segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Sobre as Criações

Obrigado a Ti!


As criações que fizestes não são “coisas”, como habitualmente se diz.  Assim, certas proposições que são ditas filosoficamente como sendo “ideias” são atomisticamente realizadas como imagens. Por isso, todo o percurso de um mecanismo de transmissão de ideias equivale a uma sensação. Se, por exemplo, dizes ao teu irmão que ele parece um anjo, a isto estás projetando um sentir a ele como um ser espiritual, um transmissor de paz. Ainda assim, poderíamos dizer que um irmão sobre o qual te equivocas e dizes dele que é pernicioso transmite para ti uma referência de permutabilidade, na medida em que trocas a teu irmão por um conceito. Portanto, a ideia que tens de teu irmão será o teu irmão para ti, quando pensares ao avesso da criação.
O que ainda queres aqui? Onde acreditas que terás paz aqui? Será que se fores um artista terás paz por isto? Ou será que sonharás um novo sonho? O que vieste fazer tu não sabes. O queres fazer, tens medo demais. A ideia que tens do que é querer fazer o que queres é assustadora para ti. No entanto, somente ser Quem Tu És poderá salvar a ti e aos teus.
Criar é o mesmo que ser, pois é o mesmo que estar em si. Criar significa desprender-se de conceitos e embarcar na onda de ser o que se é. Criar virá então de outra ideia, que não transmite pelo conceito, mas se esteia na segurança de ser apenas o simples ser. O que envenena o criar é o aposto em colocar desejos entre as crenças que estabeleces. Seguramente, uma pessoa poderá dizer-te que criou um filho, ou que acertou um jeito. No entanto, criar é muito mais que estar em modos de ser um pai ou um inventor. Criar é estar em glória por saber de si. Assim, pode-se ser pai ou inventor, e apreciar a verdade das criações, que são os simulacros. Jamais aqui alguém foi pai, ou mãe, ou qualquer coisa que seja. A metáfora envolvida na reprodução implica na ordenação que evoca. Alguns sabem o que é o amor incondicional, pois tiveram filhos. A estes, esta evocação simbólica se materializará em outro ser, que será verdadeiramente amado, ao qual se chama um nome, e que intui a si próprio um ego, pois foi criado à imagem e semelhança de quem o gerou. Quem sabe de si, sabe muito pouco de ser pai, pois ser pai é transcender a si em outro, o que é uma metáfora da criação. No entanto, como diz o Curso, os filhos geram seus filhos, embora não possam gerar seus pais.
Criar é estender. Em uma acepção muito grosseira, criar equivale a uma transferência. Um sentido muito similar ao de criar está explícito na imagem da palmeira. A palmeira se estende para cima e não produz frutos comestíveis, e nem é frondosa ao ponto da grande sombra. No entanto, a palmeira é uma bela árvore, e um corredor delas estendidas lado a lado formam uma claraboia muito interessante de se passar por.  Assim, criar é como a imagem da palmeira isolada, que estende em si uma “potencialidade” de ser integrada a um todo que assume por si características que faltam ao elemento unitário. Esta é a noção das ideias de Platão, que se dirigem ao universo da criação mediante um princípio de extensão. A característica que auxilia o ponto de mutação entre o sujeito que faz e o filho de Deus que cria reside em perceber não mais a materialidade de suas criações, mas as potências que advém de estarem probabilisticamente alinhando-se com um evento disponível como um Todo. Voltemos ao caso da filiação, no sentido corriqueiro, isto é, os filhos dos homens. A filiação, entendida como a soma de todas as pessoas que nasceram neste mundo, será apenas uma aliança muito pobre do que é a Filiação Unitária entre os Filhos de Deus no Reino. No entanto, como todos os filhos são filhos de alguém, são também criações, e podem estender e procriar, pois estendem por si o que receberam. O amor da filiação por suas crianças não pode ser entendido como o amor de Deus por Seus Filhos, pois isto está além da capacidade de se apreender por comparação. No entanto, a Filiação é una, assim como os pais e os filhos são os mesmos nos termos de pertencerem a apenas uma filiação.  Criar é ser uma atmosfera que abarca um sistema vivo que não se entende como um todo orgânico, embora seja em si uma única coisa.
Dificilmente pode-se dizer em abstrato o que são as criações, por isso usaremos um exemplo: Criar é ver o que se desenrola em tua frente sem nenhum vestígio de julgamento. O que se apresenta a partir de teu próprio observar e nos encaminhamentos que a vida proporciona, são tuas criações, que muito bem podem estar equivocadas, e assim tens aquilo a que chamas “dias ruins”. Mas a verdadeira criação é natural, e por isso se diz que ela está alinhada com Deus quando é apenas imagem, e representa apenas aquilo que gostarias de criar no mundo. A onisciência necessária para tal criação não vem de ti, mas tu partilhas dela, assim como a palmeira, que não é a claraboia, é em si palmeira e claraboia. Por isso diremos agora a ti: és como a palmeira, pois és filho de alguém, foste permitido à paternidade, e ao teu redor vês aos teus irmãos algumas vezes como iguais em claraboias de encontros.
A criação é como um sonho de fabricação gentil, que advoga pelo Reino e que não acede ao propósito de separar. Criar é unir. Criar é crer em uma realidade diferente, contudo possível, e assim partilhar de teu sonho no sonho do teu irmão com dádivas gentis. Retira uma flor do sonho do teu irmão e devolve-a a ele. Isto é criar!

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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Retratos intuitivos de meus amigos - Jaime Penariol


Jaime Penariol

                Jaime está no mundo para ser a si. Não tendo encontrado ainda o caminho de volta, trilhou uma vereda de ouro, que nomeou “amizades”. A si mesmo entrega uma virtude em não ater amor ao que não aprecia, embora confunda isto com segurança. Mas sua amizade com as palavras fizeram de meu amigo um amante da estética, e seu valor de mundo fica sendo uma ideia que meu amigo apresentou a si: “a subjetividade salva”. Meu amigo Jaime é destes que ajuda mesmo sem saber, e não desvia dos empenhos (meu amigo, não estando em condições, foi à minha festa de aniversário, apoiado entorno por uma escolta de seus anjos companheiros). Da solidão, meu amigo já está entendendo seu caráter de engodo, e busca formas de livrar-se disto, pois ainda não sabe  exatamente sua função aqui. Enquanto busca, deixa, aqui e ali, em sua travessia aleatória, saudades muito divulgadas pelos seus, em modos gentis e claros, como convém aos amáveis. Meu amigo acredita que não gosta de si mesmo, talvez seu maior erro e um desperdício de valor. Tenho esperança que meu amigo um dia leia “Um Curso em Milagres”, para quem sabe espertar Nele. Assim, talvez meu amigo volte mais cedo a si, e venha resgatar os seus tantos, que espalhados pelo mundo estendem em viagens cordiais uma tenda “luz balão”, suas saudades de valor leal entre todos, meu amigo, Jaime Penariol.

Jaime Penariol mora atualmente em Cuiabá-MT

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Retratos intuitivos de meus amigos - Fernanda Conciani

Fernanda Conciani
        

     Fernanda Conciani viu demais um passarinho. Assim, voou aí pelo mundo e consigo trouxe liberdades. Um sentimento quase sufocante de subjetividade aproximou-a da arte, e a estética levou-a a apreender o mundo para fora de gaiolas, pelas lentes que apresentam seu empenho em ver-se a si por fora de si, no longe longe dos espaços, nas esplanadas. Assim, Fernanda criou o mundo em retratos projetivos, nos quais estendeu a alguns seu bem querer cuidadoso, seu tanto de ser em empenho amigo — ou sua irritação em amores descuidados, que é apenas um não saber lidar com o que o contato com o outro é. Fernanda, voando alto, viu a nesga de luz que há no mundo, e assim minha amiga viu irmãos, e com eles saudosamente se compraz. Decerto pensa em solidão, mas acompanha a si pelo amor maior dos passarinhos: o belo canto que ouviu, a música traduzindo a abstração de tudo. Assim, minha amiga é em si mesma o que valeu em descobrir: liberdade é coisa que supre um voo. Salve minha amiga sempre, jovem e terna Conciani, Fernandinha passarinho.



Fernanda Conciani é paraibana e mora atualmente em Brasília-DF.


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sábado, 15 de outubro de 2011

O que é o ego?

Obrigado a ti!

O ego é uma referência. Ele pode ser necessário por um tempo, pois a condição separada é tida como real por muitos anos no decorrer de uma vida. Assim, durante estes anos, o ego é a referência que te fornece uma noção de ser apenas uma coisa entre outras, isto é, através dele percebes a ti mesmo como separado de todas as outras formas que estão no mundo. O ego, portanto, é o símbolo da separação, na medida em que te transmite uma noção de ti que não pode ser comparada a nenhuma outra no mundo, e a isto o mundo chama “personalidade”.  
Assim, experimentas a ti mesmo como sendo todas as coisas que sabes acerca de ti. Acerca de ti te deram um nome e acerca de ti falam tuas posses e teus títulos e honrarias; acerca de ti são aqueles elogios que recebes e o dinheiro que ganhas com o suor do teu trabalho é um efeito acerca de ti. Acerca de ti disseram algo, e é acerca de ti que respondes. Acerca de ti és alguém que vive e morre, pois acerca de ti foram contadas também historias de outros que viste viver e morrer. Assim, todas estas coisas que são ditas acerca de ti, não são a ti, mas acreditas nelas como sendo partes de teu ser. Isto é realmente um engodo muito desnecessário.
Tu não és uma referência, tampouco um apontamento de personalidade. Decerto, após a revelação, não mudas da noite para o dia, tampouco serás diferente a cada hora em termos de personalidade. No entanto, as formas da tua vida são diferenciadas por medidas que não são notadas pelos outros como sendo coisas acerca de ti. Até teu nome pode ser retirado de ti, pois aquilo a que o nome se referia se foi. Realmente, após a revelação, a personalidade que parecia ser a ti se esvai, e com ela a percepção e a noção separada que parecia constituir teu mundo. Assim, depois que recebes a revelação, percebes também que não poderias ser condenado por nada que tiveste feito, pois até então fizeras coisas  as quais não eram tuas criações, mas apenas coisas acerca de ti.
Esperas bem quieto pela revelação. Ela te será dada quando estiveres pronto. Para isso, não precisas mudar nada acerca de ti. Basta que aceites o que te acontece como aquilo que pedistes. Lembra que o mundo é uma tela que te apresenta o que pediste “agora”. Nada acontece sem tua anuência. Assim, para que vejas as coisas que te acontecem como tuas criações e não como coisas acerca de ti, aceitas a tudo como se fosse “dado”. Eis algo que poucos compreendem, mas é fundamental se queres despertar do sonho das coisas acerca de ti. Se aceitas o que vês agora como tuas criações, as coisas acerca de ti desaparecem de tua vista, e não podem ser diferenciadas do que nomeias acaso. O acaso não existe, mas crês que há alguns sinais que podem te dizer coisas: uma borboleta amarela que passa no teu caminho é um sinal de bom augúrio ou um inseto que partilha seu crivo em cantar durante o exato tempo de um pensamento mal é então aviso sobrenatural de que pensas tal qual a um inseto, e então pensas mal. Assim, nomeias as coisas que são tuas criações como sendo coisas acerca de ti. E se puseste ali aquela borboleta? ou se quiseste ouvir pelo tempo do estrilar da cigarra o teu empenho em desfazer aquilo como sendo algo acerca de ti?, e assim forneceste um pensamento útil pelo tempo necessário para engabelar a ti mesmo? Estás confuso? Pois estas palavras deveriam ser muito claras para ti, já que és tu mesmo quem as escreve. Se é assim, por que não as entende? É mais fácil dizer que essas palavras são outras coisas sobrenaturais acerca de ti? Ou seria mais honesto dizer que a Fonte da Qual estas palavras provêm estão encobertas por ti para serem nomeadas como espetáculo de blog? Assim, este é um blog acerca de ti, e não estás vendo que é o teu blog, e, portanto, continuas sem saber Quem És.
Amigo irmão, que somos Um, unidos em Um, eternos neste incriado Um, escuta a ti mesmo nestas palavras: é chegada a hora da revelação de Teu Ser. Não busques mais saber o que és enquanto coisa, enquanto nome, enquanto ideia, pois serás mais que um nome ou um evento no trabalho ou uma causa justa a se empenhar. Serás Tudo o Que É, e assim terás de volta a perspectiva verdadeira sobre o teu Ser, que é maior que qualquer recorte que queiras aderir como decalque mero de si, ou seja, acerca de si.
Pai, pedimos: lembra Teu Filho. Ele está aqui em termos desconhecidos para si, mas é a si mesmo devotado nestas palavras as quais Te lembram que a sua vontade é a Tua. Ele não espera mais no ódio e se lembrou de seus irmãos. Agora, pedimos a ti, meu pai, em pessoa primeira, que se lembre de mim, que aguardo pela Tua Graça, em empenho de ser a mim mesmo em união e amor, pois o medo se foi, e estou em calma espera por Ti, Meu Pai, amém.


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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Diálogo sobre o medo

Obrigado a ti!

Pergunta: se o mundo que vejo é uma ilusão, como faço então para auxiliar a mim mesmo para que eu veja o mundo real?
                Resposta: O mundo real é também um símbolo, como te foi dito nos exercícios. Símbolos abarcam diversas interpretações. O mundo real é o mundo dos símbolos gentis, nos quais vês apenas as tuas ideias gentis sendo apresentadas para ti em uma tela que inventastes, a que chamas “mundo”. No entanto, este “mundo” é apenas um passado muito antigo, que queres rever a qualquer custo, mediante uma reinterpretação contínua de suas mudanças de forma. A única coisa que pode acontecer no tal “mundo” é a mudança de formas, pois tu já decidiste há muito tempo que querias deixar este “mundo”, e já o fizestes, apenas não tens consciência disto. Contudo, permaneces aderindo às mudanças de formas os teus “achismos” sobre as coisas, teus juízos, que apenas produzem na tua mente um estado de confusão que não permite a Visão.
                Pergunta: então eu também sou uma coisa passada?
                Resposta: O teu corpo é algo passado, que já se foi há muito tempo. Isso parece ser muito absurdo quando dito em formas literais, pois a noção que tens da experiência de estares envolvido com teu ego te fornece insistentemente uma prova de que vês o que está acontecendo agora. No entanto, este “agora” que o ego e tua percepção te mostram são muito relativos quando postos em perspectivas diferenciadas. Já o sabes que as galáxias que ficam há milhares de anos luz daqui, quando vistas ao telescópio, apenas demonstram para ti o passado delas, embora no “agora” de tua percepção tu vejas a imagem ocorrendo como se visses o que realmente há. Pergunto então: o que está acontecendo realmente no intervalo entre estes dois eventos?
                Resposta: não está acontecendo nada.
                Exatamente. Nada pode ocorrer entre o passado e o passado, pois são apenas referências entre estados temporais que não mais existem. No entanto, ainda experimentas este estado como se fosse real. Por exemplo, se ocorre uma dor em teu corpo, um arranhão ou um machucado, por exemplo, aquilo te parece ocorrer agora, correto?
Resposta: Sim. Pois eu sinto isto agora.
Certo. No entanto, a percepção apenas apresenta para ti aquele estado de sonho que acompanha a referência à dor que um machucado faz acontecer.
Pergunta: pode, então, um iluminado não sentir nenhuma dor?
Resposta: dificilmente isto ocorre assim, pois neste mundo separado, a dor é possível. No entanto, é possível uma grande tolerância a existência da dor, e até mesmo a eliminação dela em muitos casos que semelhavam impossíveis. Isto pode ocorrer facilmente através da mudança da mente.
Pergunta: ainda não entendo bem a distinção entre mundo real e mundo ilusório para além da teoria acerca dos símbolos. Como posso “vivenciar” o mundo real, se assim?
                Resposta: a distinção aparece aos poucos. No entanto, é preciso que, por um curto período de tempo, experimentes certa confusão, para que, através do conflito, possas estabelecer um contraste. O conceito de contraste é muito importante no currículo, pois é ele que te fornece a nítida distinção entre as opções. Tu já sabes que o poder de decisão é teu. Isso é tudo o que precisas saber. No entanto, decides sempre entre duas formas de pensar: esta, que te é oferecida agora; e a outra, a que te impõe tantos modos de mal ver ao mundo. Se não observasses a experiência de terror que esta última te fornece, como poderias escolher a minha ajuda? Eu sou teu professor, mas sou também a ti, que me esperas. No entanto, falaremos sobre isso mais detalhadamente em outra oportunidade. Por enquanto, para que possas distinguir bem, tente perceber em teu pensamento uma tendência às condescendências. Sempre que pensares em algo que precisa de uma causa no mundo para ocorrer, saibas que isso não é real. O “agora” que podes perceber e sentir não é real, mas parece real para ti. Para perceber exatamente a distinção, procure pelos sentidos não literais. Isso se faz da seguinte maneira: sempre que perceberes em ti algum medo, não lutes contra este medo, não o julgue através de uma perspectiva diferenciada sobre como deveria ser se não estivesses com medo. Este é o primeiro passo. Depois, se ainda estiveres percebendo a ti mesmo com medo, não enfrente o medo jamais. O medo não precisa ser atacado para ser destruído, pois não se destrói o que não existe. Algo que muito te ajudará neste momento é lembrares de algum pensamento amoroso. Em qualquer situação que temas, tenta perceber nas imagens que te são apresentadas algum elemento ao qual possas ter sobre ele qualquer pensamento amoroso, qualquer coisa serve, mas deve ser vista com verdadeira gentileza.
                Pergunta: pode ser um pensamento passado, algo como um evento restaurado de um momento bom em que tive com uma pessoa ou situação?
                Resposta: É preferível que neste momento de teu aprendizado tu possas apenas seguir ao teu coração mediante as imagens que te são dadas. Assim, procura nas imagens que vês ou nos sons que ouves alguma coisa que possas remeter ao amor. Procura nos olhares aquela ternura escondida sobre o duplo, que sempre vês. Apenas quando obscureces o duplo é que vês apenas ao ego de teu irmão. Não temas ao teu irmão, mas se em determinado momento estiveres tão confuso que isso não passe de uma teoria para ti, então tenta ver alguma coisa que julgas como amável ao teu redor. Esta coisa não precisa ser uma coisa boa conforme o mundo a julga, mas deve ser boa para ti. Assim, és honesto com as imagens, e esta é a única maneira de seres honesto contigo mesmo. É chegada a hora de desfazer o teatro do julgamento do mundo. Se fizeres apenas o teu empenho em ser a ti mesmo mediante o amor que é teu, não precisarás de um duplo para te dizer onde empregar o teu amor, pois teu amor estará distribuído pelo todo. Assim, aos poucos se descortinará para ti em cada situação uma “fatia” de imagens nas quais se pode estender a gentileza. Aos poucos, com boa vontade de tua parte, essa pequena “fatia” pode aumentar consideravelmente, e estejas certo que é assim que acontece, pois não há em nenhuma parte das imagens que vês apenas imagens de terror. Na medida em que permites “olhar para o outro lado”, isto é, ver alguma coisa com gentileza, mil anjos te oferecem o regalo da satisfação real, que é a paz e a gentileza do coração. Pode ter certeza que não há maior presente que este.


Obrigado por leres até aqui. És bem vindo aqui. Te amo.
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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Sobre ser amado


Obrigado a ti!

Pedido:  Pai, me ajude, não mais compartilho dos pensamentos insanos que se dirigem a mim de maneira tão persistente. Solicito Seu Amparo Definitivo, que o Senhor me tire daqui, e que seja hoje, agora, se me considerares pronto. Não convenho mais aos interesses e não tenho pelo outro nenhum pudor de suas faltas, ou envio de juízo ao empenho equivocado em meu irmão. Que meu irmão alcance por si a paz, e que eu seja um vetor de Teu santo propósito, Senhor. Amém.

                Resposta: Se queres sair daqui, queres ir para onde? Sair não significa “deixar de vez”, pois a noção de “voltar” está implícita neste termo. Se queres mesmo deixar o mundo, precisas entender sobre “soltar”, pois o oposto de “soltar” é “manter”. Não podes “deixar” a nada, em termos literais, se não “soltares”. “Sair” é fugir, mas “soltar” quer dizer que não mais manténs para si aquilo que te impede o teu progresso.
               
                Pedido: então que eu solte meus apegos impeditivos. Que eu os perceba para soltá-los.
               
Resposta: assim, fazes um pedido mais honesto, pois percebes que manténs ainda para si algum bloqueio. O fato de não veres empecilhos ou faltas em teu irmão ainda não está completo, pois o mundo real ainda não se refez para ti. O mundo perdoado ainda é para ti apenas um conceito. Mas este “mal estar” em veres a tudo tão desinteressado é um bom sinal, pois estas “deixando para lá” os teus conceitos sobre este mundo enquanto um valor. No entanto, esse desapego não pode ser evocado através do desespero ou da tristeza, pois, se assim, terás que esperar ainda mais pela tua liberação, pois a tristeza indica que ainda vês o mundo sob seu aspecto desvalido, e isto é um julgamento. Precisas ver o mundo como ele realmente é citado no currículo que estudas: uma ilusão. O mundo é uma tela na qual pões o que queres diante de ti. Assim, seus símbolos terríveis ou o conceito de cansaço se apresentam mediante uma correlação entre o que tu acreditas que o mundo seja e aquilo que pedes. Isso ocorre assim: tu pedes para deixar o mundo, quiçá hoje, pois ele é terrível e não parece ser um lugar amoroso em teu pedido. Assim, se te for dada a revelação hoje, ela também parecerá terrível para ti. Terás medo disto, e poderás adentrar em um estado de pânico, pois estás pedindo para sair do inferno, e o inferno é a forma com a qual as coisas chegam até a tua tela, pois o mundo é realmente apenas a projeção daquilo que vês nele. Assim, olhos que não veem a luz há muitos anos podem cegar ao ver o sol, e isto não será amoroso. Um homem que estivesse há muito tempo isolado em uma caverna escura, hermética à luz, precisaria primeiramente permanecer em uma leve penumbra, para que seus olhos pudessem acostumar-se ao alumiar. Posteriormente, este homem poderia ser apresentado a um pouco mais de luz, até que ele perdesse o medo de restaurar a visão e pudesse finalmente ser alçado para fora da caverna. Este homem és tu — assustado demais para aceitares honestamente o que pedes; e o que pedes, através do currículo que escolhestes, somente te pode ser dado em gentileza. Assim, esperamos ainda que venhas de mãos abertas, sem encontrar no mundo tamanho sofrimento; sem ver a si tão mal acolhido por teus irmãos, que te querem tão bem, mesmo enquanto dormes. Não tenhas medo de teus irmãos, não os condene ao inferno, pois eles são tão amáveis quanto tu és, e sabes que és amável pelo que tu pensas em segredo sobre teus irmãos. Tenha, portanto, coragem em ver ao teu irmão condizente para com aquilo que pensas sobre ele, não vejas mais nele seu passado inglório, e estejas disposto a amá-lo com gentileza perfeita, que não impele ao elogio ou ao vantajoso bem-dizer, mas que apenas observa e não julga. Assim faças tu também com o tempo e com os dias, que te são dados. Não te queixes do clima ou das atribulações. Não creias que há em ti alguma forma de mal pensar ou de mal receber. Aceita o que te é dado de mãos limpas, sem a sujeira do julgar. “Deixa, deixa...” Lembra sempre destas palavras tão simples, pois são presentes que destes a tantos, e que fornecem o bom entender da inocência. Não posso te dar agora o que pedes, pois tu não estás pronto. Mas estás no caminho tão bom e te empenhas com tanto amor e gentileza que todo o Céu está em festa já agora, pois sabemos que vens. Contudo, queremos te receber em festa, e não em estado de choque. Portanto, fazes apenas isso: cumpre teu exercício de hoje por uma semana. Ficas patente ao acolher a todo irmão com amor, sem medo. Tenhas apenas disposição para isto, que eu mandarei atrás de ti mil anjos para te apoiar. Não temas o mundo, não peças para sair dele. Por um tempo, serás muito útil aqui. No entanto, peças para abandonar o julgamento, vejas toda a gentileza que puderes ver, e se não puderes deixar de julgar, aponta para o amor a tua flecha, para que ao menos da árvore da separação acertes o talo de bons maduros frutos — maçãs que não são mordidas — mas caem ao chão e são apenas adubo de teu empenho em não ver mais nada em forma alguma de bem ou mal. Isto te trará calma. Isto dará a ti a paz que precisas para despertar tranqüilo, como uma criança que acorda de um sonho bom nos braços fraternos de seu pai. Assim, nosso Pai tirará seu filho do quarto escuro em que dormia e o levará até o quintal verde e puro no qual cantam os belos pássaros. E a canção que será ouvida te lembrará de teus irmãos, e serás bem-vindo aqui com eles. Então, ama esse mundo agora. Ama a teus irmãos ainda assim, dormindo, para que despertes de um sonho bom, com gentileza e sem nenhum desespero. Assim tu escolhestes, e somente assim poderá ser dado a ti.


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sábado, 1 de outubro de 2011

Pergunta: quem sou eu?

Obrigado a Ti!



Pergunta: quem sou eu?

Essa pergunta responde a si mesma, caso retires dela o pronome “eu”. Apenas “quem sou” é suficiente. Lembre-se que a função de um pronome é substituir algo; e, neste caso, “eu” substitui o “sou”. Claro que não estamos falando em termos gramaticais aqui. Simbolicamente, a pergunta torna-se sem significado na medida em que buscas saber algo sobre o teu “eu”. O teu “eu” não pode ser, ele apenas simula uma presença separada. Assim, à pergunta “quem sou eu” se responde: nada. O “eu” não é nada. Mas Tu És.

Pergunta: quem sou?

És o Filho Santo de Deus dormindo. Quase não se tem o que dizer depois disto. “Despertar” é uma metáfora utilizada pelos iluminados simplesmente por conta do caráter ilusório do mundo, em seu pressuposto de sonho. Assim, estar aqui sem entender Quem És é advogar de alguma maneira pela separação. Não tens que julgar nada, decerto. Portanto, não podes dizer de ti nenhum algo. No momento em que pensas em te adjetivar, ou quando te percebes como um corpo, estás preconizando a separação como um vetor de teu entendimento. Portanto, a maneira mais eficiente de responderes a esta pergunta não será possível aqui. Neste espaço, estamos apenas especulando teorias e formas e palavras que tangenciam um leve supor do que isso pode ser, já que a razão, no forma que o mundo entende esta palavra, não sabe nada sobre o conhecimento. Não podes alcançar a revelação especulando sobre o que és, pois tentarás definir, e a revelação não é definida, ela é dada. Se queres saber o que és, pede a Deus que te revele isto. Ele terá imensa satisfação em fazê-lo.

Obrigado por leres até aqui. És bem vindo aqui. Te amo.
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