A
vontade dirigida fortemente em favor de empenhos separados pode certamente
fornecer as características associativas da separação. A doença a que chamamos “separação”
não é em si mesma uma doença, mas uma fornecedora do “lugar” no qual as doenças
podem acontecer. O medo da separação é infundado, mas é factível que a doença em
decorrência da separação seja claramente perceptível neste contexto como
sofrimento.
A
grande premência do sentimento de isolamento é um óbvio efeito do investimento
errado. Vejamos: se investes na separação como teu esteio, o teu sentimento de
si mesmo será o de um separado. Parecerá que estás destacado de tudo, mas que
isto vem pelo custo de alto empenho em independência. Teu ego não deixará de
fornecer os elementos aos quais devotas tua idolatria e apresentas como
empenhos aos quais merecem tua “dedicação”. Assim, a morte surge como um evento
separado, que cortará de vez a tua vida de todas as outras vidas, pois esse é o
ápice da separação.
No
entanto, enquanto não surge a meta principal, as meta secundárias em direção a
este terrível sonho advogam que a separação não ocorreu, por isso são precisos
arranjos entre ti e o mundo para que possas transitar nele; separado, mas pertencente
à sua roda. Tu és um dos habitantes do mundo, tens o direito de estar aqui, mas
neste “aqui” os corpos e os diferentes objetos devotam para ti a prova de que a
separação ocorreu em um contexto no qual teu empenho falhou, e precisas agora
defender-te, sob pena de receberes o ataque, que virá nas formas de falta: de
amor, de dinheiro, de companhia, de pessoas para conversar etc. Em outros
termos mais simples, é a crença na escassez.
Obviamente,
parece que não vale a pena deixar isso para trás, pois o medo surge agora como
o elemento “protetor” da separação. O separado crê que entrou em uma bolha, mas
que pode conviver com outras bolhas e com as “coisas bolhas”, sem jamais tocar em
nenhuma delas, e totalmente à parte de tudo o que percebe como sendo externo a
si. Essa sensação, que é fortemente defendida pelo medo, pois o que poderia
ocorrer caso todas as bolhas estourassem?[1]
Ele seria totalmente dissolvido e “perderia” sua identidade. Ele precisa muito
temer as “outras coisas” ou os “outros”, pois em caso de contato, ele pode ser
dissolvido, eliminado, totalmente destruído pelo que é externo a si, e agora
que surge, como cavaleira da insanidade, a batedora oficial da separação, a tão
insanamente protegida “culpa”.
A
culpa surge como a faca que aponta para teu peito a ameaça: “tu estás errado
quanto ao que és”. Obviamente, isto — e apenas isto — está correto segundo a
perspectiva da culpa. No entanto, enquanto o Espírito Santo diz que o erro
nunca existiu, que és amado e que basta apenas mudares a perspectiva para veres
a cura, a culpa, por outro lado, dita que a cura não existe, que morte é a única certeza deste mundo, e que
irás para o túmulo mais rápido se tentares te aproximar demais. Ela continua
com a faca apontada, uma faca de espuma, mas te hipnotiza em argumentos aos
quais devotas teus empenhos dizendo: mas a morte será que é meu fim, o que posso
fazer para escapar? E da culpa, do medo e da morte surge o ego, que te diz o
que queres ouvir para estar separado, mas em defesa contra a separação.
Isso
é possível? Será que estarás seguro se defendendo a favor do que queres
escapar? Ele gostaria que visses em tudo a faca, apontada de volta para ti,
pronta para estourar a tua bolha e te colocar indefeso frente a frente com o
inimigo. Sem tuas defesas, serias trucidado pela separação, e o teu irmão
poderia finalmente completar sua vingança, tramada em meneios escondidos, aos
quais não tens acesso, mas que visam te jogar sempre no túmulo, pois a tua
morte não tem final sem que o tempo possa dizer: “agora, uma coisa virá atrás
da outra”, e por fora das bolhas surgem as horas, os minutos, o passado e o
futuro, e se estiveres disposto a perceber a insanidade em tudo isso, o perigo
aumenta, e teu ego tentará, de todas as maneiras possíveis, te retrair para “dentro”,
sendo este tal “dentro” uma marcação em perspectiva, localizada com o centro em
teu umbigo, sendo o corpo o grande troféu pelo qual, em certeza de defesa,
podes agora respirar aliviado, pois finalmente esta faca está longe, longe; encostada
em alguma outra coisa — teu corpo —mas não pode te atingir jamais.
Agora,
a separação é real. E podes ouvir o professor que fizestes, para provar que a
culpa, o medo e a morte são reais. A sensação de opressão vem como um prêmio,
pois podes dizer: “realmente é assustador!” Agora minha pergunta é: para quê
isso? Qual é o propósito? Querias experimentar a dor, o medo e o ataque? Pois
bem: não tivestes já muito mais do que o suficiente? Eu vim para te buscar. Nas
queres te deixar ir desse sonho? Em verdade, não vais embora de lugar nenhum.
Pensa nisto: no universo, rondando em torno de mil milhões de planetas, está a
terra, que é um micro ponto em meio a esta “imensidão”. Dentro deste micro
ponto, estás tu, minúsculo em relação a ele, como um corpo, um nanoponto dentro
de um ponto. No entanto, acreditas mesmo que, se apanhas aquela xícara no
mercado, compra-a com as tais “tiras de papel”, podes dizer agora que um ponto
é dono de outro pontinho? O sonho permite que o teu corpo seja o centro de
todos os pontos, e o teu umbigo está mesmo bem no centro de uma rosa dos
ventos, cujo o norte é a tua vontade e o universo inteiro para diante de ti,
para fora, externo em pontos e mistérios, todos com uma faca apontando para ti.
Realmente, para te defenderes disto, terias que ser um mago, e viver em mágica.
A
mágica chama de vida, e o mago chamas André Sena. Pronto, eis a loucura
revelada em ponto. Obviamente, André Sena será o nome de um corpo neutro,
restaurado, conforme seja tua vontade de estar em paz, sereno, claramente
destacado da loucura em acreditar que uma construção pode tomar o lugar de
Deus. De acordo com a insanidade, Deus seria Aquele Que fornece a faca à
separação, e Jesus é o culpado por ter divulgado o cangaço celestial. Tudo isso
é até para se rir, para compor piada. Não aconteceu nada, nada se separou na
unidade, e já dissemos que a culpa é a produtora das imagens. Portanto, a culpa
de Adão forneceu-lhe os meios para “existir fora do lugar bom”, o medo fez com
que o lugar “fora” fosse real, pois ele pode matar, e o ataque virou a defesa
necessária. Daí as guerras e os motes em favor de angariar pontos nesta vida
como um grande fortalecedor do sujeito como portador de coisas. E se ele possui
coisas —e “coisas” são todas as imagens — as coisas fazem dele o sujeito de todos
os seus predicados construídos.
O
perdão restaura, o amor pacífica, a ausência de defesas liberta e a paz vem.
Somente através da ausência de defesas poderás perceber que a tal faca é um
brinquedo de espuma. Tolo demais para ser levado a sério, e por isso se diz no
UCEM que é “despedido com uma risada”. A faca de espuma é temida pela crença em
que ela possa ferir. Ela não pode ferir. O hipnotismo em anos que te é sussurrado
como verdade foi capaz de te iludir, mas estás percebendo a ilusão, para quê
continuarias então em busca de nada?
Os
símbolos de amor não te serão tomados. Por fora da bolha está tua verdade, e tu
és amor, portanto, verás apenas isso. Para veres a faca de espuma, escuta a Teu
Professor. Confia nele enquanto vês as imagens de amor que ele te demonstra
como sendo Tua real Vontade. Não há erro em acreditar em amor como a única verdade,
pois todo o temor surge do medo da faca de espumas e dos assassinatos que
cometestes com ela. É para se rir! Será que matastes com uma faca de espuma?
Então a culpa é para se ver apenas em tolice, e o que vier para ti em imagens
podes ver apenas em amor, sem nenhum tipo de julgamento, pois o julgamento do
nada é apenas o nada decalcado.
Devota
teu dia hoje ao amor. Parece realmente doloroso o empenho em ausentar
completamente de defesa. É como uma criança caminhando para tomar um bom banho
de mar em um dia de sol, temendo a água fria no caminho e os seres marítimos e
o medo de morrer afogado. No entanto, no caminho um amigo amoroso lhe diz a
verdade, que a praia é em Natal, que a água é quente, que não há nada a temer,
que ele pode confiar no mar se ele mesmo souber agradecer ao mar em empenho de
nadar em lugar de calma, e que o grande amor de todo o mar é dele, e eis o
banho bom, sem medo algum, embora a um tempo atrás parecesse que era temível e
terrível aquele evento que se reconhece agora no bom. Amém, amado. Empenha-te
neste dia em amor. Ausência de defesas é cura da culpa. O que revelarás é o que
és, e só pode ser amoroso. Não queres continuar como fantoche da culpa. Deus
está a falar para ti através de Teu Professor. Escuta-o hoje, e ele te
conduzirá com amor, mesmo diante de “aparente terror” no caminho do bom banho
de Natal. Esperamos por ti em paz. Amém.
Tu me parecES um tanto acelerado como Sena, mas a tua cena não é de morte, e por isso, o Sena renasce em ti, pois tu põES em cena, que a única vitória do Sena, foi experienciar que não pode morrer para a Vida.
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