O amor é a verdade que te
libertará. É Ele Que traz as boas novas! A culpa estabeleceu por muito tempo no
teu coração um terreno arenoso, no qual podias ver as imagens do mundo sem se
preocupar com tua responsabilidade acerca delas, mas ao custo de uma vida
totalmente inserida nos contextos tortuosos que a irresponsabilidade traz
consigo. A culpa possui em si uma forte inclinação ao desleixo, pois ela insere
o filho de Deus no contexto da isenção em relação ao próprio desleixo,
definindo a ti mesmo como sempre merecedor de punição, eternamente devotado à
defesa, para reorganizar as coisas.
Defender-se é, em última
instância, apropriar-se indevidamente do amor. Acreditas que o amor próprio,
assim entendido, é valioso como “instinto de preservação”. Tal “instinto”,
definido obviamente pelo ego no decorrer de tua “maturidade” como necessário,
procura envolver uma decisão meritória de tua vontade mediante uma correção dos
teus atos, a fim de associar ao teu comportamento uma disponibilidade ao certo,
segundo o ponto de vista do ego. No entanto, ele te diz o que é certo, e
empenha-se em fazer-te defender-se disto com toda força que puder, para que tu
te detenhas em guarda contra este ou aquele comportamento; ou das pessoas que,
segundo o julgamento do ego, são portadores de algum maligno modo de ser. No entanto,
como convém ao relacionamento especial de amor, o próprio certo será visto como
errado, e o errado como insano, e não há perdão em relações assim.
A defesa surge em guarda contra o
amor. Apenas isso. No UCEM está dito que as defesas trazem uma miniatura do
sistema ao qual querem te resguardar. Isso é bem verdade. A defesa monta uma
estrutura em defesa de si mesma, pois ela precisa “ir lá fora” como julgamento
para “voltar” como defesa. É uma única coisa, dividida em duas para pressupor
diferenças e, assim, polaridades de “certo” e “errado”. A liberalidade não é a
correção disto, tampouco a anarquia, pois seriam a tendência ao outro pólo que
todo empenho devotado à miséria demanda. Dissemos “empenho”, pois um grande
esforço em aderir em relação a si mesmo um propósito santo, trará como
pressuposto, se tal proposta for apenas em verniz comportamental, um grande
investimento na bagunça, sob a forma de “correção”.
A santidade não é postiça.
Tampouco precisa de defesas contra o que quer que seja, pois o fato da
santidade ser inviolável e incólume pressupõe prescindir de quaisquer defesas. De quê poderia o invencível se defender? O santo em
defesa é um santo em comportamento. Não pode manter-se sempre incólume. O UCEM é claro neste ponto: “os que são parcialmente inocentes estão aptos a
ser bastante tolos, às vezes (T-3. II. 2:2)”.
O empenho em correção surge na
entrega verdadeira. Ser devotado ao comportamento, ou a uma causa, é um embuste
que apenas pode atrasar. O mundo está cheio de causas, e os opostos destas
causas precisam ser reforçados para que elas mesmas possam existir. “Quando um
não quer, os dois não fazem tempestade em copo d’água”. Até onde é possível
saber, o empenho da defesa só é possível na crença em ataque. Seria possível se
defender sem a crença no ataque?
Portanto, a principal arma da
defesa é a crença em beligerância. Não há nada a se conquistar aqui, mas isso não
podes saber enquanto deres ouvido ao ego. Não há nada fora de ti que possa te
ferir. O teu consentimento em sofrer fez de ti um “pecador”, pois estás a ver
que “aqui se faz, aqui se paga”. Não há garantia sequer nas citações: hora
podem te apoiar, hora não, pois és tu quem as escreve e divulga. A tristeza vem
de um apagar das verdadeiras emoções, em trabalho devotado aos inversos, pois
teimas em crer ainda na injustiça.
Não existe injustiça para o
espírito! Tudo o que ele vê é o céu e o amor entre iguais. O igual prescinde de
oposições. Assim, as defesas são desnecessárias e o amor pode ser a si mesmo,
sem temor algum. A defesa surge do medo, tão claramente como o amor surge do perdão.
O perdão ocorre mediante uma total entrega às imagens sem negar-lhes responsabilidade.
“Meus pensamentos são imagens que tenho feito!”. Por favor! Lembra-te que
vieste para a salvação do mundo, não para embirrar-te dele, ou contra ele. Ele
não existe! Como podes ter raiva do que não existe?
No entanto, para ti, neste modo
de pensar, “parece” que existe um mundo. É bem uma mágica mesmo, “uma vasta
ilusão”, realizada em teu sonhar humano — mas que são lindos em forma de
humanos, isso é sentimentalismo! O corpo não é o que tu és, mas ele pode
transparecer beleza em etéreas formas, pelo que evoca, e não em si mesmo, pois
em si mesmo ele envelhece e murcha e morre, mas tu nunca podes morrer, pois a
morte não existe!
Quem morre, então? Quem teme a
morte? Se a morte é o fim inevitável, ao qual devemos nos devotar em esperança
de “demorar um pouco mais”, então é justo te defenderes tanto, não é mesmo?
Percebes, então, que a defesa é uma crença na morte? A defesa é uma total disponibilidade
na crença doente e maléfica em poderes morrer com teu corpo. Ela pede tua
aliança em nome do ego, enquanto o ego acreditar que ele mesmo és tu, e que o
corpo são vocês dois; pelo que, se morreres tu e o teu corpo, sobraria apenas
ele mesmo, separado de tudo. Esse raciocínio está pautado nisto: é possível separar-se absolutamente de Deus
e vencê-Lo! Obviamente, através da morte do corpo e do assassínio do filho
de Deus. Quando te defendes, é a isso que veneras. Queres mesmo continuar com
isso? Achas que esta meta está “certa”?
Quando te defendes, chamas pela
morte. Se chegarem a ti imagens terríveis, tu não te entregas a elas em
inocência parcial. Enquanto não estiveres disposto a uma entrega total, obviamente
surgirão para ti, nisto que chamas “mundo”, imagens de ataque. Mas tu não te
defendes. Tu as perdoas, vês nela o amor, ou o pedido de ajuda, e assim te
libertarás, dando de volta a tua própria ajuda! “Tu amas a ti mesmo assim como
amas a teu irmão” quer dizer isto. Mas se te devotas a consertar o erro ou a
defender-se do errado, atrasa a ti mesmo em opostos, caindo no zelo e na
ganância voluptuosa do “querer mais”.
“Isso não é possível sem alguma dor
(suplementos)”. Mas para a criança, como bem é ilustrado no Curso, para a
criança, tirar-lhe fora a faca, ou o brinquedo que machuca, parece ser uma
coisa terrível em seu julgamento confuso de criança. Parece doer em si. No
entanto, aos poucos, a própria criança passa a entender que algumas coisas não
são úteis, e pode brincar de novo, com a responsabilidade que viu e aprendeu. Não
foi a dor quem a ensinou, mas o amor, pelo que a dor significou em si a teima.
Enquanto teimas em te sentir separado, sentes a dor da separação. Se não estás
consciente desta dor, chamas de prazer e “maturidade”. Se estiveres consciente
dela, percebes que estás apenas “soltando”, “deixando para lá”. Decerto, quando
percebes o denso do corpo em si e a natureza das imagens como culpa, o peso
destas coisas destacando-se de ti soa e forceja como uma tira em largo velcro, despregando-se
em resistência, quando poderia ser o mero zíper, ou apenas o afrouxar dos
botões em camisa leve, em Casa Larga.
Amado irmão. Querido e amado em
disponibilidade, aprende isto: defender-te é atacar a ti mesmo. A melhor defesa
é nenhuma defesa. Não podes perder, se te assumes honesta e humildemente como
Filho de Deus, pois assim sabes que és invencível, e o invencível não se
defende, pois não há para ele vitória ou triunfo a cumprir. Ele é, em si mesmo,
“o princípio, o fim e o meio”.
Pai, viemos ainda e novamente em emoção,
para destacarmo-nos de tudo o que nos anima ainda em corpo, e sabermos o que é
a Verdade em Ti, Meu Pai. Pela natureza inquestionável de Tua Revelação,
esperamos; em humildade, assumindo sermos Teu Amado Filho, pelo que nossa
vontade é lembrar-se de Ti. Não nos defenderemos, pois sabemos que em Ti somos
mais que invencíveis, além das categorias, pois descansaremos em Ti. Abandonaremos o ataque e o ódio, pois já sabemos da natureza amorosa do que é verdadeiramente nosso, ainda antes da
Revelação, nesta ilusão de tempo, a qual eu mesmo criei e não mais a quero, mas perdoo as imagens que criei em meus irmãos. Salva-nos a todos, Pai, nosso,
amado, MEU PAI, TEU FILHO Te chama. Amém.
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