segunda-feira, 25 de março de 2013

A Verdadeira Autoridade


               
               
               O problema da autoridade não existe em conformidade com o pressuposto mandatório ou a aniquilação da vontade mediante coerção. Uma autoridade tirana não pode ser nada além de autoritária. A Verdadeira Autoridade demanda desígnio em amor — uma resposta direta da Fonte àquele que está sob Sua benção.

               A benção da Autoridade previne a tirania. Ela conduz mediante os indícios do amor, e não através de ordens diretivas baseadas na separação. A noção de ganho ou perda é sem significado para a Verdadeira Autoridade. O problema da autoridade é simplesmente uma questão de autoria, conforme aprendemos no UCEM: “Quando tens um problema de autoridade, é sempre porque acreditas que és o autor de ti mesmo e projetas este equívoco nos outros (T-3. VI. 8:2)”. Se és o autor de ti mesmo, então os outros devem responder em relação direta à autoridade que criastes. A projeção, neste caso, surge do empenho em devotar crença à tua “feitura”, pois se "outros" vierem a crer na autoridade que fizestes, então há “testemunhas” de sua existência.
               No entanto, assim como uma legião, as autoridades criadas odeiam umas às outras, pois vivem em eterna luta pelo predomínio. Obviamente, conforme aprendemos, a noção de triunfo nada tem a ver com o amor verdadeiro, pois a certeza é impossível sem compartilhar. Mas a autoridade que te destes busca apenas escravizar para manter, ou ter para conseguir. Isso é muito debilitante, e altamente insatisfatório. A Verdadeira Autoridade abençoa em primeiro lugar, para depois guiar. Ela não está nem um pouco preocupada com o predomínio, pois suas ideias são compartilhadas. Sendo assim, são da mesma natureza, e não podem contradizer a si, pois o mesmo é igual ao mesmo. A autoridade que quer fazer “diferente e maior/menor” precisa ser questionadas.
               A benção da Autoridade é, portanto, o indício seguro de que o amor está dirigindo. A segurança disto ocorre ao se perceber que a ausência de tirania elimina totalmente o medo. Apenas aquele que busca testemunhas da autoridade que construiu pode querer o medo, pois o próprio medo garante que a tirania está presente. Contudo, e persistentemente, gostaria que lembrasses que a Verdadeira Autoridade promove, através da lembrança em benção, que o amor é a Única Autoridade capaz de compartilhar. Portanto, e mais uma vez, precisas lembrar que és invulnerável. Se és invulnerável, como poderias querer o medo? O invulnerável não teme, pois é invulnerável! Contudo, se sentes medos, a que autoridades estás obedecendo?  — e neste indício plural, eis que o ego é legião.
               Mas tu podes — e deves — responder apenas a uma Autoridade, pois existe apenas Uma. Exercícios que visam fazer com que treines a tua mente em favor da Autoridade são constantes no Livro de Exercícios. Tu não tens controle sobre nada, a não ser sonhos. Mas enquanto brincas de controlar os sonhos, podes também verificar que o medo de Deus é uma falácia muito bem elaborada, através de conceitos construídos unicamente para separar. Separar-se de Deus pode fornecer a ilusão de autonomia e controle, princípios em égide na tirania. Mas ao preço do medo, que é aquele que segura o escudo. Blindando o filho de Deus em uma feitura — ou ego — tal autoridade agora é quem guia e controla através do medo, para o medo e com medo. O objetivo é a autonomia, palavra que neste contexto pode ser substituída por isolamento, ou separação. Obviamente, em tal cenário, a função guardada para ti pela Verdadeira Autoridade jamais poderá ser lembrada, pois seria a traição máxima à autoridade tirana, pois tua função somente pode ser compartilhada. O ego quer que acredites que compartilhar é perder, e perder é morrer. Mas apenas o amor quer que entendas que apenas compartilhando podes realmente ter, pois é bem verdade que “só é seu aquilo que você dá”, ou compartilha.
               Repartir não é compartilhar, e aqui voltamos à diferença discutida anteriormente sobre doar e dar. Doação é caridade e benção, mas ainda visa apenas repartir, ou tirar de si uma porção para ajudar. Obviamente, há um princípio de certeza neste ato, pois doar apoia, no contexto da segmentação, um desapego ou livramento. No entanto, compartilhar não visa nenhum tipo de segmentação, pois a parte que é dada permanece. No “doar”, o alvo é suprir. No “dar”, é garantir.
               A Autoridade somente dá, pois sabe que apenas assim pode suprir e restaurar. Ela não mantém nada para si, tampouco perde alguma coisa para “conceder uma parte”. Na verdade, podemos ver isto até mesmo nas formas, pois um pedaço de alguma coisa no mundo que foi “doada” saiu de um lugar e foi parar em outro. Se eliminarmos deste trajeto o conceito de “dono”, a mudança de lugar não pressupõe mudança nenhuma, pois o deslocamento não existe na Unidade. É por isso que quando as coisas mudam de lugar apenas podes ver a bagunça se ativeres a isto uma noção de pertencimento, ou um sujeito. A responsabilidade pela coisa atirada passa a ser de alguém, e agora não há mais um deslocamento, mas uma variação entre dois. Isto é partir.
               É difícil de entender a Unidade em exemplo de formas, pois não há garantias de elisão, e cada aspecto tomado como exemplo vivifica seu oposto. No exemplo acima, uma coisa sem dono pode ser lixo, abandono, perda, desdém, quinquilharia, apenas imagem, objeto, coisa, algo, pronome, menção. Menciona-se: o que é aquilo? E se “aquilo” não tem dono, aquilo “não é nada”.  O predicado é pressuposto na separação.
               A Verdadeira Autoridade não predica. Ela não tem adjetivos para si. A linguagem e seus compartimentos visam separar em sintaxe para elidir em semântica, mas nem todos são poetas, e mesmo a melhor poesia está dividida em linguagem e imagem. A autoridade surge inicialmente como uma “suposição” de Guia, mas sem nenhuma separação. Tu és predicado por este Guia, mas ele não tiraniza teus caminhos, pois tu não és para Ele um “sujeito”. Apenas assim poderás saber da elisão na linguagem de teus dias, conforme falares de Deus confiando Nele. Conforme fazes com a palavra escrita, convém antecipar em amor tal disponibilidade em teus encontros diários com teus irmãos amáveis. Não precisa ser em assunto ilustrado, mas o mero bom dia Guiado em elisão já é um começo bom, pelo qual a própria elisão surge ao dar amor nas palavras. Não podes temer falar de Deus, mas não precisas colocar Deus como assunto em tuas conversas para fazer Seu trabalho santo. “Amar” é o Verdadeiro trabalho.
               Pai, queremos lembrar do amor em nossos irmãos. Estamos sozinhos em sonhos, mas estamos bem em Ti. Lembrar-se de Ti é tudo que queremos. Para isso, estamos dispostos a dar, a assumir a responsabilidade por este mundo. Nossos sonhos e fantasias tem nos tomado tempo em ilusão neste mundo bobo. Queremos voltar para Ti, meu Pai. Pedimos tua graça de libertação agora, pois estamos prontos para o amor. Em fé te pedimos, amém. 

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