domingo, 19 de agosto de 2012

Pequena crônica sobre o perdão.

Quando procurei no Google
uma ilustração sobre sincronicidade
para o texto, encontrei esta.
 
Certamente, os acasos do dia a dia que se fazem significativos o são apenas para quem os vivenciam. Mas esta história me pareceu tão estatisticamente improvável, que não poderia deixar de compartilhar:

Estava indo ao mercado com minha esposa e minha cunhada. Ao chegar para estacionar, vi que por ali, próximo às vagas, estava um homem que vendia acessórios para carros: protetor para o volante, capas para banco, friso para o limpador de parabrisas, essas coisas. Pasmo que o vi e soltei imediato para as duas mulheres: "pois acho que um cara assim, no meio de um estacionamento, parado vendendo essas bugingangas, deve estar assim para roubar, disfarçado." Ao que minha esposa já emendou em mostrar meu comentário na contra-mão, e eu mesmo parecia me desconhecer em dizer aquilo. Assim, senti-me em culpa e erro.


Mas não percebi exatamente como sair disto, e o homem, tão logo desci do meu carro, se aproximou e disse: "bom dia", ao que já respondi estranhamente, dizendo que bom dia, que precisava apenas trocar o limpador de parabrisas traseiro, mas que provavelmente ele não teria o modelo exato etc. Ele calmamente disse: "olha, a gente só troca a borrachinha da paleta. Custa dez reais." Então, como para refazer o mal feito e mal dito, resolvi deixar ele trocar o limpador de parabrisas.

Pois entrei no mercado, as mulheres demorando, voltei para pagar o homem, e assim se deu o que interessa:

- Já troquei, tá certinho!
- Pois aqui estão os dez reais!
- Não, moço. Faço questão. Primeiro, teste para ver se ficou bom.

Eu queria mais testar nada! Queria ir embora dali! O homem assim trabalhador e eu pensando mal nele, e sem nem saber perdoar a situação, eu me via muito em mal estar, aprendiz em perdoar, inferindo em inferir...

Então, testei o limpador, tudo muito bom, tudo certo...e foi quando o homem disse, mas disse como se não fosse exatamente ele quem estivesse a dizer, mas o E.S. Quem dissesse através dele, ou por ele, ou por mim, enquanto apontava para o vidro limpo e lavado:

- tá vendo moço: nenhuma mancha. Nenhuma manchinha...

Isso ele disse em um tom muito amoroso, exato, como quem canta. Então, percebi que estava salvo, que o homem estava salvo, que Algo via aquilo que ocorria pelo certo. Entreguei para ele a nota de dez. Ele agradeceu e saiu. Contudo, eu não me sentia exatamente bem....parecia que havia tocado no fundo de algum poço. Eu estava culpado, achando erro, e foi no se virar daquele homem que vi, estampado em sua camisa, entre aspas, na parte de trás, decerto a camiseta bíblica:

"- Eis que Deus renova todas as coisas."

E assim se deu o perdão entre todos.

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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Sobre o acaso


Obrigado a ti!


As sincronicidades, ou “acasos gentis”, são ocorrências seguras da mente unificada. Quando uma pessoa está sintonizada com a mente una, pode obter respostas de maneira muito satisfatória utilizando os termos desse mesmo um, isto é, elidindo todos os opostos. Perguntas algo à tua esposa e a TV responde. Um carro de som passa pela rua amplificando teu pensamento. No Japão, houve um gesto de gentileza inesperado por conta daquele sorriso. Parecem bobagens? Para o ego, tudo que é sagrado, que é unificado e significativo, parece bobagem.

No entanto, não tens que atinar teu empenho em amplificar tua mente, pois tua mente é uma coisa só, não pode ser amplificada. Se percebestes a resposta noutro lugar, isso se dá porque ainda acreditas que existem lugares. Filho de Deus, obrigado! Obrigado, pois ouvistes estas palavras que asseguram tua existência real. 

Segurança vem da entrega. Quem está seguro, está firme, aportado em algo. “O seguro morreu de velho”, assim diz o teu ego quando desvanece a segurança empenhando ditados que “ampliam” o conceito de “valia da luz”. A luz, segundo se sabe, não pode ser amplificada ou reduzida a dois. Ora, se assim fosse, quem poderia arriscar a vida por outra pessoa? Existe “outra pessoa” por quem se arriscar? A insanidade fornece propagandas a toda hora dos “heróis” e “vilões”, mas a ocorrência de verdades partidas em duas não podem ser significativas, a não ser em narrativas, que são sempre experimentos muito afastados da realidade. 

Não temas a entrega agora. Assim, permitirás que o veio de luz que está para se apresentar a ti apareça de maneira segura. 

O ego, segundo o entendes, é um pensamento do próprio ego! Uma armadilha! O ego — muito trapaceiro! Ele é capaz de te fornecer a descrição de si mesmo em troca de tua confiança. E acreditarás nele, se achas que tudo que é verdadeiro não passa de uma “descrição”.

Filho de Deus, não é assim! O que é a verdade? O ego pode te dizer isso? Ninguém conseguirá te dizer isso, pois o “isso” é uma experiência! Enquanto o ego aproveita tua ingenuidade para inserir na tua cabeça milhares de empenhos devotados ao contrário da meta, tu mesmo não sabes para onde vais. Então, em troca disso, ele fornece seus remédios e suas fórmulas mágicas de conseguir o que quer,  que é o completo isolamento do filho de Deus de todos os seus irmãos. 

Ele não poderia te aderir a um propósito assim sem te dar algo em troca. Então, ele fornece para ti algo “valioso”; digamos, um modo de vida, ou dinheiro, ou alguma sábia escolha de futuro, algo assim. Ele te mostra o plano com ênfase perfeita no que é o erro, e qual seria o caminho do acerto. No entanto, o erro muda toda hora, e o acerto também. Assim, o destino passa a ser o julgamento do erro atual. Queres mesmo viver o resto de tua vida deste jeito?

Se não, o que poderia te ajudar agora? As sincronicidades apenas apontam para uma unicidade. Uma “completeza” que está sendo agora percebida. Então, o que pode adiar o encontro de ti mesmo com a Tua Natureza, com o Si Mesmo? Será que é alguma promessa que fizeste para ti há tempos atrás, que é o mesmo que ainda segues? Pois o passado é apenas o julgamento de uma promessa, e se prometeste algo para ti mesmo, esse algo somente pode ser cumprido se o julgamento continuar. Então, o que é o passado? O passado é o julgamento adiado no presente, antecipando o futuro, saltando por cima de todas as sincronicidades ou encontros significativos. E a "meta" que este adiamento seguramente te demonstra, tu não queres olhar. 

Isso tudo é triste, mas não é real, então não pode ser triste! Alegra-te então. Se estiveres percebendo a alegria por trás dos encontros, se já alcançastes a sabedoria de te livrar de tudo o que não parece ser verdadeiro e te fere e engana, então já percebestes que a verdade não pode ser determinada por ti. Isso é um avanço e tanto! E só pode te auxiliar e te “empurrar para frente”. Agradece aos teus irmãos, que sem querer se devotam a te ajudar. Lembra que a tua santidade te protege, pois tudo a tua volta é o reflexo disto. Não tenhas piedade de ti mesmo, pois não se trata disso. Ora, se és o próprio Filho de Deus, a misericórdia vem de tua expansão e não de teu empenho em querer consolo através de pena ou comiseração. Essas coisas não te aprazem conforme crês. Embora, em termos absolutos, a piedade tenha o valor da anuência Santa do maior empenho em perdoar, que é amar. Amar é ter piedade, não por compaixão ou misericórdia, mas “piedade em ver a verdade”. Piedade é, assim, “pedir a verdade”.

Senhor, Pai Nosso Santificado em nosso empenho devotado, escuta-nos ó Pai! Teu filho aguarda o Teu Chamado, desde sua criação, que não empenha em enveredar-se pelo erro, ao que se destrata ao pedido de seu filho santo, pois ele no equívoco não sabe o que faz. Ele está determinado na meta da salvação, e por ele pedimos aqui, Senhor, que o salve deste mundo e o acolha em Teus amorosos braços novamente. Amém.



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