domingo, 3 de março de 2013

A cura da culpa através do amor




                A cura da culpa, então, ocorre através do Amor. É Ele quem a desfaz. Como poderás amar a ti mesmo se te vês solitário e desvalido. E, assim, pressuposto em escassez, como conseguirás atingir em ti mesmo uma reconciliação com o amável?
               Já vimos ontem a questão da culpa como geradora das imagens conforme as vês. Remetemo-nos à complexidade do tema em questão, de certo modo satisfatoriamente. No entanto, a revelação metafísica está além do aprendizado, e preferimos ficar naquilo que é o trabalho palpável, no dia a dia de nossa ilusão em separados, para alcançarmos a meta de modo prático. Muita metanoia pode causar especulação em assombros, e parecer fornecer atos desvendáveis daquilo que está óbvio, mas não vês. Portanto, hoje, ao invés de tentarmos simplificar a “dificuldade” do simples, vamos aprender sobre a simplicidade mesma do amor.
               És o Filho Amado de Deus. Nisso já confias um pouco. No entanto, amar é, para ti, ainda uma atividade passível de certa esquiva, pois ainda temes o amor. Decerto, a culpa fornece para ti pressupostos em imaginação, e aderes muito facilmente a eles, pois são o atestado da separação que ainda valorizas. Se não a valorizaste, como não a valorizaste? Se ainda acreditas que alguém ou alguma situação é temerária? Tens medo de te revelar amável por conta da fragilidade que isto mostraria. Achas mesmo que a tua força é frágil?
               O amor parece que te deixará sem saída, pois todos poderão se aproveitar de tua inocência e te atravessar o coração indefeso em baixa guarda. Irmão, somente se estiveres em guarda surge o ataque. Tu não serás atacado por ninguém, se não tiveres tu mesmo pensamentos de ataque. Isto é o que tu acreditas ser o teu “direito de resposta”. É mesmo um raciocínio bem circular!  Acreditas que, se amares alguém, este alguém verá que tu és frágil e bobo tonto, capaz de receber todos os tipos de pedradas devotadas aos mártires, pois é bem verdade, em teu raciocínio perturbado, que o martírio parece favorável aos amáveis, e para ti, que és um amável temeroso, o caminho do mártir parece desejável.  
               O ego, então, em seu perceber de tua dedicação aos inversos, te diz, sorrateiramente, “pois é melhor ficar aqui, se defender; sempre é possível encontrar alguém amável”, mas “esse alguém” a quem ele se reporta é uma criatura no futuro, nunca sendo aquela que está a sua frente, pois para o ego, mesmo no agora do teu corpo, as pessoas são só a tela de muita projeção de ódio, ou relacionamentos especiais de amor. Passemos disto com este simples aprendizado e com uma devoção em coragem: baixa a tua guarda! Não precisa ser todo o tempo, mas tenta, de agora em diante, em circunstâncias menos comezinhas, a pedir ajuda em disponibilidade. Joga-te, assim como quem fosse pular no mar, e diz: “irmão, vamos juntos, tu e eu”, que é o caminho da Canção da Oração. Grande belo mergulho será, com visão de Netuno e Glauco, pelo que, nas metáforas mitológicas, advogamos a separação em um instante, para dizer da segurança que são os deuses do mar.
        
Não há deuses além Dele, decerto. Para quê, senão em amor, julgaríamos? Quando dissermos um nome, não temas isto, mas antes ames a isto, e a correção virá imediatamente, pelo próprio amor. Isso é o que se chama segurança. O amor traz a segurança da verdadeira guarda, que são os anjos de Deus, dezenas de milhares de miríades, todos em teu favor, demonstrando, em ato, que quando não vês amor, estás a ver um pedido de ajuda. E assim poderás dar ajuda e receber!

Se te mantiveres em guarda, darás mais de guarda, e porrada! Mas isto na matéria não te é possível, já tens ao menos a sanidade de evitar o corpo ao ponto da arma. Mas a porrada surge em ato nas mil formas do ataque, em separação. A única maneira de veres amor e o pedido de amor é disponibilizares a ti mesmo à Ajuda, abandonando tuas defesas. Quem não guarda defesa, não tem culpa.

            

                 Portanto, o que serão as imagens vistas por aquele que se redimiu da culpa? Serão apenas as imagens do amor, em esforço algumas vezes, deveras, pois ainda vês o amor como uma dificuldade. Mas mediante a disponibilidade em apenas amar e dar amor, terás de volta, seguramente, a responsabilidade do mundo em tuas mãos. Assim, aceitarás “a vida como ela é”, verdadeiramente. 



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