terça-feira, 28 de junho de 2011

UCEM - Sobre o sonho noturno

Obrigado a ti!



“Me vejo no que vejo
Como entrar por meus olhos em um olho mais límpido.
Me olha o que eu olho,
É minha criação isso que vejo (...)”
(Marisa Monte – Blanco).


Os sonhos que tens durante a noite são extensões ou são ilusões, assim como o sonho que tens durante tua vigília. No entanto, durante o adormecer físico, teu ego supõe descanso, mas descortina algumas tendências da sua artimanha através de possibilidades evocadas em imagens. Assim, surgem os pesadelos. No entanto, antes de discorremos exatamente sobre os pesadelos, vejamos como se comportam as imagens nos sonhos.
Ninguém em sua sanidade advogaria que um sonho que teve durante seu adormecer físico foi real. No entanto, existem crenças sobre os sonhos. Algumas pessoas crêem que seus sonhos contêm de tudo, desde a premonição dos números da loteria ao escapar do medo pelo entender de si. Nada disso é real. O caráter premonitório de alguns sonhos apenas apontam para a relação que há entre o nada e o nada, ou seja, entre o sonho adormecido e as imagens do sonho em vigília. Por isso, queremos dizer que acordas todas as noites de um sonho para outro. Obviamente, neste momento de tua compreensão, de nada adianta acreditares em um conceito tão radical de ti mesmo sem pesares suas aparentes incongruências. Por conta disso, tentaremos estabelecer uma conexão entre o sonho de vigília e o sonho noturno, ou adormecido. Isto é, veremos como o nada jamais influencia o nada.
Quando o sonho se apresenta em tua vida, digamos, enquanto dormes, as imagens fornecem as relações de sentido. Obviamente, sem o caráter da percepção dos órgãos dos sentidos, acreditas que o sonho te induz ao entendimento do que ocorre, pois o sonho adormecido promulga seus sentidos em um momento instantâneo. Por isso, queremos dizer que existe um “agora” no sonho das noites. Este é o único caráter do tempo que permanece no sonho adormecido. Portanto, durante o sonho, estás verificando imagens que não são perceptíveis por outra coisa que não seja tua mente. Neste sentido, o sonho noturno aproxima-se de uma compreensão mais próxima da unidade, na medida em que as imagens que vês não estão apenas associadas ao teu perceptível andamento durante a vigília do corpo, mas acontecem agora, como uma aparição imediata.
Por outra: sonhas através da mente. O que vês em sonhos são imagens, e isto é válido também para o mundo da percepção. No entanto, no sonho noturno não conjugas as imagens aos seus conceitos de uso, ou a juízos quaisquer, tão diretamente como o fazes durante a vigília. A vigília, na verdade, aproxima teu ego de tua mente, ocasionando o que o UCEM chama de ‘mente errada’. Durante o sonho que é o que se chama mundo, observas um objeto e logo atribuis a ele um significado. O sonho noturno não opera assim.
Em breve, falaremos do conceito da escolha. Por hora, admitamos que o sonho noturno não é real. Isso basta para entenderes daqui por diante. Vejamos: o amor não  te deixa jamais. Enquanto dormes, o Espírito Santo ainda é um atributo inerente à tua mente certa. Ele jamais te abandona. Ele te oferece um propósito para todas tuas ações, e podemos certamente admitir que nos sonhos noturnos ocorrem ações. Estas não são tão lineares como ocorre no que chamamos mundo, pois aqui, no mundo da percepção, o sonho admite o conceito linear do tempo. No sonho noturno, o tempo está ao encargo da mente, e não se estabelece mediante conceitos lineares, mas sim através de sucessões não lineares de imagens. Podes sonhar com um ambiente noturno e, ao virares o rosto, estás em uma praia numa linda manhã. Não ocorre assim? Pois o tempo é subjugado à mente durante o sono, e apenas o que o conduz em ações é o ato de percorrer sua mente durante as ocorrências das imagens.
Sempre que vês pessoas em teus sonhos não as vês em absoluto. Vês as projeções mentais de suas ocorrências. A vida no sonho é apenas a sucessão das imagens, como aqui. Mas não crês ainda que seja assim. Quando acontece alguma coisa ao sujeito do teu sonho, ou seja, a mente, a transição de seu despertar pode evocar uma imediata ação tentadora, que acaba por induzir-te a outra imagem, que não te entregará a mente até que seja tua escolha fazê-lo. Para isso, daremos um exemplo.
Digamos que sonhes com uma ponte. A ponte em si não existe. É uma imagem, um conceito, e tens que atravessar esse conceito para chegar ao outro lado. Assim, a mente te põe em um carro, e, dependendo do teu amor próprio, dirigirás um belo carro em teu sonho. Assim, brincamos com os conceitos. Continuemos: diriges pela estrada que é a ponte de teus sonhos. De repente, olhas para o chão, e vês que não há chão, que estas flutuando sobre a ponte, isto é, teu conceito da travessia. Então podes perceber a imagem do carro virando nada e a própria travessia da ponte se transmutar na imagem da transparência, que supõem, digamos, um voo. Agora voas tua travessia. Mas de repente, neste sonho, podes estar já em outro lugar, pois temestes isto, e estás agora sujeito a outras imagens. Isto pode ocorrer durante toda a noite, com uma infinidade de exemplos. Mas todos transitam entre o amor e o medo, as duas únicas emoções possíveis.
Então, ao acordares, queres “entender” o que aconteceu. Existem dois caminhos neste particular. Alguém pode subjugar o sonho aos seus usos e acreditar que está próximo à iluminação, pois o sonho simboliza o desejo de liberdade total do mundo. Ou podes crer que na verdade estás te destacando da realidade, conforme chamamos mundo, e precisas, por conta disso, voltar ao mundo urgentemente. Essas duas apreciações não se ancoram em mistérios, mas em opostos, que são o modo operacional da mente para traduzir as imagens do sonho em categorias mentais julgadas como “interpretações”. Ora, interpretar o nada é o mesmo que dizer que podes estabelecer um conceito a partir de teus sonhos e dirimir tuas dúvidas mediante suas ocorrências. Isto não é assim. As correlações parecem que existem por advogar uma suposição, mas jamais podem garantir o acerto da interpretação, pois o “agora” do sonho está sendo julgado posteriormente, e não vivenciado.
Por isso se diz que o psicoterapeuta apenas pode curar a mente. Isso se dá através do relacionamento santo, mas não falaremos disto aqui. Remeto o leitor ao suplemento “Psicoterapia: propósito, processo e prática”, relacionado ao UCEM, para o entendimento mais completo sobre o atuar criativo deste ofício.
Continuemos, contudo, nossa explanação. Este texto aparenta ser de difícil entendimento por conta da natureza de seu conteúdo. Estamos discorrendo sobre dois níveis diferentes de “criação” da mente: o sonho de vigília e o sonho adormecido, e estas duas formas de ocorrências admitem diferenças em níveis em si mesmas. A tentativa de chegar a uma conclusão definitiva é impossível, dada a complexidade das relações de níveis. Mas já sabemos que todas as complexidades admitem elisão no perdão. Portanto, o sonho noturno precisa ser perdoado para tornar-se de alguma forma significativo. Isso não se dá mediante uma interferência tua no sonho adormecido. Ocorre, seguramente, segundo teu empenho em despertar a ti mesmo, ou seja, conheceres a ti mesmo durante tua vigília. Quanto obtiveres o conhecimento, todos os teus sonhos noturnos serão presenciados pelo espírito, através de imagens produzidas por tua mente certa. Assim, não surgem imagens terríveis em teus sonhos, mas possibilidades de expressão da consciência através de relações inconscientes de tua mente certa. Assim que estiveres disposto a ser desvanecido, teu ego não encontra mais lugar em tua mente para apoiá-lo, pois tua escolha perdura com o caráter da eternidade, e te acompanha mesmo durante o sono noturno.
Sobre a natureza das imagens, convém dizer que o sonho da noite não se esteia em éticas e comportamentos adequados, e sim em imagens que são adequadas para ti. Podes ter sonhos eróticos ou sonhos místicos, no entanto, ambos apontam para os opostos, enquanto estiveres aguardando teu retorno à Tua Casa. Quando Aqui estiveres, tamanha será a alegria que a estenderá aos teus sonhos, e verás o gentil desaparecer do pesadelo, que é o descortinar do ego em suas formas inconscientes.
Na verdade, não precisas de nada disso para entenderes sobre ti mesmo. Para isso, há o UCEM e seus exercícios, que são suficientes para tua cura. Apenas queremos apontar para o ato da escolha. Tu ainda não entendes, mas és o “tomador de decisões” acerca da mente certa ou mente errada. Precisas ainda sonhar, pois não percebestes isto. Mas lembra-te que o caráter da Expiação é de natureza mental, e assim tu estás realmente protegido de qualquer perigo que venhas a intencionar inventar sobre ti mesmo. Não és um sonho, não és a imagem, mas és aquele que vê, aquele que se produz através de conceitos ou em entrega ao desfazer do ego e à ação dirigida do Espírito Santo. Quando fizeres isso no teu cotidiano, mediante os exercícios do UCEM, por exemplo, estarás completamente despreocupado em relação aos teus sonhos noturnos, que são tão ilusórios quanto o mundo da percepção, e que não dizem quase nada sobre ele.
Assim, pedimos a Ti que nos dê sua complacente harmonia em nossos sonhos, para que através dele possamos despertar. Pedimos a Ti que nos relacione com Tua proteção, pois sabemos do caráter amoroso que tens para com todos os Teus Filhos. Pedimos agora ao nosso Pai que nos atenda em amor e gentileza como sempre faz, e que nos demonstre quando estivermos pronto o caráter ilusório dos sonhos. Assim te pedimos a Ti, Deus. Amém.

(...) Perceber é conceber
Águas de pensamento.
Sou a criatura do que vejo.”
(Marisa Monte – Blanco).

 "Blanco", de Marisa Monte.

 

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quinta-feira, 23 de junho de 2011

UCEM - Sobre a preguiça

Obrigado a ti!




Falaremos da preguiça em uma acepção diferente da comumente empregada, que é a de inação. A preguiça será discutida aqui como uma interferência no agir, que está radicada unicamente no “fazer”, em oposição ao “criar”, abstendo-se esta ação, obviamente, do aspecto criativo.
Quando falamos em “fazer”, ou quando se diz que alguém “faz” alguma coisa, apontamos apenas para o movimento do ego no mundo das formas, para sua desordem. Quando falamos em “criar”, falamos da sintonia com a mente certa, da verdadeira criatividade, que são as extensões de Deus. Por exemplo: se sabes o que fazer mediante uma ocorrência qualquer, se sabes imediatamente que decisão tomar em tal situação através de uma prontidão advinda de tua relação de entrega, isto se chama “agir pelo não agir”[1], ou seja, agir sob inspiração ou graça do espírito. No entanto, se nesta mesma situação tu ages imediatamente, mas por conta própria, estás apenas agindo, e ação pura não é conhecimento, pois “certeza não requer ação” (UCEM, cap. 3, III - § 5). A ação torna-se conhecimento apenas quando realizada sem nenhuma interferência do teu ego, pois apenas desta forma pode deixar de ser ação. Assim, pode-se dizer que há uma preguiça que acontece mediante uma suposta ação no mundo, ou seja, embora o indivíduo esteja percebendo alterações na forma de sua vida, sente que algo está se configurando em termos de mudanças apenas neste nível. O sujeito pode até estar ficando rico ou atribuindo a si títulos e honrarias, mas não encontra nessas coisas mais que o frustrar-se da ação não dirigida, de tal maneira equivocada que chega a abster-se da condição paulatina de amor, que cresce apenas nas formas criadas. A preguiça entendida desta forma é, portanto, paralisante.
“Criar” é diferente de “fazer”. Por isso dizemos que a preguiça é uma interferência no agir. Pode-se agir das duas maneiras citadas, pois a ação é apenas a mudança das formas no tempo. Contudo, a ação preguiçosa é aquela que apenas faz, não sendo, portanto, criativa.
É preciso muito cuidado aqui, pois o teu ego pode adquirir excelentes meios de te impedir de criar através destes argumentos. Agir em consonância com o espírito é agir em alegria. Isto deve ser sempre enfatizado. Agir verdadeiramente é agir com Amor. É possível até mesmo cumprir uma tarefa aparentemente banal e criar, pois a criação de Deus não depende de suas formas no tempo. A criação de Deus pode ser um bom-dia, pode ser um pensamento feliz, pode ser a primavera bem cuidada em jardinagem ou atos pedreiros com assobios. Nada se perde em criação se é entregue nas mãos de Deus. No entanto, caso recebas o prêmio Nobel, a medalha do Grande Mérito, o prêmio Destaque do Ano e estejas em mau humor ou êxtases de emoção em auto-conceito de grandiosidade, isto ainda é equivoco e preguiça, se assim.
Obviamente, a preguiça é tida como um ‘resistir’, e essa acepção está incluída aqui. No entanto, advertimos para o ato da preguiça que se estende nas formas, que constrói o erro visível, a preguiça que é nomeada ação. Este equívoco de nomear o fazer como agir é valorizado no mundo como um ato criativo, pois caso não fosse assim, não seria possível a expressão “trabalhador preguiçoso”, que indica alguma ação. A preguiça em sua forma estática é a inação. Contudo, mesmo estar em inação pode ser uma maneira de criar. Meditar corretamente é um “fazer nada”, mas, por conta de sua relação com a mente certa, é uma forma de criar. Mas meditar também pode se reduzir ao fazer, se o ato for realizado com preguiça, ou seja, com interferências.
Enquanto durar a percepção, estarão presentes os opostos. A preguiça é apenas a “ação” da mente errada. É um fazer, uma apenas conveniência. É inclusive muito trabalhoso ser preguiçoso, pois é necessário justificar a preguiça, ao passo que as criações da mente certa não precisam de justificativas. Por isso se diz em linguagem popular que o preguiçoso trabalha em dobro, pois, além de fazer, precisa justificar o fazer, até perceber a necessidade em desfazer.
Portanto, a verdadeira preguiça é evitar fazer o trabalho de Deus. É interferir na ação do Espírito Santo ao ponto de se ver destacado da vida. Se tiveres que fazer algo, e não o fizeres, isto é a comum acepção de preguiça. Se tiveres que seguir tua mente certa — e é certo que tens que segui-la — e não o fizeres, cansas tua alma em inação, pois a preguiça é o tédio do mundo, e suas consequências de desconforto.
O escape da preguiça é envolver a ação em não interferência. Isso aparenta ser um paradoxo, mas não é assim. A preguiça não desenvolve nenhuma criação. Se apenas sentares em quietude e puderes ter certeza que os atos que farás serão indicados pelo Espírito Santo, isto será certamente o guia correto para tua saúde. Esta certeza vem de Deus e está abrangida em um sentimento de paz que perdoa o mundo inteiro. Assim, aprende que o empenho da ação não dirigida é esforço preguiçoso, que não preenche o vazio que fornece a sensação de desamparo que as tuas ações por vezes apresentam. Tens que saber que a ação não tende ao mal, nem ao equívoco, se estiver apresentada pela tua mente certa. Isto é advogado por uma presença pacífica que sempre pode ser medida pela alegria. Nada que se faz com preguiça é relacionado à alegria, e sim ao medo. Apenas o amor ao teu irmão pode te trazer de volta a boa ação dirigida. Pergunta a Cristo o que deves fazer, e ele te responderá na medida em que aceitares Sua resposta. 

 

[1] Lao Tsé – Do livro: Tao Te king


Obrigado por leres até aqui. És bem vindo aqui. Te amo.
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UCEM - Sobre o relacionamento especial

Obrigado a ti!


“O núcleo da ilusão da separação está simplesmente na fantasia da destruição do significado do amor. (...) A separação é apenas a decisão de não conhecer a ti mesmo.”
(UCEM: Cap. 6 - VI.  § 15)

Quem não tem coragem, marca a vida inteira

(Arnaldo Antunes – Cinzas)

             O relacionamento especial é o caráter do medo aplicado ao encontro entre irmãos. Ocorre de maneira muito simples de se perceber, quando quem o vê está imerso em uma perspectiva alheia ao ego. No entanto, enquanto estiveres iludido acerca de ti mesmo, verás teu irmão como uma ferramenta muito valiosa para manter a separação. Na verdade, o relacionamento especial é o ritual de tua separação.

                Mesmo assim, ainda não quiseste voltar; e enquanto não o pedires com o coração sincero, encenarás o triste ritual do relacionamento especial, pois isto constata que ainda não estás totalmente disposto ao perdão indiscriminado, que é a cura do relacionamento especial.

                O ritual do relacionamento especial ocorre mediante um desmerecer, um juízo do filho de Deus envolvendo contrários, uma determinação teimosa em acreditar-se culpado e merecedor de variados auto conceitos negativos, advindos da dissociação e projeção. Não é assim, mas acreditas nisto. Pensando desta forma, uma pessoa que se aproxima pode parecer muito melhor que você. O “ser” desta pessoa parece “especial”, semelha ser tão melhor para você que merece inclusive o julgamento de “amável”. Assim, inventas um amor sem esteio na verdade, um amor artificial, um mero “fazer”, não uma criação. Este julgamento e feitura de amor artificial conjugam o que o UCEM chama “relacionamento especial de amor”.

                Então, o segundo passo é este: precisas eliminar o teu ser. Precisas do ser daquele outro, que é tão melhor. Precisas “trocar de ser” urgentemente, e isso seria “amar” para o relacionamento especial de amor. É claro que esse processo é mais das vezes inconsciente, pois quem o realiza é teu ego, enquanto dormes. Para trocar de ser, é necessário que ocorram duas coisas: primeiro precisas destituir-te de ti mesmo; e, depois, precisas tomar do outro o seu valor, aquilo que te aproxime de seu “existir superior”. Passas a te anular, a ter sobre o outro o direito de cobrar sua amizade, de certificar-se que as coisas estão bem em relação ao amor que criastes mediante o conceito “superior” que fizeste dele. Dentro em breve, os juízos em relação ao teu irmão serão tantos, que é perceptível aqui a falta de perdão e a insanidade da admiração do ego. Na medida em que te anulas, queres te unir ao ser do outro, queres ser o que o outro é e tem de melhor, segundo o ponto de vista do ego. Até que numa tendência óbvia à tensão que tal estado provoca, surgem os juízos negativos, o “ser inferior” do outro é “revelado” para ti pelo ego, e então surge o “relacionamento especial de ódio”. Não há perdão envolvido nestas coisas.

                Para que pudesses destituir a ti mesmo de tuas criações, seria necessário que Deus fosse insano. Para que pudesses ser outro, somente se te unisses a ele mediante o milagre. Mas a união que o ego apregoa nestes casos está envolvida completamente em julgamentos. O relacionamento especial é, portanto, ausência de perdão. Seja o especialismo nomeado “amor”, seja “ódio”.

                É preciso prestar muita atenção aqui, pois o ritual de união do ego é realizado neste mundo todos os dias, a toda hora, pois o tempo pode ser usado de forma negativa, visto estar sujeito ao caráter de opostos do mundo da separação. O oposto do bom tempo é a chuva. Chover é um tempo mal, escuro, é o caráter negativo do tempo, usado pelo ego para massificar os relacionamentos especiais, que para “unir” um irmão ao outro precisa do tempo. A verdade não precisa de tempo para unir os filhos de Deus. Mas o ego precisa julgar, e para julgar é necessário tempo. 

                “Relacionamento especial” é a forma do julgamento em ação nos encontros. É infinito como uma legião de pensamentos combinados, mas não possui o caráter infinito do perdão, que não é uma combinação, mas uma síntese. O perdão sintetiza tudo no amor, ao que eleva o julgamento ao único que pode julgar corretamente, isto é, ao Espírito Santo. O único juízo capaz de anular o especialismo vem através do perdão. Não vejas nada em teu irmão, deixa-o ser apenas quem ele é;  e sejas tu o que és, e assim a projeção torna-se impossível. Coragem é apenas estar em si, é não querer destituir-se de tua herança, que é o Reino, e não o teu juízo sobre ti mesmo ou teu irmão.

                Sobre teu irmão, se julgares que ele é bom, estará projetando este “bom” como valor. Se o julgares como “mal”, farás o mesmo com o outro oposto. A única união possível destes contrários se elide no perdão. O “deixar que o outro seja” é o oposto dos relacionamentos especiais. Parece difícil no começo de tua caminhada, mas na verdade é simples, como tudo o que vem do amor. Para garantir que isso ocorra, os exercícios do UCEM são uma alternativa valiosa deste processo.

                Quando te relacionas de modo especial, estás atribuindo valores, e a projeção se apropria disto para alcançar o outro pela via separada. Assim, não há perdão possível. Portanto, estejas disposto a apenas te deixares levar pelo Espírito Santo. Peça-O que te guie em tuas palavras, e estejas disposto a não interferir. E se não entendes ainda como fazer isso, pede a Ele que te explique. Ele o fará de uma maneira que certamente irás compreender.


 Obrigado por leres até aqui. És bem vindo aqui. Te amo.


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domingo, 19 de junho de 2011

UCEM - Sobre o amor

Obrigado a ti!



O amor não é uma teoria. Não visa o cumprimento de uma meta específica, definida, que se estabelece através de conceitos.
Agora, não queremos mais saber de conceitos.
Portanto, o amor figura como qualidade única da vida. O amor é a perfeição da gentileza e abrange a caridade, pois a caridade ainda vê diferenças em níveis. O amor considera que todos são o mesmo, que é impossível estares em vontade disposta ao teu ser pelo que consideras temível em teus atos culposos, pois isso não é outra coisa a não ser teu ego ditando contrários. Não és o contrário de ti mesmo. És amor, és vida, és alegria, és a esperança embevecida em saber que, embora não estejas vivendo assim, és assim. O descortinar do ego demonstra claramente sua insanidade. Não tardarás a fazer a escolha óbvia pela mente certa. Todos os conceitos se tornam óbvios perante o amor. O amor encarece as relações ao peso do ouro puro. O instante santo haverá de ser a única coisa que existe, e quando perceberes que já é assim, a felicidade mal caberá em teu corpo, que passará a ser apenas o teu lápis de cor, função de desenhar a Cristo em teu irmão.
Liberdade é tudo a que o teu amor almeja. Sorrir é danoso para o ego. Mas o Filho de Deus que conhece a si mesmo e aos seus irmãos sabe que nenhum tipo de alegria pode suprimir o sorriso. O ego simula o abrir da boca como sorriso, ao que adiciona gestos tresloucados de expansão, e a isso chama alegria. A alegria do amor é tão serena quanto dois rios marulhando seus caminhos lentos, cheios de vida, em direção ao mar: mais de muita vida. Assim, o sorriso abrange a caminhada entre o gesto e o conteúdo do sorriso mesmo. O significado de sorrir é amar, não ser cordial. O amor abrange a caridade e a cordialidade, pois o amor não se constrói, não é polido. O amor não transige com conveniências. Ele apenas ama, é só isso o que ele sempre faz.
O amor gosta de ver as pessoas felizes, pois ele mesmo estende a felicidade para participar da vida verdadeira. Mas o amor não simula vontades de querer isso ou aquilo para ser feliz. O amor não supõe condicional. O ego acredita em condicionais. Mas o ego é nada, sabe nada, é uma coisa que ainda se vai ter muito entojo engulho de se livrar dela. Assim, virá o amor, que nada sabe sobre entojo engulho, que a tudo vê com o olhar da verdadeira caridade, que é a união. O amor abrange seus conceitos de opostos através de um estado indiferenciado. Ele não dorme, não espera, não se esteia em esperanças. Ele é a certeza plena de que tudo está perfeito tal como Deus criou. O amor não desespera com a aparência das coisas. O amor vive para o que é, não para especulações. O amor vê o irmão entre o inspirar e o expirar de seu existir. O amor não treme mediante sua ocorrência em outro si, que vê caminhadas compartilhadas, mas o amor torna o indivíduo nervoso quando é inconsciente. O amor, frio na barriga, é ainda não saber o que o amor é; é ter medo Dele; mas, ainda assim, estendido, o amor abençoa os sonhos nossos de quem estamos dormindo ainda. Assim, o amor sugere a bondade que o ego não trará jamais. Estendendo o amor, aquele que ainda não o conhece o diferencia, até perceber que o amor é macio, generoso, bondoso, de feliz, de tão feliz ficará, que jamais atuará no áspero caminho novamente ——— e terá muito entojo dele.
O amor repugna apenas o que é o seu contrário, mas até o ato de o amor repugnar o seu contrário é um ato de amor. Em busca da harmonia, o amor não quer abranger a totalidade, e sim unir, transcender o que é dois em pólos que deslizam para o mar, de dois que viram um, os rios. A mesma água é o amor. Assim, figurativamente escolhes vida, pois o mar é o lugar da vida que pulsa em todo planeta, em si e por conta de si. Toda caminhada vai ao mar, pois o mar é a vida.
Assim, elegemos o amor. Consolo é ficar por aqui felizes em bonitas flores de companhia e harmonia entre todos. Por um tempo, um mínimo tempo, serás tentado ao que não se diz. Mas não terás sucesso invertido. Deus é tudo, o Espírito Santo vos guarda, apóia e, assim, aos poucos, tu te enojas das coisas sujas, aos poucos escolhes outra vez, aprendes a te ver leve, suave, e na quaresma de tua passagem definitivamente abandonas o teu ego para o viver feliz em Deus, que espera por ti e te trará como esteio de tua vida o Amor. E assim, amados, traremos conosco tantos, tantos, que peço pelo fim do mundo da separação e o esteio do real, se apreciando em todos, os amados, os amores e a extensão do sempre pelo ato de existir em Deus. Amém.



"Indaguei a mente", de Otto.


sábado, 18 de junho de 2011

UCEM - Sobre a dissociação

Obrigado a ti!



A dissociação está para a vida assim como o ego está para a paz. Não há como experimentar a paz se estiveres dissociando a ti mesmo. Então, o que é estar dissociado? Estar dissociado é não perceber a ocorrência de pensamentos conflitantes ocorrendo em uma mesma sugestão. Por “sugestão” queremos dizer uma vontade de ação que se impõe. Por vezes podes perceber a tua natureza como se estivesse em conflito justamente por conta da dissociação. Podes pensar, por exemplo, que a morte é uma coisa boa, pois te livraria de todas as dores deste mundo. Geralmente, o pensamento depressivo sobrevaloriza essa “solução” insana. Por outra: poderias acreditar, igualmente, que morrer é uma coisa desgraçada, que traria muita dor, abandono dos amigos e das coisas valiosas, como a oportunidade da iluminação, por exemplo, que acreditas que não alcançastes ainda. Assim, demonstramos duas formas possíveis de perceberes, ou acreditares, na morte. Estas duas formas não podem conviver juntas, pois colapsariam tua mente ao acreditares que deves e não deves morrer ao mesmo tempo. Seria como uma fantasmagoria da vida, uma propriedade impossível, como se estivesses desejando pular da ponte e te salvar a ti mesmo sendo dois! Isto é separar a mente. Isto é dissociar. Estás, portanto, pensando na mesma coisa sob pontos de vista diferentes, opostos. Mas o ponto de vista não existe. É uma ilusão de formas. A dissociação abrange uma tentativa impossível de conciliar os opostos mediante confusões mascaradas sob a denominação de pontos de vista. Durante um mesmo dia, podes ter diversos pontos de vistas diferentes sobre o mesmo assunto, e acreditares que estás refletindo, pesando teses e hipóteses, confluindo em paradigmas que estabelecem relações entre verdades que não se apresentam jamais. E sob a forma de síntese, chega-se a outra dúvida. 
                Não queremos discutir sistemas de pensamento. Não importa nada disso. Importa saber que a Verdade aparenta ser uma permanente incógnita apenas por conta de seu caráter incognoscível. Não se pode dizer o que a verdade é. Pode-se dizer o que é um conceito, como a “virtude” ou o “saber”, através de outros conceitos, e isto é o que se chama “conhecimento” na acepção que é dada a esta palavra no mundo da separação. No mundo real, o conhecimento não é uma tese que se demonstra, não há nada a se pensar sobre o Reino de Deus.
                Pensar é uma atividade irreal. Contudo, pode ajustar o conhecimento ao ato ilusório de estares separado. Quando ficas cônscio disto, jamais experimentarás dissociação, pois jamais terás necessidade de contrariar teus pensamentos evocados da mente certa. Dispõe o homem a pensar acerca de si mesmo, e logo existe. Dispõe a pensar nos termos de Deus, e será, finalmente, desvanecido.
                 Desfazer o ego não é pensar nele. Não há o que se pensar sobre o nada. Desfazer o ego é estar em consonância com a alma pura, ou a mente certa. Seremos Um com Cristo quando estivermos dispostos a acreditar nisto. 


Obrigado por ler até aqui.  És bem vindo aqui. Te amo.

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UCEM - A um pedido de ajuda se dá ajuda

Obrigado a ti!



Amar o que quiseres amar é a lei do universo. Mas a escolha de amor, ou seja, aquilo a que devotas o amor, não te pertence. Amar o que queres implica em liberdade, mas a verdadeira liberdade é de Deus. Então, se tu selecionas parte da Filiação, e eleges o amor como devoção para apenas esta parte, que foi julgada por ti, nada garante que haja justiça na escolha. É preciso que primeiro busques o amor segundo o princípio universal de Deus, que não diferencia ninguém. Apenas sob este ponto de vista poderás perceber distinções que se adéquam ao que chamamos de ablução de Deus. Acontece da seguinte maneira: primeiro distingues um irmão sob o ponto de vista do ódio. Através da Expiação, aceitas que este irmão és tu mesmo, e não o julgas. O ódio inicial significa que já o julgastes, mas o ato de não interferir atende às expectativas do amor no tempo. Já dissemos aqui que não adianta sujar o teu irmão para depois lavá-lo. Assim há erro. Mas se surgir o ódio em ti, e deste ódio tiveres desejo de partilhar teu mau humor com o mundo, chamas pela ablução de Deus, que é a Expiação. Sempre que experimentares culpa, lembra-se que Deus promove a limpeza através da Expiação, e não através de julgamentos, que são conceitos, adesivos, tarjetas, vontades e desejos aplicados a anseios de mudar o mundo segundo o teu arranjo. Arranjar o mundo, ou seja, mudá-lo, é arrogância, se não for de modo criativo, isto é, através do conhecimento. Não tens ainda o conhecimento, mas não tarda o momento que tanto aguardas em teu lindo coração que anseia por paz. Enquanto ouves latidos e feios grunhos, em algum lugar cantam os pássaros no aguardo do passar da noite tão escura que sonhaste fazer.
                Expiar está em consonância com o deixar-se levar. A confiança é o primeiro atributo dos professores de Deus. Não há outra que não derive dela. Confiar é saber, e saber é criar. Não desesperes tanto com a ansiedade por encontrar teu Pai, que está aqui, onde não queres ainda olhar. Para isto, o ego te argumenta contrários e tu ainda escutas. Filho santo, é por pouco tempo este enleio, tão pouco que não adianta nada teres medo. Quando vires os campos pássaros que te esperam amplos de se perder a vista, terás o amor de volta, e verás apenas um pedido de ajuda em tudo que nomeaste ódio, em tudo que viste desamor.
                Já prenuncias isto, e já ages de meio assim. Mas serás integral em teu amor, terás diversão verdadeira em termos altos, que é o criar. Tudo será paradisíaco como é divulgado, pois o que é divulgado é a vida. Outras coisas que surgem são para cego ver. Os cegos podem enxergar, quando tu os vires ——— sim, os cegos poderão enxergar!
                Acalma teu coração, amado Filho. Lembre-se da Expiação sempre. Pede ao Espírito Santo a Expiação de teus desamores. Ele fica muito feliz em cumprir uma vontade consciente deste tipo. Assim, não sentirás culpa e poderás ver o mundo completamente limpo de todos os julgamentos e atrações ao que não faz sentido. Ficamos felizes com teu empenho. Temos certeza de teu sucesso. Aguardamos por ti também. Santificado seja Vosso Nome, amém.


 Obrigado por leres até aqui. És bem vindo aqui. Te amo. 



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