quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sobre a ambição

Obrigado a ti!
                Ei-nos aqui. Seguramente, há avanços, mas empenhos devotados timidamente ainda atrasam nossa real revolução. A palavra “revolução” indica que algo mudou mediante um conflito. Como vistes o conflito, escolhestes a paz. O resultado da verdadeira revolução é a libertadora decisão a favor da paz.
                No entanto, tal decisão não deve ser admirada ou louvada, a não ser que isso indique a gratidão a Deus. Caso contrário, louvar a paz pode levar a argumentos decisórios, e a partir daqui a novos julgamentos sobre novos horizontes, pois o ego ainda não se foi de todo, e ele vai tentar mostrar-te elementos diferenciadores em sua meta insana de permanecer perguntando: “mas será isso realmente o que queres?”. Se deres quaisquer resposta a essa pergunta, em breve terás te imbricado novamente, e serás posto em dúvida, e surgirão novas maneiras da grandiosidade se revestir de falsa paz. Então, para escapares disso, agradece apenas a Deus por estar em paz, e jamais a julgue. Mais sábio é aproveitá-la, senti-la em teu corpo mediante novos presságios — não com os sentidos — mas sob auspícios da tua intuição, que demonstra firmemente que não és o corpo. Assim, podes perceber a paz com teu instrumento de aprendizado, e não serás mais julgador, e sim o grato Filho de Deus que sabe dizer obrigado ao Seu Pai, e terás real conforto nisso.
                Falamos em julgar a paz. Aqui, pode ser facilmente evocado a teu desfavor o princípio da ambição. Aladim teve direito a três desejos. Ali Babá e os quarenta ladrões disseram “abra-te sésamo”, e obtiveram para si riquezas. A mitologia aqui auxilia o entendimento disto: a mágica fornece apenas a mudança dos meios. Aladim não precisaria da lâmpada se soubesse que era ao mesmo tempo o gênio e a lâmpada. No entanto, em seu entendimento dividido, precisou evocar o tal gênio, que lhe concedeu apenas três desejos.
                Obviamente, o uso sábio da mitologia pode evocar princípios favoráveis ao despertar. Contudo, o empenho maior deve estar em realizar em si a supressão ou elisão dos opostos. A ambição pode levar a seguros meios de se saber do Valor Maior, se não estiver presa à barganha. Esse valor não pode ser deste mundo, pois seus valores são distorcidos, e isso já aprendestes. Portanto, a única maneira da ambição ser um valor é abrindo mão da mágica.
                O mundo, conforme o vês, aparenta ser uma máquina em moto-contínuo, agindo de acordo com pressupostos que não podes controlar, como os impostos e as leis. Julgas que não fizestes isso, mas lembra-te de que todos aqueles a quem chamas povo são um só. A decisão desse um é a decisão de todos, e isto é seguramente criação. Enquanto a maioria do mundo estiver assustada, vários pensamentos não criativos serão divulgados, e a isso se chama o sonho coletivo. Não é assim para o indivíduo, quando não conhece ainda o que são as suas criações. Este acredita que é vítima de forças muito maiores, não abrangíveis, e escapar a elas seria tomar conta delas. E assim surge a sede de poder no mundo, que é simplesmente  a inconsciência ou cegueira às criações.
                A ambição, nesse contexto, te adverte disto: mereces mais. Mais saúde, mais poder, mais alegria, mais paz, mais de tudo. Ora, as coisas que provêm de Deus são eternas, não são acrescentáveis, elas apenas se estendem pelo ato de dar. Dar e receber são ainda contextos separados, e no Curso seu empenho está em demonstrar que são o mesmo, pois propiciam a extensão. Como isso acontece? Mais de mar é mar. Se jogas um balde de água do mar no mar, estás devolvendo o mar ao mar, e recebes de volta a praia, a brisa e o sol. Se levares para casa o balde com água do mar, terás apenas um balde de água que em breve mudará de brisa em abjeto odor.
O custo de dar é receber. Neste sentido, se ofereces a paz, ofereces a luz, e recebes de teu irmão a extensão da paz, que é luz. Mas se acaso pensas que podes oferecer a luz ao teu irmão com se tu fosses para ele o gênio da lâmpada, teu irmão se torna outro, se torna o Aladim, que receberá de ti apenas uns três desejos. Isso é muito pouco a se compartilhar, quando se pode compartilhar o Todo. Imagine teu irmão em si, completamente calmo e benigno. Se olhares para ele assim, não precisas dar-lhe nenhum tesouro, pois o real Tesouro está em olhares para ele com amor. E receberás tanto quanto deres, pois o custo de dar está em receber.
Simples assim. A ambição não é apenas “querer mais”, é ainda estar inconsciente que “querer mais” é apenas aderir. Aderir não é doação, embora realmente acrescente. No entanto, “acrescentar um” não é totalizar, é apenas somar. A ambição quer um em um, ou de milhão em milhão, mas a verdadeira ambição está em não querer mais do que é seu, e tu ainda és como Deus te criou. Portanto, o que queres ainda ambicionar, se já tens tudo?
Podes argumentar que não te sentes assim, e em teu demorado estado de aprendizado parece ser assim para ti. No entanto, te pergunta isto: “queres mais de sonho?” A substância de sonho somente pode aderir a si mais de sonho, e, enquanto isso, te divertes em estar em posição relativa, apenas potencialmente rico, potencialmente saudável, potencialmente feliz. Criança de Deus, isso não é assim. Não podes ambicionar a nada, sequer ao despertar. Ambicionar o despertar é quere-lo para si, mas o custo de dar é receber, e não receberás luz enquanto não te decidires por compartilhar.
Compartilhar de quê? Deves doar as tuas coisas é saires andarilho por aí? Dificilmente isto estaria em consonância com o propósito do verdadeiro desapego, que reside em não querer mais do que é seu. Podes sonhar que és materialmente rico, e te esforçares para isso, mas se teu objetivo é o conforto de teu corpo, ou o empenho em seres mais, estás equivocado. E a falsa humildade também entra aqui. Quero ser mais humilde, mais compreensível, mais caridosos, mais humano. O verdadeiro humanista apenas quer dar amor ao seu irmão, e o reflexo destas coisas é o bem estar em si, que é o verdadeiro lugar do conforto.
Assim, livramo-nos da ambição como paradigma da adição. Esperamos, no entanto, que nos tornemos consciente da verdadeira riqueza, que reside no dar. Seremos abundantes em doar, e teremos em nosso propósito apenas um acolhimento real ao que se vê diante Dele, que não é dado através dos olhos do corpo, e não pode ser, portanto, nem jóia, nem dinheiro, nem poder, mas um estabelecimento seguro de que aquilo que nos pertence já nos foi dado na nosso criação. E se para ti aparecer o gênio da lâmpada, pede a ele apenas este desejo: perceber que tudo o que eu vejo é sem significado.
Pai nosso, pedimos a Ti a revelação da Verdadeira Riqueza que deste ao Teu Filho na Sua criação, e que é apenas Tua Vontade. Estamos devotados a ver amor em nossos irmãos, pois sendo nossos iguais, revelam a mim que somos o mesmo,  e através de Ti veremos a unidade e a paz que queres dar ao Teu Amado Filho. Pedimos a Ti a paz de Cristo em nós, amém.


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