As
imagens que vês na separação são o fundamento do teu pensamento condensado em
matéria. Por isso se diz que há “acasos significativos”. Na verdade, acasos são
impossíveis, pois tudo o que ocorre está dentro da tua mente, conforme o UCEM
diz ser óbvio. Não é óbvio para ti, pois para manteres a dualidade culpa-pecado
é deveras importante que as imagens pareçam exteriores, distantes e,
principalmente, independentes.
Um
objeto que se vê e dele se diz algo, como um tipo de ferramenta ou uma chave,
tem em lugar de seu pressuposto imediatamente imagético (características de
cor, tamanho, densidade etc) uma definição. Portanto, em lugar da “coisa” vê-se
a “coisa em potência”, a utilidade ou o juízo daquilo conforme a experiência do
observador. Isto é a superfície do problema. Realmente, uma paisagem bela a qual
se reporta a ti como sendo unicamente visível, sem utilitarismo, geralmente é
passível de ser contemplada serenamente, se apenas vires o visto, pois ali não
há elementos projetivos diretores de tua experiência passada. Obviamente, é
possível te perturbares mesmo em frente a mais bela paisagem do mundo, mas
pensa em como a utilidade das coisas tem um elemento tangível, que as
condiciona em juízo, diferentemente daquelas as quais observas com certa
isenção.
Seria
impossível asserir que um determinado objeto esteja dentro de outro, pois as
imagens não se sobrepõem, e para isso serve um mundo tridimensional. Uma imagem
— e dizemos por “imagem” qualquer coisa — uma imagem dentro de outra, ocupando
o mesmo espaço, fere um dos princípios básicos dos estudos da mecânica da separação.
Quando vês uma bicicleta na frente de uma árvore, estás a ver dois objetos
separados, um atrás do outro. No entanto, se quiseres te ater a um exercício
discriminativo, pensa nos dois como sendo a “mesma imagem”. As coisas que são
vistas separadas são uma só, ocupando diferentes “perspectivas” que devotam ao
observador a separação das imagens em profundidade e altura. Isto ainda é uma
espécie mecânica da observação das imagens como unitárias, pois elas em si são
uma só, indiferentemente. Quando uma pressuposição de imagens alcança aquilo
que se vê através das definições, temos as “imagens úteis”. Quando existe uma devoção
meramente contemplativa às imagens, elas se tornam abstratas, e a realidade “além
de seus usos” pode ser revelada para ti. Tal revelação não pode ser descrita,
pois o que dissemos acerca do fato de todas as coisas comporem apenas uma imagem é uma metáfora muito pobre
perto do que é a experiência da unidade do pensamento.
No entanto, mesmo as imagens mais
discriminativas são meramente simbólicas. Teu pensamento não é a imagem que vês
de forma diretiva. Por isso se diz que as imagens não são ocorrências diretas
de tua mente. Se vires a chuva, não significa que “está chovendo em ti”. A
chuva que vês pode muito bem ser o tempo bom ao agricultor, conforme seja teu
pensamento em abundância, ou o mero ato de lavar; e mesmo o dilúvio é a
metáfora do recomeço, conforme guarde-se os pares — o mesmo mundo, lavado.
Podes ver a
cura de tua mente em atos e imagens que teu ego discorda como sendo razoáveis e
aprazíveis. Para ele, o amor não pode vir de forma alguma, a não ser em propósito
de discórdia. Tal propósito é atraente para ele, e sempre vem a ser pintado com
cores mágicas, geralmente embotados em muito sentimentalismo, agregando valores
diretivos às situações escolhidas por ele como “belas”. Não é verdade que
parece merecido que fulano sofra, pois ele tanto fez que mereceu? E se vires
seu sofrimento, não é agora culpa dele, e tu mesmo não estás com nada a ver com
isso em juízo? Esse é o propósito do ego nas imagens. Julgá-las para definir o
que vale e o que é descartável. Descartável é tudo o que é pacífico.
Claro que ele
não te deixará em turbilhão de ameaças, pois ele sabe que precisas de descanso,
ou apelarias para “O Inimigo” com a devoção genuína e geralmente disponibilizada
pelos desesperados em ato imediato e grave. Não é esse o caminho do UCEM. Nosso
aprendizado é gentil. O objetivo do UCEM em relação às imagens é que as vejas no
“mundo real”, que é o mundo no qual as imagens refletem os pensamentos da tua
mente certa. Esse mundo, no qual a gentileza predomina, é o cenário ideal para
que te seja dada a revelação da verdadeira natureza das imagens, sem nenhuma
gravidade ou temor.
Em última
instância, a culpa é o princípio formador das imagens como as vês. Parece não haver lógica em tal afirmação, mas
é a culpa que não te permite olhar para as imagens em abstração. Ela assere que
o juízo em relação as coisas deve ser tal que catalogue todas elas em teu
repertório, de tal forma que adiciones a cada imagem vista um conceito,
imediatamente, pondo “cada coisa em seu lugar”. Isso é tido como inteligência
pelo mundo. Um homem que sabe diferenciar e discernir as imagens por seus usos
é um sujeito polivalente. No entanto,
polivalência é separação, pois os pedaços do mesmo não são significativos.
Por outro
lado, inconscientemente, tudo isso ocorre mediante uma total disponibilidade
tua aos inversos, tanto quanto inconsciente, enquanto dormes teu sono de Adão. As
coisas que vês são o véu, em imagem, do qual o teu pensamento se reveste para
não se reencontrar contigo mesmo. O medo deste “reencontro”, que não é um
reencontro em absoluto, mas uma lembrança, o medo disto vem de tua
indisponibilidade em te livrar da culpa, pois é mais fácil construir um mundo
entre tu e Tu Mesmo do que assumires que não podes ter medo de Deus.
Assim, surgiram
os corpos, as coisas, a natureza, e toda a separação ocorreu em um mil de minuto
em que dissestes: não sou o Que Sou. Então, precisastes pensar o que eras, a
maçã vem pela serpente no mito bíblico como uma tentação, apenas porque
representa uma imagem em desobediência ao mesmo. Não foi preciso que Eva
comesse a maçã, mas apenas pensar em maçã fez da serpente uma surpresa, e todo
um mundo surgiu em dois: maçã e serpente — as coisas e o ego.
De quem é a
culpa? Essa é até para a gente se rir um pouco! Não há culpa, irmãozinho, pois
a culpa é o fundamento da separação. Se Eva dissesse: “não quero a maçã que não
quero”, toda a separação se desfaria, pois esta dupla negação afirma a
inculpabilidade de Eva e desfaz qualquer argumento em favor disto. Mas se Eva
pensa: “ a maçã é” então a serpente completa para si pensamento. As imagens
surgem como um pressuposto completivo, uma adição ao pensamento. Entre
pensamento e a neutralidade do próprio pensamento aí estão as imagens e todo
um mundo para brincares de solidão, separação etc.
Já foi muito
bem dito que, além da culpa de Eva, que se projeta e se faz imagem, há a culpa
em Adão, que “falava com Deus”. Ademais, isto está correto apenas segundo este
ponto de vista: Adão e Eva sentiram-se culpados e se separam do paraíso em
imagens. Isto está simbolizado em precisarem vestir-se para esconder suas “vergonhas”.
A culpa é a nutriz da vergonha.
Assim,
livrar-se da culpa é passo primordial para lembrar-se do perdão. A culpa congela
tudo, e é bem um artifício que afirma o mundo em separação. Somente o passado
pode gerar culpa. Arrepender-se vem na direção de “dizer para trás, sentir,
pesar”. O arrependimento é arrogância, pois és livre em Deus. Mesmo o maior
criminoso é livre em Deus, embora precises ter cuidado com teu ego aqui, pois
as imagens de restrição surgem em um contexto de alto investimento em escassez.
Tu, que estás
muito longe disto, pois chegastes até este ponto da leitura, bem sabes que o
amor é o teu propósito, único e inequívoco. É o amor que vai te lembrar da
liberdade em Deus. A natureza das imagens pode ser apenas experimentada. Elas
serão reveladas para ti como são em si. No entanto, é necessário um total
desnudar-se de culpabilidades quaisquer, pois ela é o maior entrave em teu
caminho. O maior medo de Adão, assim como o era o do Filho Pródigo, é o de
voltar para casa, ou lembrar-se de Deus. Esse terror não existe, e se quiseres realmente
abandonar de vez as tuas culpas, mediante um esforço diretivo e em Ajuda
verdadeira, poderá se revelar o que está previsto para ti no UCEM, acerca daquilo
que está por trás do véu das imagens:
“Deus pode levar-te ate lá, se estiveres disposto a seguir o Espírito Santo através de aparente terror, confiando em que Ele não te abandonará e não te deixará lá. Pois não é o Seu propósito amedrontar-te, mas apenas o teu. Tu és profundamente tentado a abandoná-Lo no primeiro círculo do medo, mas Ele quer conduzir-te em segurança através disso e muito além.
“O círculo do medo está exatamente abaixo do nível que o corpo vê e parece ser todo o fundamento no qual o mundo se baseia. Aqui estão todas as ilusões, todos os pensamentos distorcidos, todos os ataques insanos, a fúria, a vingança e a traição que foram feitos para manter a culpa no lugar de forma que o mundo pudesse surgir dela e mantê-la oculta. (T-18. IX. [3:7-9] e [4:1-2])”.
Lembremo-nos aqui do
medo infundado de Adão e do Filho Pródigo. Assim, receberemos a revelação da
natureza das imagens mediante nossa coragem em amor próprio verdadeiro, que é lembrar-se
da inculpabilidade do Filho de Deus. Recomenda-se fortemente, em esforço e empenho,
a leitura imediata da seção IX do capítulo 18 do UCEM, que será compreendido mais
facilmente diante das ilustrações expostas acima. Não leve teu ego a dizer que
é trabalho demais, pois o mais importante está lá!
Obrigado por leres
até aqui. És bem vindo aqui. Te amo.
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