sábado, 16 de julho de 2011

Sobre a amizade

Obrigado a Ti!
               
                Neste blog há uma seção que dediquei aos meus amigos. São pequenos escritos nos quais tentei reproduzir a forma na qual os vejo atuar no mundo. Escrevendo bem aos meus amigos, assim estendo o amor, e por isso estou aqui dizendo que deveria escrever um depoimento sobre todos, o que é difícil fazer, muito embora, tendo escrito sinceramente sobre um, já escrevi também sobre todos. No entanto, até agora, escrevi apenas depoimentos intuitivos sobre nove amigos aparentemente separados.
                Saudades de todos. A amizade é uma possibilidade de estender o amor tão poderosa que  poderia ser tranquilamente chamada de “lugar do espírito”. No entanto, em nossa língua, a etimologia da palavra amizade está ligada à noção de ‘id’, isto é, “aquele”. O amigo é aquele, isto é, ele está propiciando a ti uma noção de alteridade. No entanto, como o amigo é sempre generoso, pois o amigo perdoa facilmente, como uma criança, a amizade é aquele outro a quem permitimos amar. Um dia, todos serão amigos, e isto já é assim no Reino, embora Lá a palavra “amigo” não exista, pois, no Reino, a linguagem é desnecessária. Apenas a título de exemplo, diremos que Lá todos são amigos por serem Um.
                Isto se dá ainda aqui, no mundo da percepção, pela extensão tão bonita que se chama amizade. Nossos amigos são todos os nossos irmãos, que são um conosco, mas, enquanto o despertar não chega, é preciso ter cuidado com a noção de especialismo.
                O fato de não veres todos os teus irmãos como teus amigos é sinal de que não despertastes inteiramente para o conhecimento. Todas as pessoas são amigos, e por isso se diz que o pronome latino “id” — aquele — é uma noção que indica qualquer um. Podes achar que é difícil ser amigo de todos, que só um santo seria capaz disto. Mas, peço-te para relembrar que és santo assim como Deus te criou. Lembras do exercício 29? Onde se lê isto: Deus está em tudo o que eu vejo. Ora, Deus está também em “aqueles”, ou seja, em todos, pois todos somos um, e nenhum irmão estará disposto em não receber tua amizade, quando o vires como vês a Deus em tudo.
                A amizade significa disposição para união. Decerto não te comportas de maneira exatamente igual para com todos, mas não os idealiza em importância, acreditando que não é teu amigo, por exemplo, o cara que trabalha na rede de energia e está agora, anonimamente, fornecendo seu empenho em manter operando a fonte que liga teu monitor. Acreditas mesmo que este é um exemplo extremo? Pois a amizade mede-se pelos seus efeitos mais das vezes anônimos, e estes não são de natureza unicamente pessoal. A nossa cultura lê a amizade unicamente sob este parâmetro, mas a amizade assim entendida significa que te dispusestes a ser mais amigo de apenas algumas pessoas. Ora, tens na verdade mais intimidade com algumas pessoas, e estas são afinidades eletivas, vontades que se dispõem ao mesmo, perdão imanente distribuído e visível; e isto, por enquanto, apenas vês em amigos alguns. Mas isto não os torna especiais, no sentido que o Curso em Milagres trata a palavra. Ou seja, nenhum amigo é melhor, maior, ou meramente diferente de qualquer outro irmão teu.
                Assim, se estende o amor gentil a todos, que virão a ser teus amigos, quando perderes o medo deles. Pedimos ao Espírito Santo que nos propicie o esteio na amizade madura, na boa acepção do conviver, e na sabedoria do uso da amizade universal de Deus, amém.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Sobre a inocência

Obrigado a Ti!

Os erros que o filho de Deus cometeu nunca existiram. Foram assim percebidos como “cometidos” porque o filho de Deus insanamente os julgou como atraentes para a culpa. Assim, o filho de Deus passou a crer em si mesmo como jamais foi, isto é, culpado. E este passou a ser, também, seu habitual modo de julgar a si mesmo.
                Assustado com tudo isso, passou a encenar tudo que lhe ditava sua mente errada, e se acreditou imerso em diversas ilusões. Julgadas, eram consideradas culposas, então deveriam ser punidas. Assim, surgiu o pecado. E o filho de Deus também acreditou que era um pecador, que merecia as punições, e que era justo apanhar até a morte.
                Deste modo, surgiu a piada do “inferno”, que é soma da culpa, mais o medo, mais o pecado, mais o julgamento e o auto conceito. Disto tudo, se subtrai a noção de amor, e surge o esquecimento, que é o inferno disfarçado. A partir do ponto em que escolheu a “piada”, o filho de Deus se esqueceu de Casa, e saiu por aí, “fumando mil cigarros, bebendo coca-cola”. Eis aqui, novamente, toda tua confusão demonstrada.
                Esses são os obstáculos à inocência, e essa é a história de todos, e de seus regressos. A inocência é o retorno, e os obstáculos entre Ti e ela, filho, és tu quem os interpõem.
                Somos um; eternos e incriados, e para sempre existimos em Deus. Não houve jamais um tempo em que um filho de Deus abandonou o Reino e se separou, emergiu neste mundo de “imagens”, separado de tudo, e se esqueceu do Pai. Isso nunca aconteceu, pois ele jamais perdeu aquilo do qual jamais se separou.  
                Agora, para voltar, basta apenas que ele restaure sua inocência, que é o abster-se de qualquer julgamento. Isso inclui qualquer julgamento que seja, pois não sabes o que és, o que fazes e nem o que queres, e não podes julgar coisa alguma. Isso não pode ser jamais arrogância. Em teu pensamento invertido, parece o contrário, mas arrogância mesmo é acreditares que estás supondo o que ocorre e quereres controlar isto. Assim, intencionas ser, neste mundo, que não é de nosso Pai, tal como se fosses um “Ele”, replicado em tua identidade. Filho, solta a identidade, essa noção que o nome te deu, mas que te faz esquecer, não prestar atenção, e é apenas isso o que realmente te atrapalha. Fazer o contrário disto faz com que evites estar presente apenas pela imersão nas imagens que estão te ocorrendo agora. Isso é inocência. O pensamento dormente é uma expressão adequada, pois o pensamento não está pedindo esmolas de conceitos, quando se está inocente. O símbolo da inocência é a criança. Isso é natural, pois a criança não julga ainda como os adultos, isto é, com esquecimento. Somente por isso a criança é capaz de perdoar facilmente, já que o perdão é o oposto do esquecimento. Eckhart Tolle fala em “brincar com as imagens”. Assim, se é inocente. Mas o filho de Deus não pode jamais confudir inocência com atitudes infantis, pois a criança não está ciente do esquecimento, como tu, também, ainda não estás. Por isso és chamado de criança de Deus, pois ainda és tão inocente como uma criança. No entanto, agora podes ter ciência do Reino, e voltares com amor para a convivência com todos. Por isso mesmo Jesus diz na Bíblia que somente retornará ao Reino aqueles que forem como as criancinhas, e isto é amor puro do sábio nosso irmão mais velho, nosso amigo, Jesus. A inocência te trará de volta facilmente. Basta que saibas que “nada que sofre faz parte de ti.” Creias nisto, e serás puramente inocente. E logo mais estarás em Casa, pois já vos lembrastes Dela. Criança de Deus, meu irmão, esperamos para a festa que ocorrerá no Céu logo, logo, quando de teu retorno.

Amém.

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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Lembretes UCEM

Obrigado a Ti!
1 - Onde se vê a arrogância se vê a vergonha, se vê o pecado e ainda a culpa. Onde se vê alegria, quietude, pensamentos de amor, se vê honestidade, e se escapa à culpa.

2 - No entanto, sincero "não" às formas de julgamento.

3 - Portanto, tudo é perdoável, e o pecado não existe.

4 - És livre da culpa.

5 - Sorria.


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sábado, 9 de julho de 2011

UCEM - Sobre ser desvanecido


Obrigado a ti!

                Saudações companheiros de jornada, meus amigos.

                Estou feliz em apresentar o segundo vídeo da série “Curtas de Um Curso em Milagres”, publicados generosamente no You Tube. Trata-se de pessoas comuns, que relatam suas experiências pessoais com o UCEM. Na última edição, publicamos o vídeo da irmã Regina, sob o qual discorremos acerca da noção de “soltar”. Agora, comentaremos o vídeo da irmã Adriana, que tratará mais especificamente sobre ser desvanecido, conceito lido sob a perspectiva da experiência ilusória de estar neste corpo, que a separação faz parecer real. Portanto, o tema que será tratado hoje a partir do vídeo de nossa irmã Adriana será o libertar-se da separação, o não agir, ou o agir sob a direção ou graça do espírito. Finalmente, sobre ser desvanecido.
                (O vídeo abaixo está em espanhol, mas em uma expressão bastante familiar à nossa língua. Para isso, a atenção ajudará, e não estamos sozinhos em nossa jornada. Ademais, este e outros vídeos podem ser encontrados no You Tube, digitando na busca a expressão em espanhol “Cortos de Un Curso de Milagros”. Boa Audiência.)




                Sobre ser desvanecido.

                Primeiramente, o vídeo inicia com a belíssima saudação: Olá! Bem vindo a Casa[1]. E por conta disto ficamos sabemos de Sua Fonte. Logo, o discurso emenda sobre o Curso: este Curso é um reconhecimento de quem és. Não aquilo que crês que és. Para mim, é uma experiência: a experiência da aceitação total de quem sou. Obviamente, tal experiência não será trazida pelos conceitos que fizestes de ti mesmo. Tais conceitos apenas fabricaram uma imagem de ti mesmo, que segues obedecendo, aliando-se a uma crença insana de que te destes a ti mesmo a “revelação”. No entanto, a experiência que Adriana trata no vídeo é a experiência da entrega, que supõe o desvanecer. O desvanecer é um conceito muito pouco perdoado, pois muitos supõem que ao serem desvanecidos perderão a si mesmos. Isso é uma bobagem, um pensamento muito cruel sobre ti mesmo, mas que valorizas. No entanto, aprenderás sobre desfazer todas as bobagens que criastes caso creias nisto: ainda sou como Deus me criou. Este passo é incrivelmente sobrevalorizado na primeira parte do livro de exercícios, pois ele fortalece a confiança. Confiar é o pressuposto necessário para o desvanecimento. Nada será tirado do filho de Deus. Nada! Pelo contrário: ao Filho será dado tudo o que ele realmente quer. Isso não é valioso? Não é ouro puro? Mas não basta crer nisto como fazes, ou seja, ao contrário. Como se dá esse “crer ao contrário?” Ocorre da seguinte maneira: acreditas que podes ser o guia de ti mesmo, e, por conta disto, acreditas que te absténs de julgar. No entanto, a maneira pela qual acreditas que te livras do teu próprio julgamento sobre ti mesmo muitas vezes torna-se desconfiada até mesmo disto. Então, para não julgares o que vistes, julgas a ti mesmo. Assim, reforças a noção de “identidade”, e acreditas que és quem pensas que és, e não te entregas finalmente à experiência abstrata, ao estado natural da mente.
                Será que acreditas que eu posso estar, por exemplo, escrevendo este texto sem a tua ajuda? Seria impossível! Por isso peço a ti: não me abandone, caríssimo irmão, pois o que tu crias me é valioso. Todos os leitores do UCEM estendem as Suas Ideias, e na mente de Deus tudo está criado. Ao entrarmos em contato com a experiência tão serena e real do desvanecer, tudo adquire significado. Assim, eu acesso até mesmo a tua mente, que está tão generosamente estendendo estes conceitos, apenas por pensar sobre eles. Jamais pela magia, mas lembrando que estamos todos em união, disto não duvides, mas Aquele que gerencia a união não julga. Por que então te julgas tanto? Julgarias a mim?
                Jamais o fizeste. Aonde estamos, em Casa, somos todos muito amáveis, e é Lá que verdadeiramente estamos. Estudamos tanto porque cremos nisto. Precisamos acordar, urge nossa união em termos de nos fazermos voltar. Isso não significa que precisamos nos encontrar, conforme se entende sob os auspícios da separação, ou seja, não precisamos estar todos no mesmo local físico, pois as extensões de Deus são de natureza mental, viajam até mesmo na velocidade de uma saudade, que é um ato de amor no tempo. Assim, nos revemos em amor, e revês em amor qualquer irmão que se apresentar à tua frente. Este irmão será eu, e tu também. Contudo, se ainda acreditas que este conceito é muito radical, precisas saber mais sobre ser desvanecido.
Deus não diferencia seus filhos. Precisas crer nisto com fé perfeita, pois assim somos, todos irmãos, nos perdoando e jamais julgando-nos, seja para o que inventamos “bem”, seja para o que inventarmos “mal”. Um irmão é um irmão. Se ele está ou não sereno em desvanecimento, depende muitas vezes de ti, que o encontra. Não queres mesmo libertar teu irmão? Pois libertando a ele estarás imediatamente libertando a ti. Eis aqui reiterado este assunto à noção de instante santo, que tanto te ajudará no teu retorno a Casa.
                Esta longa introdução nos dá recursos para resumir. Isto é tudo o que precisas para ter fé em que seremos finalmente desvanecidos. E que nos lembremos sempre das sábias palavras do músico Di Melo: “a vida em seus métodos diz: calma”.
                “Busquei a quem era fazendo coisas fora de mim: buscando novas relações, buscando novos trabalhos, viajando(...)”, e aqui a irmã Adriana prossegue dizendo que tentou entender a si mesma através da antropologia, estudando as culturas, enfim, buscando fora de si mesma alguma respostas.  E encerra essa argumentação dizendo que, “no fim, todos esses sonhos fracassaram.
                Quando buscamos encontrar aquilo que queremos através da noção de “sentido das coisas”, nos aproximamos demais do julgamento. No mundo da separação, se advoga muito por coisas completamente sem significado, e assim criam-se as civilizações e seus desdobramentos culturais. Enquanto não estiveres disposto a te entregar ao significado, podes atribuir-te de inação, mesmo se estiveres agindo. Já falamos aqui em outro artigo sobre a preguiça, e lá foi dito que a preguiça não se dá apenas na inação. Esta é a forma que a nossa cultura a lê. Segundo nosso empenho em despertar, melhor seria dizer que a preguiça é uma interferência no agir. E é exatamente disto que se trata. Acreditas que de alguma maneira podes escapar à responsabilidade sobre as imagens que vês. Podes, por exemplo, deixar o mundo ao encargo do julgamento dos jornais diários da televisão, ou ao estudo científico sobre a memória a se preservar. Podes acreditar ainda que as leis te protegem e que há segurança no esteio de valor que dás ao conteúdo de uma cultura em que muito por acaso nasceste. Poderias ter nascido em outra época no futuro, por exemplo, ou em outro mundo. Admitamos isto ao menos como hipótese, e não como uma verdade. Mas, jamais, em nenhuma cultura, se poderia proibir a cor azul.  Às coisas que te são dadas não precisas de ninguém para te dizer o que são. Não precisas da televisão, ou das leis, ou de outras tarjas culturais para saber o que és. No entanto, podes assistir ao telejornal, observar as leis, e viver harmoniosamente nesta cultura em que muito ocasionalmente nascestes e convives com tantos irmãos.
                Amaremos a todos. Não os julgaremos pelo que nos dizem as culturas, as meras tabuletas. Seremos felizes ao apontar uma saída para todos. “Estamos numa boa, pescando pessoas no mar”.
Desta maneira, ficamos sabendo que desfazer significar tomar para si as rédeas do que pensar, mas não pode ser de acordo com a mente errada, isto é, crendo que deves fazer algo. Pára por um momento aqui. Busquemos o instante santo. O exercício 32 diz: “eu inventei o mundo que vejo.” Pensemos sobre isto um pouco.
Inventar o mundo é dar-lhe significado. Atribuir-lhe valor. Apenas dizes: este mundo é feio, e assim será para ti. Há uma peça de teatro de Pirandello nomeada “assim é, se lhe parece”, e eis aí, neste título, toda tua confusão demonstrada. Se acreditares que uma situação qualquer é passível de ser julgada, ages como “uma pura marionete, mas sou eu aquela que, como uma grande artista, uma grande diretora de teatro, estou fabricando, fazendo com isto tenha vida, mas isso não é vida, isso é a vida que eu pus aí.”
Obviamente, se julgares uma situação que te é dada, transformas  isto no que queres. Alguma cultura pode ter nomeado a cor verde de azul. O que seria o azul, então? Acaso deixaria de existir a sua essência azul, para nós? Por acaso deixaria de ser uma cor? Ora, a ordem das árvores não altera o passarinho, mas pássaro se esteia melhor é na árvore da mente certa.
Então, há os valores culturais, religiosos, há o governo e as cidades, e as escolas, os relacionamentos e a mídia também há. No entanto, qualquer coisa que julgues acerca disto será de fabricação própria, fantasia de julgamento.
Podes contrapor aqui, e dizer que, na verdade, a cidade existe, pois experimentas viver em uma cidade. Mas experimentar está ligado ao sentido, e esse experimentar pode apenas ser percebido através da percepção. No capítulo III do UCEM se lê: “a capacidade de perceber fez com que o corpo fosse possível, porque tens de perceber alguma coisa e com alguma coisa”. Assim, entendemos que não somos marionetes, que as coisas não atuam sobre nós, mas somos nós quem damos às coisas os significados que a ela queremos atribuir valor. Assim, agimos como diretores do teatro do mundo, e usurpamos o lugar de Deus.
Se seguirmos com generosidade os exercícios do UCEM em breve saberemos quem somos, e estaremos dispostos a ver as coisas como dadas, e não as julgaremos. Isso não sabemos fazer ainda, e assim o Espírito Santo nos guarda e fornece os sentidos calmos, que são o significado real do mundo. E lembremo-nos sempre da inocência, nosso próximo assunto no vídeo da irmã Martina.
Contudo, ainda temos a dizer que “inventar o mundo que vejo” é afirmar que se está na direção oposta ao ato de ser desvanecido. O que é ser desvanecido? É simplesmente deixar que as idéias que fizestes sobre ti mesmo sejam completamente liberadas.  É soltar. No entanto, a expressão “ser desvanecido” pode ser mal interpretada, pois, embora ela abranja a noção de “soltar”, podes estar apto a teres medo de ser desvanecido ao acreditar que ser desvanecido é sumir no nada e perder a tua essência. Filho de Deus: queres abrir mão de todo o sentido de medo, todo o desconforto e tensão do julgamento? Queres ver a ti mesmo livre para experimentar de maneira incrivelmente feliz a tua verdadeira essência, como nos diz o UCEM? Então o que queres é ser desvanecido! Desvanecer não é sumir, e sim existir em Deus. Em certo sentido, abandonas toda essa loucura a que chamas mundo, mas não vais sumir nem deixar de ser quem és. Apenas deixarás de ser quem pensas que és. Este processo não é realmente difícil, mas é realmente diferente. No entanto, para tudo se pode dar o bom exemplo.
Apenas para fins didáticos, iremos nos utilizar de uma imagem poética para sugerir o estado de estar desvanecido em um corpo. Esta imagem não deve ser levada a sério em absoluto, pois é apenas uma sugestão. No entanto, servirá de guia para o raciocínio em questão. Digamos, portanto, que um indivíduo nascesse completamente destituído de todos os sentidos do corpo. Este corpo seria sem visão, sem tato, sem olfato, sem audição, sem nada — um corpo no vazio. Como se comportaria tal mente? Ora, ela jamais teria noção perceptiva que está separada, e não poderia julgar a si mesma, pois não poderia apreender e compartilhar a nossa forma da mente mentar suas especulações, e esse indivíduo completamente hipotético permaneceria desvanecido, embora não tivesse condições de saber disso, pois sua consciência seria completamente destituída de informações sobre o mundo da separação. A ausência de consciência deste sujeito muito hipotético faria com que ele não pudesse experimentar o significado de estar separado. No entanto, como ele estivesse impossibilitado de criar um ego, que precisa de referências separadas, a sua mente não experimentaria a ilusão de estar separada, e estaria desvanecida em Deus, sem sequer saber disto.  Na verdade, precisas ter cuidado com este exemplo, pois é muito fácil distorcê-lo. Podes acreditar, por exemplo, que ser desvanecido é estar sem essência, que perderás tudo e serás como o ser hipotético que inventamos. Não é assim, mas esta referência extrema de um desvanecimento implica em dizer que este indivíduo estaria entregue nas mãos de Deus, mas não saberia disto. Ele estaria salvo? Ora, todos já estão salvos, apenas não sabem disto. Por ficar sem saber, talvez esta mente tivesse que experimentar novamente a separação, caso necessitasse de cura, mas até mesmo num estado tão hipotético seria possível algum trabalho do Espírito Santo. Como Ele o faria? Dizer isso seria o mesmo que querer cumprir o papel Dele, que não sabemos. Portanto, nós, que temos os sentidos a nosso dispor, e que já tivemos contato com as imagens, os sons, os cheiros, e fizemos das ocorrências disto e de nosso modo racional de experimentá-los uma noção de quem somos, devemos, caso queiramos ser desvanecidos, abrir mão deste preconceito sobre si, que é a loucura do mundo. Diz ainda a Adriana: “pareço por um momento que estou nesta configuração física. Ok, aceito isto, aceito completamente que estou neste corpo. Mas eu sei, tal como tu o sabes, que tens esta experiência que não és este corpo. Não se trata de transcender através da meditação, através das drogas, por exemplo, pois é outra maneira de buscar a Deus. No final, estou escapando de mim mesma. Afinal, o UCEM é uma chamada imperativa, [na qual] eu estou chamando meu ser. Meu real ser está chamando para que eu regresse a Casa.”
Assim, estamos aptos a ler o livro de exercícios como uma chamada imperativa de si para consigo. Pedimos agora ao Espírito Santo que nos ajude a ouvir, e a Ti, Deus, que finalmente nos desvaneça. Amém.

“Ninguém é doido.
Ou, então, todos.”
João Guimarães Rosa.


[1] Todas as expressões utilizadas pela irmã Adriana serão traduzidas aqui.




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sexta-feira, 8 de julho de 2011

Oração

Obrigado a ti!


Pai, não sei sequer começar essa oração, pois não tenho como dizer de coisas que não mais entendo, e certamente se desfazem em minha mente tão logo acredite em ter para si respostas.  Estou assustado com o mundo, Pai; e peço-Te aqui ajuda para não machucar mais aos meus irmãos com minha tolice. E que eu não machuque mais ainda a mim, meu Pai; que eu saiba escutar ao meu Guia, que me enviastes para ajudar, mas a Quem ainda me esteio pela surdez de minha teimosia em acreditar que sou o que construí. Pai, quero desfazer o que construí, quero aumentar minha alegria em outros, para assim vê-la retornando a mim, pois estou cansado de tanto não ver o perdão. E nessa agonia ilusória, a qual tamanhamente valorizo, devo estar passeando demais em minha mente errada. Portanto, Pai, peço por Ti para que o Guia Que me enviastes me mostre o caminho para a minha mente certa, pois eu não sei mais pedir, ou estou confuso demais para fazê-lo. Assim, peço por todos, para que ouçamos a Voz gentil por Deus, e para que haja o amor entre todos, para que se resgatem pelo esteio da esperança, para sermos uma humanidade melhor. Amém.


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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Para o Filho de Deus lembrar de rir: O que é o inferno?

Obrigado a ti!


           Essa pergunta é tão absurda e sem significado, que somente através de uma piada pode-se tratar dela, por ser tão risível.
Esta história me foi contada por minha esposa Regiane. Certa vez, ela assistiu a um programa de debates com humoristas cujo tema era o inferno. Consistia em debater a ideia, e começou com uma fala de um convidado que dizia que o inferno não pode existir, pois se existe o inferno não existe Deus, posto serem noções opostas, que não podem coexistir. Acredito que esse cara deve ter lido o UCEM. Mas vamos lá. Sua argumentação consistia em dizer que o inferno é uma noção absurda para qualquer um que creia em Deus. Ele não defendia a noção insana de inferno. Então, os debatedores humoristas abriram a discussão ao público, deixaram o telefone tocar, e ligou um sujeito que estava totalmente envolvido em suas crenças. O cara começou a dizer que o inferno existia sim, que era para se ter muito cuidado, que o diabo está nos vigiando e outros etc’s deste tipo. Os debatedores humoristas não lhe deixaram sequer se gastar: o interromperam dizendo que o programa consistia em responder perguntas, e questionaram-lhe se aceitava responder a uma. Ele obviamente respondeu que sim. Então perguntarem-lhe: o senhor tem filhos? Ele disse que sim. Então, o debatedor perguntou: responda-me uma coisa, meu amigo: se o seu filho fizesse alguma coisa errada, você o trancaria num quarto cheio de fogo, fedendo enxofre, levando as piores surras e apanhando as maiores punições pelo resto da vida??? O cara obviamente respondeu: não. Então os debatedores humoristas disseram: ok, está bom, muito obrigado, e desligaram o telefone na cara dele.
Assim, como queríamos demonstrar, um tem que desacreditar demais de Deus para crer que o inferno há.

Obrigado por leres até aqui. És bem vindo aqui. Te amo.

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Curtas de Um Curso em Milagres I - Regina - Soltar a mim mesma.

Obrigado a ti!


Saudações.

Caríssimos companheiros de jornada:

                Tenho recolhido alguns vídeos no You Tube relacionados ao UCEM. Há uma série nomeada “Curtas de Um Curso em Milagres”, na qual pessoas de todo o mundo tecem depoimentos sobre a experiência do despertar. Desta série, apresentarei aqui alguns  depoimentos, e tecerei comentários sobre o tema central do vídeo em questão. No primeiro vídeo desta série, apresento o depoimento generoso e amável de nossa irmã Regina.
Ademais, agradeço por estares Aqui. És bem vindo a este blog. Te Amo.

               
              
                 A imagem de mim mesmo.

                “Soltar” significa o mesmo que a noção de “desapego”. No entanto, a abrange, pois o desapego ainda lida com o desejo e as formas. O “soltar” está ligado a abrir mão inclusive do sentido das coisas, que ocorre através da ansiosa busca por respostas. “Soltar” é uma experiência que aproxima o filho de Deus do significado das coisas.
                Por isso, dizemos que o sentido das coisas apenas é capaz de fornecer respostas significativas quando estamos no estado natural. “Soltar” aproxima a mente do estado de abstração. Já a “identidade” está apegada a uma noção que se tem de si mesmo. Assim, esta noção não pode ser divulgada de maneira unívoca, pois cada um cria uma imagem de si mesmo. Esta imagem é única e pertence àquele que a criou, pois foi ele quem a criou. No entanto, o intuito em desfazer empreende aqui uma noção lógica: se o filho criou o ego, quem criou o Filho? Assim, lembramos de Nosso Pai, que nos ama com a qualidade do infinito. Isso eu digo, e atesto.
                No entanto, o “eu” é apenas uma noção, uma referência. Por exemplo, eu tenho uma referência de amizade que se chama Vitor Meirelles. Mas Vitor Meirelles é uma referência ao nome do meu amigo, que é como experimento sua existência no mundo da percepção através do nome do seu corpo. E o corpo de meu amigo me lhe dá uma noção de sua existência. Assim, diz-se no filme “Waking Life” — que muito recomendo — que a coisa mais incrível deste mundo é estarmos uns diante dos outros. Isso já é motivo suficiente para a experiência do amor surgir para ti, quando qualquer irmão se apresentar na tua frente.
                “Se tenho que recordar quem eu sou, o que tenho que fazer realmente é deixar ir essa imagem de mim mesma”. Aqui há a referência real ao ato de despertar. Para recordar quem eu sou é necessário esquecer o ego. Deixar ir essa imagem que criei e entregar-se definitivamente à experiência do significado, que está ao encargo do Espírito Santo.
                Obviamente, essa experiência é experimentada por nós como sendo muito difícil. Mas busco fortificar a minha fé através de duas coisas:

1 – tenho fé perfeita no UCEM, quando diz: “O caminho não é difícil, mas é muito diferente”. (UCEM – Cap. 11, Subtítulo três, §11).

2 -Acredito que a Expiação se encarregará em realizar tudo aquilo que não sou capaz mediante meu estado atual de aprendizado. Assim, entrego nas mãos do Espírito Santo minha condução, embora seja eu mesmo também um bastante demais aprendiz.
                Tatuei em meu ombro esquerdo a palavra “paciência”. Assim, busquei a ilusão da matéria que naquele momento me apreendia significado. Mas minha tatuagem é imagem, pode existir ou não nos corpos, mas é ilusão, e deve ser assim entendida, pois isto provoca o bom desapego.
                Então, como lidar com a aparente existência das coisas e ainda assim apreender a abstração? A resposta é: soltando, pois a “cada vez que retorna a minha própria imagem, me faz esquecer quem eu sou realmente”. Portanto, a cada vez que a imagem que me dei retorna a mim como sendo o que sou definitivamente, me desconecto da capacidade abstrata da mente, que não precisa da imagem de mim mesmo para existir. Por isso se fala em desfazer. A imagem de mim mesmo é um julgamento que me dei, e partir dele acreditei que era eu quem estava no mundo, muito vitimado por ele, pois a minha imagem não detém o controle das coisas, e para sobreviver precisa de muita projeção, muita tentativa de fazer do mundo também uma imagem construída, jamais dada.
                 Mas disso falarei com maiores detalhes no próximo vídeo, da irmã Adriana. Por enquanto, nos ateremos à noção de soltar. Como, então, soltar? Começa com

deixar ir, soltar as nossas próprias ideias, as minhas próprias ideias, e cair nesse instante santo, puro, de inocência, de nada, onde sua mente está totalmente fora de controle, e seus pensamentos..........a sua mente está num estado natural, a nossa mente está num estado de nada, num estado de abstração, que é a verdadeira natureza da mente. Aí você soltou tudo, você deixou ir, você recebe; sempre, sempre eu vou receber algo divino, algo real
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                O estado de pura abstração é o vazio. Ocorre sempre que não queres ser o dono do que pensas. Ocorre quando as conclusões a que queres chegar não estão atreladas a um objetivo que as levem unicamente ao sentido, mas a um significado. Acaso pensas em falar, mas não falas por ti mesmo. Tu te entregas a experiência de ser conduzido pelas palavras, até que percebes tuas palavras revolvendo a Fonte e te trazendo uma noção por vezes muito diferente do teu habitual modo de pensar. E te sentes gratificado por isso. Ocorre também com os gestos do corpo e com os sinais da experiência cotidiana. Guimarães Rosa dizia que há sempre um milagre que não estamos vendo. Assim, podes acreditar que o contrário de soltar é deixar, mas lembremos que todos os opostos se elidem no perdão. Desta forma, deixar também ajuda, e não me ocorre nada no momento melhor para criar que citar as sábias palavras de Chico Science, que estende  amavelmente em uma de suas músicas um belíssimo discurso, pelo qual entendo que soltar é o mesmo que “deixar que os fatos sejam fatos naturalmente, sem que sejam forjados para acontecer. Deixar que os olhos vejam os pequenos detalhes lentamente. Deixar que as coisas que lhe circundam estejam sempre inertes, como móveis inofensivos, para lhe servir quando for preciso, sem nunca lhe causar danos, sejam eles morais, físicos ou psicológicos.” Deixar as coisas, as pessoas, os eventos serem, é soltar. Soltar é perdoar tudo que te circunda, tudo o que vês como sendo o mundo, e o mundo são coisas, pessoas, eventos, imagens, que não são o que tu és, mas insistes em criá-las.
                Assim, nada te contenta. Pode-se perguntar a qualquer pessoa ainda ativa em seu experimentar do ego algo mais que ela queira, e ela sempre acreditará que precisa de algo. Irmão querido, isso não é assim. Os eventos se sucedem e acreditas que deves ser levados com eles. Soltar é deixar pra lá. Isso não significa que lançarás a ética ao espaço e farás loucuras, te perderás no que é tua vontade e serás finalmente lançado ao fogo do sei lá o que. Irmão, doidice total. Se te entregas a Deus, como assim não dará certo? Lembre-se do que diz o UCEM: não estás sozinho em tua jornada. Irmão, lembra-te agora do exercício 18: eu não estou sozinho ao experimentar os efeitos do que vejo. Então, lembra-te do exercício posterior: eu não estou sozinho ao experimentar os efeitos dos meus pensamentos. Isso é suficiente para teres calma. Não terás que fazer nada! Isso não é incrível? Não queres viver livre, tendo para si todos os teus pensamentos motivados por Deus? Pois “soltar” te levará inevitavelmente a isso, pois quando soltas, sempre vais receber “algo divino, algo real”. E “as coisas reais vão se apresentar na tua vida.” Não queres isso? Sei que queres, e o terás. Nesse momento dizemos a Ti, Espírito Santo, que estamos dispostos a atender o teu chamado e aceitar as tuas palavras como nosso guia. Queremos Te ouvir, e estamos dispostos a soltar todos nossos auto conceitos pelo Teu entendimento, que é o nosso. Assim, nos libertamos de toda nossa louca vontade de comandar, e soltamos as imagens, as palavras, as ações, para que nos guies àquilo que é nossa vontade, como é a Tua. Obrigado a Ti! Amém.

Sugiro agora que o leitor reveja o vídeo da irmã Regina. Obrigado por leres até aqui. És bem vindo aqui. Te amo.

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