sábado, 30 de abril de 2011

UCEM - Sobre a natureza das imagens.



Obrigado a ti!



As imagens são possibilidades “de visão” construídas através de interpretações. São “dadas”, estão disponíveis aos pontos de vista mais diversos, ao mesmo tempo, e por isso são passíveis de interpretação. Jamais uma imagem pode comportar um sentido universal.
Pergunta: mas uma imagem na qual se vê escrito PARE, no trânsito, como uma placa, não tem leitura universal?
Convenções não são imagens, são símbolos implicativos, ainda assim limitados. A palavra PARE é um elemento diferenciador na imagem, um ajustamento simbólico; contudo, se vê tantos acidentes por aí que não é possível aderir a uma especificidade nem mesmo neste caso.  Entretanto, o importante acerca da discussão sobre as imagens não é isto, pois aqui vimos apenas o percurso meramente utilitário das imagens. Se quisermos realmente entender algo sobre as imagens, temos que discorrer sobre “ver o visto”.
A expressão “ver o visto” corresponde ao imediatismo do olhar. Ao prestar atenção, o indivíduo recupera sua imagem em termos santos, pois não se esteia em símbolos de si mesmo, e o que se vê é tão puro e fiel quanto o espelho plano. Assim, quando pedirmos a ti que abandone a imagem de ti mesmo — e pediremos isso — estaremos dizendo que abandonar-te é aplicar-se ao impulso significativo de uma intuição ativa, que não será capaz de ser confundida, mas dela ainda não podemos dizer algo significativo sem implicar em desvios. Convém, então, recorrer ao aprendizado: quando despontar sobre ti o conhecimento, saberás sobre abandonar as imagens. Entretanto, mesmo o mais avançado dos professores de Deus ainda experimenta a percepção enquanto estiver neste mundo. Então, para te indicar um caminho para a percepção certa, diremos sobre a natureza puramente visual das imagens.
“Ver o visto” é uma expressão feliz. Assim, o próprio Céu agradece tua disponibilidade em atentar-se. Esperamos que tu percebas, por conta disto, que permanecer atento é uma maneira de criar. Quando lês ou estás em uma continuidade de pensamento prático, geralmente estás pleno em atenção. Assim, ocorre que o visto, ou seja, aquilo que se apresenta como um par de páginas entre as tuas duas mãos, ou um microfone que operas, ou qualquer outro objeto que vês, é uma imagem atenta, percebida como si mesma, adequada a uma espécie de não-interpretatividade. Desta forma, não há simbolismos envolvidos, e as coisas (os objetos, as pessoas, todas as coisas visíveis) são percebidas sendo o que são, em seus usos. Por isso se diz que o trabalho dignifica o homem. O homem digno é aquele que não pretende alterar a realidade, e se mantém completamente atento ao que faz, mesmo que isso não implique em criação. Parece incoerente dizer que podes apenas “fazer” algo enquanto se estiver atento, quando dissemos anteriormente que quando se está atento o estado é criativo. Isto está ligado ao envolvimento direto da percepção. Não há maneiras de se mentir uma criação, mas há como inventar uma disposição de imagens. Podemos ainda dizer que mesmo isso que escreves e todo esse blog e tudo isso que apresentas é uma ilusão. Mas em meio a essa ilusão, o próprio Espírito Santo em ti cria, assim como interpreta para aquele que lê isto na tela de um computador. Desta maneira, a imagem desta tela de computador passa a ser algo em que se atenta, empenha, examina agora, no “momento este”, vendo apenas o visto, e não se deriva daqui interpretações. Este recurso é uma espécie de exercício, e desconstrói o ego e sua noção de juízo. Assim, voltamos ao nosso raciocínio e empregamos nossa conclusão: a imagem é uma visão do passado, pois mesmo entre ti e esta tela há um espaço que demanda algum tempo para que a luz chegue até os teus olhos. O unificador desta ilusão de continuidade é a presença atenta ao Espírito Santo, que julga as imagens na sensação de agora, e isto sempre acontece na mente santificada pelos milagres. Assim, as imagens contiguamente se esforçam em parecer unidas, ao mesmo tempo, mas já vimos que estás envolvido no passado, mesmo agora, pois tudo que te rodeia é uma imagem que chega aos teus olhos “com algum atraso”. Contudo, em termos das percepções, como usualmente experimenta-se, esta possibilidade aparenta ser apenas uma exposição teórica, e é mesmo um recurso de aprendizado. Ademais, não é possível desvendar uma ilusão perante meios tão limitados de expressão como são as palavras. São os elementos mais significativos que o homem criou, mas são insignificantes perante Deus. Por isso, pedimos agora para que o próprio Deus nos forneça a experiência notável das imagens. Que possamos perceber as imagens nesta tela em formato de palavras desfazendo nosso ego e propiciando um sorriso. Harmonizado a tudo, veremos apenas o que a nossa visão interior intui, adequando o exterior ao julgamento do Espírito Santo. Que sejamos gratos por Deus ser tão misericordioso. E que possamos ser tão misericordioso quanto Ele, em relação ao que em torno de nós já nem existe mais. Amo-te. Por vias de Deus, crias. Verbo é fonte, Deus é mais. Sejamos gratos por ser assim. Amém.

Obrigado por leres até aqui. És bem vindo aqui. Te amo.


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domingo, 17 de abril de 2011

UCEM - Sobre as fantasias II

Obrigado a ti!



“E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.”
Carlos Drummond de Andrade.


As imagens que a fantasia provoca podem também ilustrar um passatempo grotesco, do qual nenhum homem está passível de livrar-se pelo fácil. No entanto, advogo que a palavra “fácil” não é adequada aqui, pois “fácil” indica diferenças entre níveis, e a fantasia é meramente ilusão, não existe em si mesma, sendo, portanto, engendrada. Toda ilusão é ilusão, não é fácil ou difícil livrar-se dela, apenas é diferente perceber as distinções.
Essa faculdade da mente “engendrar” atrai o homem por seu natural encantamento mimético ao ato criador, e isso o coloca em condição de esquecer seu último estado de presença, isto é, o último momento em que estava imerso no agora, para vislumbrar, em troca disto, as suas criações mentais. Estas criações podem ser tanto motivadas como espontâneas. Assim, há uma “realidade criada” e outra “feita” no nível das fantasias. A “realidade” criada pertence às correções simbólicas nas quais o Espírito Santo atua. Por outro lado, a “realidade” feita advoga a forma da fantasia, e é aí que reside geralmente o prazer. A forma na qual a fantasia mimetiza uma ocorrência, seja lá qual for, ocorre através de superposições de imagens, que sugerem estados emocionais, assim como várias imagens em um poema sugerem um “estado inspirado” (Valery).  Entretanto, a fantasia é uma mera possibilidade, que visa substituir na mente o desenrolar das coisas no tempo.  Na medida em que as imagens da fantasia desenrolam-se na mente, o tempo em que o corpo está imerso, isto é, o tempo como o conhecemos, passa a ser substituído pelo tempo da fantasia, o tempo da emotividade. Nesse mergulho, o sujeito desaparece do “instante este” e passa a ser meramente uma ideia, que a mente fez, auxiliada para isso por um ideal do ego. Assim, as emoções que a fantasia evoca são muitas vezes diferentes do que o sujeito vivencia no agora. Percebemos isto pelo simples fato de as diversas emoções serem valorizadas neste mundo como algo superior ao investimento único na alegria, e, em alguns casos, as pessoas realmente acreditam que é melhor ser triste que alegre, ou, para não sermos tão dramáticos, que há uma série de emoções nas quais podemos transitar, e que a alegria é apenas mais uma, geralmente muito difícil de alcançar, e torna-se inclusive quase impossível advogar a integridade permanente deste estado. Assim, invertidamente, o mundo advoga que tudo é tão triste, tão difícil, tão penoso, tão extasiante, tão quente, tão etc. Na verdade, as possibilidades plurais da emoção são desdobramentos do amor ou do medo, conforme vemos no Curso em Milagres. Contudo, nas fantasias, estes desdobramentos estão solicitando atenção através das imagens e não pela experiência do indivíduo. Isto quer dizer que sonhar com o “grande amor da sua vida” não significa que haja amor real nas imagens da pessoa que a fantasia evoca, e sim projeções. Às vezes, enquanto a pessoa sonha com o amor da sua vida, pode estar chovendo no planeta terra, no “momento este”. A isto se chama “romantismo”, mas não poderei explicar esta associação agora, pois este é apenas um aspecto da fantasia, que pode tomar dez mil formas diferentes do mesmo. Paramos agora, aqui, e pedimos a Deus que nos conceda observar em nós, por este instante, o que está acontecendo. Pedimos para parar com o racionalismo deste argumento em troca de Amor. Que possamos ver o Amor como Ele é, e não como o imaginamos em nossos sonhos de grandeza, em variantes de sofridas flores. Assim, pedimos a graça da Presença de Deus agora, pedimos a lucidez de estar aqui, isento de tolas fantasias, imersos na Glória do Pai. Deus abençoa também a ti nisto. Olha para o aqui, irmão, Amém.


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terça-feira, 12 de abril de 2011

UCEM - Sobre as fantasias.


Obrigado a ti!


Fantasias são tentativas do ego de distrair a mente com imagens que empreendem glórias ou temerosidades ilusórias. Uma boa mostra de fantasias se dá mediante a tentativa de socorro indevido ao conceito de partilhar. Dizemos “socorro” por conta da ideia constante em toda a fantasia de divulgar um apoio desesperado. Portanto, a fantasia é o “apoio” que o ego dá à mente em termos de sugestão de imagens. Os desejos são apenas pedidos do ego transmutados em vontades que se tornam manifestas em imagens ou nas formas de iludir do próprio pensamento. Algumas racionalizações, por exemplo, podem acusar o indivíduo em termos muito claros, lhe dizendo de erros, acusando seus equívocos, rememorando deslizes ou necessidades de reparar a vida etc. Todas estas formas visam implementar a culpa. Outras, no entanto, são fantasias sobre exaltação, que indicam geralmente uma falta, para logo após induzir o indivíduo a acreditar que será “realmente grande” quando tiver alcançado alguma meta estabelecida pelo próprio ego. Estas metas podem ser muito variadas em suas formas, mas são apenas uma em nulidade. Tanto faz ser o “grande qualquer coisa” quanto o “menor pobre coitado de todos”. No fim, é tudo a vaidade se escorando em augúrios da escassez, que aponta para o futuro, quando serás melhor, pois terás o que te falta. Assim, formam-se imagens ou pensamentos que indicam um empenho na projeção e na percepção errada, pois a imagem da fantasia hipostasiada procura uma pessoa ou um objeto (um prêmio, status etc.) para aderir como meta. Assim, a ilusão se constrói, e o indivíduo acredita que precisa chegar lá, sendo este “lá” apenas um ponto de vista do ego daquilo que és. Por isso se diz no Manual dos Professores do Curso em Milagres que uma das maiores dificuldades do aprendiz diz respeito a uma sensação inicial de perda; e isto se dá por conta do aprendiz não compreender que está apenas abandonando as metas do ego, por muito tempo valorizadas, e assim tomadas como algo que se está “perdendo”, como os famosos “sonhos”, no sentido de metas, aos quais se deixa de empenhar esforços. Portanto, a fantasia apenas aponta para o falso, e sobrevaloriza a imaginação através da mente errada, projetando imagens e pensamentos que indicam ilusões. Lembremo-nos da décima quinta lição do Livro de Exercícios: “Meus pensamentos são imagens que eu fiz”.

Obrigado por leres até aqui. És bem vindo aqui. Te amo.


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segunda-feira, 11 de abril de 2011

UCEM - Poema de Helen Schucman.

Obrigado a ti!

Helen Schucman é a pessoa que transcreveu o ditado interior que resultou no livro "Um Curso em Milagres". Posto aqui seu poema intitulado Transformation, em inglês, ao qual fiz uma tradução meramente literal em seguida.

Transformation
by
Helen Schucman

It happens suddenly. There is a Voice
That speaks one Word, and everything is changed.

You understand an ancient parable
That seemed to be obscure. And yet it meant
Exactly what it said. The trivial
Enlarge in magnitude, while what seemed large
Resumes the littleness that is its due.
The dim grow bright, and what was bright before
Flickers and fades and finally is gone.
All things assume the role that was assigned
Before time was, in ancient harmony
That sings of Heaven in compelling tones
Which wipe away the doubting and the care
All other roles convey. For certainty
Must be of God.


It happens suddenly,
And all things change. The rhythm of the world
Shifts into concert. What was harsh before
And seemed to speak of death now sings of life,
And joins the chorus to eternity.
Eyes that were blind begin to see, and ears
Long deaf to melody begin to hear.
Into the sudden stillness is reborn
The ancient singing of creation's song,
Long silenced but remembered. By the tomb
The angel stands in shining hopefulness
To give salvation's message: "Be you free,
And stay not here.
Go on to Galilee."

Transformação
Por Helen Schucman.

Acontece repentinamente. Há uma Voz
que diz uma palavra, e tudo se transforma.

Tu entendes uma antiga parábola
que parecia estar obscura; mas ainda quer
dizer exatamente o mesmo. O trivial
aumenta em magnitude, enquanto o que parecia grande
reassume a pequenez que lhe é devida.
O obscuro surge brilhante, e o que antes parecia brilhar
Pisca, desaparece e finalmente se vai.
Todas as coisas assumem o papel que lhes eram atribuídas
Antes do tempo ser, numa antiga harmonia
Que canta as canções do Céu em tons atraentes
Que apagam todas as dúvidas, e todas as outras
Coisas comunicam carinho. Certamente,
Deve vir de Deus.

Acontece repentinamente,
E todas as coisas modificam.
O ritmo do mundo entra em concerto.
O que antes era difícil e parecia falar sobre a morte
Agora canta a vida, e se junta ao coro da eternidade.
Olhos que eram cegos passam a enxergar, e ouvidos
Surdos passam a ouvir a melodia.
Dentro da quietude repentina a antiga canção
Da criação renasce, há muito esquecida, mas relembrada.
E até o túmulo o anjo permanece na brilhante esperança
De entregar a mensagem da salvação:
“Sejas livre, não estás aqui. Siga em frente até a Galileia.”



Obrigado por leres até aqui. És bem vindo aqui. Te amo.

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domingo, 3 de abril de 2011

UCEM - Sobre o fenômeno conhecido como déjà vu.


Obrigado a ti!


O déjà vu é um entendimento profundo acerca da ilusão do tempo. No entanto, pode-se dizer que o próprio déjà vu é uma ilusão. Quando um Filho de Deus experimenta uma recorrência a qual não está ainda disposta para si em vias vivas, acredita que a impressão causada pela imagem daquela ocorrência é o mesmo que uma repetição. No entanto, o que mais se impõe é uma memória que se restabeleceu pelo esforço em distinguir o momento agora de uma novidade que veio de muito antes no tempo, mas que é ainda experimentada hoje, agora, em termos de sensações. O tempo “discorre” em números, ou correntes de dias e anos na experiência do individuo na terra, mas o uso que o Espírito Santo faz do tempo independe do sujeito que observa. Se aceitares que Deus tem um plano e que está Ciente de Seu plano, podes também entender que o Espírito Santo está ciente de tudo o que será. Se estiveres atento ao presente em força de mergulho, ou seja, se estiveres tão integrado ao espírito que possas entender tu mesmo o que Ele entende, então, neste instante, no momento em que vês o que vês através do Seu olhar Santo, vês através de uma Percepção Certa uma pequena amostra de uma consciência universal de tudo, pois tudo já se foi no Pensamento de Deus.


O tempo é relativo
e não pode ser medido
exactamente do mesmo modo
e por toda a parte. (A. Einstein).

As leis dos homens já incorporaram termos como "relatividade do tempo" para expressar estes pressupostos, mas o que realmente pode-se dizer acerca do Dejá-vu é que é uma experiência da Totalidade, apenas uma percepção adequada de que a imagem que se vê é apenas uma ilusão, ou um desdobramento, poderíamos dizer assim. Contudo, ainda há algo a se dizer sobre o fenômeno do Déjà-vu: é que ele transmite suas diretivas através do Ser; que a sensação de santidade que causa, no sentido geralmente experimentado como um espanto, advoga um contato com a memória intemporal. Esse contato, que é surpreendente apenas por ser inconsciente, prepara a visão para a revelação do caráter ilusório do tempo, que virá a cada um no momento certo. Déjà-vu é uma presença tão profunda no instante, que o mergulho se confunde com a vivência das eras, e pode-se dizer, portanto, que estar em contato com esse "fenômeno" é estar em contato com a própria Memória de Deus. O que vês agora, neste minuto, está sendo ainda visto por ti no minuto atrás, e será visto por ti no momento daqui a pouco, e se tornares-te consciente dessa corrente, entenderás da ilusão do tempo, e aquilo que hoje experimentas como uma sensação de Déjà-vu chamarás Êxtase, e te regozijarás em saber de ti caminhando pelo tempo e espaço por fora dele, em previsões exatas, sabendo o futuro apenas por estar vivo, pois o milagre que Deus advoga não tem medida, a sua única medida é a crença de quem o pede. Ademais, o tempo apenas existe para aprenderes a se livrar dele. Tudo o que ele engendra é ilusão.

Obrigado por leres até aqui. És bem vindo aqui. Te amo.


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Uma vida cheiinha de erros...

Meu amigo na caverna? 
Um dia desses um amigo veio me dizer que sua vida estava cheia de erros. Meu amigo, assim, julgando a si mesmo — tive compaixão dele. O erro não existe como pecado, ou seja, como algo ao qual não se merece nenhum perdão. “Deus é mais generoso que os homens e os medirá com outra medida”, disse o escritor argentino Jorge Luis Borges. Essa fala é sobre o perdão. Homens alhures ao Ser dizem muita bobagem. A Fé é um carisma, dizia Jung, mas advogo que a fé pode surgir de um exercício da vontade em restaurar. No mais, é paciência, Jesus conosco — em metafísica somente nossos sonhos — e verdades diluídas na matéria, criando.





Obrigado por leres até aqui. És bem vindo aqui. Te amo.


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