A cura da culpa, então, ocorre através do Amor.
É Ele quem a desfaz. Como poderás amar a ti mesmo se te vês solitário e
desvalido. E, assim, pressuposto em escassez, como conseguirás atingir em ti
mesmo uma reconciliação com o amável?
Já
vimos ontem a questão da culpa como geradora das imagens conforme as vês. Remetemo-nos
à complexidade do tema em questão, de certo modo satisfatoriamente. No entanto,
a revelação metafísica está além do aprendizado, e preferimos ficar naquilo que
é o trabalho palpável, no dia a dia de nossa ilusão em separados, para
alcançarmos a meta de modo prático. Muita metanoia pode causar especulação em
assombros, e parecer fornecer atos desvendáveis daquilo que está óbvio, mas não
vês. Portanto, hoje, ao invés de tentarmos simplificar a “dificuldade” do
simples, vamos aprender sobre a simplicidade mesma do amor.
És
o Filho Amado de Deus. Nisso já confias um pouco. No entanto, amar é, para ti,
ainda uma atividade passível de certa esquiva, pois ainda temes o amor.
Decerto, a culpa fornece para ti pressupostos em imaginação, e aderes muito
facilmente a eles, pois são o atestado da separação que ainda valorizas. Se não
a valorizaste, como não a valorizaste? Se ainda acreditas que alguém ou alguma
situação é temerária? Tens medo de te revelar amável por conta da fragilidade que
isto mostraria. Achas mesmo que a tua força é frágil?
O
amor parece que te deixará sem saída, pois todos poderão se aproveitar de tua
inocência e te atravessar o coração indefeso em baixa guarda. Irmão, somente se
estiveres em guarda surge o ataque. Tu não serás atacado por ninguém, se não
tiveres tu mesmo pensamentos de ataque. Isto é o que tu acreditas ser o teu “direito
de resposta”. É mesmo um raciocínio bem circular! Acreditas que, se amares alguém, este alguém
verá que tu és frágil e bobo tonto, capaz de receber todos os tipos de pedradas
devotadas aos mártires, pois é bem verdade, em teu raciocínio perturbado, que o
martírio parece favorável aos amáveis, e para ti, que és um amável temeroso, o caminho
do mártir parece desejável.
O
ego, então, em seu perceber de tua dedicação aos inversos, te diz,
sorrateiramente, “pois é melhor ficar aqui, se defender; sempre é possível
encontrar alguém amável”, mas “esse alguém” a quem ele se reporta é uma
criatura no futuro, nunca sendo aquela que está a sua frente, pois para o ego,
mesmo no agora do teu corpo, as pessoas são só a tela de muita projeção de
ódio, ou relacionamentos especiais de amor. Passemos disto com este simples
aprendizado e com uma devoção em coragem: baixa a tua guarda! Não precisa ser
todo o tempo, mas tenta, de agora em diante, em circunstâncias menos
comezinhas, a pedir ajuda em disponibilidade. Joga-te, assim como quem fosse
pular no mar, e diz: “irmão, vamos juntos, tu e eu”, que é o caminho da Canção
da Oração. Grande belo mergulho será, com visão de Netuno e Glauco, pelo que,
nas metáforas mitológicas, advogamos a separação em um instante, para dizer da
segurança que são os deuses do mar.
Não
há deuses além Dele, decerto. Para quê, senão em amor, julgaríamos? Quando
dissermos um nome, não temas isto, mas antes ames a isto, e a correção virá
imediatamente, pelo próprio amor. Isso é o que se chama segurança. O amor traz
a segurança da verdadeira guarda, que são os anjos de Deus, dezenas de milhares
de miríades, todos em teu favor, demonstrando, em ato, que quando não vês amor,
estás a ver um pedido de ajuda. E assim poderás dar ajuda e receber!
Se te mantiveres em guarda, darás mais de guarda, e porrada! Mas isto na matéria não te
é possível, já tens ao menos a sanidade de evitar o corpo ao ponto da arma. Mas
a porrada surge em ato nas mil formas do ataque, em separação. A única maneira
de veres amor e o pedido de amor é disponibilizares a ti mesmo à Ajuda,
abandonando tuas defesas. Quem não guarda defesa, não tem culpa.
Portanto,
o que serão as imagens vistas por aquele que se redimiu da culpa? Serão apenas
as imagens do amor, em esforço algumas vezes, deveras, pois ainda vês o amor
como uma dificuldade. Mas mediante a disponibilidade em apenas amar e dar amor,
terás de volta, seguramente, a responsabilidade do mundo em tuas mãos. Assim,
aceitarás “a vida como ela é”, verdadeiramente.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário