sábado, 23 de março de 2013

De que se trata os níveis dos quais Jesus fala no Curso?




               Os níveis podem ser comparados às camadas entre diferentes escalas de valores. Uma coisa que é comparada à outra está afastada desta por algum valor, ou nível. A graduação da escala não importa. Não estamos a falar de diferenças em termos dos “continentes” destas diferenças. A Unidade não pode ser dividida em nenhum nível; não existem diferenças de valores na Unidade, pois não há em Si divisões ou partes a serem escalonadas.

               O amor não obedece a nenhuma escala, pois ele não distingue. A distinção em níveis é uma característica da separação. Os níveis a que se reporta o milagre são impossíveis, pois a Fonte dos milagres não está escalonada. Portanto, não há milagres maiores, ou especiais. Quando lês a palavra “nível” no Curso isto deve ser entendido como “uma parte” ou um “pedaço” separado de outro, ou seja, está-se referindo à ilusão em separação. Se um milagre pudesse ser dado em um lugar em vez de outro, ou em outro lugar simultaneamente, os milagres poderiam ser diferenciados entre si como mais ou menos benéficos. Contudo, lembremos que “o milagre nada faz. Tudo o que ele faz é desfazer (T-27. I. 1:1)”. Sendo assim, como poderia um "desfazer" de uma coisa igual acontecer de uma maneira diferente aqui ou ali? Se o desfazer propõe uma mesma resposta, ou um objetivo comum, como é o caso dos milagres, então a diferença entre dois “desfazeres” que angariam diferentes objetivos é impossível. A cura do cego e a multiplicação dos peixes é a mesma coisa sob o ponto de vista da cura da escassez. Nada falta ao Filho de Deus. O Milagre é a proposta em perceber a abundância através do desfazer da noção de escassez.

               Os milagres não são eventos associados à forma, mas podem ter seu pressuposto em desfazer aplicado à forma, de modo que cada um perceba o que vê como verdadeiramente um milagre. Mas os milagres não são espetáculos (v. princípios dos milagres); se o vires, precisas saber que algo foi desfeito em direção à Unidade, em pressuposto de expiação. Obviamente, a expiação e o milagre trabalham juntos, e um pressupõe o outro. Não pode haver milagre sem a graça de Deus, assim como a expiação é um milagre da graça. Ambos estão divulgados como forma se parecem surgir como imagens neste mundo. Mas muitos dos milagres que acontecem são realmente uma forma de te fazer ver o mundo real, ou em favor de direcionar o teu empenho em direção à mente certa.

               Quando pensas que um milagre precisa se manifestar extraordinariamente, podes estar associando o milagre ao medo. Um empenho fortemente associado ao medo pode querer ter para si uma “prova” do desfazer, sendo que esta prova executa uma noção de diferenças em níveis, pois agora um milagre não surge para desfazer, mas para “dar uma resposta”, ou “reforçar uma opinião”. Ora, isso é impossível quanto aos milagres, pois eles vem para dar, e dar é receber! Como poderiam então estender, se fossem meramente a prova de alguma coisa? O espetáculo de cura não é a cura, pois se acreditas que ao te curares estarás devendo algo a Deus ou ao Espírito Santo, estás enganado quanto ao primeiro princípio dos milagres, que dita que não há diferenças nas expressões de amor. Como poderia Deus aguardar alguma coisa de Seu Filho como um pagamento? A gratidão não é um pagamento, pois é expressada em oração. Então, se o milagre é dado, ele é recebido onde é dado, e não há para isso nenhum tipo de “mistério” ou “compreensão simbólica”, pois os símbolos são artefatos da Visão em percepção.

A verdadeira Visão não vê nos milagres excentricidade. O natural não pode ser especial. Se vires a um doente e acreditares fortemente que podes dar a este doente o milagre da cura, estás querendo "adicionar algo" a ele. Não vês que isso contraria o milagre como algo que vem apenas para desfazer? Desfazer a doença somente pode ocorrer no contexto da anulação da crença em escassez. Na Bíblia, Jesus Cristo repete em diversas ocasiões expressões tais como: “levanta-te e anda!” “ A tua fé te curou” e tantas outras que apontam para o fato de Ele não ver escassez naquelas pessoas.  Realmente, se crermos que a vida é um sonho em imagens — e é bem isto o que ela é — se acreditamos verdadeiramente nisto, então as imagens que surgem do contexto da escassez são aquelas nas quais se provaria que separação é cruel. No entanto, se admitires diante de teu avanço no aprendizado que as imagens que vês são de tua própria fabricação ("meus pensamentos são imagens que eu tenho feito"), então poderás dizer que a crueldade em imagens somente pode surgir para aquele que se crê punível. Ora, claro que um milagre surgido neste contexto temeroso estará totalmente divergido de qualquer propósito de cura, pois o nível no qual ele venha a surgir como efeito estará dissociado de sua Causa. O nível no qual o medo atua é o nível da percepção. Se o milagre em percepção atua como ação, a reação do observador somente será amedrontada. Por isso que Jesus, ao divulgar milagres, ressalvava aos seus irmãos aquelas expressões de ênfase, pois eles precisavam restaurar em suas mentes a certeza, ou seja, precisavam perceber que Jesus Lhes relembrara de suas mentes certas em Si Mesmos, pois eles, curados, não poderiam manter a cura, acaso caíssem em idolatria ao homem Jesus. E é também por isso que se diz no UCEM que uma pessoa pode “emprestar” sua fé a outra, pois àquela não haverá mais dúvidas quanto à verdadeira abundância. Crer na abundância é confiança, o primeiro atributo dos professores de Deus.

Jesus afirma no UCEM que não Lhe devemos reverências. A reverência deve ser reservada a Deus. Tampouco os milagres devem ser reverenciados. “Milagres devem inspirar gratidão, não reverência. Deves agradecer a Deus pelo que realmente és (T-1. I. 31:1-2).” Devemos a Jesus o respeito, por ser um irmão mais velho e amoroso, e a obediência, por sua maior sabedoria, conforme Ele mesmo deixa claro no UCEM (T-1. II. 3: 7-8). No entanto, isto está distante da noção de idolatria, pois um Jesus idolatrado seria um ídolo e não o exemplo do Mesmo. O mesmo não pode ser idolatrado, pois a natureza indistinguível da igualdade elide a possibilidade de idolatria. Quando Jesus afirma: “tu és o Filho de Deus”, ele reitera a Ti Mesmo como Si Mesmo, sendo ambos apenas Um. O curador cura o curador  não curado.

O fato de não haver níveis de dificuldades em milagres abrange uma grande associação de fatores que não podem ser expostos. Como poderíamos classificar todos os milagres como iguais, se levantarmos os exemplos de suas ocorrências diferentes no mundo das imagens? “A tua fé te salvou” quer dizer isto: a fé, que abrange uma expectativa em algo “além deste mundo”, é a resposta ao fato de que o milagre desfaz uma crença. Ele não prova nada. Ele apenas restaura na mente daquele que o recebe a certeza de sua mente certa e da abundância do Filho de Deus. Ademais, o milagre não é apenas passível de ser visto nas imagens. Como já dissemos, o fator preponderante no milagre é a sua capacidade de fazer com que o Filho de Deus se lembre de Casa. Para isso, o amor recebe em vias de alegria o repertório da ocorrência de milagres, e o amado filho sente-se reconfortado por lembrar-se de si mesmo como amado, querido, requisitado com a urgência que se dá àquele que está distante — mas apenas sonha-se que alguém assim está.

Pai, lembramo-nos de Ti pelos milagres que nos destes. Agradecemos a Ti por todos os milagres nos quais recordamos Tua graça. Pedimos a nossa herança em milagres conforme prometeste ao teu filho, que se lembra de ti isento de petição, em herança, conforme sendo o mesmo dar e receber. Dai-me, Pai, a graça de retornar à minha consciência os milagres que dei como recebidos, pelo que lembrarei do mesmo e de minhas criações, pelo que é Tua Vontade, o despertar de Teu Filho, amém. 

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