quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

(Poemas que escrevi) - Interroga-te

Acordo do sonho dentro do sonho.
Adquiro metade da consciência.
O vento que bate em meu rosto
Não é o vento que bate em meu rosto.
A água que corre em meu sonho faz o barulho de trem.

O sonho é a porta da noite,
Não da noite deste dia,
Mas da noite que é a outra casa-velha-de-morada.

No sonho sou outro mim.
 Modelo mental de mim.
Se acordo dentro do sonho
Acordo par’outra caverna.

E vejo uma festa vibrante
E dois insetos brigando
E uma menina em carmesim.

E há também o porteiro
O homem de capuz e terno
Um jogo de futebol.

No sonho, uma vela preta
É de se comer ou vestir.
Ou há ainda a moeda
Que compra outros sentidos.

Mas, no sonho, haverá perigos?
No sonho uma teia de aranhas é feita pra passear?

(Acordo no meio do sonho e não sei da linguagem do sonho)

No sonho, será domingo?
Que tempo será o do sonho?
Que horas, no relógio do tempo,
Agora acordado, serão?

Encontro uma estrada no sonho
enorme, gigante, infinita.
Quanto tempo até chegar
à outra ponta
Ou à esquina?

E seu trajeto infinito dura o tempo da pergunta.


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