quinta-feira, 23 de junho de 2011

UCEM - Sobre o relacionamento especial

Obrigado a ti!


“O núcleo da ilusão da separação está simplesmente na fantasia da destruição do significado do amor. (...) A separação é apenas a decisão de não conhecer a ti mesmo.”
(UCEM: Cap. 6 - VI.  § 15)

Quem não tem coragem, marca a vida inteira

(Arnaldo Antunes – Cinzas)

             O relacionamento especial é o caráter do medo aplicado ao encontro entre irmãos. Ocorre de maneira muito simples de se perceber, quando quem o vê está imerso em uma perspectiva alheia ao ego. No entanto, enquanto estiveres iludido acerca de ti mesmo, verás teu irmão como uma ferramenta muito valiosa para manter a separação. Na verdade, o relacionamento especial é o ritual de tua separação.

                Mesmo assim, ainda não quiseste voltar; e enquanto não o pedires com o coração sincero, encenarás o triste ritual do relacionamento especial, pois isto constata que ainda não estás totalmente disposto ao perdão indiscriminado, que é a cura do relacionamento especial.

                O ritual do relacionamento especial ocorre mediante um desmerecer, um juízo do filho de Deus envolvendo contrários, uma determinação teimosa em acreditar-se culpado e merecedor de variados auto conceitos negativos, advindos da dissociação e projeção. Não é assim, mas acreditas nisto. Pensando desta forma, uma pessoa que se aproxima pode parecer muito melhor que você. O “ser” desta pessoa parece “especial”, semelha ser tão melhor para você que merece inclusive o julgamento de “amável”. Assim, inventas um amor sem esteio na verdade, um amor artificial, um mero “fazer”, não uma criação. Este julgamento e feitura de amor artificial conjugam o que o UCEM chama “relacionamento especial de amor”.

                Então, o segundo passo é este: precisas eliminar o teu ser. Precisas do ser daquele outro, que é tão melhor. Precisas “trocar de ser” urgentemente, e isso seria “amar” para o relacionamento especial de amor. É claro que esse processo é mais das vezes inconsciente, pois quem o realiza é teu ego, enquanto dormes. Para trocar de ser, é necessário que ocorram duas coisas: primeiro precisas destituir-te de ti mesmo; e, depois, precisas tomar do outro o seu valor, aquilo que te aproxime de seu “existir superior”. Passas a te anular, a ter sobre o outro o direito de cobrar sua amizade, de certificar-se que as coisas estão bem em relação ao amor que criastes mediante o conceito “superior” que fizeste dele. Dentro em breve, os juízos em relação ao teu irmão serão tantos, que é perceptível aqui a falta de perdão e a insanidade da admiração do ego. Na medida em que te anulas, queres te unir ao ser do outro, queres ser o que o outro é e tem de melhor, segundo o ponto de vista do ego. Até que numa tendência óbvia à tensão que tal estado provoca, surgem os juízos negativos, o “ser inferior” do outro é “revelado” para ti pelo ego, e então surge o “relacionamento especial de ódio”. Não há perdão envolvido nestas coisas.

                Para que pudesses destituir a ti mesmo de tuas criações, seria necessário que Deus fosse insano. Para que pudesses ser outro, somente se te unisses a ele mediante o milagre. Mas a união que o ego apregoa nestes casos está envolvida completamente em julgamentos. O relacionamento especial é, portanto, ausência de perdão. Seja o especialismo nomeado “amor”, seja “ódio”.

                É preciso prestar muita atenção aqui, pois o ritual de união do ego é realizado neste mundo todos os dias, a toda hora, pois o tempo pode ser usado de forma negativa, visto estar sujeito ao caráter de opostos do mundo da separação. O oposto do bom tempo é a chuva. Chover é um tempo mal, escuro, é o caráter negativo do tempo, usado pelo ego para massificar os relacionamentos especiais, que para “unir” um irmão ao outro precisa do tempo. A verdade não precisa de tempo para unir os filhos de Deus. Mas o ego precisa julgar, e para julgar é necessário tempo. 

                “Relacionamento especial” é a forma do julgamento em ação nos encontros. É infinito como uma legião de pensamentos combinados, mas não possui o caráter infinito do perdão, que não é uma combinação, mas uma síntese. O perdão sintetiza tudo no amor, ao que eleva o julgamento ao único que pode julgar corretamente, isto é, ao Espírito Santo. O único juízo capaz de anular o especialismo vem através do perdão. Não vejas nada em teu irmão, deixa-o ser apenas quem ele é;  e sejas tu o que és, e assim a projeção torna-se impossível. Coragem é apenas estar em si, é não querer destituir-se de tua herança, que é o Reino, e não o teu juízo sobre ti mesmo ou teu irmão.

                Sobre teu irmão, se julgares que ele é bom, estará projetando este “bom” como valor. Se o julgares como “mal”, farás o mesmo com o outro oposto. A única união possível destes contrários se elide no perdão. O “deixar que o outro seja” é o oposto dos relacionamentos especiais. Parece difícil no começo de tua caminhada, mas na verdade é simples, como tudo o que vem do amor. Para garantir que isso ocorra, os exercícios do UCEM são uma alternativa valiosa deste processo.

                Quando te relacionas de modo especial, estás atribuindo valores, e a projeção se apropria disto para alcançar o outro pela via separada. Assim, não há perdão possível. Portanto, estejas disposto a apenas te deixares levar pelo Espírito Santo. Peça-O que te guie em tuas palavras, e estejas disposto a não interferir. E se não entendes ainda como fazer isso, pede a Ele que te explique. Ele o fará de uma maneira que certamente irás compreender.


 Obrigado por leres até aqui. És bem vindo aqui. Te amo.


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