sexta-feira, 25 de março de 2011

UCEM - Um diálogo.



Obrigado a Ti.



Pergunta estranha: Queres ver algo diferente? Estás seguro de tua casa? Sabes o que é o advento de uma paga que Deus te deu?
Resposta: Não é paga, mas enleio em que o ego te quer para se demonstrar. Seu ódio alimenta o nada, empenha-se em nutrir o medo e faz com que acredites que algo está para surgir e vingar-se de teus erros todos, te reduzindo a pó e deixando suas raízes mal fundadas na lama. A ilusão maior que existe é essa: trazer teu apoio para longe de ti, como se isso fosse de alguma maneira possível. Não é possível! Uma poeira levantada do chão apenas esconde por certo tempo a estrada. Mas o canteiro de folhas verdes podem aparentar impregnação de sujeiras lamas, até que venha a chuva e renove a primavera com flores estradeiras.
Não tenhas apenas em si o desejo de escutar, mas agrega também o de falar, tua virtude, igualmente, desde que digas apenas o que o silêncio indica. O silêncio é o pai das palavras. As palavras apenas apanham o silêncio e o modelam, e assim procuram desvendá-lo. Mas o que se pode dizer não é uma direção palpável em uma condição modelo, ou seja, não se pode alcançar o Verbo de Deus, no sentido do Conhecimento, mediante uma apreciação dos sons, através de uma significação dos fonemas, isto é: Deus: não se fala Dele, suas formas. Mas uma total diligencia em favor do Espírito Santo, quando no ato de falar, gera a confiança necessária para um bom estabelecer reparos. Confiança é estabelecer no discurso uma entrega total, mas deve ser total, pois o discurso, quando preenche uma metade no Céu e uma outra no inferno, tende a ser fragmentado demais para gerir sabedorias. As palavras devem vir do nada aonde estão, para que sejam impregnadas de sentido, seja através da  escritura, seja na articulação dos sons biológicos. As ideias podem vir em imagens, mas as palavras, mesmo quando pensadas em algumas circunstâncias absolutamente práticas, como, por exemplo, na indicação de um endereço, podem apontar para esta procura em certezas e adventícios santos. Por isso, diz-se que à pessoa que recebeu uma informação pragmática sob um tom sagrado foi-lhe dada algo a mais — a cura —, embora muitas vezes o milagre que age assim não seja percebido, e apenas passe por uma cordialidade, na qual as pessoas se julgam boas. Não há sentido em se criticar uma Percepção Certa, pois mesmo ela é uma ilusão que os milagres advogam pelo Instante Santo. Então, falar não é divulgar um “conteúdo glorioso” ou um “formato enlevado”. Às vezes, entender também nubla, mas falar é tão somente estar diante de uma possibilidade de entregar-se ao discurso pelo certo. O som é o cruzeiro sagrado do silêncio, e o marulhar — seu auditor — com significados.


Obrigado por leres até aqui. És bem vindo aqui. Te amo.
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terça-feira, 22 de março de 2011

Micro diálogos escritos pelo meu amigo Vitor Meireles.

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Mestre: Nada importa! Nisso se resume toda a Paz.
Discípulo: Eis meu problema! Eu me importo com tudo, caro mestre.
Mestre: Isto também não importa.


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Mestre: Tudo é perdoável.
Discípulo: Eu nunca perdoei, mestre.
Mestre: Isto também é perdoável.

Autoria: Vitor Meireles.

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sábado, 19 de março de 2011

Retratos Intuitivos de Meus Amigos - Liliane Brasil

Liliane e seu marido Fabrício.
Minha cara Liliane é amiga em virtude de sempre. Com ela aprendi da intuição direta, seus meios certos de entender o que supõe.  Sua calma é uma virtude de às vezes, mas aprendeu a retornar. Foi estudar na Alemanha um mestrado em ser feliz. Doutorou com alegria e conheceu tantos castelos. Sabe de Ulm, Münter, Freiburg e Feldsberg, e viu a mesma face em sua lua n’outro hemisfério. Minha amiga é coração; e, do Brasil, lembra mais dos brasileiros. Aprendeu sua virtude de saber o que aprende. Saudades de minha amiga Liliane, de seu desembaraço em alma irmã.


Liliane é mineira e mora atualmente em Tübingen, Alemanha.


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Retratos Intuitivos de Meus Amigos - João Silvério

João e seu sobrinho Duda
João jovem, que se diga assim: de boa! Palavrão para ele é uma ênfase — nada de ofensa se ouve sério em palavras de meu amigo João. Decerto às vezes se irrita, perfaz o caminho da calma pelos inversos, até que entende o que é o perdão, e rapidamente tudo é bem feito de novo, pois meu amigo tem inimigos nenhum, sequer em faz-de-conta. Quando se esquece de algo, lembra de outra coisa útil, já que o tempo para ele é coisa: massa de modelar. Nunca viu um desafio, meu amigo vive a vida. Gosto muito quando meu amigo toca a música que compôs sobre a chuva. Certo dia, meu amigo me ensinou sabedorias: disse-me que hoje em dia ninguém anda devagar. Meu amigo, leve em passos, me lembrou de passear. Sua bicicleta é uma memória, e a virtude é um arranjo em liberdade. Não pediu a Deus um nada, só a força para si — e tudo simples lhe veio, com dificuldades decerto, meu amigo trabalhando. Saturado de verdades que viu na televisão, meu amigo lembrou-se de esquecer. Para isso, lemos juntos muitos livros de História. Nos paradoxos, meu amigo construiu um castelo. Nele, reina com atenção devota aos cuidados. Meu amigo sabe o irmão que é. A ele dedico um abraço fraterno que o tempo não atrai para passados. Meu amigo sempre, jovem João.


João Silverio é paranaense e mora atualmente em Cuiabá-MT


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Carta aberta aos meus amigos — Diógenes Burns.

Diógenes Burns
        Meu amigo Burns certo dia me pediu que fizesse para si um “retrato intuitivo”. Ora, no exato momento em que ele me fez o pedido, desfizeram-se os meios uteis para extrair um retrato seu a partir de nossa amizade cordial, pois quando ele me pediu para fazer, me impediu de fazer. Um “retrato intuitivo” não sai se solicitado, pois seu lugar é o mesmo incerto lugar onde estão minhas ideias, as quais eu mesmo tenho dificuldade de acessar, e por isso mesmo, caso tenha que extraí-las, não resultará em um retrato intuitivo, mas em um retrato meramente descritivo, frio, no qual minha vontade virá interferir. Minha vontade é apenas dizer que Burns é um bom amigo; mas todas as cores que pintariam o retrato se esvaíram nessa vã tentativa mínima.
       
Mas não posso — não tenho como — desapontar o pedido do meu caríssimo Diógenes Burns, companheiro de trabalho, meu amigo nesses tempos em que o mundo anda esquecendo o que é a amizade, esse atributo divino que há entre os Filhos de Deus.
                Portanto, hoje mesmo, neste site, do qual ele é um dos 04 (quatro) seguidores, declaro inaugurada em sua homenagem as “cartas abertas aos meus amigos”. Aqui, não é mais a descrição do indivíduo que voga, mas o diálogo intrínseco, cabível, acessível a todos, pois sendo eu e meu amigo Diógenes Burns unidos com Deus como apenas Um, contigo e conosco seremos elevados juntos, todos unidos neste Sagrado Um.
                Pois te digo, meu amigo Burns: a vida é esse caminho, tão trilhado pelos tempos, toda a nossa juventude já passada em seus momentos que se foram e agora a maturidade bate à porta — e se convida — —— aceitamos?
                É verdade que se fala em resistência, e muita propaganda se anuncia dos contrários, principalmente na TV, com suas tolices: o flúor para estragar os dentes, o carro que cheira a veneno, tudo muito disfarçado em Big Brothers pesadelos. Não peço que entendas nada, apenas passeie pelos pensamentos de seu amigo, que queria lhe dizer algo direto, mas ele mesmo não entende assim objetivamente. Portanto, tem que falar de si mesmo em terceira pessoa, e tudo que se diz fica escorado nas estantes da personalidade. Olha só: o medo não existe. E isso é uma coisa boa, que precisa ser aprendida logo, meu amigo, com todas as urgências, porque o medo se disfarça neste mundo e pode um dia atacar sem mais nem menos num inofensivo almoço de domingo ou numa conversa em que se o diz o que não se quer. Assim, parece que há armadilhas; mas, na verdade, não há nada: tudo são meras ilusões, meu amigo Burns. Nunca houve nada nesse mundo que merecesse sequer um grão de mau humor nosso, ou a mais diminuta de nossas insatisfações. Pode-se falar em injustiças, e completar esse raciocínio dizendo que é necessária uma voz ativa, que acerte para já o que se faz de errado, e que te peça que respondas com ódio às coisas que vês tão injustas, que brigues, que mates, que faças alguma coisa para corrigir. Mas eis que eu te digo, meu querido, meu tão irmão em Deus, que ódio não desata ódio. Nunca desatou, nunca desatará. Por que então insistimos tanto? Te digo, meu amigo: porque somos ainda muito aprendizes nessa vida. Mas uma vez que escolhemos um Caminho que nos leve de volta à paz de Deus — e todo Templo é sagrado — lembraremos de tudo o que é amor divino em nossos corações; do que anda esquecido, lembraremos; com alegria cantaremos a Canção da Glória, e unidos com todos lembraremos por que somos assim irmãos. Sei que você, meu caríssimo, pode estar pensando nos motivos pelos quais esta carta adotou esse tom religioso, e por isso te peço que se lembre do início desta conversa, em que falamos sobre maturidade. Maturidade é buscar a si mesmo. Cada qual faz de si a sua busca. Caminhos são variados, há os enganos, os erros passados, mas tudo é presente, a vida só existe no agora, no momento este. Nada nunca foi pecado na vida de um Filho de Deus, que nunca errou e nunca — jamais — foi esquecido. Às vezes é uma carta como essa que serve para lembrar-se de si. Às vezes, é um bom dia que dás ao porteiro, uma canção esquecida que ouves, um favor que fazes pela graça da amizade, pela graça do amor, nosso amigo J. Silva, me lembrei agora dele.  
No mais, meu velho, é lembrarmo-nos de amar o outro, para amar também a si, para sermos verdadeiramente justos, e assim a maturidade se apresenta simples, com seus todos os regalos que a vida tem para dar, se quiseres aceitar.
                Assim, me despeço, meu amigo. E fico feliz por conversarmos nesta carta.
                Desejo-te paz, muita luz, alegrias várias.
                Cordialmente, de seu amigo
                André Sena.
                PS: dedico a música abaixo para você. É do pernambucano Di Melo. O título é para refletir: “A vida em seus métodos diz: calma.” Abraço.



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Obrigado por leres até aqui. És bem vindo aqui. Te amo.


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domingo, 6 de março de 2011

UCEM - Questões que envolvem a memória

Obrigado a ti.
Queres ver Deus? Queres saber de Deus? Agora a memória não tem mais função apenas de resquícios. A memória é o exercício total da evocação profunda de um enleio em que te enfiastes. Não queira supor minhas palavras. Aconteça o que acontecer, Deus está do teu lado. Olha o que é o medo. Vê o que é a forma dele. Quando ele ocorre, tua principal defesa é a máscara e a inocência travestida. Acontece que nada disso traduz uma verdade em si, e é apenas metade de nada. A outra metade fica escondida nos assombros. Olho arregalado que quer apreender o máximo pela visão tão pobre de humano. Mas aquele que tem sua mesma vocação não precisa se acordar pelo erro. Quem sabe o que é a vida esteia-se seguro pelo príncipio mais correto, que é o da memória viva. A memória viva estabelece um diálogo com o tempo segundo sua existência sagrada, que evoca nunca nenhuma história, ou uma cor, uma repreensão, um momento vivido em si. A memória viva busca o instante profundo, santo, esquecido nas memórias não vivas que são as lembranças em tentações de forçar o novo pelo rearranjar do velho, sendo os dois o mesmo que nada. Precisamos nos impor pelo suave, pelo calmo. Aquieta-te. Observa o mundo como uma despedida. Não tenha medo destes símbolos. Não seja leviano com teu corpo, ao achares que ele te salva pela morte. Ele nada pode, mas não se pede — nunca se pediu — negligências. Apenas espera em paz, nada precisas fazer ou pensar. Sequer decidir. Ama o teu semelhante, e ocorre que de repente te vês nele. Isso é quase tudo. Em segundo plano, numa condição que não entendes ainda, o Espírito Santo de Deus pratica seu trabalho santo, e Ele jamais falhará em fazê-lo, pois é a Sua função e a tua vontade. Espera pelo dia seguinte com o pé firme no agora, e depois esquece que esperas pelo dia seguinte, e então surge o Novo Dia, que é o dia seguinte e todos os outros dias Nele Mesmo. Acalma teu coração tão aflito com imagens, solicitações, devaneios, suposições, invocações desnecessárias e panoramas simbólicos de teus sustos. Nada disso é real, nada foi. O que se supõe é erro! Talvez haja uma condição na qual o Espírito Santo evoque mensagens nas quais o que te é pedido se apresenta como uma voz, um som, uma sincronicidade, mas no mais das vezes o mundo é a bagunça que uma ilusão contém, suas formas apenas introduzem uma caneleira que protege a barriga, ou uma luva que se põe na barriga. Tudo fora do lugar. Ademais, uma boa chance de não desperdiçar o exercício de hoje é você se perguntar se já esteve calmo, completamente displicente, alheio a tudo que se vê. Não querendo apreender o “terceiro lado das coisas”, ou precisando de aplausos meros, tudo de fantasia tola. Digo se não queres te esconder de ti meramente estabelecendo meios pelos quais um dia, outro dia, se vê teus recursos apagados pelo mesmo que dirias ser engano, se fosse em outra vida o ocorrido. Pelejas pelo nada. Olha que engraçado e curioso: um dia pedes para que seja te dada a Visão, em outro, tu pedes apenas calma; entre esses dois pedidos, o que mais se deixou de pedir? Então terás que pedir todos os dias coisas diferentes?

[pergunta: Mas os exercícios não são espécies de pedidos nos quais um se repete e exercita?]

Sim. São exercícios de fragmentos de um todo, mas não uma totalidade fragmentada que é inconsistente. O que te é pedido hoje, por exemplo, é que não faças nada. Isso é o teu dever. Retira-se e deixa que o Espírito Santo faça o restante. Olha que não há perigo em se andar com Deus. O maior medo que existe é apenas ilusão. Quando se percebe que haverá dano, aguarda-se a revelação, mas a revelação, sim, já veio; e o que estás esperando se desdobra no espaço em termos de tempo, e é essa ilusão que há, de uma forma depois de outra seguindo amarras de séculos e vidas. Apenas permite-te este instante santo agora. Não tenhas jamais medo, e experimenta a total calma, a total paz. Assim.


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sábado, 5 de março de 2011

UCEM - Abelha, abelhinha.

Obrigado a ti

Agora que tudo está se descortinando, o ataque do ego será cada vez mais cruel. Não deve se dar espaço para seu intrometimento. Isso se faz por uma cada vez mais espaçada calma, que não pode ser medida por falta de confiança. Quando um irmão estiver em algo que te faz sofrer, não é isso que te faz sofrer. Aprende que a grande recorrência do dia é o mesmo que a dúvida que se perfaz na natureza das flores. As flores são buscadas por sua quantidade de mel em forma de ainda. Não existe abelha que não tenha consciência de um labutar. A abelha pode picar apenas quando se sente atacada. Não há conveniências que pressuponham diversas estruturas de comodidade. Isto quer dizer que acomodar demonstra uma ausência de fé, no sentido de uma completa desestruturação. Quando aquilo a que se dá mostra de empenho se desfaz, acredita-se que houve perda, e é apenas isso: apego e falta de vontade santa. Na mostra do asseio, há verdade no corpo, mas a higiene mesmo é na mente; e o que não coincide, e muitas vezes é mendigo em suas formas, pode ser o sábio. Quem duvida da desordem deste mundo? Aquele que te acompanha é o mesmo que você. Acredite, mas saiba que por um tempo haverá alguma confusão. No entanto, não há desejo de enganar: tudo são ilusões.

Obrigado por leres até aqui. És bem vindo aqui. Te amo.


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