A
busca por um ideal que é visto como impossível, irrealizável e totalmente
arrogante tem mesmo que parecer uma luta diária e totalmente sem sentido. No
entanto, este é o raciocínio do ego, quanto ao que realmente queres. Ele
gostaria que concordasses consigo que esse trabalho é inútil e que teu empenho
em direção a Deus é uma busca em conto-de-fadas. Se experimentares o tédio de
teu corpo como tua casa, obviamente tens para ti mesmo uma saída realizável em
si. Pois se o tédio do teu corpo, ou dos teus dias, se estabelece com algo ao
que não te assegura alegria e sentimento vivo de estar em paz, então o que
buscas não pode estar aqui, onde o corpo e o tempo estão.
Portanto,
se buscas com fé perfeita por alguma coisa que não pode ser definida pelo
corpo, essa coisa tem que estar realmente em outro lugar. O ego não pode deixar
de habitar teu corpo. Ele não pode “sair” para encontrar algo maior que sua
sensação de localização. Sendo circular em todo o seu raciocínio e ação, o
corpo é para o ego um meio e um fim. Se sentes o tédio de teu corpo ou de teus
dias, onde estás abrigado? Onde pensas que é a casa que te guarda?
Desconfiar
do ego não é suficiente, mas é um começo. Não significa que, pelo fato de
desperdiçares o teu tempo em encontrar saídas satisfatórias em divulgações de
tua caminhada, como, por exemplo, nas publicações de teus textos ou em enredos
de aventuras, estejas preparado para encontrar uma relação aprazível com o que “está
fora”. Não há nada fora. O que é então o tédio? É um encontro entre o que está divulgado como
certo e aquilo a que se nomeia razão, ou julgamento pelo mundo. Achas que não
estás fazendo algo que te alegraria, precisas confirmar o princípio da escassez,
pelo qual o tédio é justificado, visto que “te falta alguma coisa”.
No
entanto, e verdadeiramente, não te falta nada. Veja que o dia do tédio é o dia
em que o mundo não está girando em seus papéis ou ficções sociais. O dia do
tédio é uma especulação e até mesmo uma teoria da separação. Nele, vês que o
divertimento é uma escapatória tão irreal quanto o trabalho e as realizações
ficcionais do mundo. É preciso muita coragem aqui, pois estamos a dizer que
tudo o que mundo cria como feitura é sem significado. Não possui realidade em
si mesmo e contesta o que apresenta em relações circulares, para que sempre te
falte daquilo que ele produz. Tudo o que queres remover ou adicionar é sonho.
Como já foi dito, a Revelação não é uma coisa adicionada, mas reconhecida, isto
é, novamente conhecida.
Onde
fica a Casa de Deus? Não pode ser no teu coração humano, tão inconstante que é
incapaz de amor perene, e julgador em suas formas de amar segundo o que o mundo
dita como sendo “amor”. Seria na tua mente? Decerto que sim, mas não no ato
elaborativo do pensamento, conforme o amor seja concebido e teorizado vindo a
ser uma dádiva questionável, passível de ser testada para assegurar sua
validade. Não é assim com o amor dito “racional”. Porém, a esperança de
encontrar amor nos corpos e na própria ideia de amor é uma tarefa muito
viciante para aqueles que se creem separados, pois encontrar o amor passa a ser
uma meta, no futuro do tempo. E o tédio parece ser ausência deste amor
localizado no futuro. Assim, também é justo, para acabar com o tédio, procurar
amor.
Queres
parar de escrever para ir ali? Aqui e lá são lugares distintos, portanto,
aparentam separados. O Aqui é irmão do Agora, mas não podes querer o agora do
ali. Está é a confusão que o ego te apresenta e acreditas que não podes
entender porque não vale a penas buscar a cura do tédio em outro “fazer”. A
resistência a criar é uma meta do ego, pois ele adiciona à tua resistência a
prova de que “não adianta buscar a Deus, isso é impossível, é só para alguns
especiais”. E nisto ele está certo, pois sua evocação de alguns como especiais
é a tarefa da divulgação do especialismo como sendo a realidade dos teus irmãos.
E tu, que és diferente destes “iluminados”, estás perdido, pois Deus já
garantiu a tua escassez, e não vai te dar Seu Amor como teu sustento. Terás
então que procurar por ti mesmo, e o tédio é a certeza de que não achaste
— — — ainda. Sempre se pode buscar lá ou ali, não é mesmo?
Certamente,
no início de tua longa des-hibernação, precisas perceber que o sonho não é mais
o lugar onde pensas estar. Às vezes, durante o sono noturno, podes ter um sonho
muito favorecido pelo teu empenho em dirigir e acordar deste sonho assustado,
de modo abrupto, e por um curto espaço de tempo não consegues saber onde estás,
e perguntas a ti mesmo “que lugar é esse?”, sendo que ali é a tua casa, não é
mais o sonho no qual pensavas que estava, e de repente estás completamente
submerso em uma dúvida temporária, como se habitasses um “não-lugar”. Essa
confusão, que, no entanto, não é favorável, pois ela desancora de um sonho para
acordar em outro, essa confusão pode ser utilizada como uma metáfora do estado
anterior ao ato de soltar os sonhos do mundo, em direção à Casa de Deus. Na
medida em que percebes que estás soltando tuas amarras deste mundo, uma
confusão e uma sensação de desordem podem seguramente ocorrer. Este é o momento
da fé, como diz o Curso. Nas mudanças que são reais, que na verdade são uma só,
sempre é possível que surja uma sensação de perda, pois estás transmitindo a ti
mesmo a mensagem que não querias ouvir, que é está: tudo o que vês com os olhos
do corpo ou que percebes com quaisquer dos sentidos não existe, e se empenhas
teus esforços em direção a isto, estas abraçado fortemente à nada, e não queres
soltar, pois perderias os valores, as realidades que não existem absolutamente.
Soltar é muito perigoso para o ego, pois soltar é abrir mão de tuas defesas “contra”
Deus, em favor de alguma utilidade que vês aqui. E por isso, mesmo o tédio te é
valioso, pois ele pode ser experimentado e dar favor e testemunho pela
separação. Principalmente como uma tese da escassez do filho de Deus.
Na
Casa de Deus, que é a Tua Casa também, de Lá tu não precisarás voltar. Na Casa
de Deus só existe o Amor e todas as coisas boas estão Lá, e nunca se vê por Lá
o tédio, pois a Casa de Deus é viva de verdade. Na Casa de Deus todos são bem
vindos, e é Lá que estamos todos juntos, Unidos em Um, pelo que a Casa não é um
corpo, e não tem paredes, nem teto, nem nada. Desta casa, que lembras de tua
infância em intuição do mesmo, em música, é esta mesmo, que é para os bobos,
sendo estes os que para o mundo o bobo é: um sonhador.
Enquanto
sonhas o sonhar do mundo não podes deixar de ser um bobo tonto. Podes vir a ser
um destacado, mas serás um bobo tonto em destaque. O mundo oferece só o que não
adianta nem atrasa, pois o que o mundo oferece não existe. Mas tu podes te
atrasar demais, se achas que buscar pelo mundo uma coisa ou um estado
meditativo ou uma forma de comportamento vá te trazer a “revelação”.
Pai,
pedimos novamente a Ti a revelação de Nossa Casa. Queremos estar de novo em
Teus amorosos braços, para que possamos lembrar-nos de Ti, como nossa própria
mente fornece em sugestões do mesmo, pelo que pensamos certo. Pai, precisamos
de Ti, e queremos lembrar de Ti. Teu filho santo está em disposição pelo Teu
Chamado, conforme prometeste, e por Ti ele espera, ciente de Teu amor, conforme
És Tu Aquele pelo Qual chama o Nome que é o Seu Próprio. Assim pedimos, Pai.
Esperamos tê-lo feito em nossa mente certa. Amém.
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