quarta-feira, 2 de novembro de 2011

"Quem sou este eu?" ou "Sobre o Símbolo André Sena"

Obrigado a Ti!


              Pergunta: Quem somos os felizes? Quem, dentre alguns, acerta em dizer de si um átimo de alegria? Estou preocupado demais comigo para encontrar paz em acertos de contas. Nenhum tipo de esteio em comportamentos pode parecer atraente a quem já aderiu a vários tipos de perturbação, e busca livrar-se disto. Enquanto isso, a busca por equilíbrio nas formas amáveis de regressar encontra reforço por conta de certa urgência. Assim, aos felizes dizemos isto: urgência! Advertimos ainda a presença de alguma coragem, mas pedimos desculpas pelas curvas do mau jeito, pois quero saber ainda isto: quem sou eu?
               
Resposta: O meio está equivocado. Não que se possa aderir a alguma coisa apenas sobrepondo as palavras às belas formas evocadas em escrituras sagradas. Mas não encontraremos mais apoio em termos do mundo se quisermos apenas aceitar o ego como condutor de nossa travessia. Nenhum deixou de passar pela perturbação, mas não se deve dela fazer propaganda. Isso não é muito produtivo, embora seja certamente um desafogo, pois o ego aquieta-se ao perceber a si louvado. Tu, que veneras teu ego, ao menos lembra que o teu esteio seguro não está em entender a Salvação. Assim, tua função agora não pode estar em revelá-La, pois não podes revelar aquilo que não conheces. Portanto, enquanto planejas escrever o livro que mudará a vida de todos os desgraçados, porque então não escreves para ti mesmo este livro? Porque não estendes a tua mão a quem tanto precisa de ajuda, que és tu mesmo?
                Atravessar o inferno contigo eu não posso, pois o inferno é um conceito que eu não partilho com ninguém. O ódio se disfarça muito bem de injustiça. Ele alega que o mundo é mal, e que precisas vencer o mundo à força, se preciso for. No entanto, sempre será assim, pois o ódio exigirá de ti o sacrifício, pois o ódio odeia o odiado e o odiador. Não há escapatória a um conceito que é destruidor por si só, pois adiciona a si apenas o que não pode reter. Ao contrário do Espírito Santo, que retém para si aquilo que te ensina a doar, para que assim tu experimentes a partilha, e aumentes em ti tudo aquilo que dás, o ódio, por sua vez, gosta de acertar os pontos através do terror. Assim, o ódio provoca o supremo medo, que é a porta de entrada da grandiosidade. Então as fantasias são evocadas neste ponto, e é quando esqueces completamente que és como Deus te criou, amável e alegre, e apenas te vês como culpado e vítima, conceitos que experimentados juntos provocam óbvia dissociação. Assim, podes ver a ti mesmo como um gênio, enquanto ages como um tolo. Ou podes ver ainda a ti mesmo como um tolo, enquanto ages como um gênio. No entanto, entre estas duas acepções, mil milhares de outras são possíveis, e a única certeza aqui é que não haverá paz.
                Não precisas pedir desculpas se não te sentes culpado, mas precisas ter cuidado para não ferir ao teu irmão, como se ele fosse a única pessoa no mundo que não te entende. Isso é um óbvio ataque projetivo, e visa fazer com que o ódio se propague em tua vida. Teu sonho é muito feliz, mas não pode ser desfrutado enquanto vês nele coisas estranhas às quais te empenhas em preservar. A maneira certa de desfazer isto é a honestidade consigo mesmo. Assim, pode-se dizer que um dia de inconsciência é necessário para quebrar o paradigma da máscara, que não auxilia em nada. A máscara fornece um conceito completamente equivocado, pois não pode ser aquilo que oculta. Quando a máscara finalmente cai, o importante é não temer e reagir ao que ocorre com perdão. O perdão é o único conceito que pode estabilizar o humor quase que instantaneamente à sua evocação. O mundo real aparecerá para ti quando perdoares a tudo, isto é, quando vires a tudo sob a perspectiva de ti sem a máscara.
                O que há, então, por baixo da máscara? Há o filho de Deus; assustado demais com o baile a que veio, ao ponto de esquecer o carnaval. Perdeu o filho a consciência de si mesmo, e aportou no ego como uma característica substitutiva. Sua máscara não pode esconder o que o filho de Deus é, pois mesmo outros mascarados reconhecem que a máscara não pode ser Aquele que ela oculta. Portanto, deves estar pronto para encontrar a ti mesmo em momentos de queda da máscara, e não apelar para novas caricaturas defensivas — outras máscaras por sob as máscaras — ao ponto de decalcares teu rosto em máscaras de si mesmo, que são os simulacros.
                Simulacros são eventos que reportam àqueles que os vêem uma referência, mas em si mesmos não são o que representam. Assim, ao nome André Sena se diz uma pessoa, e a ela se adere símbolos variáveis de acordo com o sonho de quem o vê. O simulacro daquilo que André Sena representa não pode ser evocado apenas por seu nome, pois o nome André Sena é o nome de um corpo. Assim, à imagem que o corpo de André Sena evoca sobressai uma aparência, que pode ser distinguida sob categorias adjetivas, como bem ou mau humorado, paciente ou não, boa praça ou fingidor, mal amado ou generoso,  alienado ou bem estável ou ainda ser a quem não representa, como em termos de emprego ou profissão.  Assim, a este nome, circulam diversos atributos, assim como se davam atributos aos deuses pagãos da antiguidade, que visavam articular sobre si características centrais de um arquétipo. Da mesma forma, André Sena é um símbolo, quer queiras ou não acreditar. Se não acreditas, André Sena passa a ser o símbolo de um ego, que não aceita jamais ser “confundido” com a grandeza Daquilo Que É. No entanto, Se crês que és um símbolo de algo muito maior, e que teu nome apenas aponta para uma mera referência que podes abrir mão, terás vida plena, pois saberás Daquilo Que És por ti mesmo.
                André Sena é uma Criança de Deus assustada, simbolizado nisto pela entrega a estas palavras. Procura convencer a si mesmo que é um grande alguém, futuro reconhecido, liberto do anonimato ou seguro em sonhos de riquezas ou certezas de talentos revelados. André, querido, amado em mim como irmão em nosso Pai, lembra-te disto: tu não és deste mundo. Então, para quê queres tanto destas coisas que simbolizas como úteis? Sabes lá da tua função aqui? Até agora percebestes onde és verdadeiramente útil? Não? Pois te será dito muito em breve como sê-lo, caso resolvas te acalmar um pouco e temer menos aos teus irmãos. Eles não estão aqui para te julgar mal, pois estão decerto assustados também com o símbolo que se deram. Mas se percebem a si mesmo como amáveis, então estarão completamente seguros para te julgarem como percebem a ti: amável amigo, um bom sujeito, alguém que se importa com algo mais que o mero empenho divulgado nos carimbos e fotografias, nas vias secundarias do sustento, ou no esteio tão valioso do conforto de teu corpo. Não te enganastes com isso, mas também não abrirás mão disto para simbolizar a ti como digno de maus tratos. Serás apenas um entendimento apelativo pelo alto, uma demonstração. Não temas o que não entendes, pois estás sendo bem guiado. Crês que és bem guiado?
               
Sim.

                Então lembre sempre destas palavras: ainda és como Deus te criou. Não temas o amor, pois o amor é o teu sustento. Deus é a Voz pela Qual falas, e a paciência é a virtude dos amorosos. Paciência infinita gera resultados imediatos. Procura abrir mão, e esqueças a que se referem os símbolos de teu nome. Poderias ter outro nome, ou mesmo ser outro corpo, embora este seja para ti um conceito muito radical neste ponto de teu aprendizado, e até mesmo desnecessário para os propósitos da salvação. As curiosidades da metafísica não são a salvação, embora simbolizem uma busca valiosa pela revelação.
                Vamos agora seguros e pacíficos a um novo estádio de nossos exercícios do Curso. Lembra-te que nenhuma pessoa neste mundo pode ser teu inimigo, e reforces isto em ti, se já é assim para ti. Aumenta em tua disposição o empenho em ver a generosidade em tudo, e assim será o mundo para ti.
                Pai nosso, amado e sempre incriado em Vosso Reino, eterno e imutável em verdadeira grandeza de Teu Nome, pedimos aqui a revelação de teu Reino. Apontamos uma verdade ao que não sabemos, pois simbolizamos o teu Reino aqui neste mundo separado, e a ele chamaremos “mundo real”. Assim, pedimos a Ti que nos revele a paz eterna, para que a estendamos neste mundo, conscientes de nosso propósito, adequados em nossa estima, valiosos em nosso cuidado para com teus filhos que herdaremos com nossa demonstração de teu amor por experimentarmos a nos mesmos como pacíficos em nossas relações. Amado Pai, Que jamais esquecestes teus filhos, a Ti pedimos a cura, para que sejamos curados e para que possamos curar, jamais esquecidos de nossos símbolos, mas com as mãos livres diante de Tua Presença, pedimos, Pai, a Ti, o retorno à Nossa Casa e, conscientes neste mundo separado, pedimos a revelação de nossa herança, amém.


Obrigado por leres até aqui. És bem vindo aqui. Te amo.


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3 comentários:

  1. Walter de Souza Junior2 de novembro de 2011 às 15:07

    Por muitas vezes somos desviados para longe da verdadeira e divina presença no universo,tentando definir o que é ou o que somos. Não sei o que Deus é, porém acho que sei mais sobre o que ele não é. Assim também defino a meu respeito, ora dizer o que não sou também me descreve?

    Ao definirmos pelo o que não somos, nos encontramos diante de um espelho. Imagem real de fronte à virtual, confrontadas, dizendo o que somos pelo o que não somos, mas que uma depende da outra pra existirem.

    Um abraço meu querido.

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