O
mundo apregoa que falar sozinho é “coisa de maluco”. Certamente, não atribui
esse mesmo patamar àqueles que passam os dias a “pensar sozinho”. Estes não se
ativeram ao simples fato que ouvir pensamentos desandados é o mesmo que ouvir
sua própria voz desandada. Mas ao invés de soar pelos ares, a voz destes soa
pelo pensamento, como ideias em palavras.
Aquele
que “fala sozinho”, em voz alta, parece estar a divulgar a loucura, e por isso
é tido como louco. Os pensamentos não deixam sua fonte, pode-se falar em voz
alta tanto os pensamentos derivados da mente certa quanto aqueles provindos da
mente errada, e seus augúrios ou alinhos estarão mais ajustados à sanidade de
acordo com a sanidade da qual proveem. Não adianta supor que a mentalidade
certa utiliza apenas um canal de comunicação. Ela comunica apenas uma ideia,
que é esta: és o filho santo de Deus, e não habitas um corpo. Os meios são
aqueles aos quais disponibilizas a Aquele Que fala por Ele. E podem ser orais
ou não.
Falar
sozinho é ato estranho em supor de isolamento. Demonstra certo solipsismo em
ater-se como único auditor de suas próprias mensagens. Muitas das vezes, um
pode falar sozinho para ater a si mesmo um conceito de professor de Deus, ou um
atestado das sabedorias que “guarda para si”. Pode julgar-se tímido ou incapaz
de transmitir tais “sabedorias”, e passa a crer que um monólogo interior ou
externado solitariamente será apropriado para que essas sabedorias sejam
divulgadas, mediante uma avaliação fechada em si mesmo, que avalia, prende e
julga, sem jamais compartilhar o que é dito. Neste vício, aprende muito como
não comunicar, pois passa a atestar em fala que não é necessário um ouvinte
para dizer “sabedorias”. E, assim, o grande professor do nada vive a aderir uma
audiência metafísica às suas ideias em suposição de prazer ao ater a si aquilo
que pode “pensar”.
O onanista
está novamente manifestado em tais atos. Todo prazer solitário é uma espécie de
onanismo. Ele nega o compartilhamento e visa abarcar em si mesmo tudo o que é
necessário para o compartilhar. Assim como o onanista pode fantasiar qualquer
coisa em qualquer nível, o “professor solipsista” pode compreender a si mesmo
como professor e aluno, o que seria uma deturpação da ideia de comunicação. A
função disso é ater-se a uma culpabilidade em não ter capacidade de conseguir professar
para os outros aquilo que tão sabiamente “recebe”, uma vez que está sozinho em
tamanho isolamento. A timidez entra como desculpa para este isolamento, e mais
uma vez o pensamento solitário é abrangido em termos de audiência para alcançar
glórias de “incompreendido”.
Enquanto isso,
a verdadeira sabedoria busca falar com ele e ele não ouve. Atem a si uma
proposta diferenciada: está a se guardar para o dia da revelação. Ora, muito
bem arranjado isto, pois se estás a aguardar o dia da “revelação” para “revelar”,
estás muito bem em ser adequado como se vivesses um repetir dos dias em ideias;
e se vives em um mundo de ideias, ideias solitárias são ideias de
grandiosidade, que visam aplacar teus acessos de fúria amenizados por uma
suposição de que, no entanto, tu sabes bem o que aprendes.
Tudo falácia
do teu ego! E agora vens a dizer que este escrito também deve ser solipsismo.
Mas não é? Se não queres compartilhar as ideias, mas como não compartilharias
as ideias? Se as ideias SÃO compartilhadas? Em meio de te disponibilizares tua
mente certa, não é neste escrito que vais achar desculpa para te encerrar no
solipsismo. Não te é pedido para salvar o mundo antes de salvar-te a ti mesmo!
Quando DOIS ou mais se reúnem em meu nome, então estão a falar sobre mim e eu
estou entre eles, em instante santo. Quando escreves este texto, um dia será
lido, podes ser a ti mesmo a ler; e nele eu garanto tua fé verdadeira, mas não
te apraz que seja em garantias de sabedorias, pois se fosse possível, apagarias
este texto por acha-lo demasiado ruim, esteticamente mal elaborado etc.
Ou terias
muito orgulho em ser o transmissor! Rapaz, endireita a tua mente rápido, pois
precisamos de ti em amor. Não vês que em doação tu crias? Não és capaz de ver
isso? No entanto, em teu sonho de glória, queres ser professor de professar!
Isso é uma incúria entre os profetas, pois ser profeta não é nada fácil em
termos que o mundo apraz como real. Mas é muito fácil, pois sendo a vontade de
Deus — não se abriu o Mar Vermelho? Não parou por horas o sol?
Estejas apenas
em amor, e palavras de amor sairão pela tua boca e serão bem vindas aonde
chegares. Tu és amado por Deus, não estás em solidão de entender nada. Não
precisas disponibilizar em formas que outros não entenderiam. Precisas de
sabedoria, sim; mas nisto não podes determinar nem julgar os meios. Se falas
sozinho em teu quarto, para o vento, como podem te responder os teus irmãos?
Estás a te iludir em prazer de discurso, em acreditar, onanista, que sabes o
que é a verdade e podes divulgá-las em solipsismo. Decerto que neste escrito
queres ver uma ocorrência disto, mas não sabes do Plano de Deus, não julgues o
que não entendes. O que dizes para o vento se vai com o vento. Teu útil
proceder neste mundo está ligado ao ensinamento, mas não está proposto como uma
ocorrência solipsista. Não tenhas medo destas palavras, elas não visam te
trazer nenhum prazer, tampouco estão ligadas a algum tipo de satisfação. Precisarás,
inclusive, de alguns dias para aceita-las como tuas. Assim, poderás lê-las e
entende-las, e seremos dois a ler, e eu estarei contigo neste evento que não
está em julgamento, conforme pensas agora em juízo.
Teu medo da
sabedoria se traveste de sabedoria apenas para te engabelar. Queres dizer-te
grande orador, mas tens medo de teus irmãos. Então, não podes lhes dizer quase
nada, por enquanto. Portanto, segue por agora apenas em vias de OUVIR! Não vais
a falar o que quer dizer a tua boca. Ouve bem a teu Amigo, a Quem deste ouvido nestes
dias. Ele não fala para o vento ou para os objetos. Ele fala para ti! Podes até
emprestar a boca do teu corpo para que Ele fale CONTIGO. Assim, não és tu o
solipsista que visa encontrar a si mesmo como onanista. És aquele que ouve de
um Outro, mas sendo este a Ti Mesmo, em diálogo em dois, e isto podes até falar
em voz alta, no meio do ponto de ônibus, se quiseres, pois nisto estarás a
divulgar a sabedoria, desde que, nisto, seja ELE Quem te diga o que fazer. Ele
não vai te expor ao ridículo, mas lembre-se que Deus parece ridículo para o
mundo. Não tenhas pressa, que não visamos aqui assustá-lo. Queremos dizer de
tua coragem em expor o que é o comum a todos, em vias de te parecer que vais a “manchar”
tua “imagem”. Uma imagem não pode ser manchada; simplesmente, porque uma imagem
não existe. Não és o professor de Ti Mesmo, como pode supor um incauto leitor
do UCEM, que lê sobre o fato de “teu professor estar em ti”. Mas És o Professor
de Ti Mesmo — não és imagem de tua
imagem.
Se rirem de
ti, deixa rirem de tua imagem! E rias tu também, pois foi uma bobagem que
fizeste para provar o erro. Não é risível isso? Seria orgulho querer manter o
professor de Deus aprisionado ao teu ego, como um conforto para o isolamento,
em prazer de jogar nada ao vento. A ideia de isolamento não condiz com a noção
de compartilhamento, e não pode ser verdadeira. Logo, nada que venha da ideia
de isolamento é real, mesmo que esteja envelopada em altas alegorias.
Pai, pedimos
ao Teu Companheirismo Amoroso a generosa ajuda dos milagres. Pedimos em amizade
verdadeira que sejas para Teu Filho, visto Nele Mesmo, Quem És. Pedimos em nome
de Tua Glória e Teu Amor a revelação verdadeira, em milagres, pelo que
esperamos em sabedoria pedir Ajuda, ao que sempre e sempre respondeste. Pelo amor
ao Teu Filho Santo, te pedimos, Amém.
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