segunda-feira, 30 de junho de 2014

Em resposta ao meu amigo Vitor Meireles, que perguntou sobre a diferença entre “extensão” e “projeção”


            Pergunta: Como posso distinguir entre “extensão” e “projeção”?

Resposta: A projeção é o medo atuando em decalques e adesivagem, mas o atributo está em ti. Então, o atributo que vai “lá fora” é o mesmo, mas agora está em outro ou em outro lugar, outro grupo etc. A projeção “acontece” separadamente daquele que projeta. Portanto, podes agora julgar aquele que “recebeu” a projeção. Igualmente, podes dizer qual o valor que tens de ti mesmo, mas desviado em outro, para não perceberes o “mal” em ti. Agora, o mal está lá fora e podes, finalmente, eliminá-lo. Para o ego isto seria perdoar, ou seja, eliminar o mal. A causa finalmente está descoberta: o maldito é aquele que contém o mal.

               É muito fácil perceber o autoengano no qual está envolvido aquele que utiliza a projeção. É como se não gostasses da cor azul. Então, para extirpar o mal em si, ao vir um carro azul, poderias muito bem desdizer do carro, ou da empresa, ou mesmo daquele que comprou o carro. “Nunca que eu compraria um carro dessa cor!” e vai-se por aí a separar de si o mesmo, pois o azul é uma cor “maldita”. Muitas das vezes, nem isso aparece, pois a projeção já ocorreu, e pode ser que o sujeito esteja tão temeroso em relação a cor azul que pode projetar bonzinho, dizendo: “este é um excelente carro, só não gostei da cor”. O importante é que o atributo agora está “lá fora”, pode ser atacado sem te ferir.

               Por outro lado, a extensão de Deus não separa. Ela não está “lá fora”, pois, sendo onipresente, é a extensão do todo, ela não pode ser “colocada em algum lugar”. Sendo igualmente simbólica, não pode ser categorizada, como a projeção. Seu atributo é união. Queres unir àquilo que está dentro o mesmo. O amor se estende para abranger e não tem nenhum atributo perceptivo, pois não precisa de justificativas para “ir lá fora”, pois não existe “fora”. A extensão revela o caráter do mesmo e pode ser percebida simbolicamente, geralmente como um ato abençoado. Em nosso caso, pode ser percebida nos milagres, nas manifestações distintivas da Filiação que nomeamos “acaso”, por exemplo. Um irmão te relembra que tens que apagar o fogo de um bule de água que deixaste no fogão, simplesmente porque falava de futebol e te disse: “aquele time é fogo!”. Um amigo te presenteia com um livro, e era o livro que você tanto queria e “ninguém sabia”. Uma pessoa te diz “bom dia” e você responde e eis que surge um dia bom. Estes são exemplos de como os símbolos da extensão podem surgir, mas eles são percebidos sem julgamento. É bom lembrar-te disto para evitar enganos, pois podes projetar inclusive tua descrença nisso e dizer, de bonzinho: “o mundo é cheio de acasos positivos” e isto é apenas um belo modo de apagar/julgar o amor.

               Não preciso dizer que a extensão não tem atributos perceptíveis em julgamento. Por isso que é difícil falar sobre a extensão em exemplos, pois envolve a experiência direta de quem a percebeu na própria consciência. Geralmente, apelamos para uma história, um mito pessoal: “certo dia, quando eu etc”. E funciona bem, pois pode ser um generoso alerta. Mas a sensação que se tem sobre os atributos criativos da extensão são muito claros, pois envolvem sempre a clareza. Já a projeção é um enredo separatista, ela sempre joga o significado para longe. Basta xingar, mesmo que seja “xingar bonito”.

É preciso dizer ainda que é possível também projetar coisas boas que não queres ver em ti mesmo, mas geralmente como um elogio ao outro, com o sufrágio para evitar que percebas algum valor dentro de ti. (Aqui a palavra sufrágio foi utilizada com o significado de rogo, por meio de oração ou obra pia, pela alma de um morto. Tal projeção visa “matar em ti”, ou “dar-te em esquecimento” o que seja de bom).

               Para perceber somente as extensões de Deus, vigie e ore em favor da unidade da Filiação. Não há separação. Dificilmente cairá nas armadilhas do ego se lembrares que és um com todos os teus irmãos. Como podes desdizer de algum deles? Decerto, se eles errarem, uma atitude pode ser tomada para que a correção se faça, mas tu não defines isso. A polícia não é o julgamento pessoal do policial. Por isso Jesus disse sobre Madalena que aquele que não tivesse pecado que atirasse a primeira pedra, pois ele sabia que a lei em si era impessoal, mas sua aplicação no contexto do ódio era projetora, pois a própria lei tinha nascido da projeção. Mas a projeção coletiva é a grande projeção. Quando se diz no UCEM “contempla a grande projeção” se quer dizer isso.

               Por enquanto, não nos ateremos às projeções coletivas. Nosso foco é o individuo que se crê separado da Filiação. Quando compreenderes a natureza totalmente inclusiva da Filiação, compreenderás sobre a projeção coletiva — ou a grande projeção — e as imagens nas quais parecem ocorrer.

               Em suma, a projeção separa, demonstrando o erro, e a extensão une, revelando a união. Por ser separada, a projeção pode ser julgada e é realizável pela mente errada com muita presteza, pois seus símbolos são destacados do todo. Podem ser julgados. Na extensão, os símbolos sempre apontam na mesma direção. E mesmo quando aparentam ser “males”, revelam seu verdadeiro propósito de modo valioso diante da compreensão do seu significado, que pode não ser imediato. Lembra-te do que diz o UCEM sobre o ego sempre fornecer suas “dádivas” imediatamente.

               “A oração é o veículos dos milagres”. Para ver a natureza toda inclusiva da Filiação em sua gloriosa extensão, a oração com o coração em Deus é um bom caminho. Adicionalmente, sugiro a leitura integral do capítulo 7 do livro texto, para melhor compreensão da “crença inacreditável”.

                    Que Deus nos ajude em nosso aprendizado. Amém.


               (Adicionalmente, a própria etimologia das palavras “extensão” e “projeção” apontam para a verdade, pois a palavra “projeção” vem do Latim PROJICERE, formada pelo prefixo “pro-, “à frente”, aglutinado à JACERE, “lançar, atirar”, ou seja, lançar/atirar à frente. Por sua vez, a palavra extensão vem do Latim EXTENDERE, junção do prefixo EX-, “fora”, mais TENDERE, “esticar”, isto é, esticar/abranger até fora). Estes dados foram recolhidos no site referência sobre etimologia http://origemdapalavra.com.br, no dia 30/06/2014, às 15:47.

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sábado, 14 de junho de 2014

Sobre as crenças e as ideias

Obrigado!


“Essa é a nota mestra da salvação: 
o que vejo reflete um processo em minha mente, 
que se inicia com a minha ideia do que quero.”
(Lição 325) 


               Pergunta:
O UCEM diz: “Só no momento em que as crenças se fixam é que as percepções se estabilizam. Com efeito, então, de fato vês aquilo em que acreditas (T-11, VI, 3-4).” Disto compreendi que, se tenho uma crença fixa, a percepção derivada desta crença surgirá para mim como uma vivência no mundo. Como, então, ter somente as vivências felizes? Compreendi corretamente?

               Resposta: A organização das ideias é fundamental para o iniciante. Decerto, apreendestes bem o conceito acerca das ideias como noções formadoras da percepção, mas isto não te parece muito verdadeiro no momento. Ainda preferes a mágica e a consequente nomeação do mundo de acordo com suas ocorrências como acasos, sorte, azar, afazeres, revoluções, conservadorismo etc. Para ti, o mundo ainda “acontece” e possui uma certa “mecânica”. Mesmo as evidências mais claras acerca do fato de que o mundo é a xerox do teu pensamento, para ti são transformadas em pré-conceitos (os acasos e etc’s).

               (Claro que o mundo acontece, mas ele não é dado! Vamos compreender isto de uma vez por todas, pois é preciso crescer e divulgar).

Sem entendimento, as ideias são caóticas. São como referências que emitem apenas opiniões, sem relação entre si. Uma mente desordenada é caótica. Como poderia uma mente assim “projetar corretamente (estender)”? Para que isso aconteça é necessário ver o mundo perdoado, André. Não há meios de se dizer isso em termos da mente se não verificarmos primeiramente o que significa o medo. Portanto, falaremos sobre o teu medo de tudo, para que possamos entender mais à frente sobre a percepção e a real natureza do teu “mundo”, bem como da maneira de organizar corretamente as ideias.

               O medo é uma ferramenta bastante aprazível àquela ideia influente que apreendestes sob o nome de diabo. Mas o diabo é o pai da confusão. A ideia confusa, portanto, é o instrumento para a confusão. Se não compreenderes algo, como podes apreendê-lo? Decerto que a intuição te vale, mas um mundo puramente intuitivo é um mundo mágico e isto ainda é separação. É o sonho de um mundo “dado” que pode ser benigno; o sonho de um mundo mágico que determina o que te acontece, embora de maneira “inconsciente” para ti. Como és “intuitivo”, sabes “ler o mundo”. Realmente, o Espírito Santo parece uma ideia inconsciente para ti, apenas por enquanto. Mas precisas das ideias Dele, pois é Ele Quem sabe Quem Tu És.

O medo é a confusão das ideias. Não podes ter segurança se não tens clareza. Ora, se não sabes o que queres, nem sequer como fazer para chegar a algum lugar ou que caminho tomar e para tudo precisas de oráculos ou de um texto que te oriente, isto significa que estás perdido. Se chegastes a esta consciência, estás no caminho certo! Realmente, não sabes o que fazes aqui. Isto gera medo. “Um mundo sem significado gera medo”. Então acreditas agora que é preciso significar o mundo urgentemente. Eis o círculo vicioso que é a confusão. Uma necessidade urgente de algum “mais”. Mais significados, por exemplo. Talvez entender melhor o Curso em Milagres. Isto te fará crer que precisas entender melhor sobre “essa coisa das ideias”, “a relação entre as ideias e as projeções” e isto vai te atrasar, pois não se trata de entender sempre, mas de experimentar em ato. Entrega o entendimento Àquele Que já o tem. Tua única contribuição nisto é ser feliz, e sair do caminho, pois Ele tem as respostas.

Portanto, se Ele tem as respostas, decerto também sabe quais são as ideias certas. Mas enquanto quiseres fabricar ideias serás imitador de outros, ou defensor dos fracos, defensor dos fortes, pobre coitado de esmolinha, o futuro rico de alguma fama, um cara muito gente boa, um canalha, um artista sem arte, um pensador de opiniões, geralmente optando entre dois lados de uma ponte que leva de volta a lugar nenhum, até chegares aqui: à falta de sentido sobre tudo.

Então te apressarás em ressignificar para compreender novamente. Percebes o engodo? Quantos planos ainda tens à mão? Quantos acreditas que conseguirás gerenciar sem Ajuda?

O medo é a suprema crença na autonomia egótica. Não precisas mais nem de amigos, se não quiseres, pois tens “teus planos”, e “quando eu chegar lá, eles finalmente reconhecerão o meu valor”. Podes, no entremeio, aderir cumplices às tuas variantes de pensamento, como a ilustração moral ou o comedimento nos atos e a opinião política, geralmente contrária e, principalmente, vilipendiosa. Disto decorrem amizades sem fruto, conversas sem rumo, desagravos sem motivo e tudo o mais o que a desordem pronuncia. Claro que não é sempre assim, pois o ego não é bobo, ele sempre te oferece suas “dádivas”. Principalmente, ele te dá “esperança”. Urgh, que estranho! Ter esperança no futuro é a maior doença que há, pois ter a mente no futuro é o eterno adiar. A esperança é sempre esperar, mas o otimismo é real e é agora. Saímos deste entrecho pessimista neste momento, pois não queremos mais viver na ilustração. Viste em emoção como o medo é terrível e sua ocorrência vigora na expectativa de que o impossível, isto é, tua autonomia completa, vai ocorrer favoravelmente.

Agora, que vimos que o medo é o caos projetado no mundo pelo teu desejo insano de autonomia, podemos responder à pergunta inicial, sobre as ideias certas. Pois bem: sem ordem, tudo é desordem. A ordem surge da ordenação das ideias e da clareza de se saber o que fazer, para onde ir e o que se quer. Estabelecer a meta é a solução. Vejamos este trecho do Cap. 17 sobre estabelecer a meta:

Em qualquer situação na qual estejas incerto, a primeira coisa a considerar, muito simplesmente, é “O que eu quero que resulte disso? Para quê serve isso?” O esclarecimento da meta tem que estar no início, pois é isso o que vai determinar o resultado. No procedimento do ego, isso é revertido. A situação vem a ser o que determina o resultado, que pode ser qualquer coisa. A razão dessa abordagem desorganizada é evidente. O ego não sabe o que quer que resulte da situação. Ele está ciente do que não quer, mas somente disso. Ele não tem absolutamente nenhuma meta positiva (T-17, VI, 2).”  



E “positiva” neste contexto quer dizer “clara”. Neste momento também parece que não sabes o que fazer. Pois bem, já dissemos que tens ajuda nisto, mas precisas sair do caminho. Enquanto ainda lutas para manter tua autonomia, minas as capacidades claras que possuis e crias preconceitos sobre coisas que genuinamente aprecias, pois temes a opinião dos outros, mas a opinião dos outros é apenas a tua projeção voltando. O medo dos outros é o medo do amor. O medo do amor em teus irmãos ainda te parece terrível, pois a libertação te parece terrível. Caro irmão, querido amigo, teu irmão és tu mesmo. Se estiveres em algum lugar com outros dois, e eles estiverem em alegria, e não consegues te inserir no contexto daquela alegria, é mais fácil julgar os dois irmãos como egoístas e sectários, mas és tu quem tem medo deles, e a reação deles a ti é parte do teu sonho, pois não és um mero personagem no sonho de ninguém. Outra opção insana seria introjetar e dizer que eles não gostam de ti porque és um miserável sem graça que etc. No entanto, isto é apenas masoquismo representativo do teu desejo de ser odiado, para provar coisas espúrias que pensas sobre ti mesmo.

Mas — não és o que pensas sobre ti mesmo. Não és a ideia que te destes. A ideia de ti mesmo habita imutável em Deus e a tua opinião não conta nisto. Se odeias a ti mesmo, quem odeia a ti mesmo? E isto não é apenas uma crença em ti mesmo como odiado? Como o mundo seria diferente se cresses em ti mesmo como merecedor de amor!

As ideias formatam as crenças. Elas são o inicio do pensamento, e as ideias a que dás valor formam a tua crença. Se "a projeção faz a percepção", tua crença em ti mesmo como um ser odioso precisa de muita resposta em termos de solidão no mundo, quando não de violência, para te ajudar a manter tua crença projetada por aí. O mundo é o resultado de tuas crenças; crenças surgem de ideias e ideias não deixam sua fonte. 

Há uma Fonte segura, que estabelece ideias seguras e um mundo perdoado, ao invés de uma tela da projeção dos teus medos, o teu filme de terror e solidão. Já é hora de estabelecer a meta firmemente. Agora, nossa meta é Deus. Nossa meta é ser feliz. Nossa meta é reencontrar verdadeiramente com nossos irmãos. Nossa meta é a honestidade. Temos Auxílios para cumprir nossa meta. Podemos aderir, realmente, na forma, aos símbolos das nossas metas. Ser honesto requer os símbolos da honestidade, ser feliz requer os símbolos da real alegria, mas se não sabes como atingir a isto, peça Ajuda, lembrando sempre com otimismo que és Filho de Deus, que és Amado pelo próprio Deus, que independente de qualquer coisa que penses ou que acreditas que outros pensem a teu respeito, tu és tão valioso para Deus que Ele se sente incompleto sem ti. Volta, irmão. Vem com as mãos vazias de julgamento para Casa. Deus te chama e é a Ele que escutas quando abres mão de teus sonhos de autonomia e realizas a entrega ao Espírito Santo. A união com Ele agora é a tua meta. O caminho para as ideias verdadeiras estão estabelecidas para ti nos exercícios. A oração também é uma meta favorável agora. A verdadeira oração é na forma que tu quiseres,  naquilo que acreditas, com ou sem palavras, mas o coração sempre estando em Deus, tudo é feliz. Amém.




Medo - Titãs. 


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