A
expressão “temer a Deus” não está associada a um temor real. No mundo, isto
parece ser um elogio, e é interpretado como obediência. Será obediência desde
que a compreensão de Deus figurada em uma potência terrível e temível seja real.
Por outro lado, “ser santo” também não está associado a santificar ações, pois
o ato gratuito, puramente ético, pode estar ou não em consonância com tua real
vontade. Como guiar-se para a ação neste contexto no qual o medo de Deus
tornou-se a realidade da vontade?
Na
verdade, aparenta ser urgente apreciar o medo em casos assim. O indivíduo diz
que o medo pode ser destituído de suas influências através da observação do
próprio medo. Claro que ver o ego “em ato” é muito benéfico, no sentido de
favorecer uma forte disposição contrária à manutenção dele, através de
vivências de loucuras que não serão mais apreciadas após uma observação lúcida.
Mas, desta forma, precisarás de muitas eras até alcançar viver todos os erros
dos quais o ego é capaz, escolhendo favorecer os erros até acertar o conserto. Será
que esse “atalho espinhoso” é favorável e condizente com tua vontade
verdadeira?
Uma
possibilidade muito pouco considerada em relação à observação do ego é uma
contextualização de suas ações como veículos do medo em ato. Podemos, através
disto, reduzir todas as ações do ego a um denominador comum: o medo. O curso
ensina isto de modo muito seguro, a partir das considerações sobre o instante
santo, que desfaz o medo por intermédio da disponibilidade. Adiante, em
favorável expectativa, o momento em que a farsa do medo será percebida não ocorrerá
através dos atos do ego, de sua “sombra”, ou seja lá o nome que deres àquilo que
dele tu não quiseres mais aderir. Mas perceba que o engenho em fornecer nomes
ao ego em torno de si mesmo, como uma órbita psicológica e inconsciente, é apenas
“mais do mesmo” em termos de algo que não vês, e dizes que é o inconsciente, pois
te é dado em esquecimento.
Não
falamos em tecer mentiras como fossem teorias adequadas! A dor da doença é
passível de grande compaixão. Um ego santo pode ser muito maldoso. Sua constituição
em duplo, em um mundo de opostos, provoca justamente aquilo a que a condição
oposta ao santo se refere, por isso afasta a Deus e o teme. Cuidado com a
bondade nestas tolas condições! O santo jogando xadrez com o diabo é uma
amplitude técnica no mundo dos opostos, psicologicamente falando, nas
engrenagens positivas da ciência. Em ti, é muito sofrimento e ilusão em formas
de ser ou não ser, sendo e não sendo. O santo não se santificou, por isso não
atribua a si nenhuma toleima em santificação. Melhor nesse caso um aparte
honesto, vislumbrando tudo o que não é correto com honestidade e, se possível,
com humor. Este é o modo com o qual te aproximas do que fizestes com equidade.
Bem
fizestes um ego, construístes uma pessoa, viestes até aqui para essa diversão
com o lego de ossos, carne e sangue. Pois bem, está aí o corpo, disposto ao teu
uso, e até mente isto tem. Então: És ou não és como Deus Nosso Pai? Capaz de
criar? Mas preferes manter ele aposto à tua vida até que compres novas peças? Podem
se montar vários deles.
Portanto,
ao sinal de medo, o santo se esconde novamente em forma de grande vetor de
sabedoria. Agora, ele percebe que isto é uma carta, de si para si. Ajuda nisto
é favorável também a todos, pois ele é todos, não em hipótese psicológica, mas
na Mente Uma, que apenas a verdadeira experiência fornece dela o sentido. Não se
pode aprender sobre a Mente Uma. O Curso não ensina como fazer isto, ele ensina
apenas a desfazer, não é? Mas pode-se estudar sobre a psicologia ordinária desta
mente que fizeram, em lego de população. Aliás, não existem as palavras, você
bem sabe disso; mesmo a literatura fantástica é apenas uma contraparte
existencial complementar, que visa apenas a tentar suprir a ausência da experiência;
a psicologia busca consertar e aliviar, a medicina visa curar etc.
Não
temas agora, pois perceber o falso é sempre favorável. Ajuda a desfazer. Também
há agora o temor de o santo acreditar que descobriu a verdade última das coisas
e pode-se, portanto, demitir os médicos e fechar as faculdades de psicologia,
pois o André escreveu uma carta que ensina tudo. Quanta asneira observável em
riso! Não é de se rir que um dia alguém viu o falso sendo ainda falseado? No
entanto, quantos dispostos ao caminho de Tomé? Pois digo: São Tomé é o
padroeiro dos arquitetos, geógrafos, engenheiros e das pessoas em dúvida.
Temer
a Deus é uma expressão contraditória, é só pode ser corretamente compreendida em seu corpus simbólico. Temer, neste caso, vem à acepção de perda,
solicitude à perda, receio. Por extensão de sentido, Temer a Deus significar andar com esperança de
que Ele venha àqueles que seguem "Suas Ordens", àqueles que O agradam. É uma coisa do velho testamento,
admitida em lei. A boa nova é diferente: Deus é amor. Decerto, alguns evitam o
naufrágio seguindo as leis. Não há garantia nenhuma em se tratando deste mundo
separado que estamos a dizer alguma coisa certa. No entanto, para nossa
salvação, há ideias derivadas da Mente Certa. Estas são seguras. Temer a Deus seria como Temer estar sem Ele. Mas mesmo essa ideia é impossível, embora seja ela o motor e o ideal da separação.
Para
nossa prática, bastam os exercícios e muita disponibilidade em vendo. As
imagens estão aí para auxiliar de volta. A tua criação em ego se assemelha a
historia do homem que estava isolado em uma ilha e criou uma jangada para sair
de lá. Ele precisou usar o material disponível na ilha, que era toda a
realidade que ele percebia e da qual dispunha para construir a jangada. Assim,
este mundo com suas imagens e formas será a maneira pela qual vais descobrir
que podes sair daqui. Mas Jangada boa lembre-se, é abstrata e é amar. Não vês o
amor estendido ainda aqui? Pois monta nesta jangada e eis o mar!
Assim,
dizemos que ver o ego em ato é útil apenas em princípio. Por isso o Curso diz que
o ego aprova a iniciativa dos alunos em analisá-lo. Uma primeira abordagem
neste sentido é verdadeiramente útil, mas não pode gerar o circunlóquio da
acepção reiterada em “quem sou eu?” , “como me melhorar?” etc. Não sabemos nada
sobre o mundo separado, pois ele figura para nós como uma “coisa em si”, sem
sabermos nada sobre elas. Quando fizestes este mundo, tivestes este cuidado de
não lhe dar realidade, e nisto o Espírito Santo figurou em tua mente separada
para fornecer a ti mesmo os cuidados e a memória do perdão. Não
poderias te separar de todo, pois Deus não pode perder uma parte de Si Mesmo.
Por isso, é hora de ouvir, de voltar, suave, feliz.
Pai
Nosso, pedimos ao Teu Espírito Santo que nos guie em disponibilidade de
linguagem para que nos seja dada a melhor forma de compreender. Nós, que
pedimos por este meio, pedimos em dúvida, Pai; ao que sabemos, no entanto,
grande Teu Amor por nós, Que não olha para esse mal feito como feito, mas bem
nos quer, e a isso devotamos nossa maior fé em esperança de que possamos levar
conosco os nossos, e pedimos nisto que apareças com a face da esperança
novamente, conforme esquecemos, mas lembramos em todos os atos amorosos e
felizes ao quais dispomos, e nisto cremos, pelo bem de teu filho que feliz se
alegra em Teu Nome, e mesmo em medo vela pela imagem da amizade e amor entre os
Teus Filhos santos. Peço-te diante de Tua Vontade a luz da revelação, meu Pai. Amém.
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