segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Sobre ser amado


Obrigado a ti!

Pedido:  Pai, me ajude, não mais compartilho dos pensamentos insanos que se dirigem a mim de maneira tão persistente. Solicito Seu Amparo Definitivo, que o Senhor me tire daqui, e que seja hoje, agora, se me considerares pronto. Não convenho mais aos interesses e não tenho pelo outro nenhum pudor de suas faltas, ou envio de juízo ao empenho equivocado em meu irmão. Que meu irmão alcance por si a paz, e que eu seja um vetor de Teu santo propósito, Senhor. Amém.

                Resposta: Se queres sair daqui, queres ir para onde? Sair não significa “deixar de vez”, pois a noção de “voltar” está implícita neste termo. Se queres mesmo deixar o mundo, precisas entender sobre “soltar”, pois o oposto de “soltar” é “manter”. Não podes “deixar” a nada, em termos literais, se não “soltares”. “Sair” é fugir, mas “soltar” quer dizer que não mais manténs para si aquilo que te impede o teu progresso.
               
                Pedido: então que eu solte meus apegos impeditivos. Que eu os perceba para soltá-los.
               
Resposta: assim, fazes um pedido mais honesto, pois percebes que manténs ainda para si algum bloqueio. O fato de não veres empecilhos ou faltas em teu irmão ainda não está completo, pois o mundo real ainda não se refez para ti. O mundo perdoado ainda é para ti apenas um conceito. Mas este “mal estar” em veres a tudo tão desinteressado é um bom sinal, pois estas “deixando para lá” os teus conceitos sobre este mundo enquanto um valor. No entanto, esse desapego não pode ser evocado através do desespero ou da tristeza, pois, se assim, terás que esperar ainda mais pela tua liberação, pois a tristeza indica que ainda vês o mundo sob seu aspecto desvalido, e isto é um julgamento. Precisas ver o mundo como ele realmente é citado no currículo que estudas: uma ilusão. O mundo é uma tela na qual pões o que queres diante de ti. Assim, seus símbolos terríveis ou o conceito de cansaço se apresentam mediante uma correlação entre o que tu acreditas que o mundo seja e aquilo que pedes. Isso ocorre assim: tu pedes para deixar o mundo, quiçá hoje, pois ele é terrível e não parece ser um lugar amoroso em teu pedido. Assim, se te for dada a revelação hoje, ela também parecerá terrível para ti. Terás medo disto, e poderás adentrar em um estado de pânico, pois estás pedindo para sair do inferno, e o inferno é a forma com a qual as coisas chegam até a tua tela, pois o mundo é realmente apenas a projeção daquilo que vês nele. Assim, olhos que não veem a luz há muitos anos podem cegar ao ver o sol, e isto não será amoroso. Um homem que estivesse há muito tempo isolado em uma caverna escura, hermética à luz, precisaria primeiramente permanecer em uma leve penumbra, para que seus olhos pudessem acostumar-se ao alumiar. Posteriormente, este homem poderia ser apresentado a um pouco mais de luz, até que ele perdesse o medo de restaurar a visão e pudesse finalmente ser alçado para fora da caverna. Este homem és tu — assustado demais para aceitares honestamente o que pedes; e o que pedes, através do currículo que escolhestes, somente te pode ser dado em gentileza. Assim, esperamos ainda que venhas de mãos abertas, sem encontrar no mundo tamanho sofrimento; sem ver a si tão mal acolhido por teus irmãos, que te querem tão bem, mesmo enquanto dormes. Não tenhas medo de teus irmãos, não os condene ao inferno, pois eles são tão amáveis quanto tu és, e sabes que és amável pelo que tu pensas em segredo sobre teus irmãos. Tenha, portanto, coragem em ver ao teu irmão condizente para com aquilo que pensas sobre ele, não vejas mais nele seu passado inglório, e estejas disposto a amá-lo com gentileza perfeita, que não impele ao elogio ou ao vantajoso bem-dizer, mas que apenas observa e não julga. Assim faças tu também com o tempo e com os dias, que te são dados. Não te queixes do clima ou das atribulações. Não creias que há em ti alguma forma de mal pensar ou de mal receber. Aceita o que te é dado de mãos limpas, sem a sujeira do julgar. “Deixa, deixa...” Lembra sempre destas palavras tão simples, pois são presentes que destes a tantos, e que fornecem o bom entender da inocência. Não posso te dar agora o que pedes, pois tu não estás pronto. Mas estás no caminho tão bom e te empenhas com tanto amor e gentileza que todo o Céu está em festa já agora, pois sabemos que vens. Contudo, queremos te receber em festa, e não em estado de choque. Portanto, fazes apenas isso: cumpre teu exercício de hoje por uma semana. Ficas patente ao acolher a todo irmão com amor, sem medo. Tenhas apenas disposição para isto, que eu mandarei atrás de ti mil anjos para te apoiar. Não temas o mundo, não peças para sair dele. Por um tempo, serás muito útil aqui. No entanto, peças para abandonar o julgamento, vejas toda a gentileza que puderes ver, e se não puderes deixar de julgar, aponta para o amor a tua flecha, para que ao menos da árvore da separação acertes o talo de bons maduros frutos — maçãs que não são mordidas — mas caem ao chão e são apenas adubo de teu empenho em não ver mais nada em forma alguma de bem ou mal. Isto te trará calma. Isto dará a ti a paz que precisas para despertar tranqüilo, como uma criança que acorda de um sonho bom nos braços fraternos de seu pai. Assim, nosso Pai tirará seu filho do quarto escuro em que dormia e o levará até o quintal verde e puro no qual cantam os belos pássaros. E a canção que será ouvida te lembrará de teus irmãos, e serás bem-vindo aqui com eles. Então, ama esse mundo agora. Ama a teus irmãos ainda assim, dormindo, para que despertes de um sonho bom, com gentileza e sem nenhum desespero. Assim tu escolhestes, e somente assim poderá ser dado a ti.


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