade o ‘sacolejo’ do transitar denso da matéria através do tempo.
“Por enquanto a decadência, digo nada."
No entanto, neste momento da história, há uma suposição de decadência, e não se pode dizer quase nada sobre isso.
Adeus.”

E com esse Adeus a mensagem retorna ao Lugar Sagrado de onde veio. Salve a garota, que disponibilizou este proceder, salve ao Espírito Santo, que nos ajuda sempre, e que continuemos sempre em nossa mente certa, nesta intenção em ouvi-Lo. Amém.


[1] Obviamente, há controvérsias a esse respeito, mas caso se queira trocar daqui por diante “Akhenaton” por “Abraão”, “Arameus” ou “Medianitas”, a discussão permanecerá essencialmente a mesma, pois palavras são “símbolos de símbolos”. Elegeremos continuar com Akhenaton apenas por conta do conteúdo da mensagem que analisamos.
[2] Aqui provavelmente usado no sentido de tornar conveniente (Dic. HOUAISS, acepção 2).


4 comentários:

  1. Juntos neste experiência, unidos a esta garota, todos unidos Nele, nesta nossa aparente jornada,
    para nosso aprendizado com o real milagre, nossa mudança de percepção para escolhermos a mente certa.
    ADEUS
    Carinhosamente,
    SoniaVatan, por hora

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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