A consulta oracular não possui em
si nenhum pressuposto em garantia que proverá uma previsão acertada. A forma
mais adiantada a que se pode remeter o “futuro” não está estabelecida pelo
tempo, e sim pelo instante. Uma consulta oracular pode, entretanto, estabelecer
para o consulente uma “forma” para aquele instante, mas se o próprio consulente
não estiver em sua mente certa, a forma da consulta será indeterminável ou
incógnita.
Todo tipo de oráculo visa
estender em criação a expectativa do consulente. Se vai a “acertar” ou não,
isto é de uma variabilidade imensurável, pois tudo depende, obviamente, da
disponibilidade do consulente. O oráculo é um desenho da mente do consulente em
certo instante; e somente se ele estiver em sua mente certa poderá perceber em
tal desenho um cartel de possibilidades plausíveis e pontuais em sua diretividade.
Mas, se estiver em sua mente certa, precisará de outro tradutor?
Uma maneira de agregar ao oráculo
um sentido, já que parece não fazer nenhum sentido aguardar uma previsão de
algo que vem “de fora”, é acreditar nele. Segundo a nossa perspectiva de
aprendizado, não existe tal coisa de oráculo, pois este não pode ser o portador
da salvação, visto a salvação não vir de fora em nenhum formato. A
conscientização de que a salvação é um processo interior não tem em si nenhuma
garantia de evocação simbólica. Tudo é dado de forma direta e legível, sem
partições em símbolos ou necessidades interpretativas que gerem variações: pode ser isso, mas pode ser aquilo. No
entanto, se acreditas no oráculo, precisas de uma atenção em relação a tua
mente certa, para que nenhum tipo de desídia possa ocorrer em submissão à
consulta que foi realizada como portadora da “mente errada”. Nesses casos, o
melhor a se fazer é não levar a consulta a sério, pois ela não pode garantir
diretividade precisa.
Quando um Filho de Deus segue em
busca de um oráculo, certamente está a pedir orientação em favor de sua mente
certa, pois gostaria de saber sobre algo que não apraz, ou não o contenta no
momento. A dúvida leva o consulente ao oráculo, que é procurado em momento de
conflito e busca-se nele a Vontade de Deus. Não deixa de ser um ídolo, uma
construção que visa encontrar Deus em vias mundanas, e por conta disto foi
completamente rechaçado pelos teus antepassados como incúria ou má fé. A
idolatria é problemática e é ela quem gera a noção de “pecado”, pois o ídolo
visa substituir. Nisto, o oráculo é uma moldura falsa para abrigar falsas
expectativas, pois nada pode substituir a palavra de Deus dada por Aquele Que
fala por Ele. Quem pode se arrogar como intérprete Dele, senão o Seu Espírito
Santo?
Tua teimosia em aceitar este
explicado vem de uma tentativa em manter mais um ídolo. Quantos mais queres
construir? Decerto, durante anos consultastes o I-Ching, que muitas vezes te
serviu e serviu bem. Agora, estás a consultar o tarô, que também não é risível
em suas formas, conforme poderia pensar alguma involução em juízo. Ora, uma
garantia espetacular de acerto não significa a repetição do acerto. Ganhar uma
vez na loteria não implica em ganhar sempre. Mas, se o que fascina é o
dinheiro, jogas na loteria ou queres o dinheiro? Ou o fascínio está no jogo?
Seria possível que o fascínio do ídolo estivesse “além dele”? Isto é assim,
pois se vieres a ganhar um milhão na loteria, não dirás: “venci o jogo”, mas
sim: “tive sorte”.
Quem negará a relação entre o jogo e a sorte?
Mas o que é a sorte? Existe tal coisa? Seria como se houvesse uma parte de Deus
que estivesse em descontrole e precisasse da mágica para acertar as coisas. Um
Filho de Deus quer muito sair de uma situação de conflito e de repente, sem
sequer se dar conta, lembra que sua vontade é a mesma de Deus, e surge para ele
o desatar do nó. Na verdade, o conflito não existe, pois o que há é a Vontade
de Deus em Si, sem nenhum arranjo possível em outra forma. A sorte não entra
nisso, pois não é sorte conseguir aquilo que é teu. Podes ter certeza que
ganhar na loteria pode ser um grande atraso para um que precisa de outros meios
para entender do Céu. Um homem assim, muito medroso, pode até ganhar na loteria
e dizer: “tive sorte”, enquanto está mesmo é se atrasando. Portanto, não há
acasos nos planos de Deus. Nada pode ser determinado por um pressuposto que
seja em sorte, pois Seu Plano é perfeito, e não admite conflitos. O “atalho” em
relação ao Seu Plano não vem da sorte, mas da disponibilidade em aceitá-lo tal como
É.
Voltemos então à questão do
oráculo. Vimos que uma consulta oracular verdadeira não tem nada a ver com
sorte. Também não está determinada por uma pressuposição em termos de futuro,
pois o tempo é uma ilusão em formas, passando algumas na frente de outras.
Quando lanças as moedas do I-Ching ou dispõe em mesa as cartas do Tarô, estás a
colocar em tua frente, em mágica, uma especulação do que seria tua mente certa.
Decerto, é uma tentativa de disponibilizar, mas sem muito sucesso garantido,
pois se está a investir em algo que “pode falhar”. O oráculo infalível não pode
existir, mas a mente certa é infalível. A garantia do oráculo não está nele
mesmo, mas naquele que é Seu Intermediário, ou o Intérprete. Pode ocorrer de o
Intérprete ser o próprio consulente, mas nesse caso sua precisão dependerá de
uma honestidade total. Em todo caso, somente em honestidade o jogo é anulado e
passa a constituir determinantes que se elidem em azar-sorte e passam tão
somente a significar.
A interpretação do oráculo,
portanto, deve estar a serviço da mente certa, ou do Intérprete. É Ele Quem diz
o que as cartas significam, ou o que os símbolos significam. Se ativeres
disponibilidade em realizar isto através destes meios, nisto não há problema
algum, pois não estás a esperar nada da sorte, nem visas encontrar nos símbolos
idolatria. Se vires a carta nomeada Imperador, não esperas dela um aviso
reinante: quase não sabes o que quer dizer o Reino. Mas tal “informação” está
em ti, e pode ser revisitada por Aquele Que sabe. A carta IMPERADOR deve ser
compreendida em contexto, fora de seu valor histórico, mesmo dentro da história
do tarô. Assim, podes começar a “brincar” de ouvir tua mente certa através
Daquele Que te fala de certezas, e se assim fizeres, perceberás que as cartas
do tarô, as moedas do I-Ching, os búzios, enfim, todos apontam em direção da
certeza. Verás tuas consultas “dando certo”. No entanto, na medida em que neste
exercício tu mesmo te aproximas desta Voz, em breve não precisarás mais de um
meio material para que ela se expresse para ti, e um oráculo verdadeiro, que é
a vida mesma, se apresentará em imagens, conforme sendo imperador aquele que
visa no mundo Outro Reino, pelo que é e será para sempre distante deste aqui,
de formas, nas quais um pode acreditar em ato de divergir, e outro pode
aproximar em ato de instruir, sempre no intuir de superar estas duas
apreciações em favor de Deus, pelo que não necessita nenhuma substituição para
gerir sabedoria em Seu Amor, que não tem meio e não se expressa, não determina
categorias, não aprecia nenhum tipo de desídia. Portanto, eis que o tarô
amável, o I-Ching generoso, lançados búzios em amor, visam compreender que
transitar pelos meios não pode deixar de ser enganoso, embora mesmo o errado
possa ser consertado pelo amor em meios, e nisto se vê pelo que os corpos se
enganam em serem a Nós mesmos, mas podemos ver amor na mente em atos de corpos,
tanto que na cura dos milagres o meio em corpo, ao invés de vetor da discórdia,
passa a ser prova do Amor de Deus, Que curou a mente que curou o corpo.
Não julgues. Acima de tudo, não
julgues. Não sabes o que é o Amor ainda. Portanto, faça daquilo que te parecer
adequado um meio para a felicidade, mas felicidade verdadeira vem do Pai, e não
pode ser determinada de outra forma a não ser em ilusões. Se podes ouvir a Voz
por Deus em meios de oráculo, verifica se tal meio produz para ti alegria
genuína, se tudo o que vês é verdadeiro em seu transitar no tempo, e se o
Intérprete ao Qual ouves está a te dizer dos meios ou sobre Ti Mesmo. Se assim
for, bendito seja o teu oráculo, até que venhas a saber que de Deus - sabemos
todos nós em verdade - o futuro é apenas um: a reunião de todos os Filhos de
Deus em Si, como sempre É. Bem como, Sabedoria nisto é: cada um tem o seu
caminho, e o encurta de modos que ninguém saberá como julgá-lo, amém.
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