O que significa “assumir a
responsabilidade por este mundo?”
Assumir a responsabilidade por este
mundo aparenta ser algo muito difícil, pois visaria compartilhar de deveres que
não são teus. Assim, o que compartilhares terá que retornar a ti mesmo como
recusa, pois o que é de outro não é assunto teu, a não ser através de
procuração, piedade ou alguma forma de assunção que faça o teu irmão passar a
ser dirigido por ti. Essa é a responsabilidade segundo o mundo a toma; e
acredita que assim, dirigida para fora, pode ser real.
As relações sociais são apenas
atributos que devotam ao sonho a noção de “caminhar”. Tua responsabilidade em
relação às “ficções sociais” estão associadas às tuas necessidades de criar,
estender. O conhecimento não é uma ficção ou um símbolo utilitário. Obviamente,
podes argumentar com muita facilidade em favor da atribuição disto ou daquilo
como um óbvio valor da “humanidade”, e uma “conquista”. Pensas, portanto, que o
mundo que fizeste está “crescendo”, e este valor assume o caráter temporal da
expansão, ou criação, de forma equivocada, pois o princípio que estabelece este
raciocínio está totalmente comprometido com reter o mundo conforme sua noção de
conforto. É tão circular em seu raciocínio que acredita que a história pararia
por aqui, e não lembra da queda dos impérios, das transições das eras e o óbvio
recrudescimento da matéria, conforme é o caos do universo que criou.
Não há realidade no mundo, e a
responsabilidade pelo mundo não é uma averbação ou uma dedicação voluntária às
suas formas. Isso pode parecer cruel e devastador, pois assim é, quando
projetas a tua responsabilidade em uma ONG, uma forma de poder ou uma causa séria a se defender. Quando é dito no UCEM que o mundo é o contrário do Céu, quer-se dizer que fazer sentido não é real. O real tem a ver com o significado. O significado santo das coisas sempre parecerá loucura para o mundo, pois o mundo, sendo insano, vê a sanidade como o seu oposto segundo sua ótica. É tão verdadeiro que, no mundo, pode-se argumentar em matar em favor de uma causa justa, ou em punição como instrumento de aprendizado.
O contrario disto é tão óbvio e
triste que não falaremos aqui. Falaremos então da REAL acepção da
responsabilidade.
Quando acreditas que um homem pode
dirigir a sua própria vida segundo uma vontade alheia à Vontade de Deus, ocorre
uma divisão entre a sua mente e a mente certa, surgindo o que o UCEM denomina
“mente errada”. A mente, então, passa a ser dirigida por um propósito
totalmente alheio ao que é, diferente de si mesma, e assumindo sobrecargas. Uma
vontade dividida passa a ser a sua concepção de mundo, pois, embora ele pense que está sob direção exclusiva de “sua vontade”, o Espírito Santo “concorre” em
favor de Deus, ganhando sempre. A sensação de “perda”, advinda de uma óbvia
duplicação de si, favorece ao sujeito pensante um memorial recorrente, ao que
chama “história de vida”, e é a esse memorial que ele recorre quando precisa
“acertar as contas” com suas “derrotas”. Seu pedido de ajuda, no entanto, é
recebido e cumprido, conforme sua necessidade é vista por Aquele Que Sabe o que
faz. Então, surgem duas vozes na mente do devastado: a sua construção infantil
e gloriosa, mediante o empenho em ser alguma coisa e o destaque nisto, e a Voz
Que fala por Deus, que fica abafada, pois não pode invadir a mente do Filho de
Deus sem a sua permissão para que possa falar com a gentileza e amor esquecidos
por ele. O ego acredita, portanto, que uma vez construído, feito, ele tenha
sido criado, e que nasceu neste mundo. Ao corpo que foi dado o nome, se
empreende “construir este nome”, até a maturidade e a possibilidade final de
seres “responsável”. Para o mundo, este é o pensamento responsável. No céu,
caso fosse possível, isto seria percebido como uma espécie de anarquia.
O amor de Deus pelos Seus Filhos
está além de tudo o que ele possa pensar sobre si mesmo. Sua agonia em deter-se
e esperar em sua fonte construída é totalmente delusória, e a verdadeira
responsabilidade ele não gostaria de assumir, pois implicaria em primeira
instância em assumir que estava errado. Disso, o ego não gosta; e ele,
identificado com o nome que recebeu e se deu, acredita que é uma vontade
apenas...o Filho de Deus acredita agora que foi reduzido a um impulso.
A responsabilidade verdadeira, que
virá de uma completa deteminação em ver a si mesmo sem medo, não está atrelada
ao que é nomeado como “virtude”. Para o mundo, a virtude está em acepção
errônea, associada ao comportamento. Não podes dar vazão ao comportamento,
disso já passamos, mas o que a responsabilidade real traz é uma associação
entre o que o indivíduo aceita como seu e o que é realmente seu transitando no
mundo como formas de amor. Isso parece difícil de entender, mas é muito claro,
e para tal daremos um exemplo:
Digamos que quisesses pescar um
peixe. Então terias que ter disponíveis linha, anzol, ou uma rede, mais a isca,
a fonte dos peixes: o mar, um rio etc. Depois de tudo pronto, acreditas que
estás pronto para pescar o peixe. Mas então, pedes sorte, ou procuras um “bom
lugar” para pescar. Tudo isso justifica o sonho e parece ser um razoável
planejamento. Afinal de contas, não podes chegar à beira do mar e dizer: saia
peixe! Pois isso seria mágica para ti. Pois eu te digo: mágica é preparar tudo
com o intuito de associar o que és ao teu trabalho, sem antes quereres
verdadeiramente o peixe. O sonho, portanto, é capturar o peixe, e não ter o
peixe para si. Obviamente, pescar não pode ser tido como um “ato mal”. Mas
contratar o peixe é como ater o que se quer ao que precisas, e isso é muito
difícil de se falar sem decorrer em sérios julgamento egóicos contrários e
temerosos.
Esse exemplo é uma fábula, uma
história da carochinha, não pode ser entendido literalmente. O trabalho
acontece na vida de uma pessoa neste mundo com a necessidade que sua linguagem
contém. Foi necessário muito trabalho para que Um Curso em Milagres viesse à
publico, e um grupo pequeno de pessoas se esforçou às duras para que
acontecesse. Sua responsabilidade estava no que sentiram e perceberam quando
estiveram presentes ao mundo como guias e professores do Curso.
Portanto, assumir a responsabilidade
por este mundo não pode ser um encontro com o mundo em suas formas literais. A
responsabilidade de que fala o UCEM vem de entenderes que a metáfora “mundo”
implica em dizeres que um sonho em imagens está proposto, e não tens nada a ver
com isso. Passas então a nutrir o mundo, a partir do momento em que dás e não
quando buscar receber. O perdão passa a ser o veículo de nutrição que permite a
ti perceber o mundo como uma nova tendência de teu ser, associada a uma maneira
singular de apresentar a ti mesmo como Outro, mas sendo este Outro o teu
verdadeiro Ser, que em nada se parece com aquele que visavas construir. O Ser,
a revelação, é uma redescoberta. E tudo que vem dela é dado, não pode ser
construído. A responsabilidade
verdadeira está em assumires as imagens do mundo como sendo a tua fabricação do
mundo. Não podes consertá-las, mas podes dar de ti para elas, conforme sejam
atribuídas a ti, serás “recompensado”.
Uma forma real de assumires a
responsabilidade por este mundo é saberes que uma ideia não pode ser associada
a nada que não pertença a si mesma. Assim, Deus é uma ideia e as associações de
Sua Vontade neste mundo também são partes de Sua Ideia. Por isso se fala no Curso em "estender". A Mente de Deus é uma
acepção holográfica, a qual este mundo não está associada, pois o mundo não
pode ser envolvido com a Mente de Deus. Os “fatos” que ocorrem no mundo são
meras associações de vontades desenvolvidas em sequencia para atestar o tempo
como co-autor do mundo. O verdadeiro autor do mundo é o Filho de Deus que
acreditou estar capaz de separar-se, conforme já vimos. No entanto, a Mente de
Deus abrange a REALIDADE de Seu Filho, assim, as criações do Filho no mundo são
as únicas coisas passíveis de estender o amor aqui.
Assumir a responsabilidade pelo
mundo é também criar. Precisa dar para poder criar. Não há como reter o teu
potencial criativo e “fazer um nome”, sem que isso tenha a ver com a falta de
responsabilidade. Ser responsável é assumir consigo mesmo o comprometimento
verdadeiro de olhar apenas na direção de Deus. Para isso, precisas entender que
“és responsável por aquilo que cativas” e mais. Pois o sentimento sozinho não é
capaz de dirigir com sabedoria tua certeza. Precisas entender que o teu
“mundo”, a que deste nome, pelo qual te chamas e que chama por ti, não existe,
mas precisas estender o amor a isto, se quiseres escapar, assumindo assim a
responsabilidade verdadeira, que não vem de ti. No entanto, diante de uma total
discriminação de teu ser perante uma vontade alheia, pode ser "destituída" por
uma verdade fabricada, que não é compatível com o que és, e fica borbulhando em
tua mente como uma certeza desprovida de amor.
Responsabilidade é amar e “ver o
visto”. Ao vê-lo, não o julgas, e ama-o. Apenas assim se está sendo sincero com
o que se é. Apenas assim poderás fazer o que o mundo precisa para ser melhor.
Pai, estamos assustados com o que
escrevemos, e pedimos ajuda para que possamos entender verdadeiramente, durante
a vida, o que é ser responsável. Queremos amar, meu Pai. Estamos saudosos de
nossos irmãos. Teu Filho Santo é teu amado, e pede que veles por ele, e responda
à sua ansiedade em reencontrar a Ti, Amém.
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