terça-feira, 15 de maio de 2012

A natureza amorosa dos irmãos


Obrigado a Ti!


     Gostaria de saber o significado desta passagem do Livro Texto:  “Se o pagamento é equiparado ao ganho, estabelecerás um preço baixo, mas pedirás um alto retorno.” (UCEM, Cap. 9, II - §10).
    Adicionalmente, também preciso saber mais sobre isso: “Não confiarás na orientação do Espírito Santo, nem acreditarás que ela é para ti, a não ser que a ouças em outros.” (UCEM, Cap. 9, II - §6).


               Duas premissas interessantes, que visam ainda a estabelecer certa tendência a buscar uma prerrogativa mais honesta, na busca que estabelece parâmetros verdadeiros. Nunca desistirei de ti, pois não posso desistir de mim mesmo, mas quando temes a teus irmãos, tu estás desistindo de ti mesmo. Assim, o preço que se paga não pode ser equiparado ao ganho.
Digamos que, em um encontro casual com um “desconhecido”, tu estabeleces o que queres dar e o que queres receber. Mesmo que estabeleças o amor como objeto de tal barganha, o custo não será proporcional, pois o que pensas que estás “dando” na verdade pode ser uma negação do doar. A gentileza não tensiona. Portanto, em um encontro em que não há plena alegria, a tensão estará presente, e certamente o “dar” será convertido em “doar”. 
               Para entendermos esta diferenciação, precisamos relembrar que a gentileza não faz barganhas, e que a caridade é diferente do amor, pois a caridade ainda vê diferenças em níveis. Como o próprio Livro Texto ensina, a caridade ainda percebe alguém “maior” ajudando alguém menos consciente. Assim, a acepção da doação aproxima-se da caridade, mas não é o verdadeiro “dar”. “Doar” implica em “ganhar”, mas “dar” não estabelece nenhuma relação, pois o dar é o desapego. Quem recebeu aquilo que já era seu, mesmo que inconsciente, não recebeu nada realmente, apenas esteve em alinhamento com o que já era seu. Da mesma maneira, aquele que doa se relaciona com o objeto da doação em termos caridosos, enquanto o dar realinha com o desapego. Quando há um encontro santo, não há um encontro “caridoso”. Se encontrares a um amigo ou a um desconhecido na rua e de repente acreditas que tens que ser amoroso para com ele, tens aí um pensamento que está na direção correta, mas não é ainda um inteiramente “dar-se”. O Espírito Santo pode utilizar teu empenho em doar amor para que tu entendas que não precisas doar algo a alguém que já o possui. É possível doar coisas, mas o amor, por seu caráter imanente em cada ser, não pode ser doado; pode ser apenas estendido, e seu aumento se dá pelo reconhecimento, não pelo recebimento.
               Assim, é impossível “dar amor”. Como poderias dar água ao mar? No entanto, é possível adicionar água ao mar, e mesmo sendo de água doce, o mar a transmuta em água salgada, assim como rio o faz com a água salgada em doce. Não podes ajudar a Deus a ser “mais Deus”. No entanto, podes fazer com que Ele se alegre e receba tua doação como sendo um reconhecimento de que a água é mar em quaisquer circunstâncias, pois toda água vai dar ao mar. Queremos dizer com isso que água do mar não pode ser coincidida com outra coisa. Não podes fazer uma praia com um balde de água e um pacote de sal. Portanto, o teu amigo é apenas um reconhecimento do amor, não uma doação estabelecida como um bônus.
               Dar não significa que serás destituído. Assim, não haverá estabelecimentos como valores. A serventia em dar é não estabelecer diferenças. Respondendo finalmente à tua pergunta, dizemos que se estabeleces um preço para algo, estás em vias de estabelecer diferenças, e esta diferença será paga por ti, que doas. Se em um encontro não santo queres imaginar um encontro santo, a diferença entre eles será dada pela tua inconsciência do que acontece. Assim, mesmo que acredites que estás vivenciando um encontro santo, a ausência de alegria subjacente em tal encontro demonstra o troco que mal recebes.
               Isso não será assim para sempre. Na medida em que cada irmão desperta, o mundo torna-se um “lugar melhor”. Colocamos a expressão anterior entre aspas por não existir nenhum mundo. No entanto, o instante santo se tornará mais presente e a acepção do “dar” tornar-se-á mais clara para todos. A expressão “mais clara” implica que algo foi reconhecido. Isso significa também que a realização do “dar” já está disponível, apenas não está sendo percebida. Por isso deves ter bom ânimo. A tua linguagem não está disponível para todos, mas o amor que há em ti está disponível para todos. Assim, tu mesmo estás disponível para todos. É por isso que apenas nos teus irmãos podes encontrar o amor. Os “outros” não são outros absolutamente. Os outros demonstram tua impossibilidade em dar ou tua disponibilidade para isso. Eles representam o estado mental a que aderes.


A vida em seus métodos diz: calma.
Aquele que apenas vê o ego em outros, atesta para si mesmo, no panorama representativo de suas relações, a que sistema de pensamento adere. Se acreditar que pode realinhar-se, ou reconhecer em si o amor, verá um retrato gentil do mundo — numa tela inventada, certamente; mas puramente santa, pois reverbera o ser em sua plenitude nas relações. Assim, quando confias em teu irmão, confias também nisto, e permites o relacionamento santo, bem como a vinda do Espírito Santo a ti através dos teus irmãos. Podes ouvir coisas surpreendentes de teus irmãos sobre ti mesmo, se permitires o amor adentrar nas tuas relações. E se estiveres disposto a não julgar nada, a não querer “doar amor”, a não querer “melhorar” o que já é perfeito, a aceitares a imagem que chega de teu irmão a ti com amor, seja em suas formas lustrosas, seja em suas formas mendigas — ambas ilusões — se o vires com amor, o ajudas; e recebes por isso o valor exato em retorno, que é a também ajuda. E ouvirá ao Espírito Santo falar através do teu irmão, literalmente. Tu não precisarás confessar tua vida a ele para provar que ele está sendo o vetor do Espírito Santo para ti. Não é assim que fazes isso! Basta que o ames, e o Espírito Santo em ti fará para ele o Seu trabalho santo. Assim, não há barganha, há reconhecimento de uma igualdade. E nem sempre o que o Espírito Santo te dirá será utilitário, nos termos que o mundo aplica esta palavra. Se buscares apenas informação, não receberás o que queres receber, sequer o que tens para reconhecer, que é apenas amor.
Pode ser que um irmão te diga coisas surpreendentes, mas não é isso que esperas dele. Teu irmão não é um oráculo. O Espírito Santo demonstrará para ti em teus irmãos que tu és apenas amor. O que mais queres saber? Não terias a ajuda de qualquer irmão que percebesse em ti isso? De que precisas a mais? Querer mais que o amor é querer que teu irmão agora “doe” algo para ti, o que é apenas trocar o erro de lugar. O teu irmão também só pode te dar, pois caso contrário, estabelecerias para ele o valor do ganho, e ambos pagariam o alto preço da perda da consciência da natureza real da relação humana, que é amor.
Adicionalmente, a orientação do Espirito Santo é a mesma para todos: dá apenas amor, pois é isso que tu és. Ouvirás em teus irmãos o que permitires ouvir, e será sempre amoroso para ti, se o vires com amor. Informação não é necessariamente amor. Informações são dadas e, como tal, são altamente passíveis de julgamentos. Espera que o Espírito Santo cante o amor para ti, e Ele certamente o fará.
Não temas, filho de Deus, não temas ao teu irmão. Ele não te fará nenhum mal se o quiseres bem. Tu, que queres bem aos teus irmãos em segredo, por que então fazes segredo do que é divulgável? Por que não amar como queres? Se não fores correspondido, e isso certamente ocorrerá, apenas significa que teu irmão não entendeu o teu amor, e está te pedindo ajuda. Negarias ajuda a quem sofre? Pois se deres amor e não receberes amor, é apenas isso que está ocorrendo:  o teu irmão não está permitindo o encontro santo. Mas para chegares até essa conclusão, que pode muito bem ser interpretada insanamente, precisas dar amor irrestritamente, seja para o rei, seja para o mendigo, como o fazes quase sempre em pensamento. Porque, então, não o fazes agora? Porque não amas como gostarias? Não precisa se emocionar com um pensamento apenas óbvio. Melhor seria rir disto. Assim, és mais honesto, e te aproximas do reconhecimento de ti mesmo. Escreves imitando ao Curso, e assim fazes bem o que escondes. Mas porque não alcanças a tua própria mão? Estão aí os teus irmãos para ajudar, se os vires com amor. Eu responderei para ti neles, se permitires. Nada está errado, nada está certo. Acima do certo e do erro estamos em Deus, e Nele o certo e o errado se elidem em perdão. Pai, escuta ao teu filho santo em memória de mim. Ele ama aos seus irmãos e repete para si mesmo que ainda é como Tu o criastes. Ele lembra, Pai, de Ti, e assere seus sentidos em direção à percepção certa. Está determinado a ver, e se compadece de Teus santos filhos no verdadeiro definir do Mesmo, amém.




Ponto de Equilíbrio - Eu




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