Uma ideia é uma referência. Ela não surge sem que haja uma fonte para si. As ideias surgem primeiramente em decorrência de ideias anteriores, mas é o pensamento que lhes dará forma. Se tiveres uma ideia, precisarás pensar em termos de uma crença nesta mesma ideia para que ela seja factível. Assim, a fonte da qual a ideia decorre favorece o pensamento que a perscruta.
O pensamento,
por sua vez, estabelece a crença. Assim, surge uma ideia, ela é “pensada” e a
partir de sua aceitação estabelece-se a crença. Por isso se diz que o mundo é
um mundo de ideias, pois o mundo é fundamentado nas crenças delas decorrentes.
O Um Curso em
Milagres diz: “Só no momento em que as crenças se fixam, é que as percepções se
estabilizam. Com efeito, então, de fato vês aquilo em que acreditas.”
Fortalecer as ideias que fornecem pensamentos estáveis e duradouros certamente
gera uma crença fixa, que produzirá em percepção as imagens daquela ideia inicial.
Por exemplo, se crês que tens sede, e tens a ideia da água, podes pensar que a
água mata a sede; portanto, tal fato é associado à memória da sede em si sendo
extinta pela ingestão de água. Essa ideia é tão disseminada e está tão distante
de sua origem, que é aparentemente impossível de ser questionada, assim como se
diz ser impossível mover as montanhas ou curar os doentes “incuráveis”.
Não digo que
se deva evitar beber água em estando com sede, mas aponto para a seguinte
noção: o óbvio das imagens do mundo é um costume
em alto investimento. As ideias favorecem o mundo em conformidade com os
pressupostos acessíveis em medo, e cada criação é substituída por um “fazer”,
que representa em ato a supressão de uma escassez. A água, por exemplo, é a
cura para a escassez em sede. A comida serve para escassez em fome. O medo,
para escassez em culpa. A escassez precisa existir para fundamentar o ego e
seus pressupostos. Precisas da propaganda do “mal” no mundo para fazer surgir a
propaganda do “bem”. Perguntas: e fumar? Mata? Pode matar. Beber estraga? Pode
estragar. Vícios existem? Podem existir etc.
A cada momento
escolhe-se em favor de Deus ou o ego. Não em cada momento em termos de tempo,
mas em cada instante, mesmo no mínimo pulsar, pois a escolha não é temporal em
essência. Vês o que queres, mas não estás pronto para ver o que não aceitas. As
tuas ideias podem favorecer teu andamento em função daquilo que não entendes, e
assim vês um mundo que não entendes. Contudo, se entenderes as ideias, entenderás
o mundo como uma compreensão em ideias, uma acepção em termos, pois o mundo é
percebido, não dado.
Por outra: a
estabilidade do mundo é uma noção de tal mundo como “compreensível”. Conceitos
como gravidade, tempo, memória etc, são pressupostos que constroem o mundo
“dado” conforme as ideias que nele são projetadas. Isso organiza as ideias e
posteriormente o próprio mundo. Novas ideias realmente trazem um Novo Mundo. Convém
que as ideias do Um Curso em Milagres sejam compreendidas, e mais que isso, aplicadas.
Os exercícios são o fundamento para a mudança de tua forma de pensar, que é
derivada de ideias falsas. Se Deus não existisse, a própria ideia de Deus seria
impensável. Somente neste mundo Deus existe, pois, no Reino, Deus É.
Então o que se quer dizer com a expressão
“Deus é uma ideia”?
Isso já foi
explicado acima. Vamos repetir. Uma ideia apreende para si um pressuposto em
pensamento. Existe um pensamento anterior à ideia. A ideia de Deus é um
pensamento que fornece à tua mente a noção de Deus, já que Deus, em formato
qualquer, jamais será “visto”, pois Deus não tem imagem. A imagem da água,
neste mundo aparente em formato líquido, inodoro, etc, é uma ideia que pressupõe
seus milhares de usos. A água é um diluidor de minérios em pressuposto de ser
rica transmissora de vida, e associa a si a riqueza do mundo como fonte de toda
a vida. Mas a imagem da água que surge do elemento água é anterior à sua
criação como ideia. Por outra: para que a água existisse, ela teve que ser “pensada”
ou poderíamos dizer “inventada”. Isso parece surreal para ti, e dá graças, pois
entender o surreal já é um passo para o início do escape deste mundo que te
ensinou que primeiro surgem os efeitos para, depois, surgir a causa; através de
investigações, suposições etc. Resumindo: parece que o mundo que vês te foi “dado”.
Agora, que nasceste nele, tens que se virar para “compreendê-lo”.
Não precisamos
de tanto engodo para entender sobre a natureza das ideias. Pensa agora nisto: o
que vês fora de ti foi pensando em ideia na tua mente, e agora parece que existe,
pois a ideia primeira — uma mordida na maçã — foi a de que algo existe em
pedaços, e uma dentada pode arrancar parte de um inteiro. Depois da primeira
ideia, um mundo surgiu, e tudo o que vês e pensas são ideias em manipulação. O
tempo é o confeiteiro do bolo das ideias, mudando suas formas em pressupostos
de antes e depois, e o que vês “antes e depois” parecem ser “causa e efeito”, pois
o passado é a causa do futuro e o presente é inapreensível. Este é o “jogo das
ideias” que, de fato, pode criar um mundo.
Tudo é uma
ideia. A mudança na forma de pensar, portanto, somente pode surgir através das
mudanças das ideias fundamentais. Em teu modo distorcido de pensar, as ideias
fundamentais visam compreender um mundo que te foi “dado”. Tu não tens
responsabilidade por ele, afinal de contas, foi criado por Deus, e tudo o que
ocorre de errado em tal mundo é culpa Dele. Precisas apenas entender o mundo.
Enquanto isso, estás a catalogar na mente um enredo no qual o mesmo é visto
como diferente, mas com o adicional de ser agora “explicado”. Então, em todo
julgamento, há uma ideia julgando uma ideia. Se vês uma dia chuvoso, e julgas
isto como sendo “mal”, um capricho de São Pedro, estás a compreender
equivocadamente que São Pedro é anterior a ideia de capricho, e que a chuva que
cai já caiu a milênios e milênios, pois é uma ideia repetida. Isto sim é
caprichoso.
E a ciência?
Todos os
feitos deste mundo podem ser desfeitos pelos milagres. Não há culpa em um
sistema de pensamento que desenvolveu modos de o pensamento entender a si
mesmo. Nisto, o ego se engalfinhou de fato, pois o fato de sua vaidade querer comprovar
que o que fez existe, forneceu a linguagem e seus dons, bem como meios de
entender o equívoco, posto que o bloqueio das extensões em criação é impossível.
Contudo, nada foi comprovado em essência até hoje e jamais o será, pois o
objetivo da ciência é pressuposto em condicionais. Os axiomas, entretanto, são
os fundamentos de ideias naturais, e derivam irrefutavelmente de abstrações. A
abstração é criação. Ideias criam em pressupostos e pensamentos são relações de
condicionais com tais pressupostos. Desta forma, e equivocadamente, o mundo
somente poderá ser compreendido como dado.
Para retomar o
modo correto de pensar da mente certa é preciso treinar tua mente através de
ideias surgidas de um Pensamento Perfeito. A forma que encontrei de ajustar
estes pensamentos ocorre através de Um Curso em Milagres. Treina a tua mente
com empenho, não em pensar sobre o curso, mas em saber que apenas a ideia que
tu te destes é irreal. Não és o criador de ti mesmo em ideia. És muito mais.
Assim como a água, quisestes dar vida em curso ao teu corpo. Isso não é
possível. Precisas perceber o significado de todas as coisas através de uma
única ideia. És responsável por aquilo que vês, mas não és aquilo que vês. Tua
mente abrange o que vês em totalidade e tu és Unidade. Quando estiveres pronto,
e isto te for revelado, mediante os preparos que aderes, saberás disso por si
mesmo.
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