sábado, 6 de setembro de 2014

Sobre os animais

         
          Os animais não estão diferenciados na separação como “indivíduos” em pressuposto consciente. Entretanto, vemos que são capazes de encontrar sua comida, reconhecer seus donos, bem como amam e retornam o amor dado, são igualmente capazes de sair e reencontrar suas casas, além de saber que a casa é sua e perceberem a si mesmo através de nomes. Ainda assim, embora saibam destas e de muitas outras coisas, eles não “sabem que sabem”, isto é, não possuem a consciência conforme esta é concebida nos seres humanos.
  
                Portanto, uma vontade predeterminada nos animais não lhes fornece o pressuposto básico consciente que determina o ideal ou o objetivo de uma ação, isto é, eles realmente não sabem o que fazem. Isto não quer dizer que estejam errados ou certos. Paralelamente, percebemos que a ação humana é corretamente dirigida quando é afim à mente certa. Pode o animal, então, reconhecer a mente certa?

               No caso dos animais domésticos a ocorrência calma do amor está estabelecida em uma ação conviva, realizada na relação amistosa entre os reconhecíveis para o animal, sendo o amor capaz de aumento, quando, por exemplo, há visitas em casa ou em caso de presenças frequentes de parentes, amigos etc. Nos animais ditos selvagens, as ocorrências de amor surgem mais frequentemente em pressupostos determinados em suas proles e clãs, embora haja muitos casos em que animais ditos selvagens foram domesticados ou adestrados e expressaram seu amor de modo muito expansivo para além de seu nicho reconhecível.

               Cada espécie representa uma simbologia da separação. A separação trouxe consigo a criação da vida, e assim o ato de criar fez com que o nada pudesse viver. Tal ato em criação realiza tanto o criar quanto o fazer nas espécies. O Filho de Deus criou a vida para poder escolher diferentemente. Com isso, demorou-se até conseguir reconhecer o que fez. Tal possibilidade alcançou extensão no homem. A vida em torno do homem deveria ser dominada e protegida por essa consciência. No entanto, neste momento da história, o homem integral ainda não existe, ou seja, a humanidade ainda não está totalmente guiada pela mente certa, para que o reconhecimento do meio ambiente como um todo possa ser realizado. Por enquanto, ainda acredita-se que adaptar-se ao meio ambiente é dominá-lo pela força e violência determinadas pelo ego. Assim, a escassez em ato será suprida pela natureza em suas formas e meios, transmutadas em alimentos, roupas, materiais etc. A vida removida para o uso do material que encarnava a vida é ainda assassinato, mas não é ainda percebida assim neste momento da história, e o material morto pode ser comido ou vestido, sendo ainda para o ego símbolos do suprimento da escassez em fome ou frio. Claro que um ideal pretederminado em medo não pode ser divulgado como erro enquanto as mentes que assim o fazem crêem nisto como “tradicional” ou “consequente”; tampouco se pode exigir saltos na evolução. A vida como um todo integrado ainda é uma suposição filosófica neste momento histórico.

Alegria é Universal
               Assim, dizemos que a vida como um todo não pode ser determinada como uma ocorrência separada em animais diferentes. O homem não é a realização de Deus, mas nele se manifesta a consciência reconhecendo a si mesma, e apenas nele esta consciência é passível de compreensão. A mente certa não é a mente do homem, mas a mente humana guiada pela Mente de Deus. A mente humana realiza-se através de ideias, mas a Mente de Deus É. O Espírito Santo não age como ideia, mas pode realizar o amor através de ideias, se assim for necessário. O amor nos animais também é inspirado pela Mente de Deus, mas não está condicionado pela consciência, como no caso homem. Ele está presente diretamente e depende da disponibilidade deste em relação ao seu meio. Para o animal, a participação mística (participation mystique) é uma realidade direta. Isto quer dizer que, embora o animal  veja o mundo como uma unidade consigo mesmo, não alcança diferenciar-se ainda, ao ponto de perceber-se separado, para assim desenvolver a consciência da distinção, necessária à consciência do retorno. No entanto, a maioria dos animais já são capazes de perceber a dualidade (fome e saciedade, amor e medo, ausência ou presença de dor etc), embora ainda não alcancem distinguir. O medo nos animais pode ser terrível, pois a eles pode parecer que o próprio mundo é o medo em si, então a defesa dos animais é muito agressiva quanto ao que percebem como medo, pois não podem ainda racionalizar em distinção que aquilo é um símbolo de seu próprio medo.

               Nos já admitimos esses símbolos em nossa própria espécie como “o ladrão”, “o assassino”, “o inimigo” etc. Nas outras espécies isto é percebido como “selvagem”, “indomável”, “ameaçador” etc. Pode-se perguntar se um artrópode como o escorpião pode ser tido como amável. Respondemos dizendo que o amor ainda não deve ser estabelecido como uma noção de compartimentos da vida, pois realmente a criação do filho em equívoco ainda está a “amansar-se” neste mundo. No entanto, a vida em escorpião já salvou muitas vidas, pela sua contenção em tamanho. Certa vez, caminhando com meu amigo João Silvério, vimos um cãozinho da raça pinscher. Esta é uma raça pequenina, mas muito conhecida por conta do temperamento tanto agressivo quanto medroso. Então João presenteou-me com esse esclarecimento: "Deus sabe o que faz. Imagine se o temperamento do pinscher estivesse no Pit Bull." E rimos.

               O homem cabe em si todas as suas selvagerias, mas a vida ainda se estabelece em diversas fases. No entanto, o núcleo criador do princípio vital não é o homem ou a vida humana, mas a vida mesma. Por isso se diz no UCEM que “tudo é realizado através da vida e a vida é da mente e está na mente. O corpo nem vive nem morre, porque não pode conter a ti, que és vida. (Cap. 6, V-A, 1:3,4) ” Portanto, a vida real não está no corpos dos animais,  humanos ou outros. Mesmo se há vida extraterrestre, se estiver contida na esfera da separação (O Universo), ainda assim não pode ser a vida real, que não precisa de um meio material para existir. Isso não pode ser compreendido neste momento da história a não ser através de símbolos.

Os animais e as formas de vida não-humanas são, portanto, o símbolo da vida em estado semi-consciente. Sua ocorrência visa o equilíbrio exato da vida no planeta. Já dissemos aqui que a presença do escorpião na terra pode evitar algum assassinato entre os homens, assim como a existência da barata perdoa muita feiura. Aquele que puder entender, ouça e clarifique.

           Paz entre os vivos, amém.



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3 comentários:

  1. E sôbre ser vegetáriano?

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Você pode encontrar aqui:

      http://cursoemmilagres.blogspot.com.br/2015/07/uma-nota-sobre-vegetarianismo.html

      Abraço e obrigado pela leitura.

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