domingo, 18 de novembro de 2018

Sobre considerar as coisas deste mundo.



Considerar algo é pesar e valer. Logo, envolve julgamento. As considerações feitas acerca de qualquer atributo da separação dá-lhe valor e peso, e, portanto, justifica-o, fazendo de tal atributo algo real. Este é o valor da consideração conforme o mundo vê: algo agora possui nome, significado e valor.  Diante das considerações sobre os eventos do mundo, aquilo que não tem significado recebe distinção.

Os desejos, por exemplo, são considerações sobre adquirir algo. Corretamente atribuído, o desejo somente pode ser direcionado para tua disponibilidade à salvação. O desejo de salvar-se é a única escolha apropriada para o querer.

Considerar algo, então, é o mesmo que julgar; e, até certo ponto, desejar. Mesmo que o desejo seja em negativo, através de uma consideração que denigre ou busca evitar. O ego adora considerações equivocadas, pois, através delas, se apropria do mundo conforme o vê. O Espírito Santo também é capaz de tecer considerações, mas apenas para o correto julgamento, que não deixa a sua Fonte e é sempre o mesmo: tudo o que vês não tem significado.

Mas, se nada tem significado, como poderei viver neste mundo? Esta é uma consideração típica, mas caso seja corretamente compreendida, possui resposta diante dos parâmetros da mente certa, pois as coisas que vês são símbolos. Mesmo as coisas mais concretas, como um ônibus, por exemplo, podem ser compreendidas simbolicamente, diante de um julgamento que o classifica como um meio de transporte lento, útil, caro, desconfortável, necessário, valioso, dispendioso, poluente e por aí se vai aos milhares e contraditórios, dependendo do ponto de vista de quem considera. Assim, um significado por si só, o ônibus não possui, mas simbolicamente ele representa algo para quem o considera. A única forma de considerá-lo corretamente é no momento em que se o usa, sem precisar para isso pormenorizar mais que sua aparição em determinado instante.

Podes considerar, no entanto, alguma coisa a mais: um ministro dos transportes, por exemplo, não precisaria considerar o ônibus para além de sua aparição imediata, diante das necessidades em gerenciar sua função? Obviamente, sim. Mas a aparição imediata, neste caso, seria uma abstração de uma malha rodoviária na qual todos os ônibus da cidade estariam envolvidos; e um único ônibus, neste caso, seria algo não considerável.  Planejar corretamente é não perceber as coisas separadamente de seus usos. A função de um ministro é servir ao povo. E a melhor forma de servir é considerar corretamente: tudo o que vejo não tem significado.

(Não entendo. Desta forma, seria o caos. E veja aí que o mundo, com suas deficiências, possui alguma ordem.)

Para o pensamento orientado pelo ego, a ausência de ego seria o caos. No entanto, o homem Jesus tinha uma profissão. E certamente ele era muito bom naquilo que fazia. Posso dizer isso sem nenhuma dúvida, pois ele cumpria sua função aqui, orientado diante dos símbolos em disponibilidade integral. Um homem que precisa fazer algo vai lá e faz, não permanece apenas considerando. Aquele que demais considera é um charlatão; mas, para este mundo, pode ser visto como um homem de projetos, um profissional devotado, um sonhador, uma mente empenhada etc.

O que não se quer lembrar, oculta-se de si mesmo. É simples assim. Um homem que vê seus projetos irem por água a baixo pode não ter se disponibilizado suficientemente para uma realidade que lhe era própria e, em certa medida, pode ser até um invejoso. Assim, pode certamente atribuir a si mesmo vontades que não lhes são próprias, e justamente por ter empregado nisto um empenho valoroso, investirá no erro através de diversas considerações.

A cura para tal processo não está em procurar o erro original e trabalhar em cima disso, mas procurar o ato que separou o Filho de Deus de Seu Pai. A cura reside em perdoar o presente, para assim estender um futuro diferente do passado. As imagens-mundo que aparecem a tua frente são formas de pensamento materializadas, que ocorrem por duas vias: ou são criações tuas, ou necessitam de teu perdão. Assim, na medida em que consideras (julgas) as imagens como sendo sem significado, deixas de considerá-las em absoluto, e começas a ver a cura se manifestando como livramento, pois estás perdoando o passado no presente, e estendendo o futuro a partir do presente, e não retomando o passado.  Enquanto o método egóico de buscar uma desculpa para se manter afastado das imagens que te disturbam for atraente para ti, na mesma medida estarás preso, pois precisas perdoá-las para escapar delas.

Portanto, a única forma correta de considerar algo é perdoar. A honraria que se dá aos eventos que se sucedem é uma boa prática para isso. Nada é execrável, nada é louvável. Certamente, deve-se guardar o louvor unicamente a Deus e aos Seus atributos óbvios, que se manifestam neste mundo como tuas criações. Para saber se são tuas criações reais, mede, avalia e julga o que vês baseado em teus sentimentos. Se o medo não estiver presente, já há grande indício de valia. Porém, o Curso também diz: venha a Deus ainda que temendo-O, pois pode ocorrer igualmente que, diante de tuas criações, tenhas medo de tua verdade. Em casos assim, o perdão fica adiado, pois tuas criações não podem desaparecer de tua vista.

Abençoa a tudo e a todos. Traz a tua benção sob os aspectos do medo. Tu não precisas dizer isso literalmente ao mundo, mas pode fazer isso para ti mesmo, diante de pensamentos como esses: não sou condenado pelo mundo que vejo; o mundo que vejo não contém nada que eu quero; além desse mundo, há um mundo que eu quero; sou completo, curado, perdoado e íntegro. Qualquer pensamento assim, traz consigo o perdão e, ao mesmo tempo, honra tuas criações. Seja aquele que se preocupa com o mundo diante de sua ineficácia em significar qualquer coisa que seja, pois teu significado não reside neste mundo, mas habita em Deus. As tuas criações aqui te demonstrarão isto, fazendo com que vejas alegria — muita alegria — mesmo aqui. Apressa-te em perdoar, e sejas tu a liberdade que esperas em teus irmãos.

Pai, viemos neste momento pedir para lembrar de nossas criações, estendidas por Ti diante de Teus Pensamentos. Teu Filho precisa lembrar de Ti, meu Pai. E, assim, pedimos neste momento que revele-Se a Teu Filho, para que Tua memória presente possa ser lembrada por Ti diante Dele. Amém.